Nota desta redação:
Vazamentos de dados são repugnantes em qualquer situação.
Porém, o que espanta é a agilidade da chamada justiça brasileira neste caso: foram tão ágeis na tramitação de um processo de censura, favorecendo os Temer, quanto o são na divulgação ilegal (vazamento) de conversas particulares de Lula, Dilma, D. Marisa e Filhos, de empresários e pessoas comuns.
Por que censurar a divulgação das conversas de Marcela Temer e vazar as conversas de D. Marisa Letícia?
Por que uns se chocam com o vazamento das conversas de uma e defendem vazamentos das conversas de outra?
Quais destas conversas são de interesse público e tem real importância política?
Que se reflita sobre isso!
Do Correio do Brasil
O pedido de censura foi levado à Justiça por advogados de Marcela Temer. A medida foi concedida pelo juiz em caráter de “urgência”. Na decisão, Raposo argumenta que a “inviolabilidade da intimidade de Marcela tem resguardo legal claro”
Por Redação – de Brasília e São Paulo
Apesar da proibição do juiz federal juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, da 21ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, voltaram a vazar informações sobre a invasão de um hacker ao telefone celular de Marcela Temer, mulher do presidente de facto, Michel Temer. O fato ocorreu no ano passado, mas voltou à pauta após a nomeação de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal (STF). Os fatos se interligam.
Marcela Temer teve o telefone celular clonado e foi alvo da chantagem de um hacker, prontamente preso e condenado
O pedido de censura foi levado à Justiça por advogados de Marcela Temer. A medida foi concedida pelo juiz em caráter de “urgência”. Na decisão, Raposo argumenta que a “inviolabilidade da intimidade de Marcela tem resguardo legal claro”, mas não cita conteúdo que envolveria o presidente da República.
A censura, no entanto, fez aumentar a repercussão dos fatos junto aos veículos de comunicação. Fontes da Polícia Federal também informaram à reportagem do Correio do Brasil que este caso poderá ser investigado, a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR)
Em abril do ano passado, à época da invasão do celular de Marcela Temer, quando o marido ainda era vice-presidente, a Polícia Civil de São Paulo suspeitou que se tratava de um crime político. Na época, Alexandre Moraes era o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Ele acompanhou, de perto, as conduziu as investigações.
‘Na lama’
O jornalista Cláudio Humberto, do jornal gratuito Metro, afirmou em sua coluna que os hackers tentaram despistar a real intenção do roubo de informações fazendo ameaças de tornar públicas as trocas de mensagens de Marcela com familiares, além de senhas e fotografias. À época, o diário conservador paulistano Folha de S.Paulo informou que o hacker havia ameaçado Marcela de jogar o nome de Temer “na lama”.
“Pois bem, como achei que esse vídeo (na verdade, um áudio) joga o nome de vosso marido na lama. Quando você disse que ele tem um marqueteiro que faz a parte baixo nível, pensei em ganhar algum com isso”, ameaçou o hacker Silvonei José de Jesus Souza. Ele foi preso em maio e condenado em outubro do ano passado a 5 anos e 10 meses de prisão, em regime fechado, por extorsão e estelionato.
A defesa do presidiário diz que seu cliente não vai falar sobre o episódio porque tentará um habeas corpus, dentro de três meses.
O processo sobre o vazamento de dados do celular de Marcela Temer, no entanto, é mais complexo. Vai além de possíveis fotos pessoais e familiares que existiriam no aparelho. As informações constam do processo de julgamento de Souza e foram divulgadas, inicialmente, na Folha.
Extorsão
O CdB teve acesso ao conteúdo do processo judicial, com mais de mil páginas. Um relatório da Polícia Civil também perdeu o status de segredo de Justiça. O conteúdo do áudio ou os supostos dados íntimos de Marcela Temer, porém, não constam do processo. Nas conversas, Silvonei chantageia Marcela, que reage negando que o registro obtido pelo hacker poderia prejudicá-la: ‘É montagem. É montagem’, repete, nas mensagens trocadas com o hacker.
O chantagista foi condenado a cinco anos e dez meses de prisão por crimes de estelionato e extorsão. Entre o crime, propriamente dito, e a condenação, passaram-se apenas seis meses. Trata-se de um prazo altamente célere, se comparado ao ritmo da Justiça brasileira. O crime foi cometido em abril do ano passado. O julgamento em primeira instância foi concluído em outubro.
A rapidez no esclarecimento desse crime contou com valiosa colaboração da Polícia Civil paulista que, sob a ordem do então secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, montou uma força-tarefa para investigar o delito. Foram cinco delegados e 25 investigadores dedicados, exclusivamente, a este único processo.
Censura
Com o caso rapidamente solucionado, Moraes foi convidado a integrar a equipe de Temer, no Ministério da Justiça. Há uma semana, Moraes recebeu a indicação do chefe a uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os nomes de Temer, Marcela e do irmão dela, Karlo Augusto Araújo, não aparecem no processo a pedido dos advogados do presidente (na época do delito era vice-presidente da presidenta Dilma Rousseff). Estão grafados com os codinomes: Tango, Mike e Kilo, respectivamente. Quando questionado pela Folha de S.Paulo, a Presidência da República informou que a fala do hacker, citada pelo jornal, está “fora de contexto” e teve o objetivo de chantagem e extorsão.
Momentos depois publicada a reportagem, o juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, de Brasília, atendeu ao pedido de Marcela Temer. Ele ordenou que a publicação “se abstenha de dar publicidade a quaisquer dados e informações obtidas no aparelho celular” de Marcela Temer, sob pena de multa diária de R$ 50 mil.
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