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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
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Casamento de empreiteiras com poder começou com JK e teve lua de mel na ditadura

21 de Novembro de 2014, 19:52, por Desconhecido

Texto  obrigatório aos leitores sem perspectiva histórica e que costumam atribuir aos governos da ditadura militar qualidades como: isenção de corrupção, exemplo de Estado impoluto, um Brasil idílico para os cidadãos de bem.

Casamento de empreiteiras com poder começou com JK e teve lua de mel na ditadura138

Carlos Madeiro, UOL, em Maceió

21/11/2014

A ponte Rio-Niterói em construção em 1972

A ponte Rio-Niterói em construção em 1972/ FolhaPress

O casamento harmonioso das empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato com as obras públicas é mais antigo do que muitos pensam: começou no governo Juscelino Kubitschek (1955-1960) e teve sua “lua-de-mel” na ditadura militar (1964-1985). Essa é a análise de especialistas ouvidos pelo UOL e que fizeram uma retrospectiva sobre a história das empreiteiras no Brasil.

Autor da tese de doutorado “A ditadura dos empreiteiros”, o historiador Pedro Campos avalia que, no regime militar, as empreiteiras começaram a se nacionalizar e se organizaram, ganhando força no cenário político e econômico. Para isso, elas criaram associações e sindicatos.

“Até a década de 50, eram construtoras que tinham seus limites no território do Estado ou região. O que acontece de JK pra cá é que eles se infiltraram em Brasília”, explica Campos, professor do Departamento de História e Relações Internacionais da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). A construção de Brasília, fundada em 1961, foi um marco para a história das construtoras: foi a partir de então que elas se uniram. “Ali, reuniram-se empreiteiras de vários Estados e começaram a manter contato, se organizar politicamente. Depois, passaram pelo planejamento da tomada de poder dos militares e pautaram as políticas públicas do país.”

Com a chegada ao poder dos militares, as empreiteiras passaram a ganhar contratos do governo muito mais volumosos que os atuais. “Se eles era grandes, cresceram exponencialmente no regime militar. Se elas hoje são muito poderosas, ricas e têm um porte econômico como construtoras, posso dizer que elas eram maiores. O volume de investimentos em obras públicas era muito maior. Digamos que foi uma lua-de-mel bastante farta e prazerosa”, comentou.

Entre as centenas de obras feitas no período miliar, há casos emblemáticos como a ponte Rio-Niterói, que foi feita por um consórcio que envolveu Camargo Corrêa e Mendes Junior entre 1968 e 1974. Já a Hidrelétrica Binacional de Itaipu, que teve o tratado assinado em 1973 e foi inaugurada em 1982, foi feita pelas construtoras Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Mendes Júnior. As mesmas Mendes Júnior e a Camargo Corrêa Transamazônica, que começou em 1970 foi inaugurada, incompleta, em 1972.

Apesar de denúncias de pagamento de propina terem sido escancaradas com a operação Lava Jato da Polícia Federal, o historiador acredita que a corrupção envolvendo empresários da construção e políticos é antiga.

“Todos os indícios são de que a corrupção não aumentou. O que a gente tem hoje é uma série de mecanismos de fiscalização que expõe mais, bem maior do que havia antes. Na ditadura não tinha muitos mecanismos fiscalizadores, e que o havia era limitado”, afirmou.


O presidente da construtora UTC, empresário Ricardo Pessoa, chega preso à Superintendência da Polícia Federal no bairro da Lapa, na zona oeste de São Paulo. Ele é um dos alvos da sétima fase da Operação Lava Jato, na qual são cumpridos 27 mandados de prisão nos Estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Distrito Federal Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo

Internacionalização e campanhas

Uma das provas do sucesso das empreiteiras no Brasil na ditadura foram os investimentos fora do país. A Mendes Júnior, em 1984, por exemplo, inaugurou a ferrovia Baghdad-Hsaibah e Al Qaim-Akashat, que liga três importantes cidades no Iraque e tem 515 quilômetros.  A Odebrecht construiu a Hidrelétrica de Capanda, em Angola.

“As empreiteiras tiveram um volume de investimentos tão dilatado na época que os empresários fizeram ramificações econômicas e iniciaram a internacionalização. Assim, conseguiram desenvolver a estratégia manter o tamanho na participação política e na economia, diversificando suas atividades, como em ramo petroquímica, de telecomunicações, etanol. Hoje, elas são grande grandes multinacionais”, afirma Campos.

Após a ditadura, e já com os cofres supercapitalizados, o financiamento privado de campanhas passou a garantir a manutenção das empreiteiras nas grandes obras do país. Somente na campanha deste ano, as empreiteiras doaram pelo menos R$ 207 milhões a candidatos de todos os cargos. No entanto, as doações sempre existiram, mas começaram a ser regulamentadas a partir de 1945 e já passaram por várias atualizações desde então.

“As vantagens a essas grandes empreiteiras nunca acabaram, pois com o regime democrático vieram as doações de campanha. E seria muita inocência achar que as empreiteiras doam por ideologia. Elas doam a todos. Tanto que vem aparecer dinheiro delas em prestação de conta  de um deputado estadual aqui de Alagoas, por exemplo”, disse o cientista político e professor História do Brasil da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) Alberto Saldanha.

Para o juiz maranhense Márlon Reis, a força adquirida pelo lobby das grandes empreiteiras viciou o sistema de licitações.  “A grande maioria dos empresários não acredita na possibilidade de participar das grandes licitações em condição de igualdade com as financiadoras de campanha. Isso reduz a confiança nas instituições, inibe a livre concorrência e reduz o ritmo do desenvolvimento”, analisou.

Com a proximidade ao poder, as empresas passaram a tornar o mercado de participação em obras públicas exclusividade de um “clube”, como era chamado.

“Nunca houve uma descentralização [de empresas] porque elas monopolizam e só abrem espaço para menores de forma terceirizada. Caberia ao gestor dar transparência ao processo, mas como aqui, nesse caso, uma mão lava a outra, aí se faz de tudo para tentar burlar”, afirmou o professor Alberto Saldanha.

empreiteiras

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Pablo Villaça: A corrupção é sistêmica, mas é tolice atribuí-la ao PT

21 de Novembro de 2014, 17:34, por Desconhecido

Como sempre, Pablo Villaça faz um texto síntese, de fácil leitura, didático para qualificar a pobre discussão sobre o ‘escândalo’ da Petrobras.

Por Pablo Villaça, em seu Facebook

“Há algo de podre no reino da Petrobrás”, diria Marcellus a Horácio ao ler os relatos da Lava-Jato. E estaria correto. Há algo de podre, de profundamente corrompido na estatal.

Negar isso é tolice.

Mas tolice ainda maior é sugerir, como FHC e Aécio Neves vêm tentando fazer, que isto é obra do PT e do governo Dilma. Pois não, não é: como o jornalista Ricardo Boechat lembrou recentemente, chegou a vencer um prêmio Esso ao denunciar roubos na Petrobrás – em 1989. (1)

Já na década de 90, durante a gestão de FHC, o jornalista Paulo Francis foi processado pela diretoria da Petrobrás ao denunciar roubos na estatal – em vez de investigar o que estava havendo, o então presidente limitou-se a tentar apaziaguar os ânimos ao pedir que os diretores desistissem do processo.(2) (A propósito: Francis errou ao denunciar sem provas. Tampouco compartilho da opinião de que sua morte seja responsabilidade moral daqueles que o processaram. Ainda assim, resta a passividade de FHC.) Como se não bastasse, Paulo Roberto Costa, longe de ser “cria” do PT, era funcionário de carreira da Petrobrás desde 1978 – e começou a ocupar cargos de diretoria ainda na gestão de FHC.

(Não, não estou acusando Cardoso de ser cúmplice ou mesmo de estar ciente do que ocorria na Petrobrás; estou apenas pontuando que a trajetória de Costa é antiga.)

Enquanto isso, a outra ponta desta história, que envolve o doleiro Youssef, é ainda pior para os tucanos: além de ter envolvimento antigo com lavagem de dinheiro através do ESTATAL Banestado durante o governo FHC (segundo a Foxlha, “o maior escândalo já investigado no Brasil sobre remessas ilegais”)(3), Costa foi beneficiado pela delação premiada pelo mesmo juiz Moro que agora conduz a Lava-Jato e viu vazamentos específicos de depoimentos de Costa ocorrerem durante as eleições sem fazer nada para impedi-los – o que se torna ainda pior quando sabemos que ele tem ligações com um deputado do PSDB.(4)

Não é à toa que o procurador-geral da República afirmou, em entrevista recente, que a investigação foi usada para manipular as eleições, já que – outra incrível coincidência – o advogado de Youssef foi nomeado para o conselho administrativo da Sanepar sob indicação de Beto Richa, governador do (adivinhem!) PSDB.(5)

Por outro lado, há boas notícias: graças a uma lei sancionada por Dilma no início do ano (6), desta vez não apenas a roubalheira está sendo investigada (e vale lembrar que foi na gestão dela que Paulo Roberto Costa finalmente foi demitido (7)) como os CORRUPTORES finalmente estão sendo presos.

Aliás, é fundamental notar que não é um acaso o fato de as quatro principais empreiteiras do país – e cujos diretores encontram-se presos – terem doado fortunas a praticamente todos os partidos, comprovando a urgência da Reforma Política e da implementação do financiamento público das campanhas. Tampouco é surpresa que o partido que mais recebe doações destas “quatro irmãs” seja o PSDB.(8)

É curioso notar, por exemplo, que das 9 empreiteiras envolvidas na Lava-Jato, SEIS financiaram a campanha de Aécio (9) – e é igualmente fundamental observar que CINCO delas dividiram as obras da Cidade Administrativa, obra absurda e desnecessária que Aécio empurrou sobre os mineiros, num custo superior a 2 BILHÕES de reais, em vez de investir em obras de infra-estrutura que realmente beneficiariam o estado. Aliás, estranhamente dois prédios IDÊNTICOS acabaram sendo construídos por dois consórcios DIFERENTES, o que é inexplicável.(10)

Enquanto isso, FHC, que se diz “envergonhado” diante das notícias sobre a Petrobrás (embora não tenha investigado as denúncias feitas em sua época, já que tudo era engavetado), não se mostra embaraçado diante do fato de uma das empreiteiras da Lava-Jato ter feito um aeroporto “de presente” em sua fazenda.(11)

O que está acontecendo agora é, ao mesmo tempo, fantástico e vergonhoso. Fantástico por FINALMENTE trazer à baila uma corrupção sistêmica antiga que consumia a Petrobrás (cujo valor é tão importante para os brasileiros que, apesar de tudo, ainda se tornou uma das maiores e mais lucrativas empresas do mundo nos últimos 12 anos) e investigar corruptores; vergonhoso por estar sendo usada politicamente por uma oposição que simplesmente não tem condições morais e históricas de posar de virtuosa – como já demonstrei acima. Ao contrário: esta oposição deveria se sentir constrangida por jamais ter feito nada para coibir os roubos que agora estão sendo expostos.

Em vez disso, prefere se esforçar para impedir que a presidenta recém-eleita governe, prejudicando, com isso, todo o país em função de seu rancor por terem perdido as eleições – e é trágico ver Aloysio Nunes, um SENADOR e ex-candidato a VICE-PRESIDENTE, ir a um ato público no qual pedidos de golpe militar são disparados.

Porque, ao contrário do que os reacionários gostam de dizer para justificar seu golpismo, o PT JAMAIS pediu o impeachment de FHC (12), pois sabia que deveria respeitar a voz do povo, por mais que desta discordasse.

Democracia não é só saber governar; é também permitir que se governe quando se perde uma eleição. Pelo visto, o PSDB não sabe fazer nem uma coisa nem outra.

Triste.
————————–
FONTES:

1.http://www.revistaforum.com.br/…/ao-comentar-operacao-lava…/
2.http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc050232.htm
3.http://www1.folha.uol.com.br/…/1442940-doleiro-preso-pela-p…
4.http://www.jornali9.com/…/juiz-responsavel-pelo-vazamento-d…
5.http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml…
6.http://terezacruvinel.com/…/lei-sancionada-por-dilma-embas…/
7.http://mudamais.com/…/nao-se-deixe-enganar-dilma-foi-respon…
8.http://apublica.org/2014/06/as-quatro-irmas/
9.http://www.contextolivre.com.br/…/tiro-pela-culatra-das-9-e…
10.http://pocos10.com.br/?p=15774
11.http://wwwterrordonordeste.blogspot.com.br/…/ja-que-o-assun…
12.http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2811199903.htm

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Fiscalização e acesso ao ensino reduzem em 57,3 o trabalho infantil no Nordeste

20 de Novembro de 2014, 18:57, por Desconhecido

Uma excelente notícia e mais um argumento de peso para defender o Bolsa Família: redução drástica do trabalho infantil numa região onde antes da implementação do programa de renda mínima criança fora da escola e começando precocemente a trabalhar era a regra.

A Paraíba reduziu  em 76% o número de crianças e adolescentes inseridos precocemente no mercado de trabalho, seguida por Alagoas, com 64,9%, e Ceará, com 64,4%. A Bahia precisa melhorar suas ações, no estado há ainda 195 mil crianças e adolescentes submetidas a trabalhos ilegais.

Em 10 anos, Nordeste reduz trabalho infantil em 57,3%

Maior fiscalização e acesso ao ensino retiraram crianças e adolescentes do mercado de trabalho precoce

Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias.

A região Nordeste conseguiu reduzir de forma expressiva o número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. Entre 2004 e 2013, houve uma queda de 57,3% nos casos registrados, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram publicados no último dia 13 de novembro pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

De acordo com o MDS, a faixa etária de cinco a 15 anos, período considerado como infância, foi beneficiada por uma maior fiscalização das atividades tradicionalmente ligadas ao trabalho de crianças na região. A maior inserção desse grupo nas escolas e o atendimento facilitado a serviços de assistência social também explicam essa mudança de cenário.

Para os adolescentes pertencentes ao grupo de 14 a 17 anos, programas de acesso ao ensino técnico e sistemas de educação integral são apontados como fatores determinantes para a redução da exploração da mão-de-obra infantil.

Atualmente, segundo o Pnad, o Nordeste possui mais de um milhão de crianças e adolescentes em regime de trabalho ilegal. Desses, 467 mil estão em regiões agrícolas, 185 mil deles em atividades ligadas ao comércio, 213 mil desempenham serviços domésticos e 573 mil estão empregados em outras atividades.

O estado nordestino que mais reduziu o trabalho infantil foi a Paraíba. O estado diminuiu em 76% o número de crianças e adolescentes inseridos precocemente no mercado de trabalho. Logo depois vem Alagoas, com 64,9%, e Ceará, com 64,4%. A maior concentração de mão-de-obra infantil ainda está no estado da Bahia, com 195 mil crianças e adolescentes submetidas a trabalhos ilegais.

No último ano, o Brasil atingiu a menor taxa de trabalho infantil da história. Com a redução recorde registrada de 2012 a 2013, de mais de 15% no número de crianças de cinco a 13 anos em situação de trabalho infantil, o País tem atualmente mais de 96,4% das crianças frequentando a escola.

O Brasil tem até o ano de 2020 para cumprir a meta estabelecida junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT) e mais 25 países da América Latina e Caribe, para erradicar o trabalho infantil em todo o território nacional. Para isso, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) foi reformulado em 2013 e passou a envolver diversos órgãos federais, estaduais e municipais em ações articuladas no combate ao trabalho precoce.

As frentes de atuação vão desde o acesso a programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, oferta de serviços de assistência social e acompanhamento familiar, até o encaminhamento a serviços de saúde, educação, cultura, esporte e lazer. São promovidas ainda medidas protetivas e de monitoramento, juntamente com o Ministério Público e conselhos tutelares.

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Vunesp reforça preconceitos e estereótipos sobre mulheres, continente africano e mundo árabe

19 de Novembro de 2014, 18:38, por Desconhecido

Historiadores e outros pesquisadores da área de Ciências Humanas, alguns formados pela UNESP escrevem uma carta aberta à comissão de vestibulares da instituição, a VUNESP, tecendo uma série de considerações sobre algumas questões do seu último vestibular, aplicado domingo passado.

Acho que os professores das comissões de vestibulares devem ter autonomia para formular suas questões e, claro, elas não podem se submeter ao crivo ideológico. Mas elas devem considerar sempre a própria produção acadêmica e o que há de mais consistente nesta produção, o que a meu ver não foi o caso desta prova da UNESP.

Sabemos que nem sempre os elaboradores compartilham ou endossam os argumentos utilizados nos textos de suas provas. Mas a questão é, por que reproduzir textos sem apoio em pesquisas acadêmicas que reproduzem senso comum e que em tudo nega a própria existência do fazer científico?

Com tantos africanistas respeitáveis, com décadas de pesquisa acadêmicas no Brasil, nos Estados Unidos e em diferentes países africanos, que fazem a crítica a uma visão anistórica sobre o continente africano pré colonialismo, escolher um articulista de jornal como fonte me parece desnecessário e empobrecedor para fazer os vestibulandos refletirem sobre a questão. Mais grave ainda é o reforço à naturalização dos papéis sociais na questão de gênero, isso de fato nega a própria produção acadêmica da UNESP e das demais universidades públicas deste país.

Sem comentários para a escolha do texto atravessado de Rodrigo Constantino que trata os povos árabes como pedófilos. Semelhante aberração cognitiva ocorreu há alguns anos quando um taxista metido a antropólogo teve uma meia hora de espaço na maior rede de televisão do país, A Globo, no programa do Jô Soares para fazer as leituras mais absurdas sobre penteados de vários grupos de mulheres de Angola e Namíbia, relacionando-os com “promiscuidade sexual” e tratando todos os povos africanos como pedófilos. Tal aberração sofreu uma reação internacional de embaixadas a pesquisadores sobre a irresponsabilidade de se usar uma concessão pública pra disseminar preconceitos sobre um continente inteiro, sem qualquer amparo nas pesquisas acadêmicas da antropologia, história ou sociologia.

Seria importante que a VUNESP considerasse as críticas e no próximo ano mostrasse mais cuidado e respeito às pesquisas consistentes, evitando usar os ~pesquisadores~ da ~Academia de Ciência de Veja~ como diria o professor Miguel Nicolelis ao responder a tríade de bárbaros da mídia monopolista e conservadora que o provocaram sobre o exoesqueleto durante a abertura da Copa.

Abaixo a reprodução dos textos e questões polêmicos e a carta aberta dirigida à VUNESP. Se desejarem assiná-la, acessem: Carta Aberta à VUNESP, professores e vestibulandos

constantino

narloch

questão de gênero

QUESTao-DE-GENERO

Carta Aberta à VUNESP, Professores e Vestibulandos


Partindo do real papel do vestibular na sociedade brasileira, qual seja, selecionar segundo critério meritocrático a entrada de estudantes nas universidades do país, falar desse processo seletivo obrigatório significa compreender que mesmo com a expansão da oferta de vagas efetuada na última década (através do Reuni, Prouni, Fies, entre outros Programas de acesso implementados nas universidades nos últimos anos, sobre os quais cabem críticas relevantes, porém não é o que nos pretendemos aqui no momento), ela ainda não é suficiente e, portanto, o vestibular continua ranqueando estudantes e deixando um grande número para o lado de fora dos muros das universidades públicas, ratificando a desigualdade econômica, de acesso à educação pública de qualidade, aos bens culturais e a meios de comunicação mais democráticos.

Nesse contexto, as provas dos vestibulares geraram e continuam gerando discussões na sociedade em geral a partir dos temas levantados nas questões de cada ano, (re)colocando muitas vezes assuntos importantes na ordem do dia, com base num conteúdo cientificamente embasado e utilizando-se de autores expressivos da sociologia, filosofia, história, geografia, literatura etc. para fazer com que os candidatos reflitam sobre o que se espera que respondam.

Porém, tendo em vista o último vestibular da Unesp -que coloca em cheque conceitos históricos que refletem a história política, econômica e cultural brasileira- vimos por meio desta carta, nos manifestar a respeito de algumas questões que ferem gravemente a legitimidade do vestibular que oferece acesso a esta Universidade, bem como seu estatuto científico, ambos frutos de conquistas às quais sempre fomos instigados a respeitar e defender, enquanto ex-alunos desta Instituição.

Na questão 7, a temática da maternidade é apresentada de maneira absolutamente inapropriada para o momento histórico presente em que se coloca a questão de gênero como central nas análises sociais. Inexplicavelmente a Vunesp recupera uma anacrônica leitura da questão de gênero, concebendo-a a partir de parâmetros naturalizantes. Mesmo não encontrando qualquer evidência nos processos reais, o vestibulando é obrigado a ratificar uma visão que trata o tema como uma fatalidade biológica, se não mesmo como uma obrigação social ou moral da mulher. Se a máxima lançada por Simone de Beauvoir, há mais de sessenta anos (“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a fêmea humana no seio da sociedade”), parece não incomodar a comissão elaboradora da prova, nos causa estranheza que não se sintam envergonhados por desrespeitar a obra daquela que foi provavelmente a mais destacada professora da Universidade Estadual Paulista em toda a sua história, Heleieth Saffioti, autora do clássico estudo “A mulher na sociedade de classes: mito e realidade”.

Ainda em relação a esta questão, cabe frisar que não é o acesso -ou falta dele- à educação que faz de um grupo social uma minoria política, mas sim a desigualdade vivenciada na correlação de forças, na distribuição do poder existente na sociedade. Desse modo, reduzir toda a luta feminina a um singelo pedido por condescendência dos patrões em relação à ‘vocação natural da maternidade’ nos soa inadmissível.

Na questão 59, existe a tentativa não apenas de suavizar, mas sim de eximir as nações europeias por qualquer responsabilidade sobre as consequências negativas decorrentes do expúrio processo neocolonial que escravizou e explorou diversos povos africanos bem como as riquezas presentes em seus territórios, culpabilizando-os por sua atual situação de miséria, já que segundo o texto da questão, já haviam ali conflitos instaurados, antes da invasão das potências ocidentais. Nos sentimos como se a Unesp estivesse simplesmente negando os ensinamentos de referências como Florestan Fernandes (“A integração do negro na sociedade de classes” ou “O negro no mundo dos brancos”), Octavio Ianni (“As metamorfoses do escravo” ou “Cor e mobilidade social em Florianópolis” -em parceria com Fernando Henrique Cardoso), o pluralismo inaugurado por Levi-Strauss (“Raça e história”) e fundamentalmente o método crítico de autores como Walter Benjamin (“Teses sobre a história”) e Edward Palmer Thompson (“A história vista de baixo”).

O autor joga uma nuvem de fumaça sobre a Conferência de Berlim (1884) e a partilha da África, com todas as suas consequências, portanto é negacionista. Depois, espontaneamente, faz uma alusão ao iluminismo (sem citar fontes), e nega os efeitos da presença de oligopólios europeus no Continente. Ou seja, a análise do texto não se sustenta nem como reles nota de roda pé de estudos consagrados dentro da tradição crítica de interpretação dos processos sociais. E é esta interpretação crítica que vem sendo valorizada em todos os documentos referenciais para o tratamento de tais fenômenos no campo das ciências humanas quando voltadas para o ensino fundamental e médio, para não dizer da educação em geral. É conhecida de todos nós, trabalhadoras e trabalhadores da educação, a resistência imposta pelas universidades públicas de São Paulo em adotar medidas que favoreçam a inclusão em seu meio de estudantes que fazem parte das minorias políticas, mas nem a tão defendida ‘autonomia universitária’ lhes dá o direito de fazer vista grossa para os Parâmetros Curriculares Nacionais em suas avalições admissionais.

Na questão 56, chegamos à conclusão de que o debate sobre o multiculturalismo e o relativismo cultural deseja relativizar as construções sociais e políticas mais profundas da Sociedade Brasileira e sugerir uma ‘tolerância aos que intoleram’. O problema da questão da Vunesp não é quem escreve e nem quem é citado como referência, mas o que se escreve e a maneira como se questiona: o lugar e os termos a partir do qual se decide formular um problema e transformá-lo em questão para os vestibulandos.
Franz Fanon, lembrando daquilo que certa vez um professor seu lhe disse, afirmou: “sempre que você ouvir alguém maltratar um judeu, preste atenção, porque ele está falando sobre você [um negro]“. Quer dizer, falar de diferença enquanto atraso e barbárie no Iraque pode ser também um jeito de falar, por exemplo, de populações indígenas no Brasil, sobre países ou populações africanas ou afro-brasileiras e por aí vai. Nossa preocupação com a questão envolve a linguagem e o formato no qual esta foi construída. Tal discurso, defensor do caráter hierárquico no trato das tradições culturais, pode até encontrar amparo ou legitimidade dentro daquela tradição denominada criticamente por Edward Said como ‘orientalista’, mas soa como ‘palavra mofa’ à luz da renovação crítica que a área dos estudos culturais sofreu nas últimas décadas.

Defendemos uma educação plural, que valorize a diversidade inesgotável no campo das ciências. O que não podemos fazer é nos calar diante de uma proposta educativa que se negue a ser crítica!

Esperamos que esta manifestação quebre o silêncio até agora existente a respeito do problema aqui apontado. O corpo docente parece alienado deste debate, não se incomodando com o fato do vestibular estar fazendo chacota aberta das teses e ideias que eles mesmos nos ensinaram nesta instituição que tem tão larga tradição de participação crítica no debate público nacional. Os estudantes também não se manifestaram publicamente a respeito da questão. Esperamos que o façam a partir de agora, e utilizando os mais variados instrumentos e meios de pressão. Como ex-alunos da Unesp, mas fundamentalmente como trabalhadoras e trabalhadores da educação, nos recusamos a acreditar que auxiliar os alunos a ‘escovar a história a contrapelo’ possa promover a seleção de respostas erradas nas provas admissionais.

Neste sentido, convidamos a todos que sintam-se representados por este documento que assine embaixo e divulgue da melhor forma que julgar possível. Mais que um texto nosso, é uma construção coletiva.

Douglas Oliveira
Thomas Kodaky
Gustavo Rossi
Davi Alexander Boruszewski
Fernando de Figueiredo Balieiro
Fábio Leandrin
Rafaela Rabesco
Carlos Renato Florio
Nathalia Maringolo
Camilla Marcondes Massaro
Del Omo
Rodrigo Dionisi Capelli
Maicon Nicolino
Naiara Teixeira
Lívia Moraes
Diego Alvares Garcia
Daniel Gomes de Carvalho
Aline Pedro
Patricia Olsen
Ricardo Parra Catarina
Rafael Emilio Faria
Vera Cecarello
Marta Menezes
Mônica Menezes Santos
Roberto Della Santa
Robson Rocha Magri
Mateus Godoi
Carlos Zacarias de Sena Júnior
Regina Miyeko Oshiro
Bianca Sabina Olmedo Monteiro Ferreira
Gaya Maria Vazquez Gicovate
Laís Túbero Izidoro
Uiran Gebara da Silva
Wagner Nicolau Tavares da Silva
Pâmela Leite Simões
Lara Rodrigues Facioli
Paula Nicolau Tavares da Silva
Vanessa Xavier Nadotti
Bruno Meng
Carolina Florencio Pontes
Talita Menegas Pontes
Calis Vinicius Stocker Zandoná
Felipe Freitas de Souza
Silvio José Piovani Junior
Lucas de Carvalho Pelegrino
Breno Carlos da Silva
Marcelo Adolfi
Gisele Lemos da Silva
Ricardo Normanha Ribeiro de Almeida
Aline Saes Rodrigues
Larissa Camila Gonçalves
Ricardo Polimanti
Fábio Gerônimo Mota Diniz
Tadeu Carlos Silva
Cibele Aparecida Fabretti
Fabrício Galleti
Michele Mucio Campani
Thais Vahia de Abreu
Erika Siste Boaventura
Arthur Malaspina
Diego Vitorino
Sofia Lopes de Araujo
Renato Remanaschi Cabrini
Gabriela Oliveira da Costa
Regina Rodrigues
Giovanna Bucioli Pojar
Deni Alfaro Rubbo
Henrique Novo
Livia Maria Terra
Carolina Ribeiro Pátaro
Lucas Tanaka
Diego Coletti Oliva
Flávia Mercúrio Prates
Isabelle Demétrio

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Lelê Teles: O bom Ladrão

18 de Novembro de 2014, 17:45, por Desconhecido

Na crônica política de hoje Lelê Teles comenta a operação Lava a Jato, a cobertura da mídia e o olhar de uma parcela da população que esquece sempre de olhar para os corruptores. De quebra fala da conversão de Pizzolato e das possíveis indicações de Chico César e Gog para ministérios.
Como sempre, texto imperdível.

Leia mais crônicas de Lelê Teles: 

Lelê Teles: LOBÃO JOGA A TOALHA

Lelê Teles: Ao passar pelo STF se benza!

O BOM LADRÃO

Por Lelê Teles

18/11/29014

A palavra corrupção e corrupto nunca esteve tão em voga. Quem acabou de chegar no Planeta Terra está convicto de que foi o PT quem inventou essa contravenção.

Já a palavra corruptor, larga em nosso léxico, nunca fez parte do vocabulário da mídia familiar e nem dos cartazes dos midiotas.

A inevitável associação dicotômica corrupto/corruptor é um tabu no Brasil. Mesmo porque, sabemos todos, de corruptor e de louco todo brasileiro tem um pouco.

Atentai bem.

O corrupto, funcionário público, é um bagre de escama ordinária. Já o corruptor sempre é um peixe grande. E aí é que mora o problema.

Toda vez que um tubarão é preso, Deus o absolve.

juizes-deuses

Gilmar Mendes, essa eminente e ubíqua deidade, deu dois Habeas Corpus para o banqueiro Daniel Dantas em 48 horas; recorde olímpico, pan-americano e mundial que demorará mais tempo a ser batido do que o salto triplo do nosso João do Pulo.

Salvatori Cacciola, outro banqueiro escroque apanhado a delinquir, orou e Marco Aurélio Mello assinou um perdão e Caccio, oh glória, zarpou pra Europa com o bolso cheio de grana suja.

A tradição, desde a cruz de Cristo, é que Deus conceda o perdão aos bons ladrões. E Deus nos dias de hoje você sabe quem é, né? Se não sabe é melhor saber, a multa pelo crime de ateísmo jurídico está atualmente em 5 mil lascas.

Os midiotas dizem que bandido bom é bandido morto, mas isso é retórica reversa. Na real, a turba midiota só deseja a morte do bandido mau.

E nós sabemos como é que a revistaveja, jornalões e tevezonas definem quem é bom e quem é mau.

Veja o caso dessa traficante loira. A curitibana Marina Stresser de Oliveira. Mesmo flagrada com farto arsenal e uma fartura em drogas e munições, a criminosa não corre o menor risco de ser linchada e amarrada nua em um poste com um cadeado de bicicleta.

Toda imprensa se esforça para compreender o que a levou a delinquir. É sempre assim.

Dentista, loira, inteligente, vaidosa, bem sucedida e bem vestida… são as qualidades da moça, segunda a nossa imprensa. Por que será que ela se enveredou pelo mundo do crime, perguntam estarrecidos repórteres?

No entanto, microfone em punho, esses mesmos repórteres se refestelam quando a polícia prende um moleque preto sem camisa e de chinelos, pego com dois papelotes de cocaína no alto de um morrro sujo e caótico.

Não aparece um psicólogo ou sociólogo para dizer que não sendo loiro, nem dentista, nem vaidoso, nem bem de vida e nem bem vestido, era compreensivo que o jovem estivesse vulnerável à pequena contravenção.

Não, homens de bens é igual a homens de bem. Homens sem bens, são homens maus.

Atentai bem.

Penso nisso enquanto assisto ao elegante desfile de executivos milionários indo ao cárcere. A mídia faz média e é protocolar.

Por que diabos não vão pra cima destes cabras com sangue nos olhos, como foram pra cima de Genoíno e Delúbio Soares? Por que os petistas condenados foram linchados em praça pública, execrados pelos midiotas e até agora continuam amarrados a um poste com uma tranca de bicicleta e ninguém faz uma única piada com os corruptores?

Na condição de mero dactilógrafo, respostas não tenho.

O natal vem aí e em seguida o Réveillon, é tempo de champanhe e caviar. Deus, generoso, há de deixar os nossos filantropos corruptores fazer a farra em Paris, guardanapos na cabeça.

Atentai para essa anedota arrebatadora.

Como profissional de marketing político, trabalhei na campanha do PSDB em Brasília em 2006. Lá conheci um sujeito chamado Buani, ele estava na companhia da esposa, que a mídia canalha e rasa batizou de musa do mensalinho.

Buani era candidato a deputado, mas sua mulher é que apareceria na TV pedindo voto. Um fiasco. No estúdio, a moça sequer conseguia ler o texto no TP.

Buani era o dono da Fiorella, grife de lanchonetes que funcionavam dentro da Câmara dos Deputados. Para continuar parasitando os gordos auxílios alimentação dos servidores sem ser admoestado, Buani pagava um mensalinho de 10 mil lascas ao pequeno Severino Cavalcanti, então presidente da Casa.

Buani, corruptor, embora tenha perdido as concessões que tinha para empresariar na Casa, saiu-se dessa como uma vítima. Severino teve que renunciar ao mandato e foi execrado pela mídia e pelos midiotas. Dois presos, duas medidas.

Estes elegantes corruptores de agora, nem precisarão dizer que foram achacados como o fez Buani. Deus os libertará com o divino benefício da delação premiada.

O diabo é que esse foi um recurso usado por satanás. Judas Iscariotes, eu já o disse, foi o primeiro malandro beneficiado pela delação premiada. Entregou o chefão e ainda saiu, ileso, com uma sacola cheia de moedas.

Atentai bem.

MILAGRE

Estarreço-me ao ler o noticiário. Pizzolato se converteu, se evangelizou.

Com mil diabos!

Jesus foi um prisioneiro, disso todos nós o sabemos. Tomou chicotadas, cusparadas, chutes na bunda, dedo no olho e ainda esfolaram-lhe o lombo no látego.

Dali seguiu pra cruz, de lá pro túmulo e de lá já não se sabe pra onde. Desconfio que o Mestre tenha voltado pro cárcere, é impressionante a quantidade de gente que O encontra por lá.

Não conheço um que entrou na cela cristão e de lá saiu ateu; exemplo inverso há aos milhares. A cadeia é hoje o local com o maior índice de conversão ao cristianismo.

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Pizzolato não fugiu à regra. Sentindo-se só, abandonado, faz uma genuflexão semântica e abre seu coração pra Jesus.

O Bom Ladrão, aquele que se arrependeu aos 45 do segundo tempo, confessou-se gatuno e pediu perdão. Assim o faz até hoje todos os larápios que se convertem atrás das grades.

Mas Pizzo é inocente convicto…

Não faz sentido.

GOG E CHICO CÉSAR

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Não espere nada do centro se a periferia está morta, dizia Fred Zero Quatro. E a perifa tá viva, elástica e transbordante. Antes se dizia “você pode sair da favela, mas a favela não sai de você”. Hoje pode-se dizer que você não entra na favela, mas a favela entra em você.

Essa força centrípeta, da periferia para o centro, ganhará mais força e legitimidade se tivermos Chico César no Ministério da Cultura e o poeta e rapper GOG comandando a Seppir.

Chega de tanta gravata. A periferia já não pode e já não deve mais aceitar apenas fazer figuração em campanhas de 4 em 4 anos.

Palavra da salvação.

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