PSDB tem insistido nas investigações, mas foram Serra, Alckmin e Covas que deram dinheiro público ao laboratório de doleiro
2 de Maio de 2014, 15:12 - sem comentários aindaGoverno FHC fechou três contratos com Labogen, suspeito de servir para lavagem de dinheiro, quando José Serra era ministro da Saúde. Covas e Alckmin também contrataram empresa de doleiro em SP.
O deputado federal Renato Simões (PT-SP) apresentou um requerimento na Câmara dos Deputados para solicitar informações sobre três contratos fechados entre o Labogen, laboratório suspeito de servir de fachada para operações de lavagem de dinheiro e evasão de divisas por parte do doleiro Alberto Youssef, e o Ministério da Saúde entre 1998 e 2002, durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002) e do então ministro José Serra (PSDB). O deputado cobra ainda informações sobre contratos firmados entre a Labogen e o governo do estado de São Paulo nas gestões de Mário Covas (1995-2001) e Geraldo Alckmin (PSDB, 2001-2006, 2011-2014), junto à Fundação para o Remédio Popular do Estado de São Paulo.
Será que veremos notícias sobre a lavagem de dinheiro dos contratos da Labogen durante o governo FHC com Serra ministro da saúde? Será que a denúncia ocupará durante meses as manchetes dos jornais? Reinará em horário nobre na Globo? Será que os deputados tucanos vão pedir CPI?
Serra é convidado à Câmara para explicar contrato com laboratório de doleiro
Por Diego Sartorato, da Rede Brasil Atual
01/05/2014
Governo FHC fechou três contratos com Labogen, suspeito de servir para lavagem de dinheiro, quando José Serra era ministro da Saúde. Covas e Alckmin também contrataram empresa de doleiro em SP
ELZA FIÚZA/ARQUIVO ABR
PSDB tem insistido nas investigações, mas foram Serra (foto), Alckmin e Covas que deram dinheiro público ao laboratório
São Paulo – O deputado federal Renato Simões (PT-SP) apresentou um requerimento na Câmara dos Deputados para solicitar informações sobre três contratos fechados entre o Labogen, laboratório suspeito de servir de fachada para operações de lavagem de dinheiro e evasão de divisas por parte do doleiro Alberto Youssef, e o Ministério da Saúde entre 1998 e 2002, durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002) e do então ministro José Serra (PSDB). O deputado cobra ainda informações sobre contratos firmados entre a Labogen e o governo do estado de São Paulo nas gestões de Mário Covas (1995-2001) e Geraldo Alckmin (PSDB, 2001-2006, 2011-2014), junto à Fundação para o Remédio Popular do Estado de São Paulo.
Além de solicitar informações, Simões redigiu ainda convite para que Serra vá à Câmara explicar a relação entre sua gestão e o laboratório – como não é mais autoridade pública, Serra não pode ser convocado e, se preferir, pode negar o convite. Os requerimentos devem ser votados na sessão da próxima terça-feira (6).
A Labogen está sendo investigada pela operação Lava Jato da Polícia Federal, que flagrou diálogos do deputado federal André Vargas (PT-PR) que indicam que ele faria lobby pela empresa junto ao Ministério da Saúde durante a gestão de Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. Segundo a PF, a Labogen buscava contrato de fornecimento de matéria-prima para medicamentos com o Ministério com o objetivo de mascarar remessa de dinheiro para fora do país; dos cinco projetos apresentados pela empresa, no entanto, quatro foram descartados imediatamente pelo ministério, e o último não teria condições técnicas de ser firmado, segundo afirmou Padilha ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (28).
“A Labogen não tem contratos com o Ministério da Saúde desde o final do governo Fernando Henrique. Se existe algum vínculo entre o laboratório e o lobby no ministério da saúde, isso ocorreu com o ministro José Serra. A Labogen está sendo usada para atingir a reputação do Padilha de forma absolutamente irresponsável”, afirma Simões. Segundo o deputado, o objetivo dos requerimentos é avaliar se os serviços contratados junto ao Labogen por R$ 31 milhões pelo então ministro Serra e por R$ 5 milhões pelos governos do PSDB no estado de São Paulo foram, de fato, cumpridos. “Como a Fundação do Remédio Popular também recebe dinheiro do ministério, é nosso papel fiscalizar se houve desvio desses repasses”, afirma Simões.
Para levantar os dados, o deputado pretende acionar o próprio Ministério da Saúde, a Controladoria-Geral da União e o Tribunal de Contas da União.
Celso Athayde sobre UPPs, segurança pública, drogas, desigualdades e a morte na favela que não tem o mesmo valor de uma vida no asfalto
1 de Maio de 2014, 4:45 - sem comentários aindaPara além dos macacos, das bananas, das celebridades e subcelebridades, para além do discurso fácil.
UPPs em seu Facebook
27/04/2014
Não dá para negar a importância das UPPs. Não dá para negar que ter segurança nas favelas é uma exigência de cada morador de favelas. Não dá para negar q o tráfico é um vespeiro e que eles reagiriam.
Hoje vejo os mais diversos discursos da teoria da conspiração, atribuindo ao Garotinho a orquestração do crime no Rio. Como se isso fosse possível, como se ele pudesse fazer tudo isso sem que ninguém descobrisse.
Vejo as famílias dos policiais defendendo seus filhos e maridos como se eles não fossem parte de um sistema que os tornam corruptos e vítimas dessa lógica. Mas se fossem meus parentes eu também os defenderia e teria razões para isso, eles são vítimas do crime e da sua própria corporação.
Vejo os favelados se manifestarem e serem acusados de falar em nome do tráfico e até de receber dinheiro do tráfico para fazer isso ( eu digo: nunca ouvi falar disso na vida ).
Vejo o tráfico resistindo e vai resistir, e os moradores não sabem o que fazer . Claro, eles não sabem quem vai vencer essa queda de braços. Mas todos sabem ou deveriam lembrar o que todos os moradores disseram quando entraram os policiais das UPPs nos primeiros dias ( que estão felizes) . Mas depois de verem as bocas de fumos funcioando em todas, absolutamente todas as favelas com UPPs, eles não têm mesmo razão para se sentirem seguros.
Concordo com o Beltrame quando diz que a prioridade não é o tráfico, mas a redução de danos a vida. Sim, mas se tem tráfico, tem traficante. Se tem traficante tem dinheiro, se tem dinheiro tem corrupção e aí, amigos, tem a opressão e o medo, pois cada morador sabe exatamente a quem deve respeitar ou temer e quando a noite chega, todos os gatos são favelados.
Tenho escutado falar que existe uma orquestração para desestabilizar as UPPs. Será ? Porque então esses problemas são pontuais em 5 favelas no máximo? Quando temos mais de 30 unidades? Lembrem-se que 90% das favelas ocupadas são de uma única facção?
Negar o esforço do Estado é injusto, negar o esforço de muitos policiais, é injusto, negar que policiais estão extorquindo todos os dias e fazendo cavalos de tróia nas favelas para arrumar um dinheiro, simulando e forjando, é ingenuidade.
Parece que está tudo no seu lugar , que tá todo mundo fazendo seu papel.
Todos os dias ficamos aliviados por sabermos que tiramos mais bandidos de circulação, mas esquecemos de contabilizar quantos fogem ou pagam suas penas e vem para as ruas a cada mês, reingressando no crime, produzindo uma roda gigante de marginais que vão e vem como se fossem uma brincadeira de criança de pega-ladrão.
O tráfico não vai recuar, afinal são marginais e vivem dessas práticas e se todos resolverem procurar emprego, vamos ter outro problema. Pois o número é muito maior do que os cientistas expõem nos jornais. Muito maior…
O crime é silencioso, não tem porta-voz, se manifesta pela força do consumo dos seus clientes externos, são muitos e só crescem. Pela dedicação dos seus clientes internos é um numero tão grande que a favela é auto sustentável a nível de consumo.
Hoje, (domingo, 27/04/2014) morreu dona Dalva, amanhã vai morrer seu Manel. Mas isso não tem a menor importância, exceto para seus familiares, pra nós não. Existe uma D-egeneração G-eneralizada da importância da vida. Estamos aqui correndo atrás do rabo e arrumando um culpado para empurrar a nossa dor. A melhor coisa para alguns é discriminalizar as Drogas e deixar os traficantes migrarem para a pirataria das drogas legalizadas. Assim não assinam mais o 12, que é crime hediondo e assinam o contrafaccionismo que é um crime sem relevância.
Não é aceitável ver nossos heróis , policiais sendo caçados todos os dias ou se prostituindo por uma questão de sobrevivência. Como acontecem nos DPOs ( Destacamentos de Policia Ostensiva ) como acontecia até a pouco tempo na Favela da Maré onde o Estado deixava 5 policiais trancados numa casa, sabendo que do lado de fora havia mais de 400 soldados do crime armados. Como esses homens podem cumprir a lei? Como essas famílias podem dormir sabendo que seus filhos e maridos estão tendo que se corromper para viver?
Não existe paz se a guerra é parte do cotidiano. Vivemos uma tragédia que ninguém tem culpa. Quem falar morre, quem questionar morre. Vivemos uma tragédia que a policia dá entrevista de capuz para não ser identificada e quer que os moradores façam acariação com traficantes e assaltantes para provar a culpabilidade dos mesmos.
Vivemos uma fase em que a polícia se associa com criminosos para se tornarem proprietários de favelas e explorar tudo que existe lá dentro como se fossem reis.
Temos mais de 1.200 favelas no Rio, não estou falando das periferias. Estou falando do que o IBGE chama de Aglomerado Sub Normal. E então, achamos que isso acaba num passe de mágica?
Amigos, fazemos no Brasil políticas públicas para as favelas baseadas na experiência dos homens do asfalto, esses fazem pós-graduação no exterior sobre as favelas, nunca sobre o ponto de vista de quem está dentro dela, por maior que seja sua formação. Lemos nos grandes jormais artigos de mestres em literatura, esses discorrem as frases mais intensas sobre as favelas e seus saberes. Nunca lemos os intelectuais orgânicos ou mesmo os acadêmicos das favelas. Logo, a chance de acertar é a mesma que temos se perguntar a um favelado o gosto do caviar. Pois bem, nada aqui é novidade, e todas as frases aqui darão margem a questionamentos, defesas e ataques, tamanha é a mutilação, a gravidade do problema e a intensidade da questão.
Então, meus amigos, vou chorar a morte do DG. Vou também ignorar os comentários atribuídos a ele, a exemplo do outro moço da Rocinha, pois sabemos que o fato de morar ali já os fazem nascer suspeitos.
Vou ignorar o outro rapaz que no dia seguinte morreu com um tiro na cabeça, afinal, a origem dele o condena, o próprio Beltrame deixou escapulir que a morte na favela não tem o mesmo valor de uma vida no asfalto. Mas, na boa. Ainda que ele não tivesse dito nada, nós sabemos há anos disso.
Uma bala perdida é aquela que entra numa janela de um prédio, não importa quantas paredes de barracos ela atravessou até chegar lá. Morar em favela não é esse romance todo que pintam por aí.
Os moradores do asfalto devem pensar antes de acusar os favelados de fazerem as contas do asfalto mais caras porque eles não pagam suas contas, pois os favelados pagam impostos de tudo que compram e esses impostos servem para melhorar a infra-estrutura do asfalto, nunca das favelas.
Do contrário é melhor dar uma carteira de favelado a partir de um cadastro e livrar essas pessoas de todos os impostos que incidem sobre o que consomem.
Por fim, é difícil para todos, inclusive para a imprensa que sabe que não é politicamente correto ir contra os marginalizados oprimidos, mesmo quando eles fazem um monte de besteiras, mesmo nesses casos temos de dizer que se trata de um problema social para não parecer do mal. Mas a imprensa também tem sua responsabilidade histórica nessa glamourização do crime. A mídia sempre romantizou na imagem de bandidos espetaculares como Escadinha, Lício Flávio, só para citar dois.
O crime é mágico, romântico para muitos, inclusive do bicho, das máquinas. As pessoas de bem dizem: “Eles dão o que o Estado não dá”. Essa frase é tão pronta que dá dó de ouvir, afinal, o bandido dá mesmo o quê? Dizem por aí que uma boca de fumo paga a um menor R$ 1,500,00 por semana . Na boa, se fosse até eu ia trabalhar na boca.
É melhor falar o que sabem, ou melhor, dêem espaços para os moradores, mas não para falar de crimes, pois de crime eles estão de saco cheio e sabem que essa desgraça é parte da suas mazelas, que é uma matriz econômica forte da favela …. Xiiiiiiii, fodeu! Falei a palavra chave: economia!
Então, se queremos realmente mexer direito nesse vespeiro, é melhor gerar riqueza na favela, do contrário vamos ficar felizes por morar num país que cresceu e esta em primeiro lugar na economia mundial e só teremos aumentado a distância entre esse Brasil rico e a favela violenta e pobre.
Bom final de domingo a todos.