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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
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Porque Joaquim Barbosa é um fora da lei: Preso: direito constitucional de ficar próximo da família

28 de Dezembro de 2013, 14:50, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Não, não sou eu que estou afirmando isso, é o próprio STF decidiu por UNANIMIDADE transferir um traficante de drogas para perto da família, portanto cumprir pena próximo à família é DIREITO CONSTITUCIONAL, direito este negado ao preso político Genoino pelo presidente do supremo, Joaquim Barbosa.

Agradeço a Tovar Nogueira Fonseca por me mostrar este artigo.

Leia também:
Mais um abuso de poder de Joaquim Barbosa contra Genoino, quando o Senado vai agir?

Emiliano José sobre o rol de ilegalidades contra os presos políticos da AP470: Guantánamo, não!

ARTIGOS DO PROF. LFG: Preso: direito de ficar próximo da família

Luiz Flavio Gomes* e Áurea Maria Ferraz de Sousa**

LFGJus Brasil

A Segunda Turma do STF, em decisão unânime, concedeu o pedido do HC 105.175 (julgamento 22.03.11, relator Min. Gilmar Mendes) para que o condenado fosse transferido de presídio para outro localizado em distrito próximo à sua família.

O paciente foi condenado por tráfico de drogas e cumpria pena no interior de SP, mas pugnava pelo direito de ser transferido para presídio localizado em Dourados no Mato Grosso do Sul, alegando que lá possui vínculos afetivos e familiares.

As instâncias inferiores entenderam que não havia provas suficientes sobre os vínculos alegado. Mas para o Min. Gilmar Mendes, certidões de nascimento e frequência de escola de suas filhas, bem como atestado de residência de sua companheira e de sua mãe são provas suficientes.

A vara das execuções, o TJ/SP e o STJ além de argumentar a falta de provas ainda alegavam que a pena deve ser cumprida no local de cometimento do crime.

De acordo com informações da página on line do STF , o Ministro relator, além de acolher o argumento da defesa de que o cumprimento da pena próximo a seus familiares contribui para ressocialização do preso e está inserida no espírito de tratamento mais humano aos presos, preconizado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, reportou-se a diversos precedentes em que a própria Segunda Turma aprovou transferências de presos para locais mais próximos de suas famílias.

Sobre os aspectos legais da decisão, vale lembrar que a própria Lei de Execução Penal prevê a possibilidade de o condenado executar a pena em outra unidade federativa no artigo 86.

Em precedente da mesma Segunda Turma do STF, a orientação sobre a transferência do apenado é de que devem estar presentes os requisitos do vínculo familiar, a boa conduta carcerária e a existência de vaga no estabelecimento para onde se pretende ir. No caso em tela, todos os pressupostos foram preenchidos.

Fator predominante, conforme destacado pelo Min. Gilmar Mendes, é a questão da ressocialização do preso que, claramente será facilitada se houver a proximidade da família. A ressocialização do preso é uma das finalidades da pena.

Vale também destacar dois princípios que regem a execução: o da legalidade e da humanidade. Pelo primeiro princípio, previsto no artigo , da Lei 7.210/84, ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. O condenado à pena privativa de liberdade há de ser privado da liberdade, mas não há razões para privá-lo, além das forças da sentença, ao convívio mínimo familiar, proporcionado por visitas que ficam prejudicadas quando o sentenciado se encontra no interior de SP e sua família no interior do MS.

O segundo princípio acima mencionado decorre do princípio da dignidade da pessoa humana e advém de garantia constitucional, de acordo com a qual, são proibidas, entre outras, penas de banimento ou cruéis (art. XLVII). Da mesma forma, é garantia constitucional assegurar-se ao preso o respeito à integridade física e moral (art. 5º, XLIX).

*LFG Jurista e cientista criminal. Doutor em Direito penal pela Universidade Complutense de Madri e Mestre em Direito penal pela USP. Presidente da Rede LFG. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Acompanhe meu Blog. Siga-me no Twitter. Encontre-me no Facebook.

**Áurea Maria Ferraz de Sousa Advogada pós graduada em Direito constitucional e em Direito penal e processual penal. Pesquisadora.

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Mais um abuso de poder de Joaquim Barbosa contra Genoino, quando o Senado vai agir?

28 de Dezembro de 2013, 9:58, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Joaquim Barbosa continua firme e forte em quebrar Genoino até a morte.

Para Joaquim Barbosa aos inimigos nem a lei: ele negou a transferência de Genoino para São Paulo, mas continua postergando a prisão de Roberto Jefferson. E Joaquim Barbosa não tem partido?

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Genoino tem prisão domiciliar prorrogada, mas não poderá voltar para SP

Wellton Máximo, Repórter da Agência Brasil

28/12/2013

Brasília - Condenado no julgamento do mensalão, o ex-deputado federal e ex-presidente do PT, José Genoino, teve a prisão domiciliar prorrogada até 19 de fevereiro de 2014, decidiu o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa. Genoino, no entanto, teve negado o pedido de transferência para São Paulo e deverá ficar em Brasília até nova avaliação médica.

Na decisão, o presidente do STF alega que a perícia médica feita em novembro por médicos do Hospital Universitário de Brasília (HUB) indicaram ausência de doença grave que impedisse o cumprimento da pena no regime semiaberto. Barbosa ressaltou que o estado de saúde de Genoino está melhorando e que a assistência médica é garantida aos internos do Complexo Prisional da Papuda, no Distrito Federal, onde estão presos a maioria dos condenados no mensalão.

“A prisão domiciliar do apenado é meramente provisória. Como indica a própria defesa, seu estado de saúde está evoluindo e, mais do que isso, todas as informações existentes nos autos indicam que sua condição atual é compatível com o cumprimento da pena no regime semiaberto, dentro do sistema carcerário, nos termos da condenação definitiva que lhe foi imposta nos autos da AP 470 [Ação Penal 470]”, escreveu Barbosa.

Em relação à permanência de Genoino em Brasília, Barbosa argumentou que o próprio ex-deputado havia concordado, em 26 de novembro, em desistir dos pedidos de transferência para São Paulo. O presidente do STF destacou ainda que a jurisprudência (conjunto de decisões recentes) não permite que o preso escolha, por livre vontade e conveniência, onde cumprirá a pena.

Para justificar a prorrogação da prisão domiciliar, Barbosa citou o parecer do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que recomendou cautela e pediu 90 dias, contados a partir de 21 de novembro, para transferir Genoino de volta para o Complexo da Papuda. O presidente do STF determinou ainda que a reavaliação médica do ex-deputado seja feita em Brasília e que Genoino arque com as despesas caso queira trazer um médico de São Paulo para fazer os exames.



Identificado o babaca pichador da estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade

28 de Dezembro de 2013, 9:13, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Segundo a professora Tânia Garcia, o babaca aí embaixo é daqueles que adoram rodeio e beber cerveja na bota… 

Umas três semanas comendo quentinha de delegacia e limpando latrina sob ordem do dono da cela será bem eficiente para que este ser que não honra nem o maior poeta brasileiro, nascido no estado do babaca seja punido e aprenda a lição.

Gerson Carneiro: ”Eu também sou pichador”:

 

Empresário mineiro Pablo Lucas Faria é identificado em vídeo de pichação da estátua de Drummond

Do Notícias do Dia

Policiais da DPMA (Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente) identificaram o jovem flagrado por uma câmera de monitoramento da Prefeitura do Rio de Janeiro enquanto pichava a estátua de Carlos Drummond de Andrade que fica na orla de Copacabana, na zona sul da cidade. Ele foi identificado como Pablo Lucas Faria e também é suspeito de pichar a estátua de Zózimo Barroso do Amaral, no posto 12, no Leblon, e o monumento de Estácio de Sá, no Parque do Flamengo. Faria é empresário da cidade de Uberaba (MG) e foi identificado após uma pesquisa no sistema da delegacia. De acordo com o delegado José Fagundes, as investigações continuam em andamento para localizar o suspeito. Ainda segundo o delegado, a mulher que aparece nas imagens foi identificada como sendo namorada de Faria, e é conhecida como Mel.

A imagem de Drummond foi pintada com uma tinta branca. A parte mais atingida foi a do rosto do poeta, mas também foram pichados o peito e as pernas da obra, que é um dos principais atrativos turísticos na orla carioca. Os óculos do poeta também já foram alvo de vandalismo em oito oportunidades, a última dela em 12 de maio de 2012. O reparo do acessório custa cerca de R$ 25 mil. A estátua, de autoria do artista plástico Leo Santana, foi instalada em outubro de 2002, em comemoração aos 100 anos do nascimento do poeta. Dois dias depois, o monumento amanheceu pichado.



Carla Akotirene: UM OLHAR SOBRE O MACHISMO E AS CONSEQUÊNCIAS EM SAÚDE PARA MILITANTES NEGRAS

28 de Dezembro de 2013, 8:30, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Um balanço da luta das mulheres negras em 2013 e o que ainda está por conquistar. Leiam, é um texto poderoso que agradeço a autora por me mostrar na página do blog Maria Frô no Facebook.

UM OLHAR SOBRE O MACHISMO E AS CONSEQUÊNCIAS EM SAÚDE PARA MILITANTES NEGRAS
Por: Carla Akotirene* Correio Nagô

Sabemos que a imagem de mulher negra forte é uma máscara que contribui para nos levar á loucura
Opal Palmer Adisa


Carla, fonte: Facebook

Que o movimento de mulheres negras se constitui no mais exitoso e atuante do planeta Sueli Carneiro nos ensina, e este ano de 2013 foi marcado pela conquista de reivindicações históricas, a citar a Emenda Constitucional nº 72, a qual consagrou dignidade e direitos no espaço doméstico às milhares de Laudelinas de Campos e Creuzas Oliveiras.

Assisti à habilidade das organizações das mulheres negras para garantir as condições de governança e governabilidade da Secretaria Especial de Promoção de Políticas para a Igualdade Racial. Vi Ana Claudia Pacheco lançar seu livro Mulher Negra: afetividade e solidão e o saber de Valdeci Nascimento alcançar a cátedra da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. “Testemunhei” o Bloco Afro Ilê Aiyê, uma organização antirracista, ser condenado judicialmente a reconhecer a existência do machismo em seu interior e vir a público retratar-se pelas agressões ocasionadas à jovem mulher negra Deise Sacramento.

Em direção semelhante, acirramos o enfrentamento contra o genocídio da juventude negra, alçando à institucionalidade ações para manter a juventude viva; o combate contra a leitura midiática de coisificação da nossa sexualidade e de que somos preguiçosas intelectuais; o enfrentamento ao epistemicídio e à nossa amnésia literária a respeito de Carolina de Jesus. Casamos identidades lésbicas negras com o combate às violações perpetradas pelo Sr. Marco Feliciano. Sem esterilizações, mantivemos oposição ao discurso religioso do Estado referente à negação dos direitos sexuais reprodutivos e da recusa à garantia legal do aborto seguro e digno.

No Pronto atendimento de Urgência e Emergência vi muitas mulheres negras, seguradas pela ancestralidade que as carrega, notificarem seus algozes, romperem com o silêncio das violências, revelando aí o aumento no índice das denúncias e não o acréscimo das agressões por elas sofridas.

Se por um lado denunciamos as violências físicas, deixamos de fazê-las quando tais violações afetam o psíquico, o afetivo, o sonho individual e os projetos coletivos. O que observei em 2013 é que o movimento legitimado ao enfrentamento de tais opressões contra as mulheres negras é o mesmo que precisa combatê-las no coração de suas organizações. É a relação de amor incondicional com nossos parceiros que precisamos romper.

Da mesma forma que encorajamos as mulheres negras, sobretudo as oprimidas e subalternizadas nas classes, a conhecerem os instrumentos protetivos, a denunciarem, a romperem com o ciclo de dependência afetiva, igualmente no cerne do movimento negro, do nordeste ao sul, precisamos criar condições emocionais para a ruptura desse nó afetivo com homens que anulam politicamente, destituem falas, ocasionam prejuízos emocionais à saúde das mulheres negras, e reiteram a asfixia política como condicionante ao extermínio do povo negro.

Em sintonia com bell hooks, considero que a prática das mulheres negras de se reprimir os sentimentos como forma de sobrevivência tornou-se a principal estratégia política de convivência pretensamente harmoniosa nas organizações negras. Lembremos “que precisamos aprender a responder as nossas necessidades emocionais, e isso pode significar um novo aprendizado, pois fomos condicionadas a achar que essas necessidades não são importantes”, (hooks).
Não se diferencia muito a mulher que, após apanhar, prepara comida gostosa para seu companheiro por achar-se culpada pelas agressões sofridas e aquela militante negra que ao ser assediada intelectualmente e politicamente por ativistas, atenua a iniquidade ao atribuir a conduta violenta dos mesmos ao ancestral impetuoso e agressivo que os carrega, ou pior, a uma contundência raivosa espontânea para não dizer sincera. Assim como Luiza Bairros já em 2008, em a Mulher negra e feminismo, eu acredito que nós mulheres negras “precisamos nos unir em separado”.

Com efeito, se politicamente entendemos que a briga de marido e mulher merece repercussão pública, uma vez que o pessoal é político, compreendamos igualmente que nossa defesa a favor de qualquer mulher negra militante independe de partido ou organização mista, pois numa acepção mulherista vivemos enquanto comunidade de mulheres negras, e não é ‘secretaria ou institucionalidade a nos instruir a andarmos juntas’.

A todo o tempo e todos os dias denunciamos a violência letal contra os homens negros. Em troca, o que recebemos em relação ao nosso encarceramento – não raro em decorrência de uma relação autofágica provocada por filhos, maridos e companheiros – ao nosso adoecimento mental, à nossa esterilização compulsória, nosso solitário aborto clandestino, à nossa angústia e a nossa lealdade a eles? É o silêncio!

Muitas mulheres ainda serão manobradas em contextos sexo-afetivos e usurpados seus capitais intelectual e político para conferir o status de organização nacional a entidade promovida e dirigida por e para nossos homens.

Muitas mulheres negras mais, já leiloadas em acordos políticos, envidarão esforços para manterem uma relação cínica com seus homens, cuja confiança se deposita unicamente nos cargos e não na relação com as mulheres.

Tantas outras serão dissuadidas a não denunciarem seus companheiros, a manterem a relação a flores e copo d’água para acalmar a legitimidade e validade de suas emoções. Várias estarão desautorizadas a abordar determinadas temáticas porque não foram referenciados os conteúdos epistêmicos, antes, por dirigentes negros.

Sabemos do olhar machista aos contributos intelectuais, políticos e organizativos sobre as mulheres desde a essência do movimento negro, mas somos igualmente conhecedoras das alianças geracionais destas mesmas mulheres com os homens, ícones ou não do movimento, na infantilização e descredenciamento da geração posterior às décadas de 70-80, uma vez que o adultismo é expediente tão promissor quanto o machismo nas organizações mistas. E que não se confunda faixa etária com geração!

Se os nossos passos vêm de longe, e eu sei que eles vêm, precisamos reivindicar o direito de o lixo falar, assim como Lélia González. Precisamos, numa terapia comunitária de confrontação do nosso eu e de nossos embaraços, acolhermos emoções mais saudáveis à ética do cuidado entre as mais novas e as mais velhas.
O racismo mais o machismo juntos têm nos deixado cabisbaixas, inseguras com o espaço público, com a pressão arterial alta. Têm tirado dos nossos braços a força para os abraços, têm nos roubado noites de sonos, afetado nosso estímulo para alianças e solidariedades das/com mulheres negras.

Estou escrevendo sobre isso porque hoje, aos 33 anos, sei que a minha reconciliação com minha mãe e tias somente foi possível a partir deste aprendizado no movimento negro. Ouvindo com atenção as mulheres negras, curando-me de mágoas e repensando politicamente minhas relações afetivas com as demais mulheres. Lembro-me que desde os meus 13 anos, passando pelos 15, minhas tias, devido às alianças com seus seduzidos companheiros pela minha adolescência negra, me isolavam do convívio mútuo, não falavam comigo, ainda que a oralidade e a roda de diálogos sejam expressões singulares africanas, inclusive na diáspora, como terapia comunitária e reconstrução da espiritualidade e das emoções.

Emocionalmente me machucaram mais com suas práticas de isolamento que os seus companheiros com violências de natureza física. E foram o movimento e a as movimentações das mulheres negras, há uma década, a me ensinar a cuidar, a ser empática e a entender os conteúdos do marcador de gênero nas sociabilidades das mulheres negras.

É pertinente lembrar que na paisagem das nossas existências há beleza e força porque da pedreira há queda de água por todos os lados e não para nossos suicídios. Não cabendo, portanto, exposição cotidiana ao estresse e a níveis descompensados de amargor e tensão.

O afeto yalodè pode curar emoções adoecidas. Resvalar sob a forma de poder feminino, proteger nossa comum unidade, sendo a nossa pedra da sorte. A recuperação das práticas amorosas entre as mulheres negras pode curar toda humilhação do racismo, e seguramente dosar sob a forma de afeto o vigor emocional.

Atualizando a feminista negra Patrícia Hill Collins, ainda tenho a impressão de serem dos homens a movimentação política advinda do movimento negro, tal qual as brancas nos confundem com a branquidade das organizações feministas.

Compreendo que o racismo, agravado pelo machismo, constitui-se no principal motivador da perda do nosso maior bem ancestral, a saúde. Em 2014, não adiantará estarmos bem fisicamente, com as pernas fortes para nossas marchas, se mais uma vez não estivermos de mãos dadas para darmos adeus a todas as relações e emoções militantes tristes. Na quilombagem armada de emoções revolucionárias e experiências boas para nossas ancestralidades vivas.

*Carla Akotirene é militante negra feminista, mestra em Estudos sobre Mulheres, Gênero e Feminismo pela Universidade Federal da Bahia.



O primo do vírgula-mas, a Folha e o desemprego no Brasil

28 de Dezembro de 2013, 7:57, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Por sugestão do leitor Robson Moreno, por e-mail.

A Madrasta do Texto Ruim, do blog Objetivando Disponibilizar

Hoje não vou apenas exorcizar o texto da (adivinha?) Folha (RÀ!). Começo a treinar pro meu mestrado, então vou me concentrar na análise semântica da coisa.

Vamos começar com a frase João é bonito, mas tá velho. Se João ouve isso, certamente vai começar a pensar em botox. E essa frase é tão canalha que eu ainda posso, cinicamente, dizer: “Mas eu disse que ele é bonito!” O problema é que a última mensagem, que contradisse a primeira, foi a que ficou retumbando nos neurônios dos ouvintes. Pois ovírgula-mas tem um primo tão canalha quanto ele, o apesar. Olha só o que tio Antônio diz dele:

Apesar
advérbio ( sXIII) indica, na oração ou sintagma a que dá entrada, uma ideia oposta àquela expressa na outra parte do enunciado, contrariando uma provável expectativa
Locuções
a. de
não obstante, a despeito de, pesar de

‹ a. da idade avançada, trabalhava diariamente › ‹ a. de ser jovem, era bastante responsável ›

Isto posto, acho que já dá pra gente começar a ler o texto épico (pra não dizer outra coisa) da Folha de São Paulo de hoje.

A notícia é simples: desemprego foi medido hoje. O índice é o menor desde que a medição começou a ser feita.

Aí a Folha me apronta isso:

19/12/2013 – 09h10

Taxa de desemprego cai para 4,6% e retoma mínima histórica [ou seja: a maioria dos brasileiros está empregada]

PEDRO SOARES

DO RIO

Apesar [olha quem abriu o texto! O primo canalha do vírgula-mas! Vamos acompanhar o raciocínio do repórter pedro:] do menor ritmo da economia no terceiro trimestre, da freada do consumo e do crédito restrito [uau,a economia vai mal, hein?], as empresas não lançaram mão ainda de demissões [Ainda, gente! Ainda! Quer dizer, não houve demissões, mas nós tamos aqui tudo na torcida pra que haja! O_o] e a taxa de desemprego segue em níveis baixos.[O desemprego tá baixo, mas a sensação dessa frase é que repórter pedro quer que isso seja negativo!]

[Agora vamos pensar aqui nesse primeiro parágrafo como um todo: ele abre com um apesar, que enumera uma série de supostos fatos negativos (permito-me esse supostos daí. Ao chegar ao fim da leitura deste post, vocês terão entendido o motivo) e termina com uma mísera oração (nem frase é, coitada) positiva e que, no frigir dos ovos, traz a notícia em si. Outra coisa: como muito bem lembrou o Pedro Alexandre no Twitter, esse parágrafo tá com todo o jeitão de ter sido "feito" pelo bípede (viram como eu sou boazinha? Parto do princípio que esse texto não foi editado de quatro!) que editou a matéria, e não pelo repórter.

Então, um lead (primeiro parágrafo de uma notícia, que resume a informação respondendo às perguntas Quem? O quê? Onde? quando? como? Por quê?) que tecnicamente deveria ser "O IBGE divulgou nesta quinta-feira o índice de desemprego nacional, de 4,6%, igual ao registrado em dezembro de 2012, o menor índice da série desde que o IBGE iniciou a medição, em 2001." , virou esse mafuá de mau humor e de mau agouro daí de cima, que de notícia, mesmo, só teve a última oração ("e a taxa de desemprego segue a níveis baixos"). voltando à tese de que o 1º parágrafo foi "montado" pelo editor, digo mais: o texto original do repórter começava com o que terminou sendo a última oração do primeiro parágrafo. E foi a única coisa do lead do repórter que o editor manteve. Isto posto, vamos ver o que mais nos aguarda. Mas, antes, deixa eu postar aqui uma imagem pra combinar com o tom do texto, pera.]

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Em novembro, o índice ficou em 4,6%, abaixo dos 5,2% de outubro, segundo dados divulgados pelo IBGE na manhã desta quinta-feira(19). O resultado é o mais baixo para o mês e iguala a taxa de dezembro de 2012, a menor da série histórica do IBGE, iniciada em 2001[ou seja, o que tecnicamente deveria ter sido escrito lá em cima, no primeiro parágrafo, veio pra cá. Quer dizer: esse segundo parágrafo tem tudo pra ser o resto do primeiro parágrafo original do repórter, que obípededa edição preferiu jogar pra baixo. Vai entender....]

Tradicionalmente, a taxa de desemprego declina nos últimos meses do ano, com a injeção de recursos na economia –vindos, por exemplo, do 13º terceiro salário–e a contratação de trabalhadores temporários no comércio e em alguns ramos de serviços e da indústria [Isso aqui é de fato uma informação relevante. Com a proximidade das festas de fim de ano, o comércio se aquece e começa a catar trabalhadores temporários. Por esse motivo, o mês de dezembro é o que registra os menores índices de desemprego].

O emprego, porém, [terceiro primo da raça adversativa, o porém. Irmão do mas. O último parágrafo disse que dezembro registra índices baixos de desemprego. Isso é uma informação positiva. O porém nos introduz uma ponderação negativa. Vamos acompanhar.] já não mostra o mesmo vigor de meses e anos anteriores [puxa, que coisa! Isto significa que ele começa a declinar, é isso?] e cresce [não, ele cresce!Licença, eu tenho que rir aqui QUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA pronto, voltemos à análise semântica] numa intensidade mais moderada. De outubro para novembro, houve alta de apenas 0,1% no total de pessoas ocupadas nas seis maiores regiões metropolitanas do país, número que atingiu 23,293 milhões. Já em relação a novembro de 2012, o IBGE registrou recuo de 0,7%.[aqui eu saio da análise semântica e entro na análise jornalística da coisa. Não vou me dar ao trabalho de abrir sáites e googlar informações para desmentir o que está dito aqui, porque não precisa. Digo apenas que:

1- Para se ter o real espectro do crescimento de outubro para novembro, o texto deveria ter falado da evolução do índice de janeiro até novembro de 2013. Isso ambientaria melhor o comportamento e as oscilações da economia brasileira num intervalo razoável de tempo.

2- O texto ficou tão mal redigido que esse 23 e quebrados milhões ficou solto e perdido. Refere-se ao número de pessoas desempregadas nas seis principais regiões metropolitanas do país [atualização das 20:00: reli o texto mal escrito bagarai e me dei conta de que esses 23 milhões são os EMPREGADOS, ao passo que o milhão lá de baixo são os DESEMPREGADOS. Texto mal-escrito tem dessas coisas: engana até editor-revisor! O_o #PORRAFOLHA!]. Ficou faltando informar quais são essas regiões metropolitanas, e qual o número total de pessoas economicamente ativas (portanto, aptas a trabalhar).

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3- Tradicionalmente, a comparação de índices é feita entre o período imediatamente anterior e igual período do ano anterior. Portanto, o índice de desemprego de dezembro de 2013 deve ser comparado com novembro de 2013 e dezembro de 2012. Comparações outras são permitidas, claro – desde que explicado o motivo. Se o único motivo que a Folha tinha para fazer essa comparação era mostrar um recuo de 0,7%, eu começo mentira, já comecei lá na primeira linha a me perguntar sobre a boa-fé das informações contidas nesse texto. Mas voltemos à nutiça:]

O total de pessoas em situação de desemprego (a procura[prometi análise semântica, então vou abstrair esse erro de crase. O certo é à procura de] de um trabalho) recuou 10,9% ante outubro e caiu 6,4% na comparação com novembro, atingindo um contingente de 1,131 milhão de pessoas. [ó só a informação que eu cobrei no item 3 da minha

observação! Esse parágrafo diz que nas regiões analisadas, há um total de 1,131 milhão de pessoas desempregadas. Mas não informa o total de economicamente ativas. O que o texto diz - de maneira péssima - é que o número de desempregados é menor quando comparado com outubro e novembro deste ano! Mas meu Deus, isso é quase um cenário de pleno emprego! Cadê entrevista com economista pra falar sobre esses índices? Cadê entrevista com geral no IBGE pra falar sobre isso? Ah, peraí que eu vou pôr outra foteenha pra ilustrar esse texto]

O mercado de trabalho já não mostra o mesmo vigor de antes [masgemt! Como pode? O desemprego lá embaixo do pé, reduzindo-se mês a mês, mas o mercado de trabalho já não mostra o mesmo vigor de antes? E que antes é esse? Qual o período a que o texto se refere?] diante de um cenário de juros mais altos[minha preguiça homérica de googlar Selic me impede de comentar isso aqui. Aumentou a Selic, gemt? Por que eu desconfio de que não aumentou? Ah, já sei: É PORQUE ESSE TEXTO TÁ UMA MERDA!] , confiança de empresários combalida e menor disposição de consumidores em gastar [Aposto um doce como em janeiro teremos o maior consumo evar em épocas natalinas, e empresários felizes da vida com tudo isso que está aí].

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Agora tentem me convencer de que acabamos de ler um texto jornalístico de qualidade. Não está fáceo, viu?

PORRA, FOLHA!