Cadê a indignação com a corrupção de Cunha dos ‘milhões de Cunha’?
10 de Outubro de 2015, 12:27CUNHA, DO PARLASHOPPING À PAPUDA
Por Lelê Teles
agora corta pra mim, aí eu te pergunto:
o que dirão Datena e Rezende sobre esse sujeito? Sheherazade pedirá seu linchamento até a morte em praça pública?
o que dirão Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa, Gandra? todos tão urgentes quando a mídia quer achincalhar um corrupto.
surgirá o centenário Bicudo com um pedido de impedimento no bico?
o ultrajante Roger, o licantropo Lobão e o indefectível Fábio Júnior cantarão em homenagem a Cunha?
o que dirão mervais, jabores, azevedos?
e o nosso histriônico Aécio, porque até agora não pediu uma coletiva para exigir – ele e sua turma de aluísios, sampaios e agripinos – o impedimento do presidente da Câmara?
esses caras, dia e noite, estão na mídia a exigir a saída de uma presidenta sem uma única conta recheada com grana suja no exterior.
por que se calam?
até ontem, Cunha, esse meliante, era o heroi da mídia e dos midiotas.
havia centenas de cartazes com o nome dele nas raves cívicas; quantas vezes ouvimos os midiotas gritarem CUNHA GUERREIRO DO POVO BRASILEIRO?
enquanto isso sua esposa fazia aulas de tênis nos Esteites, pagas com grana suja. veja que coisa chique.
enquanto o cordão de midiotas marchava, nas raves cínicas, exaltando o nome de Cunha, sua filha fazia MBA na Inglaterra, tudo pago com grana surrupiada da Petrobrás.
essa é a família tradicional brasileira.
após depósitos suspeitos em sua conta, Cunha ia à Igreja e dava umas moedas como oferta, depois ia aos microfones pregar contra a corrupção e o gayzismo.
foi ao bom Cunha que o Pequeno Kim, e os retardados online, entregaram um pedido de impeachment fajuto; foi ao lado desse cabra que os retardados online tiraram fotos orgulhosos com o indicador em riste.
achacador-mor, Cunha se orgulhava de ter uma centena de deputados sob o seu capacho, todos comprados – é o que dizem pelos corredores – com a grana preta que pingava no colo de Cunha, oriunda de empresas privadas cheias de boas intenções e patriotismo; só que não.
pegos com a boca na botija, alguns bandidos disseram ter medo de denunciar Cunha, veja que coisa, e que estariam a sofrer ameaças por parte do nobre deputado.
tal é o calibre de sua delinquência.
Cunha, Nardes, Agripino e Aécio eram os maiores entusiastas do impedimento da presidenta; contra a qual, até o momento é bom que se diga, depois de incontáveis esmiuçamentos e escarafunches, nada foi encontrado.
mas os quatro cavaleiros do apocalixo estão todos enrolados, todos com provas documentais e testemunhais.
e todos soltos!
o Ministério Público suíço entregou documentos, incontestáveis, que comprovam a rapinagem do narigudo.
há assinaturas de Cunha comprovando o crime, o cabra usou até passaporte diplomático para abrir contas; o que mais falta pra esse sujeito ganhar uma tornozeleira eletrônica ou o xilindró?
até agora, nada de prisões preventivas.
fosse um petista, Cunha, sua esposa e sua filha, além de um cunhado, um vizinho o cachorro e o jardineiro, estariam todos na Papuda.
enquanto outros meliantes eram espremidos na deduração premiada, para enrolar ainda mais a família, o partido dele e seu mandato.
Cunha foi dedurado por cinco delatores, nada lhe aconteceu.
ele tem cinco inquéritos no STF; por suas estripulias nada republicanas, a PGR já pediu mais de cem anos de cana dura pra ele.
e ele continua livre, leve e solto.
nesse instante, Cunha poderá estar destruindo provas contra si mesmo, silenciando possíveis dedos-duros, ameaçando e achacando, como testemunharam que era sua praxe.
mas cadê a Polícia Federal pulando o muro da casa dele ao raiar da aurora?
quêde CPUs sendo retiradas de escritórios? onde estão as imagens da esposa dele levando um baculejo com as mãos à parede?
em que rede social alguém diz que a filha enriqueceu seu curriculum com grana surrupiada?
ao assistirem atônitos nossa inércia e o caradurismo do meliante engravatado, os suíços devem estar pensando:
mas com mil diabos.
palavra da salvação.
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Lindbergh Farias: No Brasil, como na Alemanha nazista, o mal banalizou-se
7 de Outubro de 2015, 11:44Lindbergh Farias: Mídia e setores irresponsáveis da oposição geraram clima de ódio
“Petista bom é petista morto”. Era o que diziam os panfletos que foram jogados no local onde estava sendo velado o corpo do grande e querido Senador José Eduardo Dutra.
Chocante? Por certo que é algo chocante, que causa profunda indignação em quem tem um mínimo de civilidade. Afinal, uma das características mais marcantes da nossa espécie, o Homo sapiens, é que ela enterra os seus mortos em rituais de despedida. Até mesmo outra espécie do gênero Homo, oNeanderthal, já enterrava cuidadosamente os seus mortos.
Os mortos fazem parte do sagrado, pois eles são a ponte entre esta vida e a outra vida. Assim, o respeito aos mortos é algo universal nas culturas humanas. É a base de todas as religiões. É o que sustenta a ideia de transcendência. Na realidade, é algo essencial para definir nossa natureza humana. Assim, a profanação dos mortos é algo que se considera mais que chocante.
É coisa abominável, coisa que nem os neanterdais do passado faziam. Mas será que é algo surpreendente? Infelizmente acho que, no Brasil doentio e neoudenista de hoje, essas manifestações insanas de ódio político contra o PT e a esquerda em geral tornaram-se corriqueiras, quase banais. Na realidade, não surpreendem mais. São consideradas algo “normal”. A nossa imprensa conservadora e a nossa oposição as tratam como coisas irrelevantes, sem importância.
Recentemente, houve um atentado a bomba contra o Instituto Lula, que mereceu parcas linhas na mídia e comentários jocosos nas redes sociais. Só faltaram dizer: bem feito! Jogaram uma bomba contra o Instituto Lula? Bem feito! Morreu um petista de câncer? Bem feito! Que morram outros.
No Brasil, como na Alemanha nazista, o mal banalizou-se, diria Hannah Arendt. Gente normal, comum, acha aceitável e desejável a violência contra petistas, marxistas, esquerdistas, bolivarianos e outros tais.
Hoje considera-se, em certos círculos insanos, aceitável que petistas, simpatizantes do Governo, representantes de movimentos sociais ou esquerdistas de um modo geral sejam insultados, agredidos em restaurantes, aeroportos, hospitais ou mesmo em velórios.
Há uma escalada extremamente perigosa de ódio político. Em breve, se algo não for feito, se considerará normal agredir fisicamente, ou mesmo assassinar petistas, assim como se considerou normal e desejável, em outros momentos da história, assassinar índios – por exemplo, na grande guerra contra os nativos americanos dos Estados Unidos da América.
A frase que usaram no velório do ex-Senador Dutra deriva da famosa frase do General Philip Sheridan. Em 1869, logo após uma dura batalha, as forças do exército dos EUA derrotaram e aprisionaram o chefe dos comanches, Tosawi. O prisioneiro, querendo impressionar Sheridan, disse: “Sou Tosawi, um bom índio”. Sheridan replicou: “Os únicos bons índios que eu vi estavam mortos”.
Embora Sheridan a tenha renegado, a frase foi registrada por várias fontes confiáveis e, curiosamente, não lhe causou prejuízo algum. Ao contrário, quando morreu, Sheridan tinha o cargo de Comandante em Chefe do Exército, honraria antes atribuída apenas a Washington, Grant e Sherman.
Em 1886, Theodore Roosevelt, que se tornaria presidente dos EUA, afirmou, numa palestra, que embora não fosse tão longe em considerar que todos os índios bons eram os mortos, achava que esse era o caso de 9 entre 10 índios; e que não tinha muita certeza sobre o décimo.
Foi essa a mentalidade que provocou o covarde genocídio dos nativos norte-americanos. Foi essa a mentalidade que, em última instância, criou Auschwitz.
O que torna a violência contra um determinado grupo, político, étnico, religioso ou de orientação sexual algo aceitável? O que torna algo que seria, em princípio, chocante em coisa normal, banal? O que torna a profanação dos mortos algo aceitável?
Numa palavra: ódio. Porque o ódio desumaniza, desumaniza o alvo do ódio e desumaniza aquele que odeia.
Desumaniza até mesmo os mortos. O ódio exige cadáveres insepultos. No genocídio armênio, as autoridades turcas impediam os familiares de enterrarem seus mortos. Era necessário que apodrecessem à vista de todos. Era necessário que seus olhos, as janelas da alma, fossem devorados pelos corvos.
Mas o ódio contra esses grupos não é algo natural, ele não surge por geração espontânea. Como diria Mandela, o ódio é algo que se ensina. Ninguém nasce odiando. O ódio se aprende. E normalmente se aprende com desinformação, com distorção e com mentiras. É necessário desumanizar e demonizar o alvo do ódio para que o ódio seja considerado algo normal e desejável.
Foi necessário se repetir a exaustão que os problemas da Alemanha tinham a sua origem nos “ratos judeus” para que o Holocausto se tornasse palatável. Foi necessário se afirmar repetidamente que os tutsis eram “baratas” para que 800 mil deles fossem abatidos a golpes de facão.
E, no Brasil, quem ensinou e ensina esse ódio insano? Quem tornou possível que algumas pessoas se julgassem no direito de profanar o velório do Dutra? O que vem colocando nosso embate político abaixo do nível dos neandertais, que respeitavam seus mortos? Quais fatores criaram esse vale-tudo que ameaça transformar a nossa democracia num vale-nada?
Não tenho dúvida de que boa parte da nossa mídia e setores irresponsáveis da oposição vêm se encarregando há anos de gerar um clima propício a essa barbárie. A frase absurda dos panfletos já vinha sendo escrita, há tempos, nas mentes dos insanos. Existe, de fato, há muito tempo, uma campanha sórdida, covarde e cínica contra o PT e seus governos. Uma campanha que, baseada nos ensinamentos de Goebbels, repete insistentemente mentiras para torná-las verdades.
Darei um exemplo claro. Há meses que revistas de grande circulação nacional, especialmente a revista Época, vêm publicando reportagens procurando convencer a opinião pública de que Lula teria cometido crimes fazendo lobby para as grandes empreiteiras nacionais.
Esta semana, quando o Ministério Público da Suíça denunciou que o Presidente da Câmara dos Deputados tem dez contas secretas naquele país, o que fizeram essas revistas, em tese dedicadas a bem informar a opinião pública? Voltaram a assestar suas baterias contra Lula. Substituíram a divulgação da corrupção comprovada pela divulgação de crimes fictícios. Misturando meias verdades, informações distorcidas e uma alta dose de imaginação, voltaram a criar uma precária peça de ficção policial travestida de reportagem objetiva e imparcial.
A revista Época, em especial, aposta na paranoia anticomunista e nos preconceitos contra a África para que as suas informações prosaicas e anódinas se convertam numa trama diabólica. Com efeito, essa revista, assim como várias outras no Brasil, navega hoje nas revoltas e obscuras águas do anticomunismo, do “antibolivarianismo” e do antipetismo. Recriaram, em pleno século XXI, o mesmo clima da Guerra Fria que vigorava nos anos 50 e 60 do século passado. É o ódio mais primitivo a tudo o que é de esquerda.
A revista Época está definitivamente fora de época. Aparentemente, está também um pouco fora de si, cega de ódio a Lula e ao PT. É isso o que explica a ignorância abissal sobre o estratégico tema da exportação de serviços.
Queria aqui fazer uma cobrança aberta aos tucanos também. Porque, veja bem, nós estamos em uma escalada. Houve a bomba ao Instituto Lula, houve o episódio do constrangimento que fizeram no aeroporto – um grupo organizado, sabemos quem são as pessoas – a João Pedro Stédile, constrangimentos em locais públicos e esse caso da bomba.
Eu não vi aqui uma declaração de uma Liderança do PSDB condenando o fato de fascistas jogarem panfletos no momento do velório de Eduardo Dutra, dizendo: “Petista bom é petista morto”. Este é o momento, e eu faço este apelo aqui para Liderança do PSDB, de falarem para os seus setores mais raivosos, dizer: “Isso não”. Estão compactuando com práticas fascistas.
Então, eu faço essa provocação porque eu espero, sinceramente, que daqui a pouco, mais tarde, venha alguém aqui dizendo: Olha, nós, do PSDB, nos solidarizamos com o ocorrido no velório do Senador José Eduardo Dutra. É preciso que eles façam isso. É preciso segurar aquela base mais radical, porque são grupos fascistas, não tem outro nome para designar tudo isso.
Eu fico pensando: onde é que nós vamos parar nessa escalada de acirramento da luta política? Pensam os tucanos que vão ficar fora disso, com esse ensinamento ao ódio cotidiano a que nós estamos indo. É algo muito perigoso, é um terreno muito perigoso em que estamos entrando, que todos os democratas tinham que se posicionar, porque daqui a pouco – e nós vamos sempre desestimular – vai haver gente aqui querendo fazer do outro lado, e esse não é o caminho que nós queremos.
Mandela dizia o seguinte: “O ódio é algo que se ensina. Ninguém nasce odiando. O ódio se aprende”.
Esse ódio ao PT, e especialmente a Lula, tem entretanto uma origem: o medo. Eles têm medo dessa liderança. E não é só por causa da sucessão presidencial de 2018. Eles têm medo do que essa liderança é capaz aqui e agora.
Lula é a única liderança política brasileira capaz de catalisar uma oposição efetiva à destruição do modelo nacional e popular que levou cidadania a 40 milhões de brasileiros.
Lula é a única personalidade política que tem carisma e legitimidade para dar limites à voracidade do capital e à restauração do neoliberalismo no Brasil.Lula é o oposto ao ódio, Lula é a esperança. É necessário matá-la, destruí-la, para que triunfe, definitivamente, o pessimismo e ódio que nos conduzirão ao passado obscuro da desigualdade e da pobreza.
Mas estão mexendo com pólvora. Um povo que perde a sua esperança é um povo que perde a capacidade de perdoar os seus algozes. O povo não odeia, mas não esquece quem lhe fez mal e, sobretudo, não olvida aqueles poucos que por eles lutaram.
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Fátima Oliveira: Honestidade intelectual faz falta para olhar a realidade
6 de Outubro de 2015, 14:10O artigo mais lúcido que li sobre a reforma ministerial.
Honestidade intelectual faz falta para olhar a realidade
Fátima Oliveira*, OTEMPO
06/10/2015
Muito já foi escrito de 2 de outubro para cá sobre a reforma ministerial efetivada pela presidente Dilma Rousseff. E antes também, sobre quem ficaria e quem sairia, referente a ministérios e a quem ocuparia as pastas remanescentes.
Muito choro e ranger de dentes, desesperança e desânimo entre pessoas que apoiam o governo. Li bastante sobre o assunto, declarações favoráveis e desfavoráveis, para embasar a minha opinião na presente tentativa de análise de perdas e ganhos, ainda inicial e sem pretensões de esgotar o tema, que é vasto, complexo e eivado de paixões.
Tentei manter algum distanciamento das áreas nas quais tenho uma história militante: opressão da mulher, opressão racial/étnica e saúde, sobretudo a defesa do SUS – as mais ceifadas, inegavelmente, pela reforma ministerial. Parecia um pesadelo, mas era realidade, e ela se impôs.
A entrega do Ministério da Saúde (de porteira fechada?) a quem nunca deu um prego numa barra de sabão em defesa do SUS, ao contrário, é surreal! Considero fora de propósito e um equívoco ideológico e político a junção da Secretaria da Mulher com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e a Secretaria de Direitos Humanos, configurando o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, que vejo como um ministério mala e, como tal, de pouca serventia, mas ter Nilma Lino como ministra é um alento.
Desanquei o patriarcado, que está vivíssimo e mostrou bem suas garras; o racismo é uma fé bandida e se mostrou de dentes arreganhados; e repeti à exaustão que saúde não é moeda de troca, mas foi, e para mãos não confiáveis! Quer mais? Não vou enumerar tudo para não sangrar mais minhas feridas. Me poupe: “Tire o seu sorriso do caminho/ Que eu quero passar com a minha dor” (“A Flor e o Espinho”, de Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito, Alcides Caminha).
Estou desde sexta-feira passada dando chiliques e pedindo “meus sais”! Maldisse Altamiro Borges, que teve o topete de escrever “Reforma ministerial desanima os golpistas”; maldisse Ricardo Kotscho e seu lúcido “Dilma sai das cordas; oposição apoia Cunha”; e maldisse o editorial do Portal Vermelho, que, com serenidade irritante, diz, sob o título “Reforma ministerial e a nova maioria pelo desenvolvimento”: “A reforma ministerial foi uma importante vitória do governo liderado pela presidente Dilma… Uma reforma da administração e uma recomposição do ministério, dentre outras medidas importantes”.
Um esforço que faço quando estou numa encruzilhada política é ter como guia uma visão panorâmica, no caso a conjuntura brasileira. Para tanto, recorro à metáfora de uma árvore que plantei – ela é minha – numa floresta pegando fogo!
A conjuntura nacional é uma floresta ameaçada pelo fogo, e as minhas áreas de militância são as minhas árvores que estão na floresta ameaçada de virar cinza. Lembrem-se de que, naquela floresta, eu tenho três árvores, a saber: as lutas pelos direitos da mulher, pela igualdade racial e pelo SUS! O que fazer?
É evidente que, se eu desejar preservar tão somente as “minhas árvores”, sem a preocupação de defender toda a floresta, corro o risco de perder as “minhas árvores” e toda a floresta!… De modo que urge que eu tenha honestidade intelectual de ver as “minhas árvores” como parte da floresta que está em chamas.
Maldisse todos que li e que me forçaram a ver a floresta que estava pegando fogo e um incêndio sendo contido. Resta-me o consolo dos versos de Brecht (1898-1956): “Fôssemos infinitos/ Tudo mudaria/ Como somos finitos/ Muito permanece”.
*Fátima Oliveira é médica, e-mail - fatimaoliveira@ig.com.br twitter: @oliveirafatima_
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Titular da Advocacia-Geral diz que relator do TCU feriu a Lei Orgânica da Magistratura e deve ser afastado
5 de Outubro de 2015, 11:47O governo federal deve encaminhar nesta segunda-feira (5) ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma arguição de suspeição relativa à condução da relatoria do processo de julgamento das contas relativas a 2014. Em entrevista coletiva neste domingo (4), o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, afirmou que o relator do processo no TCU, ministro Augusto Nardes (Advocacia-Geral da União), tem manifestado publicamente sua opinião antes do julgamento pelo plenário, o que coloca o julgamento em suspeição, e torna necessário o afastamento do relator.
Advocacia-Geral quer afastamento de relator do TCU que analisa contas do governo
04/10/15
Por Ana Cristina Campos, Edição:Denise Griesinger Agência BrasilO advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, criticou neste domingo (4) o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes, que é relator do processo que analisa as contas do governo federal em 2014, por ter dado declarações à imprensa de que vai recomendar a rejeição das contas.
Segundo Adams, o ministro do TCU não pode antecipar seu voto publicamente porque isso violaria a Lei Orgânica da Magistratura. Adams informou que a Advocacia Geral da União (AGU) deve apresentar amanhã (5) uma arguição de suspeição contra Nardes ao presidente do TCU, para afastá-lo do caso. A decisão será do plenário do tribunal.
“A Lei Orgânica da Magistratura diz que é vedado ao magistrado manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre o processo pendente. Ele [Nardes] não só fala do processo como também antecipa o que vai fazer. Essa prática reiterada constrange o restante do Tribunal em busca de apoio. Deixa de ser magistrado e vira político. Este processo está eivado de politização”, disse Adams, em coletiva de imprensa na sede da AGU, junto com os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa.
Cardozo também lamentou a politização do processo. Ele acrescentou que o governo não quer, com a apresentação da arguição de suspeição, o adiamento do julgamento das contas da presidenta Dilma Rousseff, marcado para quarta-feira (7), para “ganhar tempo”, mas quer o respeito à lei. Para o ministro da Justiça, as regras legais foram violadas pelo relator Nardes.
A análise do TCU será sobre duas questões. Uma delas é o atraso no repasse de recursos para a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil referentes a despesas com programas sociais do governo, o que configuraria operação de crédito. O outro ponto, questionado pelo Ministério Público junto ao TCU, trata de cinco decretos envolvendo créditos suplementares assinados pela presidenta Dilma Rousseff, sem autorização do Congresso Nacional.
Cardozo e Barbosa reiteraram que não existem razões jurídicas para reprovar as contas. Segundo o ministro do Planejamento, todas as operações foram feitas com amparo legal e os pontos apontados pelo TCU podem ser objetos de aperfeiçoamento “assim como já está sendo feito”.
A reportagem da Agência Brasil procurou a assessoria de imprensa do TCU, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.
Leia também:
Janot acusa Cunha de usar AGU em sua defesa pessoal na Lava Jato
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Lelê Teles: E no Cunha?
5 de Outubro de 2015, 11:03E NO CUNHA?
Por Lelê Teles
o mundo vai acabar, senhoras e senhores; um dia.quando dizemos, o mundo, queremos dizer as pessoas que vivem neste mundo.
uma dia seremos marte, o planeta morte.
sem árvores e nem aves, sem gente, sem animais; apenas o solo nu, os leitos secos de rios e mares mortos, e as águas subterrâneas abundantes.
aí, astronautas futuros descobrirão nossa hidricidade, trarão argonautas, hidrólogos, exploradores de riquezas perdidas e recolonizarão.
depois virão arqueólogos escarafunchar os nossos escombros. escafandristas encontrarão ruínas imersas de redações de jornais; em cavernas, limparão a poeira que cobre algumas revistonas fossilizadas aqui e acolá.
em seguida, historiadores estudarão o achado e se perguntarão: ué, mas nessa data, em vários pontos deste globo estéril, em idiomas diferentes, todos falavam de um certo cunha, o Rato Inflável, mas nesta latitude, onde efetivamente vivia o Grande Rato, só ouvimos o silêncio?
por que diabos?
ao mesmo tempo, em algumas escavações, são encontradas múmias jornalísticas agarradas a um dvd com discursos de cunha pedindo o fim da corrupção e a destituição de uma presidenta.
mas com mil diabos, encucarão os estudiosos de outras estrelas, em todos os idiomas cunha é tratado como corrupto, menos no idioma que ele fala.
após recuperar imagens de TVs assistirão às raves cívicas, as festas do ódio e do palavrão, e verão uma gente branca vestida com camisas da CBF a bradar contra os corruptos e a exaltar o nome de cunha.
os especialistas das galáxias chegarão, infalivelmente, a esta conclusão: trata-se de um fenômeno de manipulação de massas, um simulacro criado por esses impressos toscos e por esses sinais de imagens primitivos.
até que um caçador de tesouros, encontra, por acaso, uma vala enorme repleta de esqueletos, e uma pichação numa parede ruinada: “aqui jaz uma malta de midiotas. morreram de ódio e oligofrenia, cometeram suicídio coletivo após a prisão de cunha, o ocaso de aécio e a eleição para um terceiro mandato do senhor lula da silva”.
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mas aí já estaremos em 2018; pois deixemos de futurologia e partamos para o hoje.por um tempo interminável, a palavra corrupção ganhou as manchetes dos jornalões e as capas das revistonas.
quanto mais se efetuavam prisões de supostos corruptores e corruptos, mais se pedia prisões. prendiam-se até por engano, ou só para causar constrangimento em inimigos políticos. mesmo parentes de corruptos estavam a ser presos, filhos, esposas, cunhadas, vizinhos…
nas ruas, uma histeria coletiva: senhoras e senhores, trajados com camisas da cbf, batiam panelas, mostravam o dedo médio, chacoalhavam cadeirantes, constrangiam senhoras, vaiavam autoridades em restaurantes, aeroportos, aviões, casamentos…
um barulho infernal.
carros de jovens estacionados em vagas para idosos exibiam adesivos contra a corrupção, martas trocavam de partido por alergia à corrupção…
aí pagaram o cunha, ídolo de martas, com contas em bancos estrangeiros com, até o momento, uma movimentação bandida de 5 milhões de dólares.
quantas contas, em nome de quem estavam, qual a real quantia? lendo jornalões e revistonas você nunca saberá.
o silêncio é estridente.
se o cabra não lê em inglês, espanhol ou francês – e não lê os blogs sujos – não sabe quase nada do que está acontecendo com a vida de cunha, porque não teve capa de veja, de istoé, de época, de nada.
a própria ombudswoman da folha estranhou a cobertura dizendo que “é a essa imagem de condescendência interessada que a folha corre o risco de se ver associada com uma cobertura que parece não conferir o peso devido aos problemas de um dos principais personagens da crise política. não é necessário pesquisar muito para comprovar que o jornal já fez muito mais barulho com histórias menos comprometedoras e figuras menos controversas”
cunha, senhoras e senhores, foi pego com a boca na botija. as digitais dele constam em um enorme maço de grana suja, ele mentiu ao Congresso e…
cri, cri, cri…
bonner não faz biquinho no jn, malafaia não late, não se inflam bonecos, não se batem em panelas, revoltados on line se desconectam, os off line se escondem em casa, lobões não uivam, mervais não se emervam, jabores não jabam…
com mil diabos.
cadê a turma do ódio, onde foram os guardiões da moral e da ética? moura brasil, o jornalista com nome de colírio, aposta na cegueira dos haters e grita que cunha derrubará dilma antes de cair.
brasil quer que um bandido destitua uma mulher honesta, tal é a sua moral. esse pelo menos teve coragem de falar, e os que se calam, com que covardia e cumplicidade se calam?
cadê o pequeno kim, cadê marcello reis, cadê a barbie, por onde andarão aécio, sampaio, nunes, grillo, lobo, leitão…
antes, ao saber da denúncia de um corrupto inimigo, pululavam editoriais eloquentes, colunistas espumavam de ódio nas TVs, outros gritavam ironias em jornalões e revistonas; no rádio, a histeria se completava.
conteúdo de delações vazavam todas as sextas, às sextas também surgiam as revelações bombásticas, fontes em off oficializavam fofocas, até dentro de prisões estavam a colocar escutas, tamanha era a ânsia por audições.
e agora, cri, cri, cri…
nunca um silêncio fez tanto barulho.
nunca se sonegou tanto uma informação.
como pôde a revistaveja encontrar, na suíça, uma conta que o romário não tinha e não conseguir encontrar as contas que cunha, efetivamente, tem?
canalha do rabo fino, o nosso Rato Inflável, seguramente cairá atirando, do lado dele estão os paladinos da moral e dos bons costumes, e essa gente de bens, estridente, vociferante, gritona, aposta agora no silêncio do ex-ídolo.
não demora muito e pedem uma lei contra a delação premiada.
os que estavam sedentos pela carnavalização das revelações bombásticas e das estridentes deduragens, agora oram pelo silêncio môngico do escroque evangélico.
durma com um silêncio destes.
palavra da salvação.
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