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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
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Justiça irresponsável, imprensa sensacionalista com vazamento deformado e o incentivo deformante vindos da Lava Jato

29 de Junho de 2015, 9:34, por MariaFrô

É uma operação tal qual o julgamento do mensalão midiática em sua origem e com um único foco: destruir o PT. Mas o que boa parte dos conservadores não percebem é que estão destruindo a política, destruindo a Constituição e elementos basais dos princípios da Justiça, vamos a ele pinçando trechos das pertinentes observações de Janio de Freitas:

1) Um inquérito com segredo de Justiça que desde o princípio só vaza “provas” (e na maioria das vezes fofocas sobre o PT). Exemplo do bilhete de Marcelo Odebrecht: ” Marcelo, quando entregou o bilhete e fez o pedido ao policial, já estava fora da cela e a caminho de encontrar seu defensor. Então por que pediria ao policial que entregasse o bilhete a quem ele mesmo ia encontrar logo?”

2) “É preciso estar muito entregue ao sentimento de vingança para não perceber um certo sadismo na Lava Jato”

3) Prisões sem provas ou culpa comprovada seguidas de insinuações e informações geralmente deturpadas que depois que caem na boca do povo são desmentidas: “Fulano recebeu dinheiro da Odebrecht”. Era dinheiro lícito ou provou-se ser ilícito? É certo que o recebedor sabia da origem, no caso de ilícita?” Nada disso importa, o que importa é o escândalo e se ele mancha o PT. 

4) Pessoas com um mínimo de racionalidade apontam o rol de ilegalidades, alguns empresários tucanos já escreveram textos afirmando ‘nunca se roubou TÃO POUCO como nos governos petistas, o controle é maior, os mecanismos de transparência das contas públicas também. E tanto Justiça como Imprensa sabem disso, mas fingem ignorar: “Nos últimos 60 anos, todos os presidentes tiveram relações próximas com empreiteiros. Alguns destes foram comensais da residência presidencial em diferentes mandatos. Os mesmos e outros viajaram para participar, convidados, de homenagens arranjadas no exterior para presidente brasileiro. Banqueiros e empreiteiros doaram para os institutos de ex-presidentes. Houve mesmo jantares de arrecadação no Alvorada e pagos pelos cofres públicos. Ninguém na Lava Jato sabe disso?”

5) Negar a plena defesa dos acusados, impedindo por vezes comunicação entre o suspeito e sua defesa: “cerceamento do pleno direito de defesa assegurado pela Constituição.”

6) Apreender documentos, milhares deles em escritórios de advogados: 25 mil documentos apreendidos de todos os clientes do escritório de advogacia, expondo todos com ou sem relação com a Lava Jato. “a apreensão de documentos invioláveis, porque seus detentores não são suspeitos de ilicitude, e o exame violador de todos para identificar os desejados. Até documentos secretos de natureza militar, referentes a trabalhos e negócios da Odebrecht na área, podem estar vulneráveis.”

7) Janio não toca neste aspecto, de modo direto, mas o problema central é nos acostumarmos com a barbárie. Como pobre no Brasil não tem acesso à Justiça, aqui a polícia prende, arrebenta e mata nas periferias, a prisão de grandes empresários de colarinho branco (os petistas não servem como exemplo, no fundo no fundo sua origem é na classe operária que nunca teve acesso a Justiça) é sempre vista como Justiça, 

8) Para encerrar a frase lapidar do texto de Janio: “condenar alguém em nome da legalidade e da ética pede, no mínimo, permanentes legalidade e ética. Na “nova Justiça” como reclamado da “velha Justiça””

Jatos que mancham

Janio de Freitas, Folha

28/06/2015 02h00

Como inquérito “sob segredo de Justiça”, a Operação Lava Jato lembra melhor uma agência de propaganda. Ou, em tempos da pedante expressão “crise hídrica”, traz a memória saudosa de uma adutora sem seca.

Em princípio, os vazamentos seriam uma transgressão favorável à opinião pública ansiosa por um sistema policial/judicial sem as impunidades tradicionais. Mas, com o jorro contínuo dos tais vazamentos, nos desvãos do sensacionalismo não cessam os indícios que fazem a “nova Justiça” –a dos juízes e procuradores/promotores da nova geração– um perigo equivalente à velha Justiça acusada de discriminação social e inoperância judicial.

É preciso estar muito entregue ao sentimento de vingança para não perceber um certo sadismo na Lava Jato. O exemplo mais perceptível e menos importante: as prisões nas sextas-feiras, para um fim de semana apenas de expectativa penosa do preso ainda sem culpa comprovada. Depois, a distribuição de insinuações e informações a partir de mera menção por um dos inescrupulosos delatores, do tipo “Fulano recebeu dinheiro da Odebrecht”. Era dinheiro lícito ou provou-se ser ilícito? É certo que o recebedor sabia da origem, no caso de ilícita?

A hipocrisia domina. São milhares os políticos que receberam doações de empreiteiras e bancos desde que, por conveniência dos candidatos e artimanha dos doadores, esse dinheiro pôde se mover, nas eleições, sob o nome de empresas. Nos últimos 60 anos, todos os presidentes tiveram relações próximas com empreiteiros. Alguns destes foram comensais da residência presidencial em diferentes mandatos. Os mesmos e outros viajaram para participar, convidados, de homenagens arranjadas no exterior para presidente brasileiro. Banqueiros e empreiteiros doaram para os institutos de ex-presidentes. Houve mesmo jantares de arrecadação no Alvorada e pagos pelos cofres públicos. Ninguém na Lava Jato sabe disso?

Mas a imprensa é que faz o sensacionalismo. É. Com o vazamento deformado e o incentivo deformante vindos da Lava Jato.

A partir de Juscelino, e incluídos todos os generais-presidentes, só de Itamar Franco e Jânio Quadros nunca se soube que tivessem relações próximas com empreiteiros e banqueiros. A íntima amizade de José Sarney foi mal e muito comentada, sem que ficasse evidenciada, porém, mais do que a relação pessoal. Benefícios recebidos, sob a forma de trabalhos feitos pela Andrade Gutierrez, foram para outros.

Ocorre mesmo, com os vazamentos deformantes, o deslocamento da suspeita. Não importa, no caso, o sentido com que o presidente da Odebrecht usou a palavra “destruir”, referindo-se a um e-mail, em anotação lida e divulgada pela Lava Jato. O episódio foi descrito como um bilhete que Marcelo Odebrecht escreveu com instruções para o seu advogado, e cuja entrega “pediu a um policial” que, no entanto, ao ver a palavra “destruir”, levou o bilhete ao grupo da Lava Jato.

Muito inteligível. Até que alguém, talvez meio distraído, ao contar o episódio acrescentasse que Marcelo, quando entregou o bilhete e fez o pedido ao policial, já estava fora da cela e a caminho de encontrar seu defensor.

Então por que pediria ao policial que entregasse o bilhete a quem ele mesmo ia encontrar logo?

As partes da historinha não convivem bem. Não só entre si. Também com a vedação à interferência na comunicação entre um acusado e seu defensor, considerada cerceamento do pleno direito de defesa assegurado pela Constituição.

Já objeto de providências da OAB, a apreensão de material dos advogados de uma empreiteira, em suas salas na empresa, foi uma transgressão à inviolabilidade legal da advocacia. Com esta explicação da Lava Jato: só os documentos referentes ao tema da Lava Jato seriam recolhidos, mas, dada a dificuldade de selecioná-los na própria empresa, entre 25 mil documentos, foram apreendidos todos para coleta dos desejados e posterior devolução dos demais.

Pior que uma, duas violações: a apreensão de documentos invioláveis, porque seus detentores não são suspeitos de ilicitude, e o exame violador de todos para identificar os desejados. Até documentos secretos de natureza militar, referentes a trabalhos e negócios da Odebrecht na área, podem estar vulneráveis.

Exemplos assim se sucedem. Em descompasso com uma banalidade: condenar alguém em nome da legalidade e da ética pede, no mínimo, permanentes legalidade e ética. Na “nova Justiça” como reclamado da “velha Justiça”

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Lelê Teles: E a liberdade, finalmente, encontrou a Justiça

28 de Junho de 2015, 11:59, por MariaFrô

E A LIBERDADE, FINALMENTE, ENCONTROU A JUSTIÇA

Por Lelê Teles

Pode ter sido apenas um sonho, pensei ao acordar.

Me espreguicei, como fazem os gatos sabiamente, afastei a cortina, abri a janela e pimba…

Lá estava ele, bebendo água do mar, com suas indefectíveis sete cores, em arco, a alegrar minha íris.

Na noite anterior, ao chegar cansado em casa e sem saco para leituras, ouvi de minha filha que nos Esteites – em todo o país, ressaltou – haviam legalizado a união civil entre pessoas, não importando o gênero ou a opção sexual.

Antes de ir pra cama chequei o twitter, era verdade.

Dormi abraçado à hashtag #Lovewon, uma tuitada de Obama. E dormindo, sonhei.

No sonho, a estátua da justiça corria, descalça, em direção a uma ilhota, em câmera lenta. Seu vestido de concreto farfalhava com o movimento, abstrato.

Ela arrancou a venda dos olhos, sacudiu os cabelos ao vento, deixou a balança cair, cravou a espada no solo e saltou, jactante, nos braços da liberdade.

A tocha, na mão da outra, explodiu em fogos e em artifícios. As duas se beijaram, fraternas.

Foi aí que acordei, sobressaltado, e vi o arco-íris no mar.

Há duas décadas ouço, insistentemente, que o casamento é uma instituição falida. O IBGE, a cada pesquisa, constata que o número de separação cresce muito mais que a quantidade de novos matrimônios.

E mais, as pessoas estão se casando cada vez menos. Brasília, por exemplo, é uma cidade de solteiros.

Preste atenção, leitor atento – enquanto devora salgadinhos nas festas alheias – no Brasil inteiro, nos bailes matrimoniais, só as tias velhas é que se acotovelam para pegar o buquê da noiva.

Por isso, irmãos e irmãs, é que as igrejas cristãs, todas elas – com o papo furado de preservar a família – ministram cursos e palestras na tentativa, desesperada, em juntar os cacos das relações despedaçadas.

É uma epidemia. Daqui a pouco inventam o DA, Divorciados Anônimos, “só por hoje não vou me separar”.

É cada vez maior o número de mulheres que criam seus filhos sem a presença do pai biológico. Os homens estão a fugir da responsabilidade de ter um lar, esposa e filhos.

Por outro lado, com a emancipação econômica e laboral, sem a dependência de um homem para se manter, as mulheres se sujeitam cada vez menos às traições descaradas dos maridos, mesmo que as igrejas peçam para que elas os perdoem.

O que explica tanta separação, e a fuga dos buquês, é que o amor deixou de ser o motivo dos casamentos.

Casa-se porque o pai não deixa o genro/noivo comer a filha dele no sofá de casa.

Casa-se porque o véu é um sonho, o vestido de cauda longa é um fetiche, ser o centro das atenções familiares numa igreja é a apoteose.

Casa-se porque a moça é “decente” e de “boa família” ou porque o noivo é rico.

Há aquelas que levam o advogado para a igreja. No altar, na frente do padre, chama o noivo de meu bem. Ao descer as escadas, após o beijo sob o véu, passa a chamá-lo de meus bens.

Salões de beleza, lojas de aluguel de ternos e vestidos, revistas especializadas, igrejas, buffets, casas de eventos… há toda uma indústria a estimular o casamento.

É um negócio. O amor, esse é o ponto, está sempre em terceiro plano.

Pro divórcio é um pulo.

Estou a pensar nisso por causa da tag tuitada por Obama, “o amor venceu”.

Em meio a essa crise de relação, casais de homens e mulheres, no mundo inteiro, lutam pelo direito de viverem legalmente juntos e de poderem, juntos, criar filhos.

Por isso, a vitória do amor.

É uma verdadeira revolução nos costumes. Ao contrário do que dizem uns aloprados nos púlpitos, os casais homoafetivos estão a preservar o casamento e a família.

Estão a querer celebrar o amor juntos, não mais escondidos como se estivessem a fazer algo errado, proibido, sujo e feio.

Querem, as duas mulheres e os dois homens, levar os seus filhos à escola e, os dois, beijarem suas crianças antes destes entrarem portão adentro.

Não se preocupem, pastores e padres, a Bíblia ajuda as crianças a compreenderem este mundo novo. Era assim que Jesus andava no mundo, com dois pais, Deus e José.

Não escondam dos pequenos a passagem em que Jônatas se deita sobre Davi, nus, e se beijam.

Digam a eles a verdade, que Jesus, o Cristo, jamais tocou neste assunto, vocês é que levaram esse papo furado para as igrejas.

Digam às crianças que Adão era filho de pai solteiro e que este infeliz nem mãe teve. Que o amor entre duas pessoas é coisa rara na Bíblia, que ali a safadeza grassa. Quiseram fuder até os anjos que Deus enviou a terra.

Deixem de encher os miolos das pessoas com idiotices.

Saudemos os novos tempos e oh…

Amai-vos uns aos outros, como pregou o Mestre.

palavra da salvação.

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Folha mais uma vez mente sobre Lula

28 de Junho de 2015, 11:31, por MariaFrô

NOTA À IMPRENSA
Do Instituto Lula

“Se Lula quisesse falar com a Folha de S. Paulo, falaria com a Folha de S. Paulo”

São Paulo, 28 de junho de 2015,

Assim como algumas pessoas são maníacas por impetrar Habeas Corpus à revelia e contra a vontade das pessoas, a Folha de S.Paulo tem a estranha mania de sem nenhuma procuração ou comprovação, atribuir declarações ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a partir de fontes anônimas.

O jornal nos procurou na sexta-feira (26) com uma informação incorreta. Respondemos que se tratava de invenção e de que “o ex-presidente repudia e lamenta a reiterada prática do jornal Folha de S. Paulo de lhe atribuir afirmações a partir de supostas fontes anônimas, dando guarida e publicidade a todo o tipo de especulação”. Mesmo assim a matéria foi publicada com destaque na capa.

Na matéria a Folha não coloca a nossa resposta de que se trata de uma invenção, logo, publicamos aqui a troca de e-mails entre a assessoria de imprensa do Instituto Lula e o jornal.

Assessoria de Imprensa do Instituto Lula

mentira

Abaixo resposta para a Folha de S.Paulo:

Cara,
Segue nossa resposta:
Parece que todo o sábado o jornal Folha de S. Paulo reserva espaço para atribuir alguma fala ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Semana passada fizeram isso. Fazem novamente esta semana. O ex-presidente repudia e lamenta a reiterada prática do jornal Folha de S. Paulo de lhe atribuir afirmações a partir de supostas fontes anônimas, dando guarida e publicidade a todo o tipo de especulação. Se o ex-presidente quisesse falar com a Folha de S. Paulo, falaria com a Folha de S. Paulo. Esta afirmação é uma invencionice do jornal ou da sua fonte anônima.

Abaixo o email enviado pela Folha de S.Paulo:

Caros,
Estamos fazendo uma matéria sobre uma conversa do ex-presidente Lula com o ministro do TCU José Múcio Monteiro, em que o ministro falou da possibilidade de o órgão rejeitar as contas de 2014 do governo Dilma. Segundo relatos, Lula disse achar razoável o órgão pedir explicações sobre as chamadas “pedaladas fiscais” e disse que isso “daria um susto” na presidente.
Gostaria de saber se o Instituto Lula quer se posicionar sobre o assunto.

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NÃO É SÓ O CASAMENTO GAY, ESTÚPIDO

28 de Junho de 2015, 10:29, por MariaFrô

NÃO É SÓ O CASAMENTO GAY, ESTÚPIDO

Por: Arnaldo Ferreira Marques em seu Facebook

27/06/2015

Além dos conservadores de sempre, algumas pessoas de esquerda resolveram seguir a velha cartilha homofóbica do socialismo real clássico e engatar um mimimi contra a “maré arco-íris” do facebook, apelando até mesmo contra o “imperialismo dos EUA”.
Não vou relativizar os imperialismos de todos os tempos, nem o fato do incensado (por alguns) Putin ser um homofóbico notório e raivoso. Penso que há algo bem mais importante a discutir.
Há quarenta anos, a esquerda clássica rosnava contra os jovens cabeludos que viravam as costas às grandes indústrias e pregavam uma sociedade confederada de comunidades autossustentáveis. Amor livre e uma certa repulsa ao banho davam o aspecto folclórico ao movimento.
Passaram as décadas e hoje o que pauta a Nova Esquerda, ou esquerda Nova Era, são os valores repaginados desses cabeludos.
Agricultura orgânica de minifúndios, indústrias não poluentes e sustentáveis, cooperativas de produção, de cultura, de ocupação do espaço urbano etc.
Nesta segunda década do século 21, os “cabeludos” da vez são, entre outros, os negros, os indígenas, os gays. Grupos que – com algum folclore e excessos aqui e ali, sim – levantam a questão da pluralidade, da convivência entre os diferentes, a própria essência da democracia como ela deve ser.
Quer ignorar, minimizar ou desprezar a luta dos gays? Vá em frente.
Mas você não está entendendo nada.
Você está “apenas” perdendo o futuro.

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Campanha: Não vou calar! ‘Como podem homens com deus serem tão maus?’

26 de Junho de 2015, 10:47, por MariaFrô

“Não vou calar” é o nome da belíssima campanha do PADE, Projeto Africanidade na Dança e Educação da UFRJ, em favor do respeito à diversidade religiosa, da resistência do povo santo, da resistência da cultura brasileira de matriz africana.

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Para entender o motivo da campanha apresentada no vídeo leia a matéria abaixo.

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Don Orani com Kailane num belo gesto ecumênico e de respeito à diversidade religiosa.

Intolerância religiosa leva menina a ser apedrejada na cabeça

Garota de 11 anos iniciada no Candomblé foi a vítima. Parentes dizem ter sido xingados por grupo evangélico

Por Flávio Araújo, O Dia

16/06/2015 00:25:39 – Atualizada às 16/06/2015 11:47:48

Com apenas 11 anos de idade, K. conheceu a intolerância religiosa na noite de domingo de forma dolorosa. A menina, iniciada no Candomblé há quatro meses, seguia com parentes e irmãos de santo para um centro espiritualista na Vila da Penha, quando foi atingida na cabeça por uma pedra, atirada, segundo testemunhas, por um grupo de evangélicos. Ainda segundo os relatos, momentos antes, eles xingaram os adeptos da religião de matriz africana.

“Eles gritaram: ‘Sai Satanás, queima! Vocês vão para o inferno’. Mas nós não demos importância. Logo depois, o pedregulho atingiu minha neta e, enquanto fomos socorrê-la, eles fugiram em um ônibus”, contou a avó da menina, Kathia Coelho Maria Eduardo, de 53 anos, conhecida na religião como Vó Kathi

O caso foi registrado ontem na 38ª DP (Brás de Pina) como lesão corporal e no artigo 20 da lei 7.716 (praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de religião). A polícia tenta identificar os agressores através de câmeras dos ônibus da região.

K. chegou a desmaiar e, segundo seus parentes, teve dificuldade para lembrar de fatos recentes. “Ela está bem, pois foi socorrida para o hospital e até foi à escola, pois é muito estudiosa. Mas na hora chegou a perder a memória. Que mundo é esse que estamos vivendo? Não se respeita nem criança?”, questionou, ainda indignada, Yara Jambeiro, 49, também integrante do Barracão Inzo Ria Lembáum e uma das responsáveis pela educação religiosa de K.

O caso ganhou repercussão na Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro. Ivanir dos Santos, que preside a comissão, defende a importância da punição aos responsáveis.

“Não se trata de um fato isolado. É assustador uma pedrada em uma criança. Vivemos um momento delicado na questão da intolerância. As investigações precisam chegar aos agressores para que o exemplo não seja de impunidade e que a liberdade religiosa seja reafirmada como está na lei”, avaliou.

Responsável por uma rede social com 50 mil adeptos e que defende a cultura afro-brasileira, Marcelo Dias, o Yangoo, divulgou o caso: “É assombroso”, criticou.

Ialorixá de 90 anos enfartou com ofensas

A denúncia de que uma pedra feriu a menina K., de 11 anos, na noite de domingo, chegou à Comissão de Combate à Intolerância do Rio em meio a reunião na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) em protesto pela morte, no dia 1º , de uma uma ialorixá, de 90 anos de idade, em Camaçari, na Bahia.

Segundo seus parentes e filhos de santo, a religiosa enfartou depois da instalação de um igreja evangélica em frente ao seu terreiro.

Conhecida como Mãe Dede de Iansã, Mildreles Dias Ferreira teria morrido após seguidores da igreja, terem passado uma madrugada inteira em vigília proferindo ofensas em direção à casa de santo.

“A polícia recebeu queixas contra as manifestações em frente ao terreiro antes da morte dela. Fizeram cerimônias em frente à casa de forma acintosa e, em outros casos, há quem macule terreiros, além de outras práticas sistemáticas”, enumerou Ivanir dos Santos, presidente da comissão.

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