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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
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Dilma: O golpe que os inconformados querem cometer é contra o povo

14 de Outubro de 2015, 10:20, por MariaFrô

Tive o privilégio de assistir, ouvir e me surpreender com o mais incisivo discurso da presidenta Dilma durante a cerimônia de abertura do 12º Congresso da CUT. Aliás, todas as falas de ontem foram incisivas e importantes: o presidente da CUT, Vagner Freitas, o ex- presidente do Uruguai e atual senador Pepe Mujica e o ex-presidente Lula. Vale ouvir cada uma dessas falas.

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Do Blog do Planalto
A presidenta Dilma Rousseff fez, na noite da última terça-feira (13), um discurso em defesa da democracia e de seu mandato, e afirmou não temer o golpismo e seus defensores porque lutou a vida inteira pela liberdade. Ela afirmou que, se preciso, irá à luta mais uma vez pela democracia brasileira.

“Eu me insurjo contra o golpismo e suas ações conspiratórias e não temo seus defensores. Pergunto com toda a franqueza: quem tem força moral, reputação ilibada e biografia limpa suficientes para atacar a minha honra?”, questionou ela, na abertura do 12º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (Concut), em São Paulo.

“Nunca me permiti cometer qualquer ilegalidade. Nunca fiz da atividade política e da vida pública meios para obter vantagem pessoal de qualquer tipo”, acrescentou.

Dilma declarou que setores oposicionistas “querem criar uma onda que leve, de qualquer jeito, ao encurtamento do meu mandato, sem fato jurídico, sem qualquer materialidade que me desabone”.

“O que antes era inconformismo, por terem perdido a eleição, agora transformou-se em um claro desejo de retrocesso político, de ruptura institucional”, afirmou a presidenta. “Isso tem nome. É um golpismo escancarado”.

Ela sustentou que a oposição vota contra medidas que aprovou no passado e que espalha ódio e intolerância no Brasil.

“Nessa política de quanto pior melhor, não há nenhum comedimento, nenhum limite, nenhum pudor, porque votam contra o que fizeram quando estavam no poder. Envenenam a população todos os dias nas redes sociais e na mídia”.

Disse ter consciência de que a tentativa de tirá-la do cargo não é um processo apenas contra ela.

“É contra o projeto que fez do Brasil um país que superou a miséria, que elevou milhões de pessoas às classes médias, que construiu um poderoso mercado interno. Esse Brasil que hoje pode se orgulhar de ter a primeira geração de crianças que não conheceu o flagelo da fome, a primeira geração de crianças que teve oportunidade de estudar”.

Dilma garantiu que lutará para defender o mandato e a democracia.

“Sou presidenta porque fui eleita pelo povo, em eleições lícitas. Tenho a legitimidade das urnas, que me protege e a qual tenho o dever de proteger. Sou presidenta para defender a Constituição e a democracia, tão duramente conquistada por nós”.

Ela acrescentou estar pronta para travar lutas civilizatórias, como a luta de gênero e a luta contra o racismo e a intolerância. A presidenta destacou que ainda tem muito para fazer no mandato que lhe foi concedido por 54 milhões de brasileiros, como a implementação do Plano Nacional de Educação e a reforma do sistema de representação política.

“Sou presidenta para dar continuidade ao processo de emancipação do nosso povo da pobreza e da exclusão e para fazer do Brasil uma nação de oportunidades para todas e todos”.

Ressaltou, em seu discurso, a importância da Central Única dos Trabalhadores na batalha em defesa da democracia brasileira e disse que a central e ela seguirão juntos na defesa dos direitos.

“Assim como sempre estive ao lado dos movimentos sociais nestas lutas, sei que a CUT continuará lutando as lutas que nós todos defendemos ao longo da nossa historia, ao meu lado, em defesa da democracia e dos direitos dos brasileiros”.

A presidenta fez menção ao lema do 12º Concut, segundo o qual “direito não se reduz, se amplia”, e afirmou: “Permito-me acrescentar que democracia não se reduz, se amplia”.

“A hora é de arregaçar as mangas e combater o pessimismo e a intriga política. Quem quiser dialogar, construir a paz política, construir o futuro, terá meu governo como parceiro”.

Dilma encerrou seu discurso homenageando o ex-presidente do Uruguai, José Mujica, que passou 13 anos preso antes de chegar ao poder.

“Cito aqui, sobre democracia, as sábias palavras de Don Pepe Mujica. Ele diz: esta democracia não é perfeita porque nós não somos perfeitos. Mas temos de defendê-la para melhorá-la, não para sepultá-la”.

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Você, que por ingenuidade, analfabetismo político ou caradurismo, cunhou; descunhe-se

11 de Outubro de 2015, 19:20, por MariaFrô

POBRES CUNHAS

Por Lelê teles

somos milhões de Cunhas, orgulhava-se uma faixa durante as raves cívicas.

Cunha, como se sabe, é um sobrenome.

sabemos, também, que esses milhares de Cunha autodeclarados naquela faixa não são da família do encrencado parlamentar.

hhmmm. então por que diabos? você se pergunta.

Cunha, filho do homem, nesse caso é uma alcunha, um qualificativo.

e porque queriam ser Cunha aquela multidão de revoltados? ora, porque estavam sobre o torpor da midiotia.

ser Cunha aí era ser contra a corrupção, era ser ético, era ser a favor da família, da heterossexualidade, do mercado, de Deus e do dinheiro.

e, sobretudo, ser contra o PT.

e por que usar o epíteto Cunha assim, metonimicamente?

a mídia explica.

não faz muito tempo, qual o nosso inesquecível Pixuleco, a mídia inflou Cunha, um boneco vivo que cresceu a olhos vistos.

manchetes de jornalões e revistonas alardeavam o seu “súbito poder” aos quatro ventos estocados; que Cunha era um herói, um “sabotador da República”, um homem-bomba, um salvador da pátria, the impeachment man.

certa vez ele fez uma manobra canalha e, à sombra, encaixou um jabuti dando isenção fiscal à igrejas.

os jornalões disseram que ele agiu de forma inteligente, conhecedor profundo da legislação, e blá, blá, blá.

passaram a requalificar suas malandragens, ressignificá-las.

inflavam o boneco.

fariam dele o perfeito boneco de ventríloquo.

seria a voz terceirizada da grande mídia, dos grandes perdedores e do grande capital; a voz do golpe, cheia de verniz e adornada com a cosmética semântica.

para deixar claro que ele crescia como um ícone, João Roberto Marinho, o infante, lhe permitiu uma visita no dia 20 de julho.

ambos tiveram um longo encontro na casa de um amigo comum.

Marinho também se deixou fotografar apertando-lhe a mão no plenário da Câmara, geste artificial, tramado e de forte simbolismo.

esse é o nosso homem, queria dizer.

por isso, os midiotas adotaram Cunha por antonomásia.

Jesus os perdoaria. eles de fato não sabiam o que estavam a fazer, o faziam bovinamente.

algum “ativista” muito ativo e liberal já estava a confeccionar máscaras Cúnhicas para o carnaval.

grana certa.

estavam todos inebriados pela droga que a mídia lhes aplicava homeopaticamente.

a explicação é essa.

os barões da mídia – que falam por ventriloquia – não deram tantas qualidades a Cunha por ingenuidade, mas por esperteza.

todos sabiam que Eduardo chegara ao poder nos braços de PC Farias e já chegou pecefarando.

era uma criatura de submundos, que não andava sob o sol para que ninguém percebesse que era um homem sem sombra.

sua sombra agia pelos subterrâneos da criminalidade, esfregando-se pelas paredes, enquanto sua alma orava, cinicamente, num templo imundo e seu corpo disfarçava purismo e puritanismo para as câmeras e para a Câmara.

enquanto isso, em corpo, sombra e alma, sua esposa e filha flanavam mundo afora, deslumbradas e gastãs, esfregando cartões de crédito em fendas de maquininhas luxuosas.

um vício.

mas aí, da Suíça veio a luz que tirou Cunha das sombras.

e atentai bem, não são ilações de torturados psicologicamente a fazer deduração premiada em uma cela imunda, só na saliva.

agora são documentos, provas físicas, concretas, assinaturas, notas, rastros…

fedeu.

com mil diabos.

agora, não se pode mais cunhar Cunha como uma alcunha qualificativa.

porque Cunha, agora, é pejorativo.

passou de alcunha a vulgo.

você, que por ingenuidade, analfabetismo político ou, mesmo, por caradurismo, cunhou; descunhe-se.

desculpe-se, reconheça, diga a seu cunhado ainda hoje no churrascão dos amigos: cara, cunhei, mas já descunhei, me desculpa.

e lhe dê um abraço.

ele também lhe dirá que caiu na real.

afinal, que raios de Cunha é você aí num churrasco onde cada um traz o que vai beber.

que diabos de Cunha é você, se a sua senhora jamais terá aulas de tênis com o professor da Sharapova?

como Cunha? que Cunha, amigo, se a única Suíça que o senhor conhece é a limonada?

somos milhões de Cunhas, orgulhava-se a faixa durante as raves cívicas.

pobres Cunhas, faltou emendar.

Palavra da salvação.

Leia também:

Cadê a indignação com a corrupção de Cunha dos ‘milhões de Cunha’?

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Cadê a indignação com a corrupção de Cunha dos ‘milhões de Cunha’?

10 de Outubro de 2015, 12:27, por MariaFrô

CUNHA, DO PARLASHOPPING À PAPUDA
Por Lelê Teles

milhões de cunha

agora corta pra mim, aí eu te pergunto:

o que dirão Datena e Rezende sobre esse sujeito? Sheherazade pedirá seu linchamento até a morte em praça pública?

o que dirão Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa, Gandra? todos tão urgentes quando a mídia quer achincalhar um corrupto.

surgirá o centenário Bicudo com um pedido de impedimento no bico?

o ultrajante Roger, o licantropo Lobão e o indefectível Fábio Júnior cantarão em homenagem a Cunha?

o que dirão mervais, jabores, azevedos?

e o nosso histriônico Aécio, porque até agora não pediu uma coletiva para exigir – ele e sua turma de aluísios, sampaios e agripinos – o impedimento do presidente da Câmara?

esses caras, dia e noite, estão na mídia a exigir a saída de uma presidenta sem uma única conta recheada com grana suja no exterior.

por que se calam?

até ontem, Cunha, esse meliante, era o heroi da mídia e dos midiotas.

havia centenas de cartazes com o nome dele nas raves cívicas; quantas vezes ouvimos os midiotas gritarem CUNHA GUERREIRO DO POVO BRASILEIRO?

enquanto isso sua esposa fazia aulas de tênis nos Esteites, pagas com grana suja. veja que coisa chique.

enquanto o cordão de midiotas marchava, nas raves cínicas, exaltando o nome de Cunha, sua filha fazia MBA na Inglaterra, tudo pago com grana surrupiada da Petrobrás.

essa é a família tradicional brasileira.

após depósitos suspeitos em sua conta, Cunha ia à Igreja e dava umas moedas como oferta, depois ia aos microfones pregar contra a corrupção e o gayzismo.

foi ao bom Cunha que o Pequeno Kim, e os retardados online, entregaram um pedido de impeachment fajuto; foi ao lado desse cabra que os retardados online tiraram fotos orgulhosos com o indicador em riste.

achacador-mor, Cunha se orgulhava de ter uma centena de deputados sob o seu capacho, todos comprados – é o que dizem pelos corredores – com a grana preta que pingava no colo de Cunha, oriunda de empresas privadas cheias de boas intenções e patriotismo; só que não.

pegos com a boca na botija, alguns bandidos disseram ter medo de denunciar Cunha, veja que coisa, e que estariam a sofrer ameaças por parte do nobre deputado.

tal é o calibre de sua delinquência.

Cunha, Nardes, Agripino e Aécio eram os maiores entusiastas do impedimento da presidenta; contra a qual, até o momento é bom que se diga, depois de incontáveis esmiuçamentos e escarafunches, nada foi encontrado.

mas os quatro cavaleiros do apocalixo estão todos enrolados, todos com provas documentais e testemunhais.

e todos soltos!

o Ministério Público suíço entregou documentos, incontestáveis, que comprovam a rapinagem do narigudo.

há assinaturas de Cunha comprovando o crime, o cabra usou até passaporte diplomático para abrir contas; o que mais falta pra esse sujeito ganhar uma tornozeleira eletrônica ou o xilindró?

até agora, nada de prisões preventivas.

fosse um petista, Cunha, sua esposa e sua filha, além de um cunhado, um vizinho o cachorro e o jardineiro, estariam todos na Papuda.

enquanto outros meliantes eram espremidos na deduração premiada, para enrolar ainda mais a família, o partido dele e seu mandato.

Cunha foi dedurado por cinco delatores, nada lhe aconteceu.

ele tem cinco inquéritos no STF; por suas estripulias nada republicanas, a PGR já pediu mais de cem anos de cana dura pra ele.

e ele continua livre, leve e solto.

nesse instante, Cunha poderá estar destruindo provas contra si mesmo, silenciando possíveis dedos-duros, ameaçando e achacando, como testemunharam que era sua praxe.

mas cadê a Polícia Federal pulando o muro da casa dele ao raiar da aurora?

quêde CPUs sendo retiradas de escritórios? onde estão as imagens da esposa dele levando um baculejo com as mãos à parede?

em que rede social alguém diz que a filha enriqueceu seu curriculum com grana surrupiada?

ao assistirem atônitos nossa inércia e o caradurismo do meliante engravatado, os suíços devem estar pensando:

mas com mil diabos.

palavra da salvação.

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Lindbergh Farias: No Brasil, como na Alemanha nazista, o mal banalizou-se

7 de Outubro de 2015, 11:44, por MariaFrô

Lindbergh Farias: Mídia e setores irresponsáveis da oposição geraram clima de ódio

“Petista bom é petista morto”. Era o que diziam os panfletos que foram jogados no local onde estava sendo velado o corpo do grande e querido Senador José Eduardo Dutra.

Chocante? Por certo que é algo chocante, que causa profunda indignação em quem tem um mínimo de civilidade. Afinal, uma das características mais marcantes da nossa espécie, o Homo sapiens, é que ela enterra os seus mortos em rituais de despedida. Até mesmo outra espécie do gênero Homo, oNeanderthal, já enterrava cuidadosamente os seus mortos.

Os mortos fazem parte do sagrado, pois eles são a ponte entre esta vida e a outra vida. Assim, o respeito aos mortos é algo universal nas culturas humanas. É a base de todas as religiões. É o que sustenta a ideia de transcendência. Na realidade, é algo essencial para definir nossa natureza humana. Assim, a profanação dos mortos é algo que se considera mais que chocante.

É coisa abominável, coisa que nem os neanterdais do passado faziam. Mas será que é algo surpreendente? Infelizmente acho que, no Brasil doentio e neoudenista de hoje, essas manifestações insanas de ódio político contra o PT e a esquerda em geral tornaram-se corriqueiras, quase banais. Na realidade, não surpreendem mais. São consideradas algo “normal”. A nossa imprensa conservadora e a nossa oposição as tratam como coisas irrelevantes, sem importância.

Recentemente, houve um atentado a bomba contra o Instituto Lula, que mereceu parcas linhas na mídia e comentários jocosos nas redes sociais. Só faltaram dizer: bem feito! Jogaram uma bomba contra o Instituto Lula? Bem feito! Morreu um petista de câncer? Bem feito! Que morram outros.

No Brasil, como na Alemanha nazista, o mal banalizou-se, diria Hannah Arendt. Gente normal, comum, acha aceitável e desejável a violência contra petistas, marxistas, esquerdistas, bolivarianos e outros tais.

Hoje considera-se, em certos círculos insanos, aceitável que petistas, simpatizantes do Governo, representantes de movimentos sociais ou esquerdistas de um modo geral sejam insultados, agredidos em restaurantes, aeroportos, hospitais ou mesmo em velórios.

Há uma escalada extremamente perigosa de ódio político. Em breve, se algo não for feito, se considerará normal agredir fisicamente, ou mesmo assassinar petistas, assim como se considerou normal e desejável, em outros momentos da história, assassinar índios – por exemplo, na grande guerra contra os nativos americanos dos Estados Unidos da América.

A frase que usaram no velório do ex-Senador Dutra deriva da famosa frase do General Philip Sheridan. Em 1869, logo após uma dura batalha, as forças do exército dos EUA derrotaram e aprisionaram o chefe dos comanches, Tosawi. O prisioneiro, querendo impressionar Sheridan, disse: “Sou Tosawi, um bom índio”. Sheridan replicou: “Os únicos bons índios que eu vi estavam mortos”.

Embora Sheridan a tenha renegado, a frase foi registrada por várias fontes confiáveis e, curiosamente, não lhe causou prejuízo algum. Ao contrário, quando morreu, Sheridan tinha o cargo de Comandante em Chefe do Exército, honraria antes atribuída apenas a Washington, Grant e Sherman.

Em 1886, Theodore Roosevelt, que se tornaria presidente dos EUA, afirmou, numa palestra, que embora não fosse tão longe em considerar que todos os índios bons eram os mortos, achava que esse era o caso de 9 entre 10 índios; e que não tinha muita certeza sobre o décimo.

Foi essa a mentalidade que provocou o covarde genocídio dos nativos norte-americanos. Foi essa a mentalidade que, em última instância, criou Auschwitz.

O que torna a violência contra um determinado grupo, político, étnico, religioso ou de orientação sexual algo aceitável? O que torna algo que seria, em princípio, chocante em coisa normal, banal? O que torna a profanação dos mortos algo aceitável?

Numa palavra: ódio. Porque o ódio desumaniza, desumaniza o alvo do ódio e desumaniza aquele que odeia.

Desumaniza até mesmo os mortos. O ódio exige cadáveres insepultos. No genocídio armênio, as autoridades turcas impediam os familiares de enterrarem seus mortos. Era necessário que apodrecessem à vista de todos. Era necessário que seus olhos, as janelas da alma, fossem devorados pelos corvos.

Mas o ódio contra esses grupos não é algo natural, ele não surge por geração espontânea. Como diria Mandela, o ódio é algo que se ensina. Ninguém nasce odiando. O ódio se aprende. E normalmente se aprende com desinformação, com distorção e com mentiras. É necessário desumanizar e demonizar o alvo do ódio para que o ódio seja considerado algo normal e desejável.

Foi necessário se repetir a exaustão que os problemas da Alemanha tinham a sua origem nos “ratos judeus” para que o Holocausto se tornasse palatável. Foi necessário se afirmar repetidamente que os tutsis eram “baratas” para que 800 mil deles fossem abatidos a golpes de facão.

E, no Brasil, quem ensinou e ensina esse ódio insano? Quem tornou possível que algumas pessoas se julgassem no direito de profanar o velório do Dutra? O que vem colocando nosso embate político abaixo do nível dos neandertais, que respeitavam seus mortos? Quais fatores criaram esse vale-tudo que ameaça transformar a nossa democracia num vale-nada?

Não tenho dúvida de que boa parte da nossa mídia e setores irresponsáveis da oposição vêm se encarregando há anos de gerar um clima propício a essa barbárie. A frase absurda dos panfletos já vinha sendo escrita, há tempos, nas mentes dos insanos. Existe, de fato, há muito tempo, uma campanha sórdida, covarde e cínica contra o PT e seus governos. Uma campanha que, baseada nos ensinamentos de Goebbels, repete insistentemente mentiras para torná-las verdades.

Darei um exemplo claro. Há meses que revistas de grande circulação nacional, especialmente a revista Época, vêm publicando reportagens procurando convencer a opinião pública de que Lula teria cometido crimes fazendo lobby para as grandes empreiteiras nacionais.

Esta semana, quando o Ministério Público da Suíça denunciou que o Presidente da Câmara dos Deputados tem dez contas secretas naquele país, o que fizeram essas revistas, em tese dedicadas a bem informar a opinião pública? Voltaram a assestar suas baterias contra Lula. Substituíram a divulgação da corrupção comprovada pela divulgação de crimes fictícios. Misturando meias verdades, informações distorcidas e uma alta dose de imaginação, voltaram a criar uma precária peça de ficção policial travestida de reportagem objetiva e imparcial.

A revista Época, em especial, aposta na paranoia anticomunista e nos preconceitos contra a África para que as suas informações prosaicas e anódinas se convertam numa trama diabólica. Com efeito, essa revista, assim como várias outras no Brasil, navega hoje nas revoltas e obscuras águas do anticomunismo, do “antibolivarianismo” e do antipetismo. Recriaram, em pleno século XXI, o mesmo clima da Guerra Fria que vigorava nos anos 50 e 60 do século passado. É o ódio mais primitivo a tudo o que é de esquerda.

A revista Época está definitivamente fora de época. Aparentemente, está também um pouco fora de si, cega de ódio a Lula e ao PT. É isso o que explica a ignorância abissal sobre o estratégico tema da exportação de serviços.

Queria aqui fazer uma cobrança aberta aos tucanos também. Porque, veja bem, nós estamos em uma escalada. Houve a bomba ao Instituto Lula, houve o episódio do constrangimento que fizeram no aeroporto – um grupo organizado, sabemos quem são as pessoas – a João Pedro Stédile, constrangimentos em locais públicos e esse caso da bomba.

Eu não vi aqui uma declaração de uma Liderança do PSDB condenando o fato de fascistas jogarem panfletos no momento do velório de Eduardo Dutra, dizendo: “Petista bom é petista morto”. Este é o momento, e eu faço este apelo aqui para Liderança do PSDB, de falarem para os seus setores mais raivosos, dizer: “Isso não”. Estão compactuando com práticas fascistas.

Então, eu faço essa provocação porque eu espero, sinceramente, que daqui a pouco, mais tarde, venha alguém aqui dizendo: Olha, nós, do PSDB, nos solidarizamos com o ocorrido no velório do Senador José Eduardo Dutra. É preciso que eles façam isso. É preciso segurar aquela base mais radical, porque são grupos fascistas, não tem outro nome para designar tudo isso.

Eu fico pensando: onde é que nós vamos parar nessa escalada de acirramento da luta política? Pensam os tucanos que vão ficar fora disso, com esse ensinamento ao ódio cotidiano a que nós estamos indo. É algo muito perigoso, é um terreno muito perigoso em que estamos entrando, que todos os democratas tinham que se posicionar, porque daqui a pouco – e nós vamos sempre desestimular – vai haver gente aqui querendo fazer do outro lado, e esse não é o caminho que nós queremos.

Mandela dizia o seguinte: “O ódio é algo que se ensina. Ninguém nasce odiando. O ódio se aprende”.

Esse ódio ao PT, e especialmente a Lula, tem entretanto uma origem: o medo. Eles têm medo dessa liderança. E não é só por causa da sucessão presidencial de 2018. Eles têm medo do que essa liderança é capaz aqui e agora.

Lula é a única liderança política brasileira capaz de catalisar uma oposição efetiva à destruição do modelo nacional e popular que levou cidadania a 40 milhões de brasileiros.
Lula é a única personalidade política que tem carisma e legitimidade para dar limites à voracidade do capital e à restauração do neoliberalismo no Brasil.

Lula é o oposto ao ódio, Lula é a esperança. É necessário matá-la, destruí-la, para que triunfe, definitivamente, o pessimismo e ódio que nos conduzirão ao passado obscuro da desigualdade e da pobreza.

Mas estão mexendo com pólvora. Um povo que perde a sua esperança é um povo que perde a capacidade de perdoar os seus algozes. O povo não odeia, mas não esquece quem lhe fez mal e, sobretudo, não olvida aqueles poucos que por eles lutaram.

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Fátima Oliveira: Honestidade intelectual faz falta para olhar a realidade

6 de Outubro de 2015, 14:10, por MariaFrô

O artigo mais lúcido que li sobre a reforma ministerial.

Honestidade intelectual faz falta para olhar a realidade

Fátima Oliveira*, OTEMPO

06/10/2015

Muito já foi escrito de 2 de outubro para cá sobre a reforma ministerial efetivada pela presidente Dilma Rousseff. E antes também, sobre quem ficaria e quem sairia, referente a ministérios e a quem ocuparia as pastas remanescentes.

Muito choro e ranger de dentes, desesperança e desânimo entre pessoas que apoiam o governo. Li bastante sobre o assunto, declarações favoráveis e desfavoráveis, para embasar a minha opinião na presente tentativa de análise de perdas e ganhos, ainda inicial e sem pretensões de esgotar o tema, que é vasto, complexo e eivado de paixões.

Tentei manter algum distanciamento das áreas nas quais tenho uma história militante: opressão da mulher, opressão racial/étnica e saúde, sobretudo a defesa do SUS – as mais ceifadas, inegavelmente, pela reforma ministerial. Parecia um pesadelo, mas era realidade, e ela se impôs.

A entrega do Ministério da Saúde (de porteira fechada?) a quem nunca deu um prego numa barra de sabão em defesa do SUS, ao contrário, é surreal! Considero fora de propósito e um equívoco ideológico e político a junção da Secretaria da Mulher com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e a Secretaria de Direitos Humanos, configurando o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, que vejo como um ministério mala e, como tal, de pouca serventia, mas ter Nilma Lino como ministra é um alento.

Desanquei o patriarcado, que está vivíssimo e mostrou bem suas garras; o racismo é uma fé bandida e se mostrou de dentes arreganhados; e repeti à exaustão que saúde não é moeda de troca, mas foi, e para mãos não confiáveis! Quer mais? Não vou enumerar tudo para não sangrar mais minhas feridas. Me poupe: “Tire o seu sorriso do caminho/ Que eu quero passar com a minha dor” (“A Flor e o Espinho”, de Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito, Alcides Caminha).

Estou desde sexta-feira passada dando chiliques e pedindo “meus sais”! Maldisse Altamiro Borges, que teve o topete de escrever “Reforma ministerial desanima os golpistas”; maldisse Ricardo Kotscho e seu lúcido “Dilma sai das cordas; oposição apoia Cunha”; e maldisse o editorial do Portal Vermelho, que, com serenidade irritante, diz, sob o título “Reforma ministerial e a nova maioria pelo desenvolvimento”: “A reforma ministerial foi uma importante vitória do governo liderado pela presidente Dilma… Uma reforma da administração e uma recomposição do ministério, dentre outras medidas importantes”.

Um esforço que faço quando estou numa encruzilhada política é ter como guia uma visão panorâmica, no caso a conjuntura brasileira. Para tanto, recorro à metáfora de uma árvore que plantei – ela é minha – numa floresta pegando fogo!

A conjuntura nacional é uma floresta ameaçada pelo fogo, e as minhas áreas de militância são as minhas árvores que estão na floresta ameaçada de virar cinza. Lembrem-se de que, naquela floresta, eu tenho três árvores, a saber: as lutas pelos direitos da mulher, pela igualdade racial e pelo SUS! O que fazer?

É evidente que, se eu desejar preservar tão somente as “minhas árvores”, sem a preocupação de defender toda a floresta, corro o risco de perder as “minhas árvores” e toda a floresta!… De modo que urge que eu tenha honestidade intelectual de ver as “minhas árvores” como parte da floresta que está em chamas.

Maldisse todos que li e que me forçaram a ver a floresta que estava pegando fogo e um incêndio sendo contido. Resta-me o consolo dos versos de Brecht (1898-1956): “Fôssemos infinitos/ Tudo mudaria/ Como somos finitos/ Muito permanece”.

*Fátima Oliveira é médica, e-mail - fatimaoliveira@ig.com.br twitter: @oliveirafatima_

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