Os erros da frouxidão partidária do PT
27 de Março de 2015, 10:39O PT está longe, mas muito longe do carimbo que a direita tenta lhe colocar dia a dia como o ‘partido que inventou a corrupção’.
Perto dos partidos fisiológicos que temos no país, o PT é quase santo. Mas paga um preço alto por der abandonado o debate político no campo da esquerda, paga pelo engessamento de sua estrutura partidária. Paga pelo seu continuísmo cansado, sem renovação de seus quadros e paga por não levar com rigor seus próprios estatutos.
Toda vez que um governador do PT ignorando o genocídio negro faz as declarações lamentáveis de um Rui Costa e o PT não se posiciona, todo o partido perde e muito, porque se afasta de suas bases fundantes, de seus principais princípios.
Toda vez que um um político petista deixa falar mais alto o proselitismo religioso em detrimento dos estatutos do partido e o PT se silencia, todo o partido perde por não se diferenciar dos demais partidos de direita.
Toda vez que um político do baixo clero como Marcelo Arar, saído do tucanato e por diferentes oportunismos se agrega ao PT e contrário à defesa dos direitos humanos faz o que fez como no episódio de agosto de 2014 e mesmo o ex-tucano e neo petista Marcelo Arar ter sido denunciado pela militância petista nas instâncias partidárias próprias e nada ter ocorrido com ele, o PT perde e depois é obrigado a engolir o vexame de um traste como este estar na lista do HSBC.
Não importa que o traste tenha aberto a conta no HSBC quando era tucano, não importa ser um político sem qualquer expressão no partido, isso é motivo para que o oportunismo midiático de um Fernando Rodrigues que poupa seus patrões, mas não se importa em achincalhar todo o partido na manchete que produziu sobre os partidos políticos e a lista de contas não declaradas na Suíça.
Marcelo Arar foi eleito pelo PSDB em 2008, mas Fernando Rodrigues não informa isso em sua matéria. Arar trocou o PSDB pelo PT em 2011.
O PT deveria se lembrar disso, já passou da hora de começar a correr atrás do prejuízo.
O petista na lista do HSBC
Do blog de Valter Pomar
26/03/2015
Segundo Fernando Rodrigues, tem um petista na lista do HSBC. Vejam aqui.
Não sei dizer se a notícia procede.
Mas é bom que as pessoas saibam disto que segue abaixo:
Rio de Janeiro, 04 de agosto de 2014.
Ao Diretório Municipal, Presidente da Executiva Municipal e Secretário de Organização,
Requeremos por meio desta carta a convocação da Comissão de Ética da instância para apurar a conduta do filiado, neste momento; vereador Marcelo Arar.
Conforme divulgado pela imprensa, o referido vereador agrediu um manifestante durante um ato organizado pela FIERJ em defesa do Estado de Israel e da paz (sic). Essa agressão ocorreu pelo fato de o manifestante estar portando um cartaz criticando a ocupação israelense na Faixa de Gaza. Para além do fato de uma agressão por si já ser reprovável, e o vereador reconhece ter pelo menos rasgado o cartaz, embora negue ofensas físicas, a situação é agravada pelo teor geral da manifestação e da postura política em relação à política genocida do Estado de Israel.
A defesa acrítica da política de Israel, tratando a resistência palestina à ocupação ilegal como mero terrorismo e ignorando o massacre de civis, inclusive crianças, está em desacordo completo com a política internacional histórica do Partido dos Trabalhadores e inclusive com a posição oficial do nosso governo federal. Destaque-se que esta posição corajosa foi apoiada e seguida por praticamente todos os países do mundo.
Nesse sentido, é inadmissível a postura e atuação do vereador, que além de tudo é figura pública e detentor de mandato que pertence ao partido e deve se submeter à sua posição ideológica.
Diante disso e considerando o novo Código de Ética e o Estatuto partidário, solicitamos que o filiado Marcelo Arar seja submetido à Comissão de Ética.
Saudações petistas,
Ricardo Quiroga Vinhas
Membro do Diretório Municipal
Renam Brandão
Membro do Diretório Regional
_____________
Em resposta à carta dos companheiros Ricardo Quiroga Vinhas e Renam Brandão, a Secretaria do Diretório Municipal do PT do Rio de Janeiro informou no dia 6 de agosto de 2014 que “o requerimento será encaminhado para apreciação na próxima reunião da Executiva Municipal, conforme Código de Ética do Partido dos Trabalhadores, em data à ser marcada”.
Não sei dizer o que ocorreu depois.
Mas sei o que (não) poderia ter ocorrido se as instâncias partidárias fossem mais rigorosas.
Frente à novidade, foi apresentado novo recurso pelos mesmos companheiros:
______________
Requerimento de Comissão de Ética para o Vereador Marcelo Arar
Aos companheiros da Executiva e Diretório Municipais da Capital,
Apresentamos perante a instância um requerimento de Comissão de Ética para o filiado Marcelo Arar, vereador da capital, em função das graves informações acerca de sua participação no chamado escândalo das contas no HSBC na Suíça.
Como é de conhecimento de todos, estamos sob um forte ataque da mídia golpista e da direita na tentativa de destruir nosso partido e nos vincular à corrupção que existe há séculos em nosso país. Para tanto, usam e abusam das mentiras e distorções na Operação Lava-Jato, colocando a nós e ao governo na defensiva.
Pois bem, com a descoberta das contas secretas na Suíça no banco HSBC, surgiu a nossa chance de um contra-ataque. Primeiro para demonstrar o discurso hipócrita da direita que cita a corrupção na Petrobras, mas se cala sobre um escândalo de proporções muito maiores. Segundo, porque serão desmascarados próceres da imprensa, da oposição e alta sociedade que falam de corrupção, mas praticam lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
Em um momento em que se inicia a CPI do HSBC, por sinal presidida pelo companheiro Paulo Rocha, somos surpreendidos com a notícia de que o vereador Marcelo Arar possui conta não declarada no referido banco, tendo sido divulgado pelo grupo Folha com estardalhaço na lista de políticos envolvidos no escândalo.
Em primeiro lugar, isso abre um flanco em nossa estratégia, mais uma vez tentando nos igualar aos demais partidos e políticos e enfraquecendo nosso discurso. Por outro lado, deve se destacar que isso ocorreu na época em que era filiado ao nosso principal inimigo, o PSDB, e que, segundo noticia a imprensa (fato que pode ser averiguado junto à Receita), jamais declarou a tal conta.
Não se pode então, deixar de aludir à trajetória deste filiado que não tem qualquer vida orgânica no partido e entrou de modo enviesado neste. Como foi dito, ele veio de um partido que é inimigo de classe e ideológico, sem qualquer diferenciação na sua prática política quando lá estava. O principal fator que pesou em sua filiação foi a sua votação anterior, em 2008, para agregar votos à nossa legenda.
Em diversas vezes, o vereador teve condutas que se chocaram com as diretrizes nacionais do PT. Não se tem notícia de sua mobilização na dura campanha que enfrentamos em 2014, seja para presidente seja para governador. Não há presença dele em atividades partidárias. Resumindo é um corpo estranho ao partido.
E isso culmina agora na lamentável informação de que é um dos envolvidos no referido escândalo. É inaceitável que neste momento da agudização da luta de classes e do recrudescimento dos ataques ao PT e ao governo, tenhamos entre nossas fileiras quem apresenta práticas que condenamos.
Portanto, solicitamos a instalação de Comissão de Ética para apurar as irregularidades referentes a contas e divisas do vereador Marcelo Arar no exterior, amplamente divulgada pela imprensa (http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/03/ex-tesoureiro-de-serra-e-fhc-cai-no-swissleaks/) e, com a observância do direito à ampla defesa e ao contraditório, mas também aos deveres estatutários dos filiados, solicitamos a pena de expulsão.
Rio de Janeiro, 26 de março de 2015.
Renam Brandão
Ricardo Quiroga
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Globo recebe mais uma vez uma aula magna de política inesperada e indesejável
27 de Março de 2015, 6:59Nas raras vezes que vemos um discurso dissonante na Rede Globo, percebemos que o produtor não fez a lição de casa e chamou um pesquisador decente para ser entrevistado. Foi assim que no Bom dia ES, o convidado estragou a festa.
Pesquisadores sérios não repetem o senso comum, não fazem coro à política reacionária da Rede Globo, por isso, o jovem professor Dr. Vitor Amorim de Angelo deu uma surra de coerência e informações democráticas em pleno estúdios da rede golpista de tv.
A entrevista acontecia ao vivo e vemos um apresentador em franco desespero tentando trazer o convidado atrevido para o script.
Mas um professor, formado em História, com mestrado e doutorado em Ciências Sociais, membro do Laboratório de Estudos de História Política e das Ideias, com passagem pelo Centre d’Histoire do Institut d’Études Politiques de Paris (SciencesPo) e pesquisador do Institut des Sciences Sociales du Politique da Université de Paris Ouest-Nanterre La Défense tem de honrar o conhecimento que acumulou em sua trajetória de formação: graduação em História, mestrado doutorado em Ciências Sociais, não podendo, portanto, tratar a política com o desrespeito e a manipulação global, regras daquela emissora.
Abaixo, o vídeo com o resultado da formação e coerência do jovem professor: 4 minutos de aula sobre política, sistema político brasileiro, democracia, respeito ao pleito eleitoral, com a frase lapidar, brilhante feito um diamante: “A democracia é um regime de confiança, não de adesão. Portanto, não é uma opção aderir ou não ao resultado”, deixando Miram Leitão e o apresentador do Bom dia ES até o momento procurando o rumo de casa.
Assista, vale a pena cada segundo.
______________________
Professor Dr. Vitor Amorim de Angelo: Possui graduação em História pela Universidade Federal do Espírito Santo, mestrado e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos, com estágio de pesquisa no Centre d’Histoire do Institut d’Études Politiques de Paris (SciencesPo). Atualmente, é professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Vila Velha, onde também é Coordenador Institucional de Iniciação Científica, e pesquisador do Institut des Sciences Sociales du Politique da Université de Paris Ouest-Nanterre La Défense e do Laboratório de Estudos de História Política e das Idéias da Universidade Federal do Espírito Santo. Tem experiência nas áreas de História e Ciências Sociais, com ênfase na política brasileira contemporânea, temática na qual possui livros e artigos publicados.
O professor tem experiência nas áreas de História e Ciências Sociais, com ênfase na política brasileira contemporânea, atuando principalmente nos seguintes temas: partidos e organizações políticas, instituições e comportamento político, eleições, esquerdas, ditadura e democracia, mídia, memória social e uso político do passado.
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Juarez Guimarães: O risco de chegar atrasado ao dia do golpe
25 de Março de 2015, 14:57Sei que gato escaldado tem medo de água fria, mas quando até mesmo a Veja assustada com o que a malta de seus leitores fizeram no dia 15, busca reorientá-los, aqui: Derrubando mais uma lenda urbana: se Dilma renunciar ou for afastada, NÃO haverá novas eleições ou aqui ROBERTO POMPEU DE TOLEDO: o risco de atiçar a bomba do impeachment, me parece um pouco exagerado os temores do autor que reproduzo abaixo. Ele acha que o golpe está marcado para o dia 12 de abril.
Em minha avaliação com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha na lista da Lava Jato, assim como o presidente do Senado, Renam Calheiros, com a profusão de provas contra Aécio e com a CPI do HSBC com grandes grupos midiáticos e seus principais colunistas com dinheiro na Suíça, não há moral alguma da direita por mais golpista que seja para derrubar Dilma Rousseff.
Não há interesse dos tucanos, sequer da mídia golpista que Dilma caia agora. A intenção é sangrá-la de morte pra inviabilizar qualquer candidatura à esquerda em 2018.
Claro que em terra de golpistas ficar de olhos abertos é sempre necessário, por isso convido a todos a se juntarem em todo país às plenárias que ocorrerão em todo território nacional no dia 31/03.
Dilma, obviamente precisa fazer a lição de casa, não pode ser eleita com uma agenda progressista e implementar a agenda do candidato derrotado. É só ela governar pondo em pauta sua agenda eleitoral que sua base se refará rapidamente e a malta golpista terá de aguardar a disputa democrática em 2018.
O Espetáculo da barbárie: na democracia pedindo intervenção militar.
O risco de chegar atrasado ao dia do golpe
Fortalecidos pela magnitude das manifestações do dia 15 de março, os organizadores do dia 12 de abril já organizam um golpe na democracia brasileira.
Por: Juarez Guimarães, Carta Maior
Créditos da foto: José Cruz/Agência Brasil
A coluna de Jânio de Freitas no jornal Folha de S. Paulo do domingo 22 de março – “Começar mais uma vez” – deve ser justamente saudada como a expressão nitidamente instalada na consciência democrática e republicana brasileira de que a direção do PSDB já está publicamente inserida em uma campanha golpista. Como recordamos no ensaio publicado nesta Carta Maior – “Por que ainda é possível derrotar a campanha golpista do PSDB?“ – , já havíamos formulado este diagnóstico em dezembro de 2014.
Não há mais lugar para a inconsciência ou subestimação da ameaça que ronda a democracia brasileira: já está em curso uma disputa pública bastante avançada sobre a legitimidade democrática da interrupção do segundo mandato da presidenta Dilma Roussef em seus inícios. Pesquisas recém divulgadas – elas próprias fazem parte da campanha midiática – dão um alto grau de impopularidade da presidenta, quatro quintos da população com a opinião de que ela sabia da corrupção na Petrobrás, três quintos marcando a opção de que ela não fez o que deveria para interrompê-la. Na pesquisa CNT/ Sensus, divulgada no dia 23 de março, 59% da população já apoiaria a proposta do impeachment da presidenta, seguindo altos índices de impopularidade do governo e de rejeição .
Se já é nítida a vontade e também a estratégia golpista do PSDB, é preciso agora diagnosticar o tempo em aceleração do processo político em curso: há um risco enorme do governo Dilma e das forças políticas que o sustentam chegarem atrasadas… ao dia do golpe.
Há boas razões para prever que o anunciado dia 12 de abril, marcado para convergir um novo protesto nacional de ruas contra a presidenta Dilma e o PT, está sendo pensado como um dia da instalação do golpe na democracia brasileira. Como isto poderia se dar?
A sua formulação de legitimidade democrática já está sendo publicamente exposta por FHC, cuja voz pública tem desde o início formulado o diapasão dos golpistas: se em dezembro já questionava a legitimidade da vitória eleitoral de Dilma, atribuindo a ela uma semi-legitimidade ou uma idéia de um país dividido ao meio, após o dia 15 de março já diferencia o impeachment por razões políticas do impeachment por razões técnicas: o primeiro poderia se dar por uma razão clara de ingovernabilidade. Seria uma decisão política do Congresso Nacional. Esta formulação tem, em linhas gerais, sido seguida por várias lideranças nacionais do PSDB.
O dia 12 de abril poderia, em uma imaginação golpista, através do cerco simbólico a centros do poder, inaugurar uma agenda de um lock-out nacional – como se fez um teste, por exemplo, misturando reivindicações de caminhoneiros com o “fora Dilma” – , em uma cena dramaticamente configurada por todos os meios de comunicação empresarial de massa. Seria previsível neste contexto o acirramento dos ataques, inclusive físicos, a símbolos e sedes do PT, seguindo a linha da criminalização do partido que já freqüenta as manchetes dos jornais, como a manchete de O Globo de 21 de março.
Neste campo de previsão, o dia 12 de abril seria o dia 15 de março mais centralizado politicamente na exigência da renúncia ou saída imediata de Dilma (como aliás vem já sendo convocado nas redes), com mais envolvimento empresarial, com mais dramatização anti-petista e anti-governo (através de novas delações, depoimentos de Youssef na CPI, generalização das denúncias de corrupção em outras empresas estatais, algum testemunho ou ilação vinculando a corrupção ao PT ou à campanha de Dilma), com mais simbolismo (centro em São Paulo, mas simbolicamente estabelecendo o cerco em Brasília ao Palácio do Planalto).
Em uma cena de tal dramatização, seria possível confiar que a maioria da Câmara Federal está suficientemente posicionada a favor do governo para resistir a uma ação direta amparada em forte sentimento nacional captada nas redes midiáticas ou pesquisas de opinião?
Três dinâmicas
Toda a inteligência da estratégia golpista do PSDB está em que o seu núcleo real de comando organiza a manifestação pública mas não a convoca: para lhe dar um sentido “cívico”, para além dos partidos, as redes sociais e o engajamento direto da mídia empresarial de massa cumprem este papel. As principais lideranças do PSDB, do DEM, do PPS, do Solidariedade aparecem de forma discreta ou apenas “apóiam”, dissolvidas no verde-amarelo cívico.
Sem a presença explícita da mediação dos partidos, governos ou empresas, esta dinâmica de ruas, redes e mídias pode desenvolver todo o seu potencial anti-democrático em três dimensões fundamentais.
Em primeiro lugar, a aceleração do tempo político: não há que esperar o processo jurídico, o processo parlamentar da democracia. Há, de fato, uma sincronia entre a ação do PSDB que queria evitar a posse de Dilma e já adiantava o compasso da desestabilização do governo antes do seu início e a marcha da impaciência que mexe com os nervos à flor da pele dos manifestantes. Um jovem, bastante aplaudido ao microfone, na manifestação do dia 15 de março na avenida Paulista acusava os “políticos que querem sangrar o governo Dilma” de serem conciliadores!
Em segundo lugar, a intolerância deve saturar toda a cena: não se deve duvidar ou discutir a verdade de que o PT e o governo Dilma são os principais culpados da corrupção no Brasil. O discurso cívico correto que não se deve tolerar a corrupção é dirigido unilateral e de modo viesado para o discurso desqualificador de que não se deve tolerar o PT ou o governo Dilma. Esta fuga ao contraditório democrático também não é espontânea mas criada pelo tratamento seletivo das investigações, pela sua publicidade dirigida contra o PT nos oligopólios de comunicação e, principalmente, pelo discurso oficial que tem a sua origem, desde 2005, na inteligência do Instituto FHC. “Para acabar com a corrupção no Brasil, a solução é simples: basta tirar o PT do governo”, afirmou Aécio Neves no último debate na campanha eleitoral de 2014; “perdi a eleição para uma organização criminosa”, reafirmou após as eleições.
Em terceiro lugar, a cena da manifestação deve estar aberta ao discurso do ódio: não deve haver limites para a violência verbal ou simbólica. Erra, como quase sempre, o colunista parcial Elio Gaspari: não se tratam de excentricidades ou slogans de pequenos grupos fascista ou de ultra-direita. O microfone está aberto à barbárie: um torturador não foi convidado à fala ao microfone na Paulista? Bonecos da presidenta Dilma e do ex-presidente Lula enforcados vistosamente na grade do viaduto? Mas esta violência sem limites está já, como se observou, na fala das principais lideranças do PSDB e nos meios midiáticos que controlam: a presidenta com o pescoço pronto para ser ceifado na charge da primeira página de O Globo, a presidenta Dilma rodando bolsinha na charge que ilustra um ponto de vista do editor do site UOL!
Vigília democrática
Esta inteligência estratégica golpista que arma o tempo acelerado, a intolerância e o discurso do ódio deve ser enfrentada desde já e com a máxima urgência por uma inteligência democrática, capaz de mobilizar os fundamentos dos sentimentos democráticos, republicanos e socialistas do povo brasileiro.
O primeiro desafio é tomar a pulsão verde amarela do tempo golpista através da antecipação de seus passos. Já há elementos e consciência suficientes para propor à sociedade brasileira uma vigília democrática verde-amarela e de todas as cores e a formação de um amplo movimento em defesa da democracia, das liberdades e contra a corrupção. Esta vigília democrática deveria ser capaz de mobilizar e denunciar oficialmente as intenções golpistas de FHC, Aécio Neves, Rede Globo e dos grupos proto-fascistas que organizam as manifestações pelo impedimento político da presidente. Ela deveria ser capaz de formar em torno de si toda uma rede diária e permanente de comunicação democrática e popular, como fez Brizola em 1962 formando a partir de uma rádio gaúcha toda um rede nacional pela legalidade da posse do vice-presidente Jango Goulart após a renúncia de Jânio.
O segundo desafio é o de desconstruir a autoridade do PSDB de conduzir a luta pelo fim da corrupção sistêmica no Brasil, através de uma massiva campanha pública capaz de furar o bloqueio do anti-pluralismo midiático. As lideranças que conduzem a campanha golpista estão cercadas por todos os lados de denúncias documentadas de farta e sempre impune corrupção. O PSDB é certamente, pode se comprovar com razão e provas, o partido que dá a maior cobertura e apoio à corrupção no Brasil! Em particular, a figura de Aécio, presidente do partido golpista, é alvo de vídeos de Youssef, provas documentadas e periciadas, testemunhos convergentes que indicam a sua presença em escândalos de corrupção. Os golpistas conseguirão manter isto à margem do conhecimento da opinião pública nacional, da maioria dos brasileiros?
O terceiro grande desafio é o de recoesionar a base política, social e eleitoral do segundo governo Dilma através de uma rápida e urgente reorientação de política econômica, retomando os temas do desenvolvimento, da construção dos direitos das classes trabalhadoras, da ampliação e qualificação das políticas públicas, do enfrentamento dos preconceitos contra os negros, as mulheres e os gays.
Não se pode lutar contra o ódio da direita golpista sem mobilizar, de modo profundo, as paixões e esperanças do povo brasileiro em defesa de seus direitos. Isto não acontecerá se o discurso, a imagem e os símbolos do governo estiverem atados à linguagem fatal da recessão, da restrição, mesmo que na margem, de direitos, na limitações das políticas públicas.
Esta vigília democrática, por sua representação e força acumulada, com sua capacidade de mobilização e denúncia, ainda teria condições de paralisar a estratégia golpista que converge para o próximo dia 12 de abril.
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Em vídeo professores de SP explicam os motivos da greve: ‘Você sabia?’
25 de Março de 2015, 10:02Já que 140 mil professores em greve em todo estado de São Paulo parece não ser notícia para os grandes conglomerados da mídia, eles resolveram explicar diretamente à população os motivos de terem entrado em greve.
Fizeram um pequeno vídeo no Youtube intitulado “você sabia?” que começa a circular nas redes sociais. É uma boa estratégia esclarecer à população a situação de calamidade pública em que se encontra as escolas paulistas.
Retrato do descaso das escolas públicas no Estado. Nas fotos, o apelo dos professores mostrando o lixo, infiltrações, cozinha interditada, goteiras e escoras no prédio escolar Professor Getúlio Nogueira de Sá. A situação é tão grave que até o G1 resolveu denunciar: G1 – Com goteiras, escola de Jundiaí tem teto escorado com canos de ferro – notícias em Sorocaba e Jundiaí.
Quem irá ser responsabilizado se este teto desabar na cabeça dos alunos?
O que o Ministério Público de São Paulo fez até agora a respeito da situação de calamidade pública de muitas escolas estaduais paulistas?
Parece que os promotores do MP Paulista estão mais interessados em judicializar as ações em prol da mobilidade urbana empreendidas pelo prefeito petista Fernando Haddad (aqui e aqui) do que garantir que o governador tucano do estado de São Paulo cumpra a lei.
Assim, já que parece que nem mesmo o Ministério Público está interessado em garantir o básico: cobrar do governo do Estado de São Paulo que cumpra o básico: prover as escolas com água, produtos de limpeza e papel higiênico, garantir salas de aula com o limite estabelecido em lei e não com mais de 80 alunos, fazer o governador cumprir o pagamento do piso nacional salarial e dar condições mínimas de higiene nas cozinhas, bebedouros e segurança nas instalações, os professores resolveram usar as redes para ver se aumentam a pressão sobre um governo completamente omisso e irresponsável não apenas com a educação pública, mas com o fornecimento da água para a população do estado e absolutamente tudo relacionado com a coisa pública no estado, dos transportes à saúde.
Sobre a greve dos professores paulistas leia também:
Pedro Ramos de Toledo: A greve dos professores de SP, o silêncio e o tártaro
Silvio Prado: a política deliberada dos tucanos em sucatear a escola pública
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Silvio Prado: a política deliberada dos tucanos em sucatear a escola pública
25 de Março de 2015, 9:39Educação estadual paulista: drama e caos criados propositalmente
Por Silvio Prado*
21/03/2015
Sobre a greve dos professores paulistas leia também:
Pedro Ramos de Toledo: A greve dos professores de SP, o silêncio e o tártaro
Em vídeo professores de SP explicam os motivos da greve: Você sabia?
Temos hoje no estado de São Paulo mais uma greve dos professores estaduais contra o governo do PSDB. Desde 1995, o magistério paulista trava uma luta de vida e morte com sucessivos governantes tucanos. Na expressão vida e morte não cabe exagero algum porque, analisando todas as gestões tucanas, desde a do falecido Mario Covas e chegando até a presente gestão de Geraldo Alckmin, os tucanos não esconderam jamais o que desejam fazer com a educação pública estadual. Simplesmente, após intensivo sucateamento e desmonte, sonham apenas privatiza-la e transforma-la num grande e rentoso produto oferecido no mercado do ensino.
Que a escola pública paulista é hoje espaço para grandes negociatas tucanas, ninguém tem dúvida. Basta listar os inúmeros escândalos que envolveram a FDE e seguidos nomes que ocuparam a Secretaria da Educação nesses vinte anos e a confirmação virá num segundo.
Covas, Serra e Alckmin, e também secretários como Rose Neubauer, Gabriel Chalita, Maria Helena Guimaraes, Paulo Renato e Herman Voorwald, todos, indistintamente, colocaram a máquina da educação pública a serviço de interesses do mercado. Privatizações e terceirizações viraram marcas registradas das administrações tucanas.Reduzir o papel do Estado no cuidado das questões sociais sempre foi o objetivo maior, mesmo que isso tenha consequências graves e provoque queda geral na qualidade de vida da população, o que pode ser exemplificado pelo crescimento quase incontrolável da violência criminal em nosso Estado.
Porém, mais do que espaço para negociatas e enriquecimento de gente ou empresas próximas do PSDB, a escola de São Paulo teria se transformado num verdadeiro túmulo da educação caso não contasse com a resistência diária de seus 230 mil professores.
Não é nada fácil ser professor no Estado mais rico do país, trabalhar em qualquer de suas mais de 4 mil escolas espalhadas por 625 municípios, enfrentando governos que não respeitam direitos mínimos reconhecidos pela legislação trabalhista e transpostos para as legislações do ensino. E o professor, mesmo sob práticas permanentes de assédio moral e uma propaganda midiática tucana para desqualifica-lo, nunca fugiu da luta.
Há anos o governo de São Paulo, por exemplo, se recusa a ficar frente a frente com a APEOESP, principal sindicato da categoria, para discutir de forma séria a questão salarial do professor. A data base do magistério sempre foi solenemente ignorada por Alckmin e Serra, e o professor, se teve algum aumento ou recuperação do salário, estes só vieram após intensas e conflituosas greves, como a de 2010, quando a “jagunçada” da PM encheu de bala de borracha, spray de pimenta, gás lacrimogêneo e muita bordoada os trinta mil professores que foram às imediações do Palácio dos Bandeirantes levar suas reivindicações ao então governador José Serra.
Com a reestruturação do ensino, feita na gestão Covas a partir de 1995, e o processo de municipalização estimulado por essa mesma gestão, iniciou-se um desmonte sem volta do ensino público paulista. Apesar de repassar para o município as obrigações do Ensino Fundamental, nada se acrescentou de inovador no Ensino Médio ou mesmo na Educação de Jovens e Adultos, que ficaram sob a incumbência do estado.
Mesmo a chamada Escola de Tempo Integral, restrita a pouquíssimos alunos, não passa de mais uma daquelas farsas que costumeiramente os tucanos montam pra seu show midiático que rendem votos nas eleições.
Ao lado da perda de postos de trabalho provocados pela municipalização, acentuou-se ataques permanentes aos direitos do professor. Os falsos ganhos estimulados pela meritocracia substituiu o direito a um salário justo e digno. Salas superlotadas viraram rotina, fizeram despencar a qualidade da educação e arrebentaram com a saúde do professor.
Para completar obra tão danosa, os governos tucanos ultrapassaram limites inimagináveis criando uma legislação que, completamente precarizada, desestimula o sonho de quem deseja atuar profissionalmente no magistério. Estão ai as leis absurdas que regulamentam a vida funcional do chamado professor “O”, tratado como subprofessor e vitimado profissionalmente pelas criminosas quarentenas ou duzentenas que o governo impõe.
Mais de 40 mil professores vivem essa caótica situação, ao lado de outros milhares contratados de forma temporária, mesmo que muitos estejam há anos trabalhando nessa condição. Que educação pública de qualidade pode resultar de um quadro profissional marcado pela precarização de direitos e pela instabilidade, inclusive emocional, que ele instaura na vida do professor?
Mesmo que a greve que se desenrola tenha entre suas reivindicações 75% de reposição salarial, o professor paulista quer muito mais que salário. Ele quer, por exemplo, que o seu local de trabalho esteja imune à violência que salta do entorno da escola para o interior até das salas de aula.
Conforme pesquisa da APEOESP publicada em 2013, 44% dos professores já receberam algum tipo de violência em seu local de trabalho, sendo que 39% receberam violência de caráter verbal. O restante foi agressão física mesmo. Em março de 2013, ocorreu um caso extremo de violência. Numa escola de Itirapina, a professora Simone Lima, de 27 anos, foi assassinada na sala dos professores por um de seus alunos.
Além de segurança, o professor quer concurso público que o efetive de fato e dê a ele perspectivas seguras de que, através de um plano de carreira justo, possa organizar sua vida sem os atropelos de escolas e salas que são fechadas ou legislações excludentes brutalmente impostas.
O professor paulista também não quer ter seu salario condicionado às chantagens da tal meritocracia. Quer o respeito de sua data base, estatuto legalizado pela Assembleia Legislativa mas nunca reconhecido pelos governos tucanos. Quer trabalhar e produzir conhecimento em locais dignamente cuidados e amparado por toda sorte de material didático imprescindível ao bom fazer pedagógico.
Não quer de maneira alguma, quando a saúde estiver em risco, ser submetido ao ritual de humilhações que geralmente ocorrem nas intermináveis filas do IAMSPE. E, com relação ao IAMSPE, exige que o governo dê a sua contrapartida porque não pode o professor e todo funcionário, sozinhos, serem os únicos a bancar tão importante instituição criada para cuidar da saúde do funcionalismo.
Como se vê é caótica e dramática a situação da escola pública de São Paulo e de seu professor. Mas é preciso que se diga que esse caos e esse drama não são frutos do acaso, mas de uma politica deliberada na década de 1990, começando com Mário Covas e alcançando ainda hoje o governador Geraldo Alckmin.
Os tucanos estão ai já faz vinte anos e não vieram para solucionar o problema da educação. Eles se apossaram do Estado mais rico do país para enxugar sua máquina, torná-lo mínimo e parceiro dos grandes negócios empresariais. Saúde, educação, água e qualquer ou setor do interesse público, para o PSDB precisam ser privatizados ou enquadrados na lógica danosa das parceiras.
Tucano que se preza não acredita em serviço público voltado para a cidadania. Por isso, mantem a escola pública na direção da privatização e trata o professor como rebotalho. O resto é bobagem e resultado de uma politica executada com requintes de frieza e até crueldade, fato bem exemplificado no drama criado na vida do professor “O”.
Agora, é preciso que os 230 mil professores vejam e entendam esse processo danoso e, consequentemente, tomem a decisão de lutar contra ele. Por que não entrar maciçamente em greve?
*Silvio Prado, é professor da rede estadual de ensino
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