‘Claro que Jair não foi à USP para tentar castrar estupradores brancos e ricos’
17 de Dezembro de 2014, 16:21DEU A LOUCA NO JÔ
Por: Lelê Teles
O irreverente Jô Soares, seguindo a linha de pensamento dos patrões, ou talvez por sugestão deles, resolveu incluir em seu programa de entrevistas umas mulheres já bastante manjadas da velha mídia, apelidadas de Meninas do Jô.
As garotas são conhecidas por seu ódio patológico ao PT.
Se quisesse promover um saudável debate político em seu programa, o ex-gordo incluiria na mesa algumas garotas com pensamento progressista.
O público, por que não pensaram nisso?, sairia ganhando.
Mas não.
Do alto de sua indiscutível credibilidade, Jô endossava a paranóia delirante das jornalistas. Colava seu nome ao delas inclusive.
Por alguns anos, Jô e as Meninas fingiam debater política pra bater no governo.
No entanto, parece que o Gordo se cansou da brincadeira.
Sabe como é, tá feia a coisa do lado de lá: lobões, reinaldos e o reinado dos bobões reacionários e oligofrênicos a pedir intervenção militar. Quem quer estar ali naquele meio?
Outro dia, Jô pulou fora e admoestou as colegas ao dizer que com Evo Morales a Bolívia ia “muito bem obrigado”.
As jornalistas ficaram com cara de espanto. Tivessem as mulheres um denunciante pomo de Adão, o veríamos ali preso, enganchado, em dificuldade para engolir uma saliva inexistente.
Durante a semana só se falou nessa inesperada inflexão bolivariana do apresentador.
Mas ninguém peca só uma vez, ensinava Santo Agostinho.
E não é que o humorista novamente puxou a orelha das Meninas ao afirmar que Dirceu, o Zé, ao contrário do que mentia o pseudo biógrafo da revistaveja, tinha “uma biografia impecável”!
Mais uma vez se viu nas Meninas espanto e ranger de dentes.
Com mil diabos, pareciam se perguntar, Jô petralhou?
Em seguida soubemos que os patrões de Jô, desafetos figadais de Dirceu e da Bolívia, mandaram lhe tirar o sexteto e o estúdio.
Mas o Gordo, rebelde, voltou a delinquir.
Essa semana, ao falar sobre as declarações misóginas do deputado Jair Bolsonaro, ouviu uma inesperada manifestação de apoio vinda da sua plateia.
“Quem foi que gritou esse absurdo? Maluf está na plateia? Quem gritou? É só para eu saber?
Um rapaz ergueu a mão e disse que Jair havia sido mal interpretado, e que Bolsonazi era contra o estupro tendo, inclusive, encaminhado projeto pedindo a castração química para estupradores.
Claro que Jair não foi à USP para tentar castrar estupradores brancos e ricos.
Atentai bem!
Jô, então, disse ao rapaz que ele havia proferido uma insanidade. “Eu já ouvi muita bobagem na minha vida, mas essa supera Bolsonaro”.
Algo como se pegasse o jovem pelo braço e lhe desse duas boas chineladas na bunda.
Desconfio que depois dessa, os patrões do entrevistador/humorista vão lhe tirar o sofá, a caneca e o microfone.
Se continuar assim, Jô está fadado a apresentar Stand Up ao relento.
Palavra da salvação.
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O Mascu do Congresso
9 de Dezembro de 2014, 20:12Para quem não sabe o que é um *mascu, imagine um sujeito que coloca toda a culpa do universo sobre as mulheres e por isso nos acha o pior ser do mundo e merecedoras de extrema violência.
Bolsonaro é um mascu no exemplo mais bem acabado, hoje ele disse em pleno Congresso que só não estuprava Maria do Rosário, porque ela não é merecedora de que sequer ele a estupre. Algum ser na face da terra é merecedor de sofrer estupro?
Eu tenho uma imensa resistência em blogar sobre as presepadas de sujeitos caricatos como Bolsonaro. Mas seu desrespeito, violência, quebra de decoro está em toda a mídia; as mulheres no Congresso estão indignadas. Seria importantíssimo que os pares deste mascu cuja simples presença no Congresso já é falta de decoro parlamentar também se indignassem, também repudiassem as atrocidades que este idiota emite por uma boca que só fala sandices. Mas posso apostar que entre seus pares teve inclusive aqueles que riram quando este boçal agrediu Maria do Rosário. Não é a primeira vez que esta direita bruta, incivilizada, reacionária ao extremo envergonha o Congresso: já teve deputada que teve microfone cortado e desrespeitada, senadora chamada de vagabunda e não é a primeira vez que este pústula destrata uma mulher e inclusive não é a primeira vez que ele desrespeita Maria do Rosário e repete as mesmas barbáries “Não te estupro porque você não merece” e ainda a chama de ‘vagabunda’ e embora gravado, transmitido pela TV, absolutamente nada aconteceu com ele.
Leiam os comentários deste vídeo que está no youtube desde 2008. Bolsonaro representa o que há de pior neste país e tem eleitores.
Acho que se um dia o lunático do Bolsonaro atirar em algum de seus desafetos, ele seguirá protegido por uma imunidade que só serve para proteger crápulas como ele.
Jandira Feghali se pronunciou assim em seu Facebook
Nós, mulheres, não aceitaremos mais uma ofensa de parlamentares como Bolsonaro. Nós, mulheres de esquerda, parlamentares eleitas com votação popular, não aceitaremos mais um pio fascista, machista, preconceituoso e grosseiro por parte de pessoas que deveriam honrar o cargo que ocupam, ter o mínimo de respeito com o decoro. Acabou! É uma vergonha para cada cidadão deste país assistir a falta de respeito deste deputado, a exemplo do que fez hoje com Maria Do Rosário Nunes. Se depender de nós, do PCdoB, e de todos aqueles que se reúnem no campo progressista, Bolsonaro não passará impune a mais esse capítulo desastroso na história do Parlamento.
FORA MACHISTA MAL-EDUCADO!
Infelizmente, o Congresso pode ser chamado de tudo, menos de progressista, a ala progressista e minimamente civilizada desta casa é ínfima. Esta é uma casa que trabalha na madrugada pra derrubar decreto de participação popular, um Congresso que insiste em levar o país à barbárie, com deputado propondo revogar o Estatuto do Desarmamento que vem diminuiu morte com arma de fogo. E a próxima legislatura será ainda mais tenebrosa: 70% destes senhores foram eleitos por 10 empresas. Eles as representarão e não a sociedade brasileira.
Bolsonaro repete que não estupra deputada porque ela ‘não merece’
Maria do Rosário (PT-RS) fez discurso na tribuna com críticas à ditadura.
Militar da reserva, deputado do PP-RJ reagiu e ofendeu ex-ministra.
Por: Fernanda Calgaro, Do G1, em Brasília
09/12/2014 16h21 – Atualizado em 09/12/2014 20h33
Os deputados Jair Bolsonaro e Maria do Rosário (Foto: Gabriela Korossy e Luis Macedo / Câmara dos Deputados)
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) reagiu nesta terça-feira (9) a um discurso da deputada Maria do Rosário (PT-RS) contra a ditadura militar dizendo que ele só não a estupra porque ela “não merece”. Ele repetiu ofensa dirigida à mesma deputada em 2003, quando os dois discutiram em um corredor da Câmara.
Em seu discurso, Maria do Rosário, que foi ministra da Secretaria de Direitos Humanos, chamou a ditadura militar no Brasil (1964-1985) de “vergonha absoluta”.
Bolsonaro, que é militar da reserva, foi à tribuna em seguida. No momento da fala do deputado, Maria do Rosário deixou o plenário.
“Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador, no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui pra ouvir”, afirmou Bolsonaro.
Ao discursar, Maria do Rosário tinha afirmado que “homens e mulheres (…) se colocaram de joelhos diante dela [da ditadura] para servirem ao interesse da tortura, da morte, ao interesse de fazer o desaparecimento forçado, o sequestro”.A ex-ministra criticou também as manifestações de rua que pedem a volta dos militares. Segundo ela, os manifestantes “deveriam ter consciência do escárnio que promovem indo às ruas pedir a ditadura, pedir o autoritarismo e o impeachment. Ora, figuras de linguagem desvalidas porque colocadas no pior lixo da história”.
Maria do Rosário elogiou ainda o trabalho da Comissão Nacional da Verdade, que divulgará o relatório final nesta quarta-feira (10), Dia Internacional dos Direitos Humanos. No documento, haverá a recomendação para que responsáveis pela violação de direitos humanos sofram punição no âmbito civil, administrativo e criminal.
Jair Bolsonaro disse que, para ele, a data é o “Dia Internacional da Vagabundagem”. “Os direitos humanos no Brasil só defendem bandidos, estupradores, marginais, sequestradores e até corruptos”, declarou. E acrescentou ataques à presidente Dilma Rousseff:
“A Maria do Rosário saiu daqui agora correndo. Por que não falou da sua chefe, Dilma Rousseff, cujo primeiro marido sequestrou um avião e foi para Cuba, participou da execução do major alemão? O segundo marido confessou publicamente que expropriava bancos, roubava bancos, pegava armas em quarteis e assaltava caminhões de carga na Baixada Fluminense. Por que não fala isso?”, indagou.
Bolsonaro ainda mencionou o caso do assassinato do prefeito Celso Daniel (PT), de Santo André, e chamou a deputada de “mentirosa, deslavada e covarde”.
“Vá catar coquinho. Mentirosa, deslavada e covarde. Eu ouvi ela falando aqui as asneiras dela e fiquei aqui. Fale do teu governo, o governo mais corrupto da história do Brasil”, afirmou.
‘Peço que o mantenha longe’
Depois da sessão, a deputada Maria do Rosário disse que a atitude do Bolsonaro agredia não só a ela, mas a todas as mulheres, e fez um apelo à direção da Câmara para que o “mantenha longe”. “Ele, de fato, agride a todas as mulheres [com o seu discurso]. Eu só quero poder vir para a Câmara dos Deputados, porque eu fui eleita, e trabalhar”, afirmou.E completou: “Eu não quero que os pronunciamentos sejam comentados, eu não quero ser agredida por esse senhor. Eu peço à Mesa da Câmara que o mantenha longe, que o mantenha distante. Essas ameaças são típicas de quem fala em tortura. Não aceito”.
Conselho de Ética e Judiciário
O líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), leu uma nota em que confirmou que o partido vai tomar medidas judiciais contra Bolsonaro.“No âmbito do Parlamento e do Judiciário, todas as iniciativas serão tomadas por nós, parlamentares da bancada do PT, já que as declarações, ameaças, de Bolsonaro demonstram total desrespeito à condição de representante do povo deste país”, disse Vicentinho.
Ele classificou a atitude do deputado de “torpe” e “barbárie”. “Tudo o que está em sua mente e em sua boca é maldade e depravação, marcas indeléveis do regime de usurpadores e torturadores que ele tanto defende”, afirmou. Vicentinho estava rodeado de parlamentares mulheres, que chegaram a entoar um coro de “Fora, Bolsonaro”.
O deputado Amauri Teixeira (PT-BA), que presidia a sessão nos momentos em que Maria do Rosário e Bolsonaro discursaram, disse que solicitará as notas taquigráficas e o áudio para, com o apoio da bancada feminina, entrar com uma representação contra Bolsonaro no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar.
Segundo o deputado Geraldo Magela (DF), secretário-geral do PT, o partido também decidiu entrar com uma representação no Conselho de Ética contra Bolsonaro e estuda outras medidas judiciais cabíveis. “Ele efetivamente quebrou o decoro parlamentar”, disse.
A líder do PC do B na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), disse que o partido estuda tomar medidas contra Jair Bolsonaro. Segundo ela, entre as possibilidades está entrar com representação no Conselho de Ética ou impetrar ação no Supremo Tribunal Federal. “Estamos avaliando qual o melhor caminho”, disse.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), criticou a atitude de Bolsonaro e afirmou que o Parlamento tem que “dar o exemplo” não só na política, mas no campo pessoal também.
“A Câmara não pode ter esse tipo de comportamento aqui. Tem que dar o exemplo aqui na relação não só política, mas pessoal também”, afirmou. Ele observou ainda que a deputada tem como acionar a Casa para que o deputado se explique.
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Agenda: Comissão da Verdade SP
9 de Dezembro de 2014, 6:1111/12, 11h: Audiência Pública: Entrega do relatório sobre Juscelino Kubitscheck
O Grupo de Trabalho Juscelino Kubitschek “GT-JK”, das Faculdades de Direito da USP e do Mackenzie, realizará audiência em parceria com a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”, para apresentar no próximo dia 11/12, a partir das 11h, o relatório de suas atividades, composto pela análise dos fatos e circunstâncias que cercam a morte de JK e seu motorista, Geraldo Ribeiro. O Relatório é acompanhado de pareceres jurídicos que questionam o papel e a posição do Estado brasileiro na condução das investigações, além de reunir diversos fatos, testemunhos e provas que ajudam a elucidar o caso. O evento contará com a presença do deputado Adriano Diogo, presidente da Comissão.
Local: Sala dxs Estudantes, na Faculdade de Direito (Largo São Francisco, 95).
11/12, 11h: Debate sobre a Comissão Nacional da Verdade
A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” convida para o debate promovido pela Revista CULT, que será realizado à noite, no dia 11/12. O tema abordado é a atuação da Comissão Nacional da Verdade e o impacto do relatório apresentado. Na ocasião, estarão presentes o professor da Unicamp - Márcio Seligmann-Silva; o deputado Adriano Diogo, presidente da Comissão “Rubens Paiva”; Renan Quinalha, assessor da Comissão da Verdade “Rubens Paiva” e Amélia Teles, assessora da mesma Comissão e integrante da Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos. O debate contará com a mediação de Welington Andrade, professor na Cásper Líbero.
Data: 11/12
Horário: 20h
Local: Espaço CULT.
Endereço: Rua Aspicuelta, 99 – Vila Madalena-SP
12/12, 14h: Lançamento do livro “A Casa da Vovó” do jornalista Marcelo Godoy
A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” convida todos para o lançamento do livro “A Casa da Vovó – O centro de sequestro, tortura e morte do regime militar” escrito pelo jornalista Marcelo Godoy. O evento acontecerá no dia 12/12 às 14h, no auditório José Bonifácio, na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Marcelo Godoy é repórter do jornal O Estado de S. Paulo e colheu depoimentos de 25 agentes do DOI-CODI de São Paulo. Entre os depoentes, quatro são mulheres. Ele registrou essas informações durante muitos anos e tornará público esse trabalho inédito. No mesmo dia, às 19h, o autor realizará também uma sessão de autógrafos no Bar Canto Madalena, na rua Medeiros de Albuquerque, 471, Vila Madalena, São Paulo.
Lançamento do livro “A Casa da Vovó”
Data: 12/12
Horário: 14h
Local: Auditório José Bonifácio, 1º andar
Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, 201, São Paulo-SP
O evento terá transmissão ao vivo online neste link (selecionar o auditório José Bonifácio)
COMISSÃO DA VERDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO “RUBENS PAIVA”
Informações à Imprensa: Thaís Barreto55 11 3886-6227 / 3886-6228
comissaodaverdadesp@al.sp.gov.br
twitter.com/CEVerdadeSP
www.facebook.com/ComissaoDaVerdade.SP
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EUA: Faculdade usava strippers para atrair alunos e arrecadar milhões
8 de Dezembro de 2014, 16:44E você ainda fala do PROUNI…
Faculdade usava strippers para atrair alunos e arrecadar milhões
DA REDAÇÃO, O TEMPO
05/12/2014
BELO HORIZONTE, MG
Uma faculdade dos Estados Unidos (EUA) está sendo acusada de criar um golpe para receber milhões de dólares em recursos federais. Segundo o processo, a instituição de ensino, localizada no Estado da Flórida, teria contratado strippers na tentativa de atrair alunos. Conforme a ação, as mulheres ainda estimulavam os futuros alunos a falsificar documentos e também os coagia a mentir.
Em pelo menos um dos sete campi, a FastTrain College “contratou propositalmente mulheres e strippers e as encorajou a dançarem de maneira provocante, enquanto recrutavam jovens para estudarem na instituição”, diz o texto da ação.
Nova ação. O antigo dono da faculdade, Alejandro Amor, 56, foi indiciado criminalmente em outubro e é acusado de conspiração e roubo de dinheiro do governo pelo procurador geral da Flórida e dos EUA.
A ação aponta que a FastTrain e seu dono obtiveram milhões de dólares de maneira fraudulenta, usando falsos pedidos de subvenção – geralmente emitidos por instituições sem fins lucrativos – pelo menos entre o período de 2009 até junho de 2012, quando a faculdade foi fechada em uma operação do FBI.
A FastTrain é apontada ainda como responsável por falsificar diplomas para alunos que não tinham direito de recebê-los, já que não haviam terminaram o ensino médio e, por isso, não seriam qualificados para entrarem em programas de ensino.
Método. Para ter acesso ao dinheiro, a instituição precisava que os alunos fossem às aulas por ao menos 30 dias. Caso eles não comparecessem, a FastTrain falsificava registros de presença ou alterava a data de ingresso para que pudesse coletar o dinheiro mais rápido.
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Lelê Teles: Contra a negação, conta a negra ação
6 de Dezembro de 2014, 16:17I CAN’T BREATHE
Por Lelê Teles
Barack Obama não é um presidente negro, é um presidente preto.
Negro é mais que uma definição de pigmentação de pele, negro é uma categoria social, é um discurso ideológico construído de forma diacrônica e reconstruído de forma dialógica; negro é uma afirmação política e identitária, de um lado, e uma imposição político-social, de outro.
Negro é uma postura de confronto, porque nasce de uma condição de conflito.
Grupo deita na rua durante dois minutos em Huntsville, Alabama. (Foto: Bob Gathany / AL.com / AP Photo)
Por isso Obama, apesar de preto, está longe de representar os negros, o que é uma pena.
Pergunto ao palhaço negro que sorri no quadro em minha sala: por que diabos Obama consegue respirar normalmente ao ver que um homem, preto como ele, morreu estrangulado pela polícia, justamente por ser preto, como ele?
Obama viu que os policiais que asfixiaram o negro Eric Gardner – um vendedor ambulante de 46 anos e asmático – foram absolvidos; todos brancos.
É bom que Obama saiba que enquanto estiver sob a escolta dos guarda-costas da Casa Branca, suas filhas estão livres. Depois disso, podem estar com joelhos sobre suas cabeças a qualquer momento.
Quem não se lembra quando o jornal The New York Post publicou uma charge em que dois policiais matam a tiros um chimpanzé?
No texto, o chargista fazia uma “brincadeira” comparando o macaco assassinado ao presidente Obama.
Barack deveria saber que poderia ser ele ali debaixo de tantos joelhos gordos, a gritar i can’t breathe; a menos que ele não se veja naquele homem.
A menos que Obama se veja preto, mas é incapaz de se perceber negro, vítima de um discurso ideológico segregador e intolerante.
Parece que é isso mesmo. No episódio da charge do Post, Obama minimizou, aceitou, se omitiu, foi condescendente.
Negro?
Se tivessem um presidente negro, pretos, brancos e mestiços estadunidenses não estariam nas ruas exigindo justiça contra mais um crime racial.
Por que eles estiveram nas ruas pelos mesmos motivos durante todo o século XX, quando não haviam presidentes negros.
Nos anos 90 vimos a profecia de Chuck D ser cumprida (Burn Hollywood, Burn) quando o taxista Rodney King foi espancado violentamente por policias brancos em Los(t) Angeles, simplesmente por ser preto.
Os policiais foram absolvidos, o povo foi pra rua, saqueou e incendiou.
Quem não pensou naquela noite que se elegessem um presidente preto as coisas seriam diferentes?
Qual nada. Obama se recusou a intervir na morte de Troy Davis, executado por injeção letal sob a acusação de ter matado um policial, mesmo diante de frágeis provas. O diabo é que o mesmo Obama se compadeceu com a condenação à morte por apedrejamento da iraniana Sakineh.
Realpolitik na veia.
O que diria o mundo, filho de Deus, se Evo Morales estivesse debruçado em um camarote a assistir, impávido, ao extermínio de jovens indígenas na Bolívia?
Ou se o presidente que saiu da miséria, Lula da Silva, não fizesse nada para tirar da miséria outros milhões de brasileiros que padeciam do mesmo que ele padeceu?
Quem Obama representa, aliás quem ele acha que representa?
Na América de Obama há mais negros na prisão hoje do que escravos em tempos remotos. Foram libertados do trabalho no campo para serem encarcerados nas cidades.
Na América de Obama, um policial branco também foi absolvido pelo assassinato a sangue frio, em agosto deste ano, do jovem negro Michael Brown. Brown levou seis tiros, porém, estava desarmado.
Na América de Obama, uma criança negra pode ser alvejada por estar portando uma inocente arma de brinquedo; e alvejada da cintura pra cima, com a nítida intenção de matar.
Bill de Blase, que é casado com uma conhecida ativista negra e tem um casal de filhos negros, já manifestou preocupação com a segurança dos seus de casa e já deu ordens para coisa maneirar nas ruas.
Quando Obama vai se manifestar, como presidente, contra isso?
E nós, até quando vamos ser Obamas? Até quando vamos assistir mulheres negras sendo arrastadas por camburões, pedreiros negros desaparecendo misteriosamente depois de serem levados por um carro de polícia, até quando vamos assistir de camarote ao extermínio de nossa juventude negra?
Ser 100% preto não é o mesmo que ser 100% negro, não confunda.
Contra a negação, conta a negra ação.
Palavra da salvação.
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