Sem a comoção do mundo ocidental, nos últimos dois anos EI matou mais de 100 mil muçulmanos
17 de Novembro de 2015, 14:56Não é só Paris, países de maioria muçulmana sofrem gravíssimos atentados inclusive no interior de suas mesquitas. Parem de tratar islamismo como sinônimo de terrorismo. Segue uma breve lista de alguns atentados do Estado Islâmico ocorridos em 2015 que nos ajudam a compreender a crônica e a indignação de Lelê Teles.
11/01/2015 – Paris, França: ataque ao semanário satírico Charlie Hebdo deixou 12 pessoas mortas
20/02/2015 – Derna, Líbano: Três carros-bomba mataram ao menos 40 pessoas em Derna.
20/03/2015 – Sana, Iêmen: 137 mortos num atentado dentro de uma mesquita
19/04/2015 Líbia: Dezenas de cristãos foram mortos, alguns decapitados.
22/05/2015- Arábia Saudita: Mais de 20 pessoas foram mortas e 120 ficaram feridas em um ataque suicida ligado ao “EI”
17/06/2015 – Sana, Iêmen: uma série de ataques com carros-bomba na capital mataram ao menos 30 pessoas.
26/06/2015- Tunísia: um atirador disfarçado de turista em um resort no Mediterrâneo matou ao menos 38 pessoas – a maioria de turistas britânicos.
1/07/2015 – Península do Sinai, Egito: terroristas do EI mataram dezenas em ataques simultâneos na Península do Sinai.
20/07/2015 – Suruc, Turquia: ataque a um centro cultural, deixando ao menos 32 mortos
24/09/2015- Arábia Saudita: ataque suicida que deixou 15 mortos, sendo que 12 deles eram membros da força de segurança saudita.
06/10/2015 – Iêmen: uma série de ataques de homens-bomba em duas das maiores cidades do país matou 25 pessoas. Menos de duas semanas antes, um outro atentado no país também deixou mais de 20 mortos após a explosão de bombas em uma mesquita.
31/10/2015 – Balneário de Sharm el-Sheik, Egito: grupo afiliado ao “EI” reivindicou um ataque que derrubou um avião de uma companhia aérea russa. O Airbus 321 decolou da região turística egípcia com destino a São Petersburgo, na Rússia. As 224 pessoas que estava a bordo morreram.
12/11/2015 – Beirute, Líbano: duplo ataque suicida destruiu uma área comercial da cidade, bem na hora do rush, deixando 43 mortos e mais de 200 feridos. Foi o pior ataque à cidade em anos.
13/11/2015 -França: 6 ataques quase simultâneos na região central de Paris deixou ao menos 120 mortos e centenas de feridos.
SERÁ QUE VAI TER CHARGE DO CHARLIE HEBDO?
Por Lelê Teles
acordei hoje cercado por beatos nas redes sociais. todos rezando por Paris.
curioso e incréu, fui checar as razões dessa repentina e genuflexa beatificação da humanidade.
e qual não foi minha surpresa.
um odioso ataque à Cidade Luz, metralhadoras fuzilando metaleiros numa boate, sons de bombas estragando uma partida de futebol, mais de cem pessoas mortas, centenas de feridos.
isso é rotina na maior parte do mundo, como se sabe.
mas o barulho de ontem foi imediatamente descrito como o maior ataque terrorista desde o 11 de setembro?
sério, cara?
e aquele atentado no qual morreram 140 pessoas numa escola no Paquistão, por que não entrou no ranking?
e os milhares de civis, crianças, mulheres, velhos e enfermos em hospitais assassinados pelos mísseis israelenses, tão no ranking?
as vítimas inocentes dos drones assassinos tão nesse ranking?
é possível, é humano, orar pela morte de uns e nem sequer chorar pela morte de outros?
quando caiu um avião russo, com mais de 200 pessoas, na Península do Sinai, os chargistas franceses fizeram graça.
graça também fizeram dos refugiados sírios que corriam pra lá com medo dos barbudos malvados.
qual é a graça agora? teremos charges ou só orações?
Quanto ao avião russo, tem dois artigos de Valentin Vacilescu aqui e aqui, pra quem lê em francês, que mostram razões para todos começarmos a rezar.
Obama diz que agora todos vão investir contra o Estado Islâmico. antes, claro, era tudo de mentirinha.
aqueles drones jogando bomba na cabeça de crianças era pura mise-en-scène.
não faltam os que falam que foi um crime perpetrado por muçulmanos, sem se dar conta de que esses barbudos malvados já mataram mais de 100 mil muçulmanos só nos últimos dois anos.
é como dizer que são cristãos os que soltam bombas a partir de drones na cabeça de crianças afegãs.
essa própria conversa mole de reza já é um agendamento com viés político-religioso, o tal choque de civilização; isso é ideologia na veia.
como diz Vacilescu isso é intoxicação.
e por falar em intoxicação, lembrem-se, o Rio Doce tá morrendo, bem aqui diante de seus olhos, suas lágrimas podem ajudar a limpar aquela sujeira.
e oh, aos que estão rezando por Paris, parem.
é por causa de rezas que essas porras estão acontecendo.
Palavra da salvação.
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Minas Gerais: três séculos matando gente e o meio ambiente com a mineração
17 de Novembro de 2015, 14:29Mineração e tragédias em Minas Gerais. Até quando?
Promotor Marcos Paulo Miranda* – MG, Saúde do Meio
Minas Gerais tem o seu próprio nome ligado à mineração, atividade que durante o apogeu do ouro e do diamante sustentou, em boa parte, a economia de Portugal. Nos dias de hoje, sem a fartura de pedras e metais preciosos, o minério de ferro é uma das bases da economia do Estado. Mas um lado funesto decorrente das atividades minerárias ao longo de mais de três séculos de exploração é ainda pouco conhecido: a perda de vidas humanas e a destruição do meio ambiente em episódios recorrentes na história do povo mineiro.
Tratando sobre a extração de ouro no Morro de Pascoal da Silva, em Vila Rica, em 1717, o Conde de Assumar deixou registrado em seu diário que os negros faziam “huns buracos mui profundos aonde se metem, e pouco a pouco vão tirando a terra para a lavar; porém esta sorte de tirar ouro he mui arriscado, porque sucede muitas vezes cahir a terra e apanhar os negros debayxo deitando-os enterrados vivos”.
O Barão de Langsdorff, ao percorrer região de Mariana em 1824, registrou: “passamos por um vale pobre e árido, por onde ocorre o rio São José, turvo pela lavação do ouro e em cujas margens se veem montes de cascalhos, alguns até já cobertos de capim. É difícil imaginar uma visão mais triste do que a deste vale, outrora tão rico em ouro”.
Em meados de 1844, na Mina de Cata Branca, município de Itabirito, à época alvo da exploração aurífera por uma empresa britânica, houve o desabamento da galeria explorada e soterramento de dezenas de operários escravos. Segundo os registros, dias depois do acidente ainda eram ouvidas vozes e gemidos dos negros em meio aos escombros. Ante a dificuldade de resgate, foi tomada a decisão de se desviar um curso d’água para inundar a mina, matando os pobres trabalhadores sobreviventes afogados, ao invés de espera-los morrer de fome.
Sobre o fato, José Pedro Xavier da Veiga deixou registrado nas suas célebres Efemérides Mineiras: “E lá estão enterradas naquele gigantesco túmulo da rocha as centenas de mineiros infelizes, que encontraram a morte perfurando as entranhas da terra para lhe aproveitar os tesouros. A mina conserva escancarada para o espaço uma boca enorme rodeada de rochas negras e como que aberta numa contorção de agonia”.
Em 21 de novembro de 1867, na Mina de Morro Velho, em Nova Lima, um desabamento matou dezessete escravos e um trabalhador inglês. Dezenove anos mais tarde, em 10 de novembro de 1886, a história se repetiu em Morro Velho. Mais recentemente, rompimentos de barragens nas minas de Fernandinho (1986) e Herculano (2014), em Itabirito; Rio Verde (2001), no Distrito de Macacos, em Nova Lima; e da Mineração Rio Pomba (2008), em Miraí, redundaram em dezenas de outras mortes e prejuízos irreversíveis ao meio ambiente.
No último dia 05 de novembro de 2015, em Mariana, o rompimento de duas barragens da empresa Samarco soterrou quase integralmente o Distrito de Bento Rodrigues, ceifou vidas, destruiu dezenas de bens culturais e danificou de forma severa os recursos ambientais de vasta extensão da Bacia do Rio Doce. Todos sabem que a história é mestra da vida e os fatos adversos por ela registrados devem servir de alerta para o futuro, para que os erros não sejam repetidos.
O aprendizado com os equívocos de antanho deveria impor ao setor minerário da atualidade uma completa mudança de paradigmas. Afinal, temos condições de sermos autores da nossa própria história e não podemos admitir a repetição reiterada desses desastres como algo normal, inerente às atividades econômicas de Minas Gerais.
Entretanto, percebemos que ainda se avultam as inconsequentes condutas induzidas pela ambição do lucro fácil e pelo desdém aos direitos alheios, não raras vezes secundadas pela omissão ou incompetência de autoridades públicas responsáveis pelos processos de licenciamento ambiental, que se contentam com a adoção de tecnologias ultrapassadas em empreendimentos de alto risco, que raramente são fiscalizados.
A anunciada flexibilização do licenciamento ambiental pelo Governo de Minas, com o nítido propósito de beneficiar, entre outros, o seguimento dos empreendimentos de mineração, segue na contramão do que a sociedade mineira espera e precisa: segurança e respeito aos seus direitos.
É hora de dizer um basta.
.*Marcos Paulo de Souza Miranda, coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.
Sugestão de publicação do artigo e compilação de artigos de Acauã R. dos Santos.
Tragédia em Mariana mostra que barragens são bombas armadas
A lama da Samarco e o jornalismo que não dá nome aos bois
O Mito da demora no Licenciamento Ambiental
Quem é Quem nas Discussões do Novo Código de Mineração
Minas Gerais: onde estão Ana Clara, Mateus, Yuri e Thiago?
Licenciamento de barragem em Mariana está vencido há dois anos
Ambientalistas querem maior rigor em novo código de mineração
Basta! Chega de mortes, destruição e sofrimento para saciar a voracidade da mineração!
Governo de Minas Gerais perdoa 120 mil multas ambientais
Fotos revelam rachadura em outra barragem em Mariana
Da lama ao caos: o País que não queremos
Rompimento de barragem pode impactar vida marinha por cem anos
“Lama de Mariana pavimentou rios por onde passou. Dano é irreversível”
O rompimento da barragem da Samarco e a enxurrada de culpados
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‘Sei por experiência própria que a primeira geladeira a gente nunca esquece’
16 de Novembro de 2015, 10:13Este blog argumenta questões como as expostas pelo colunista da BBC no texto reproduzido abaixo há muito tempo: uma boa dose do ódio contra o PT e seus membros vem do fato de termos uma classe média com valores escravistas, bem representada no comentário do conterrâneo britânico que Tim Vickery encontra no Rio de Janeiro.
Talvez, lendo o testemunho de Vickery parte desta classe média irracional se dê conta que nunca fará parte de um país desenvolvido se não permitir a ascensão social dos mais pobres que os governos progressistas como os da coalização do PT vem promovendo no país desde 2003.
Há outra aspecto bastante interessante na fala de Tim, o papel da mídia em amplificar o ódio desta classe média cheia de ódio. O ex-jornalista da Globo News, Sidney Rezende deixa isso muito claro em seu último post.
Tim Vickery: Minha primeira geladeira e por que o Brasil de hoje lembra a Inglaterra dos anos 60
Por Tim Vickery* BBC Brasil
13/11/2015
Foto: Eduardo Martino
Acho que nasci com alguma parte virada para a lua. Chegar ao mundo na Inglaterra em 1965 foi um golpe e tanto de sorte. Que momento! The Rolling Stones cantavam I Can’t Get no Satisfaction, mas a minha trilha sonora estava mais para uma música do The Who, Anyway, Anyhow, Anywhere.
Na minha infância, nossa família nunca teve carro ou telefone, e lembro a vida sem geladeira, televisão ou máquina de lavar. Mas eram apenas limitações, e não o medo e a pobreza que marcaram o início da vida dos meus pais.
Tive saúde e escolas dignas e de graça, um bairro novo e verde nos arredores de Londres, um apartamento com aluguel a preço popular – tudo fornecido pelo Estado. E tive oportunidades inéditas. Fui o primeiro da minha família a fazer faculdade, uma possibilidade além dos horizontes de gerações anteriores. E não era de graça. Melhor ainda, o Estado me bancava.
Olhando para trás, fica fácil identificar esse período como uma época de ouro. O curioso é que, quando lemos os jornais dessa época, a impressão é outra. Crise aqui, crise lá, turbulência econômica, política e de relações exteriores. Talvez isso revele um pouco a natureza do jornalismo, sempre procurando mazelas. É preciso dar um passo para trás das manchetes para ganhar perspectiva.
Será que, em parte, isso também se aplica ao Brasil de 2015?
Não tenho dúvidas de que o país é hoje melhor do que quando cheguei aqui, 21 anos atrás. A estabilidade relativa da moeda, o acesso ao crédito, a ampliação das oportunidades e as manchetes de crise – tudo me faz lembrar um pouco da Inglaterra da minha infância.
Por lá, a arquitetura das novas oportunidades foi construída pelo governo do Partido Trabalhista nos anos depois da Segunda Guerra (1945-55). E o Partido Conservador governou nos primeiros anos da expansão do consumo popular (1955-64). Eles contavam com um primeiro-ministro hábil e carismático, Harold Macmillan, que, em 1957, inventou a frase emblemática da época: “nunca foi tão bom para você” (“you’ve never had it so good”, em inglês).
É a versão britânica do “nunca antes na história desse país”. Impressionante, por sinal, como o discurso de Macmillan trazia quase as mesmas palavras, comemorando um “estado de prosperidade como nunca tivemos na história deste país” (“a state of prosperity such as we have never had in the history of this country”, em inglês).
Arquivo Pessoal: Vickery volta ao local onde passou sua infância
Macmillan, “Supermac” na mídia, era inteligente o suficiente para saber que uma ação gera uma reação. Sentia na pele que setores da classe média, base de apoio principal de seu partido, ficaram incomodados com a ascensão popular.
Em 1958, em meio a greves e negociações com os sindicatos, notou “a raiva da classe média” e temeu uma “luta de classes”. Quatro anos mais tarde, com o seu partido indo mal nas pesquisas, ele interpretou o desempenho como resultado da “revolta da classe média e da classe média baixa”, que se ressentiam da intensa melhora das condições de vida dos mais pobres ou da chamada “classe trabalhadora” (“working class”, em inglês) na Inglaterra.
Em outras palavras, parte da crise política que ele enfrentava foi vista como um protesto contra o próprio progresso que o país tinha alcançado entre os mais pobres.
Mais uma vez, eu faço a pergunta – será que isso também se aplica ao Brasil de 2015?
Alguns anos atrás, encontrei um conterrâneo em uma pousada no litoral carioca. Ele, já senhor de idade, trabalhava como corretor da bolsa de valores. Me contou que saiu da Inglaterra no início da década de 70, revoltado porque a classe operária estava ganhando demais.
No Brasil semifeudal, achou o seu paraíso. Cortei a conversa, com vontade de vomitar. Como ele podia achar que suas atividades valessem mais do que as de trabalhadores em setores menos “nobres”? Me despedi do elemento com a mesquinha esperança de que um assalto pudesse mudar sua maneira de pensar a distribuição de renda.
Mais tarde, de cabeça fria, tentei entender. Ele crescera em uma ordem social que estava sendo ameaçada, e fugiu para um lugar onde as suas ultrapassadas certezas continuavam intactas.
Getty: ‘Parte da crise política da Inglaterra foi vista como protesto contra o progresso entre os mais pobres’, diz Vickery
Agora, não preciso nem fazer a pergunta. Posso fazer uma afirmação. Essa história se aplica perfeitamente ao Brasil de 2015. Tem muita gente por aqui com sentimentos parecidos. No fim das contas, estamos falando de uma sociedade com uma noção muito enraizada de hierarquia, onde, de uma maneira ainda leve e superficial, a ordem social está passando por transformações. Óbvio que isso vai gerar uma reação.
No cenário atual, sobram motivos para protestar. Um Estado ineficiente, um modelo econômico míope sofrendo desgaste, burocracia insana, corrupção generalizada, incentivada por um sistema político onde governabilidade se negocia.
A revolta contra tudo isso se sente na onda de protestos. Mas tem um outro fator muito mais nocivo que inegavelmente também faz parte dos protestos: uma reação contra o progresso popular. Há vozes estridentes incomodadas com o fato de que, agora, tem que dividir certos espaços (aeroportos, faculdades) com pessoas de origem mais humilde. Firme e forte é a mentalidade do: “de que adianta ir a Paris para cruzar com o meu porteiro?”.
Harold Macmillan, décadas atrás, teve que administrar o mesmo sentimento elitista de seus seguidores. Mas, apesar das manchetes alarmistas da época, foi mais fácil para ele. Há mais riscos e volatilidade neste lado do Atlântico. Uma crise prolongada ameaça, inclusive, anular algumas das conquistas dos últimos anos. Consumo não é tudo, mas tem seu valor. Sei por experiência própria que a primeira geladeira a gente nunca esquece.
*Tim Vickery é colunista da BBC Brasil e formado em História e Política pela Universidade de Warwick
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Mariana, privataria tucana da Vale, 4 fiscais para fiscalizar barragens e o sucateamento do Estado
15 de Novembro de 2015, 12:41No início de novembro o Brasil se assombrou com o que talvez seja o maior crime ambiental já cometido pelo capital privado: o rompimento da barragem da mineradora Vale, privatizada durante o governo de FHC.
Matéria da CBN informa que há 4 fiscais em Minas Gerais para verificar mais de 730 estruturas de barragens. Pelo menos 40 estão sob suspeição, sem garantias de estabilidade.
Qualquer criança certamente perguntará como é que 4 profissionais, por mais sérios que sejam em seu trabalho de fiscalização, conseguiriam dar conta de 730 barragens? A mesma reportagem informa que menos de 1/3 das barragens de Minas Gerais foram fiscalizadas em 2014. Nas que conseguiram fiscalizar, em 40 delas os fiscais apontaram problemas, não garantindo a estabilidade de tais estruturas, seja por falta de dados ou documentos técnicos.
O que a CBN não informa ou sequer questiona é: quem são os responsáveis por isso?
Vamos lá.
Em 1997 a Vale do Rio Doce, antes uma mineradora estatal foi privatizada pelo governo de FHC. Várias denúncias e escândalos envolveram o processo de privatização não apenas da Vale, mas de inúmeros bens públicos no período conhecido como privataria tucana. Sobre a privatização da Vale e as ações contra ela, recorde neste texto de 2006 as inúmeras irregularidades.
Uma estatal do setor de mineração tem de contar com corpo técnico para a manutenção de suas barragens, mas privatizada o foco é o lucro e não a segurança dos moradores do entorno ou a preservação do meio ambiente. Em todo o processo de privataria no Brasil o que vimos foi o sucateamento do Estado nos serviços públicos, incluindo o de fiscalização das empresas e serviços antes estatais.
O crime hediondo contra o povo matou até o que se sabe no momento uma dezena de mineiros (há ainda algumas dezenas de desaparecidos), destruiu casas, lojas, escolas, bens pessoais, negócios. O crime hediondo é também contra o meio ambiente, pois a lama cancerígena repleta de produtos químicos profundamente tóxicos exterminou o Rio Doce, deixou mais de 700 mil pessoas sem água, ameaça invadir o Espírito Santo e chegar ao mar e ainda não se tem a real medida do quanto este terror afetará a vida dos brasileiros nas regiões atingidas. Por exemplo, os metais pesados do dejeto da Vale atingiram os lençóis freáticos? Animais que se alimentam de outros que foram contaminados podem fazer a contaminação chegar até o ser humano. Enfim, este crime hediondo provocará danos incalculáveis.
Todos esses crimes são resultado da privataria tucana, do neoliberalismo tucano que prega o Estado Mínimo a ponto de órgãos responsáveis por evitar tragédias criminosas como esta só existirem no papel e sua ação ser uma completa ficção: 4 fiscais pra fiscalizar 730 barragens.
A matéria da CBN também não informa quem são os responsáveis direitos desta tragédia. Quem deveria cuidar para que as barragens fossem fiscalizadas, as empresas multadas ou até fechadas caso não cumprissem o que é determinado pelas leis?
Financiamento de Campanha, o PMDB e o Novo Código de Mineração
Como se fosse pouco, Leonardo Quintão (PMDB-MG), responsável pela relatoria do novo Código de Mineração, defende os interesses do setor de mineração e dele recebeu doações para sua campanha. Em dezembro de 2013 Leonardo Quintão admitiu sem nenhum pudor sua prática infringe regra do Código de Ética da Câmara; “Sou financiado, sim, pela mineração. Não tenho nenhuma vergonha”. O PMDB tem o controle do setor no país, seus deputados indicam ministros e os chefes do Departamento Nacional de Produção Mineral. Como admitiu o próprio Quintão, verbas para reeleições não faltaram.
“Não foi acidente, não foi fatalidade”
A barragem da Samarco, (controlada pela Vale) que rompeu provocando todos estes danos incalculáveis, foi fiscalizada e o relatório apontou os riscos de rompimento, mas nada foi feito.O promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto diz: “Não foi acidente. Não foi fatalidade. O que houve foi um erro na operação e negligência no monitoramento”. O relatório da fiscalização apontava que: “o contato entre a pilha de rejeitos e a barragem não é recomendado por causa do risco de desestabilização do maciço da pilha e da potencialização de processos erosivos”.
São responsáveis legais por fiscalizar essas estruturas: a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e as demais instituições que compõem o Sistema Estadual de Meio Ambiente – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Instituto Estadual de Florestas e Instituto Mineiro de Gestão das Águas. Participam também da Operação Barragens o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o Ministério Público Estadual (MPE) e os Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais.
Existe ainda um Comitê Gestor de Fiscalização Ambiental Integrada (CGFAI) para verificar a implementação das ações apontadas pelos auditores responsáveis pelos empreendimentos para melhorar a estabilidade das estruturas. Nas vistorias, são observadas parâmetros como as características da crista, dos taludes de montante e de jusante, se há infiltração e fugas de água na barragem, além de aspectos referentes ao vertedouro, à tomada d’água e ao sistema de comporta. Conforme a lei 12334/2010, a responsabilidade é compartilhada também com o DNPM, que é o outorgante do direito minerário.
Tucanos em Minas, Privataria, Sucateamento e blindagem dos desmandos das mineradoras
Desde que a Vale foi privatizada o governo mineiro esteve em mãos de 3 tucanos e de Itamar Franco que à época era do PMDB. Durante a privatização da Vale, o mensaleiro tucano que para não ser julgado pelo STF renunciou ao cargo, Eduardo Azeredo, governou Minas, seguido por Itamar, e pelos tucanos Aécio Neves e Anastasia. Que providências tomaram depois de reduzirem a equipe de fiscalização de 730 barragens a 4 fiscais? Quantas vezes a Vale foi multada ou impedida de continuar suas operações? Ao entrarmos no site da Secretaria do Meio Ambiente encontramos uma matéria de 17 de abri de 2008 assinada pela Assessoria de Comunicação da Sisema ainda durante o governo de Aécio que diz que o resultado das operações de fiscalização foram positivos!
Em 2013, no mês de abril, o o pequeno bloco de oposição ao governador tucano Anastasia, Minas Sem Censura formado pela bancada petista tentou instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito — CPI — para investigar irregularidades e diversos danos causados ao meio ambiente e à população pela expansão e intensificação da atividade minerária em Minas Gerais. Foram barrados pela maioria tucana na ALMG.
Há 11 meses Pimentel, governador do PT, administra o estado de Minas Gerais. Que após este crime hediondo, o governador petista reestruture o estado, enfrente o nefasto discurso neoliberal dos tucanos e tome as devidas previdências. Reestatizar a Vale que foi roubada do povo brasileiro poderia ser um bom começo para usar seus recursos e tentar diminuir tanta destruição que homens públicos a serviço do capital privado provocaram no Brasil.
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Globo manda um recado aos midiotas
9 de Novembro de 2015, 13:20não a creditem em tudo que a gente publica.
o jornalista Lauro Jardim saiu da revistaveja e chegou ao Globo de forma espetaculosa.
deu uma falsa notícia sobre o filho de Lula e, por isso mesmo, ele próprio virou notícia: saiu na capa do jornal, de braços cruzados e meio riso no rosto; jactancioso.
uma estreia triunfal como disse o seu colega de O Globo, Jorge Bastos Moreno.
o Lobista Fernando Baiano, segundo Jardim em seu texto de estreia, teria afirmado que botou 2 milhões de lascas no bolso de Lulinha, a pedido de um pecuarista, que atendia a um pedido da nora de Lula, que teria uma dívida a saldar.
a falsa notícia fez a alegria dos midiotas.
revoltados online, colunistas da mídia velha, lutadores de MMA, atores pornôs, velhotes bicudos e roqueiros amalucados devem ter vibrado.
incapazes de apontar uma falcatrua factual contra o ex-presidente, os descerebrados avançam contra os seus parentes.
no passado já tentaram incriminar, de forma bisonha, o irmão de Lula, Vavá.
o próprio Collor, em 1989 já acusara Lula de ficar rico porque o ex-operário teria, em casa, um aparelho de som (um 3 em 1) muito mais sofisticado que o do alagoano amante de carrões importados.
veja que curioso.
como Collor, Jardim sabia que plantava uma falsa notícia. seus patrões também sabiam que se tratava de uma interpretação mal intencionada, canalha.
mas deixaram pra ver até onde ia.
não foi muito longe. 28 dias depois, o Globo publica uma improvável errata desmentindo e desmoralizando o intrépido jornalista.
e por que o fez? pela ética, pelo compromisso objetivo e inarredável com a verdade?
ora, direis. ouvir estrelas?
Jardim desmente a si mesmo porque foi interpelado judicialmente.
é medo dos homens de preto, não tem nada a ver com compromisso com a verdade.
da verdade ele sabia, mentiu por que quis.
fi-lo porque qui-lo, diria.
há uma prática antiga nas redações de jornalões e revistonas dedicada à destruição de reputações.
há também, uma antiga prática de mal jornalismo, de jornalismo preguiçoso e apressado.
vimos Sergio Conti, bisonhamente, entrevistar um sósia de Felipão como se fosse o próprio Big Phill.
e a loira da TVeja seguia empregada mesmo depois de ter mais de 50 acusações de plágios.
a mídia velha precisa de caras e minas capazes de qualquer coisa. de um irresponsável mentiroso e de um lápsico preguiçoso pode se esperar qualquer coisa.
são esses tipos de figuras que protagonizam casos como o da Escola Base e dos abjetos episódios envolvendo o ex-ministro Alcenir Guerra e o ex-parlamentar Ibsen Pinheiro, só para ficar nos casos mais estrondosos.
pequenos erros, diriam, um lapso.
enquanto isso, Cunha segue livre. ninguém o entrevista apontando-lhe o dedo, todos querem ouvir suas desculpas, esforçam-se até para crer nelas.
mesmo quando ele diz que é um grande fornecedor de carne moída.
há jornalistas que acham suas respostas engraçadas. enquanto isso, usam a máquina de moer gente para perseguir os adversários de seus patrões.
o que dirão ativistas midiotizados como Vitor Belfort ao abrirem o Globo de hoje e se depararem com esse jardim de flores murchas.
palavra da salvação.
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