Acampamento em Curitiba sofre ataque a tiros na madrugada
28 de Abril de 2018, 10:00Na madrugada deste sábado, 28 de abril, um ataque a tiros no Acampamento Marisa Letícia, que abriga a população em vigília nos arredores da Polícia Federal, em Curitiba, onde Lula está preso, deixou duas pessoas feridas, uma delas atingida no pescoço foi encaminhada para internamento no Hospital do Trabalhador. De acordo com a organização do acampamento, os tiros foram disparados por volta das 4h.
A comunicação do acampamento divulgou que informações de testemunhas são de que havia movimentação de carros passando em frente ao local, rua Padre João Wislinski, 260, no bairro Santa Cândida, desde às duas da madrugada, gritando palavras de ordem a Jair Bolsonaro.
Imagem da roupa utilizada pelo militante ferido, divulgada pela organização do acampamento.
Em nota, a vigília Lula Livre e as diversas organizações que a integram, repudiaram o ataque a tiros e denunciam o caráter de tentativa de homicídio “motivada pelo ódio e provocação de quem não aceita que a vigília é pacífica, alcança três semanas e vai receber um Primeiro de Maio com presença massiva em Curitiba”.
Queima de pneus denuncia atentado a tiros contra acampamento ocorrido na madrugada deste sábado, 28 de abril. Foto: Neudicleia de Oliveira/Brasil de Fato.
No início da manhã, os acampados trancaram uma das ruas do bairro Santa Cândida, por onde circulavam os carros que partiram os tiros, para denunciar à população o atentado.
Rua João Dembinski foi fechada por manifestantes na manhã deste sábado, 28 de abril. Foto: Neudicleia de Oliveira/Brasil de Fato
Após a queima de pneus, as lideranças do Acampamento Marisa Letícia se reuniram com os militantes acampados para buscar encaminhamentos e cobrar investigação das autoridades sobre o ataque.
Militantes retornaram ao acampamento após manifestação. Foto: Neudicleia de Oliveira/Brasil de Fato
O militante ferido é Jeferson Lima de Menezes, de São Paulo, que foi atingido à bala no momento em que formava a equipe de segurança do acampamento, que é feita por sistema de revesamento pelos próprios militantes acampados.
Polícia esteve no local realizando perícia. Foto: Neudicleia de Oliveira/Brasil de Fato. Segunda vítima ferida é uma mulher que foi atingida por estilhaços de bala que perfuraram banheiros químicos. Foto: Gibran Mendes.
Confira Nota Oficial da Vigília Lula Livre:
A vigília Lula Livre e as diversas organizações que a integram repudiam de forma veemente o ataque a tiros contra o acampamento Marisa Letícia, ocorrido na madrugada de hoje (28) e que resultou em duas pessoas feridas, uma delas de forma grave, com um tiro no pescoço.
A sorte de não ter havido vítimas fatais não diminui o fato da tentativa de homicídio, motivada pelo ódio e provocação de quem não aceita que a vigília é pacífica, alcança três semanas e vai receber um Primeiro de Maio com presença massiva em Curitiba. Não nos intimidarão!
No fundo, é uma crônica anunciada. Desde o dia quando houve a mudança de local de acampamento (17), cumprindo demanda judicial, integrantes do movimento social haviam sido atacados na região. Desde aquele momento, a coordenação da vigília já exigia policiamento e apoio de viaturas, como foi inclusive sinalizado nos acordos para mudança no local do acampamento.
“Nós desmanchamos o acampamento cumprindo ordem oficial. Fizemos a opção de ir para um terreno e seria garantida a segurança. Agora o que cobramos da Secretaria de Segurança Pública é investigação, que identifique o atirador”, enfatiza Dr Rosinha, presidente do PT estadual e integrante da coordenação da vigília.
Seguiremos com nossas atividades, lutas, programação e debates da vigília. A cada dia vai se tornando cada vez mais impressionante como, mesmo preso, a figura do ex-presidente Lula, a força moral que ganha, as denúncias contra a injustiça de sua prisão, tudo isso causa desespero nos seus algozes.
Por isso, estamos no caminho certo e venceremos! Em repúdio contra a violência, realizamos o trancamento da rua na região e seguiremos lutando.
Convocamos a sociedade e as pessoas que prezam pela democracia, pelo livre direito à expressão, pela diversidade de vozes na política, que somem-se a nós na vigília. Não aceitaremos tentativas de retrocesso que já nos custaram muitas lutas e vidas.
Vigília Lula Livre, 28 de abril de 2018.
Por Paula Zarth Padilha
Foto/destaque: Barack Fernandes/Contag
Terra Sem Males
Desemprego cresce novamente e atinge 13,1%: as panelas silenciam
28 de Abril de 2018, 9:49
O desemprego aumentou mais uma vez no país. Neste primeiro trimestre de 2018, a taxa de desocupados chegou a 13,1%, segundo pesquisa do IBGE divulgada nesta sexta (27). A tendência é de piora e agravantes como a reforma trabalhista, falta de investimentos públicos pelo governo nos setores sociais e as incessantes tentativas de privatização da Petrobras e Eletrobrás barram qualquer possibilidade de melhora na taxa de desemprego.
Nesta sexta-feira (27), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou mais um número preocupante. A taxa de desemprego no Brasil alcançou 13,1% no primeiro trimestre de 2018, isso significa a soma de mais 1,4 milhão de pessoas no contingente de desempregados.
O aumento foi de 1,3 ponto percentual entre o último trimestre de 2017 (dezembro) e os primeiros três meses deste ano. Enquanto isso, o número de trabalhadores com carteira assinada caiu 1,2% frente ao trimestre anterior, uma redução de 408 mil pessoas e o número de trabalhadores com carteira atingiu menor nível da série histórica, iniciada em 2012.
De acordo com o economista Roberto Piscitelli, da Universidade de Brasília (UnB), fatores como o baixo investimento no país e as tentativas de privatização da Eletrobrás e Petrobras influenciam o mercado de trabalho e, consequentemente, a queda do emprego formal.
Segundo o economista, os níveis de investimentos estão muito baixos, e não só dos investimentos privados, mas principalmente dos públicos. Para ele, o investimento do governo é indispensável para que o setor privado vá atrás do Estado e invista, o que não está acontecendo.
“Quando o governo anuncia esses programas de privatização da Petrobras e Eletrobrás, duas empresas chaves dentro do aparato governamental e que são fundamentais na definição de políticas públicas, ele não está impulsionando [a economia e o mercado]. E sem esse impulso, sem uma alavancagem governamental, o setor privado não irá fazer novos investimentos e dificilmente o empresário vai sair na frente e gerar novos empregos”, explicou o professor em entrevista ao Portal Vermelho.
Piscitelli disse ainda que o número de funcionários públicos no Brasil é pequeno se comparado com países mais desenvolvidos, como a França:
"Gosto de assinalar que ao contrário do que se pensa, em outras economias desenvolvidas, a participação dos empregados do setor público é bem maior. Se somar todos os trabalhadores empregados do setor público no Brasil, eles representam apenas 1/8 de todos trabalhadores que é menos do que em países como a França e do que a média dos países europeus. Portanto é um dos grandes mitos desse país dizer que existem muitos empregados do setor público".
As demissões também devem ser intensificadas com a privatização das estatais e com a paralização de investimentos após a aprovação da Emenda Constitucional 95 que congela os investimentos por 20 anos. Sem a geração de novos postos, o brasileiro fica desempregado e desprotegido por falta de políticas sociais.
Trabalho informal
Ainda segundo o IBGE, também teve queda de 1,5% (493 mil) de pessoas com carteira assinada na comparação com o mesmo período de 2017.
“O que se observou nos últimos tempos foi o aumento no número de trabalhadores por conta própria, mas isso não aconteceu porque temos um grande número de empreendedores individuais, aconteceu porque as pessoas fazem qualquer coisa para sobreviver. Elas se ‘penduram’ onde é possível, já que o emprego é mais importante para a sobrevivência delas do que eventualmente o nível de remuneração ou as garantias que um emprego formal poderia oferecer”, falou Piscitelli.
“Então, esse 'por conta própria' é aquele que realmente perdeu o emprego, não encontra colocação e tem trabalhos mais precários e de pouca remuneração. E, além de tudo, ao perderem o emprego informal, eles não têm nenhuma proteção social. Quer dizer, são candidatos a indigência ou a assistência social. Esse é um grande problema e a tendência é de aumento do emprego informal”.
Questionado sobre a reforma trabalhista, o professor foi enfático e disse ser inegável o agravamento desse quadro com a reforma trabalhista. Ou seja, piora de um cenário de queda do emprego com carteira assinada e um aumento de trabalhos informais.
Política
O economista afirmou ainda que o discurso do governo de que houve uma recuperação muito lenta é muito “fajuto”. Porque embora exista toda uma propaganda oficial, da retomada do crescimento, essas falas têm a ver com uma tentativa de propaganda eleitoral do governo e do próprio ex-ministro da Fazenda [Henrique Meirelles].
No ano passado Meirelles afirmou que a “nova lei trabalhista” deveria gerar mais de 6 milhões de empregos no país. Enquanto isso, o saldo do início da reforma foi exposto pelo IBGE: a terceira alta trimestral seguida e o menor número de trabalhadores com carteira assinada desde 2012 e a expectativa é de piora desse quadro.
Para FAO, bioeconomia pode alimentar o mundo e salvar o planeta
27 de Abril de 2018, 13:07Casca de abacaxi pode ser transformada em embalagem biodegradável – Foto: Ezequiel Becerra/FAO
Transformar casca de abacaxi em embalagem ou usar casca de batata como combustível pode parecer improvável mas estas inovações ganham força quando fica claro que uma economia baseada no cultivo e no uso de biomassa pode ajudar a combater a poluição e as mudanças climáticas. A afirmação foi feita pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) durante a Cúpula Global de Bioeconomia de 2018, em Berlim, na Alemanha.
“Uma bioeconomia sustentável, que utiliza biomassa – materiais orgânicos, como plantas e animais – em oposição aos recursos fósseis para produzir bens materiais e alimentos, é fundamental para a natureza e para as pessoas que cuidam e produzem biomassa”, disse Maria Helena Semedo, diretora-geral adjunta da FAO para Clima e Recursos Naturais. Ela explicou que isto envolve agricultores familiares, silvicultores e pescadores, que também “possuem conhecimentos importantes sobre como gerir recursos naturais de forma sustentável”.
A diretora da FAO destacou que a agência trabalha com Estados membros e outros parceiros nos setores convencionais da bioeconomia – agricultura, silvicultura e pesca – e também com tecnologias relevantes, como biotecnologia e tecnologias de informação, para atender os setores agrícolas.
“Precisamos promover esforços coordenados internacionalmente e garantir o engajamento de múltiplas partes interessadas nos níveis local, nacional e global”, disse ela, observando que são necessárias metas concretas, meios para cumpri-las e maneiras econômicas de medir o progresso.
Para ela, como a inovação desempenha um papel fundamental na bioindústria, todo o conhecimento – tradicional e novo – deve ser igualmente compartilhado e apoiado.
Alimentando o mundo, salvando o planeta
Embora haja alimento suficiente sendo produzido para alimentar o planeta inteiro, estimativas mostram que cerca de 815 milhões de pessoas ainda sofrem de subnutrição crônica devido à falta de acesso à comida.
“A bioeconomia e o rendimento gerado com a venda de bio-produtos tornam os alimentos mais acessíveis”, pontuou Maria Helena.
Ela também observou que a bioeconomia tem potencial para contribuir na questão das mudanças climáticas, mas fez um alerta contra a simplificação: “Só porque um produto é bio não significa que seja bom para as mudanças climáticas; tudo depende de como é produzido e, em particular, a quantidade ou tipo de energia utilizada no processo”.
Em média, 1% mais rico concentra 24% da renda no Brasil desde 1926
27 de Abril de 2018, 13:07O Brasil passou por importantes mudanças estruturais desde a metade dos anos 1920, tornando-se predominantemente urbano. No entanto, desigualdades sociais permaneceram. Foto: EBC
Em média, a renda do 1% mais rico da população brasileira foi equivalente a 24% da renda total do país no período de 1926 a 2015, o que representa o dobro da concentração observada na maioria dos países do mundo, de acordo com estudo publicado na quarta-feira (25) pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (IPC-IG/PNUD).
O estudo “Uma história de desigualdade: as maiores rendas no Brasil, 1926-2015”, do pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Pedro Ferreira de Souza, mostrou que apesar de mudanças estruturais, como o fato de o país ter se tornado predominantemente urbano a partir da metade dos anos 1920, de o Produto Interno Bruto (PIB) per capita ter se multiplicado por 12 e os níveis educacionais terem melhorado significativamente, a concentração de renda no topo da pirâmide manteve-se alta.
De acordo com a pesquisa, feita com base em dados do Imposto de Renda, a fração da renda recebida pelos mais ricos evoluiu em ondas, frequentemente flutuando entre 20% e 25% dependendo de mudanças institucionais e políticas.
“A concentração no topo aumentou durante a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas (1937-1945) e esmaeceu quando as condições excepcionais da Segunda Guerra Mundial passaram”, segundo a publicação.
Outro pico de concentração ocorreu durante os anos após o Golpe Militar de 1964, quando a ditadura reprimiu a esquerda e instituiu uma série de reformas favoráveis à acumulação de capital. “As fatias recebidas pelos ricos diminuíram no fim dos anos 1970, mas cresceram novamente nos anos 1980, quando a situação política que levou à redemocratização resultou em uma inflação galopante”, salientou o pesquisador. Ele afirmou que a estabilização macroeconômica de 1994 parece ter tido algum um efeito nivelador de renda, mas a concentração no topo não se alterou desde então.
Os resultados da pesquisa a partir de dados tributários indicam que a concentração de renda permaneceu alta inclusive depois dos anos 2000. Estudos anteriores, que só levavam em conta dados de pesquisas domiciliares, haviam indicado uma redução da desigualdade a partir daquele ano. No entanto, essas pesquisas não auferiram os ganhos de capital dos mais ricos, mais bem capturados pelas declarações de Imposto de Renda.
“‘Dar com uma mão e tomar com a outra’ é prática comum nos Estados modernos. Por exemplo, a recente expansão do Estado de bem-estar social no Brasil foi financiada principalmente por tributação indireta, que é muitas vezes regressiva, e as transferências mais redistributivas — como o Programa Bolsa Família — são mínimas comparadas aos incentivos fiscais e créditos subsidiados conferidos às grandes empresas”, disse o pesquisador no estudo.
Clique aqui para acessar o estudo completo (em inglês).
O rock progressivo do Som Nosso de Cada Dia está de volta
27 de Abril de 2018, 13:07
No fim dos anos 60 e início dos anos 70 do século passado, bandas como Yes, Emerson, Lake & Palmer, Pink Floyd, King Crimson, Genesis e outras deram vida nova ao rock, com músicas melódica e harmonicamente mais elaboradas, letras que saíam do lugar comum do "I love you, baby" e abordavam temas complexos, além de contarem com virtuoses em suas formações. Na falta de algo melhor, esse tipo de rock ficou conhecido como "progressivo".
O Brasil não ficou de fora desse movimento. Várias bandas incorporaram a novidade e acrescentaram uma boa dose de técnica e criatividade ao seu cardápio.
Um dos grupos mais emblemáticos do rock progressivo nacional foi o formado em 1972 por Pedro Baldanza, o Pedrão (baixo, viola e vocal), Pedrinho Batera (bateria e vocal) e o ex-Incríveis Manito (teclados, sax, flauta e violino), batizada de Som Nosso de Cada Dia, que lançou em 1974 o LP "Snegs", um dos melhores discos brasileiros do gênero.
Em 1977, eles saíram com o álbum “Som Nosso”, que trouxe no lado A ("Sábado") funk e soul e no Lado B ("Domingo") rock progressivo. Mesmo com a boa repercussão do disco, o grupo acabou se dissolvendo em 1978.
Em 1994 houve o ensaio de um retorno, com a gravação do disco "Live’94", mas com a morte inesperada e prematura de Pedrinho Batera no ano seguinte, o grupo resolveu parar mais uma vez. Em 2004, houve nova reunião para uma série de apresentações que foram até o ano de 2010, quando se agravou a doença que levou Manito a falecer, em 2011.
Nesses 46 anos de existência, o grupo passou por diversas formações, caminhos musicais e poéticos distintos, sendo descoberto e redescoberto, geração após geração. No dia 5 de maio, o público vai poder comprovar se a banda passou mesmo pelo teste do tempo, no show programado para começar às 20 horas no Teatro Municipal João Caetano, em Niterói. A promessa é recriar o lendário álbum "Snegs" - uma tarefa e tanto.
Os ingressos podem ser comprados em www.ingressorapido.com.br/event/6476/d/27135 .
O Som Nosso de Cada Dia volta à ativa sob a batuta de um de seus fundadores, Pedro Baldanza, que terá a companhia de Pedro Calasso (Projeto Preto Véio), percussão e vocal, Marcello Schevano (Casa das Maquinas/Golpe de Estado/Carro Bomba), guitarra e vocal, Fernando Cardoso (Violeta de Outono), teclados, e Edson Ghilardi (Terreno Baldio) na bateria.
O show é resultado da jovem parceria entre a produtora Vértice Cultural, a Rádio Beprog, a Masque Records e a Moshi Moshi Produtora, abrindo uma importante ponte aérea Rio-SP de rock progressivo.
O retorno à carreira artística deve mesmo ser para valer, já que a banda prepara um novo disco, só com músicas inéditas, para ser lançado no segundo semestre deste ano.
Se ele trouxer apenas uma pequena parcela da competência musical da banda em seus primórdios, o rock nacional ficará muito agradecido.
A boçalidade triunfante no pós-golpe
24 de Abril de 2018, 8:3023 de abril de 2018, uma segunda-feira qualquer.
Leio os jornais, abro o computador, procuro algum assunto que me desperte interesse e mereça ser comentado, não encontro nada digno de registro.
Olho para a folhinha e me dou conta do tempo que passou correndo, ninguém sabe para onde.
Está fazendo dois anos que um impeachment malaco trocou o governo do país sem consultar o eleitorado.
Está fazendo 16 dias que Lula se encontra incomunicável numa cela solitária em Curitiba.
Nesse meio tempo, depois de tudo o que aconteceu, o que fica é uma imensa sensação de vazio, de falta de futuro.
Raiva, tristeza, indignação, impotência, revolta, inconformismo, os sentimentos foram se misturando e, no fim, não sobrou nada.
Tudo isso para quê? O que sobrou desta corrida maluca num trem fantasma desgovernado rumo ao passado?
O novo governo já acabou e só faltam cinco meses e meio para a nova eleição presidencial, agora liderada pelo candidato “Ninguém” (a soma dos que declararam votar em branco, nulo ou em nenhum dos nomes apresentados pelo último Datafolha).
Diante da boçalidade triunfante dos patos de camisas amarelas, vivemos a normalidade da anomia social e a naturalidade do que é anormal.
Os idiotas e medíocres deixaram a modéstia de lado e assumiram o papel de protagonistas nos grupos das redes sociais.
Nas ruas, reina o silêncio, não há nenhum sinal de que estamos em pleno ano eleitoral.
Já temos quase 20 pré-candidatos e, no entanto, ainda não apareceu nenhum candidato que encarne alguma esperança de que algo possa mudar com a eleição de outubro.
A campanha eleitoral se desenvolve nas sombras, com alianças sendo costuradas pelos velhos caciques de sempre em busca do “novo” para engabelar a galera lavajatista.
Num cenário em que os mais de 30 partidos políticos foram dizimados, o Judiciário assumiu os três poderes e dá as cartas.
Grupos isolados discutem o que fazer para ressuscitar o Congresso Nacional, uma batalha inglória diante das regras do jogo criadas pelos atuais donos do poder para continuar onde estão.
A chamada sociedade civil desapareceu do mapa, não há mais lideranças nem interlocutores confiáveis com alguma ideia boa e nova na cabeça sobre o que fazer com o que sobrou.
Discutem-se apenas nomes na caça do “menos pior”, não há nenhum debate sobre os grandes problemas nacionais, ninguém mais discute um projeto nacional.
Bastaram dois anos para jogar o Brasil novamente na vala comum dos países irrelevantes no cenário mundial.
Já se esgotaram todas as mágicas e jogadas de marketing, o desemprego não cede, a economia regurgita, não há mais grana para comprar votos e aprovar reformas, o rombo fiscal só aumenta.
Daqui a pouco, não haverá mais o que vender na bacia das almas do grande leilão das riquezas naturais que são finitas.
Ao próximo presidente, seja quem for, vai caber apenas administrar a massa falida.
E qual é a saída?, poderá me perguntar quem leu até aqui este breve inventário da situação nacional.
Com a Constituição em frangalhos, apenas 30 anos após a sua promulgação, só nos restaria começar tudo de novo.
Como? Para começar, pela convocação de uma nova Assembléia Nacional Constituinte.
Mas quem vai convocá-la? O novo presidente ou o novo Congresso que terá, tudo indica, a mesma cara do velho? E quem vai integrá-la?
Se alguém tiver as respostas, agradeço muito.
Por enquanto, é o que temos nesta segunda-feira, lamento muito constatar.
Vida que segue.
Dupla paraibana vai do baião ao soul em CD de estreia
21 de Abril de 2018, 14:09
A MPB ganha sotaque paraibano com o lançamento do disco "Nesse Trem", do Som D’Luna, formado pelos gêmeos Vitor e Diogo Luna. De João Pessoa, os irmãos gêmeos, que decidiram caminhar juntos pela música, lançam o seu primeiro CD gravado em estúdio, totalmente autoral, com composições que vão desde o baião ao soul/funk.
Com 11 faixas e produzido no estúdio Gota Sonora, em João Pessoa, o "Nesse Trem" carrega uma variedade de estilos diferentes, conectados por timbres, histórias, texturas e arranjos. Um disco que guarda os olhares dos gêmeos sobre a vida, sobre os amores, as paixões que os fazem vibrar e acordar dispostos, sobre enxergar com esperança cada recorte das horas.
“Esse disco é uma tentativa de escancarar uma relação entre nós e as sonoridades que nos fizeram chegar a decisão da música”, dizem. “Dormimos e acordamos pensando em dividir aquilo que amamos fazer e achamos que não tem algo que descreva melhor esse momento do que uma incessante busca de sempre fazer música com o coração, fazer esse trabalho com toda entrega possível.”
Sob direção geral do paulista Jader Finamore (os Fulano), mixagem de Renato Oliveira e arranjos de Vitor Luna e Diogo Luna, Jader Finamore e Ítalo Viana (baixista), o disco foi finalizado junto a uma campanha bem-sucedida de financiamento coletivo. Ainda fazem parte do disco os bateristas Thiago Jorge, Herbert José e Gilson Machado, os tecladistas Uaná Barreto e Renato Oliveira, o percussionista paulista Luccas Martins (Serelepe), além do saxofonista Joab Andrade, o trompetista Emanoel Barros, o trombonista Sabiano Araújo, o violoncelista Tom Drummond, o flautista Renan Rezende e o clarinetista Thompson Moura. Violões e guitarras são por conta dos irmãos gêmeos.
Nascidos e residindo em João Pessoa (Paraíba), os irmãos começaram sua história profissionalmente com apresentações em bares locais, casamentos, recepções e festas fechadas. Com o tempo, um repertório autoral ganhou corpo e, em 2013, uma nova percepção sobre o mercado se consolidou buscando novos caminhos, que vieram em seguida, em 2014, com uma apresentação na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, e logo depois, a pedido de um produtor musical, um período em Portugal, onde realizaram apresentações em diversas casas, inclusive na Avenida da Liberdade, a principal de Lisboa.
De volta ao Brasil, gravaram em home studio e de forma independente o EP “Secura”, formado por 7 faixas autorais e executadas de forma acústica, basicamente vozes, violões e, em algumas canções, percussão. O EP foi importante para os irmãos se tornarem conhecidos na cidade, com músicas tocando em diversas rádios locais e virtuais, com destaque para o single “Mais Ninguém”, gravado depois da estreia do disco, atingindo uma divulgação inesperada na programação diária das emissoras e redes sociais.
Onde ouvir
Youtube
https://www.youtube.com/watch?v=XHoO1QzEQWQ&list=PLouDNR7V98FIcx9PKvS2g2wbLgjhTywvz
Spotify
https://open.spotify.com/artist/4aEdUmMWyf5gu6Zw58Z96M?si=R6sfOaMlRCCRiI_KrImWfg
Deezer
https://www.deezer.com/en/artist/14480423
Imusic
https://itunes.apple.com/br/album/nesse-trem/1367777775
Download completo
www.somdluna.com.br
O Brasil não é para principiantes
21 de Abril de 2018, 14:09
Por Rita Mota Sousa, Magistrada do Ministério Público Português
De tanto ouvir dizer que Lula da Silva tinha sido condenado sem provas decidir ler a sentença.
A lei brasileira ensombra o julgamento imparcial pois permite que Sérgio Moro seja o juiz na instrução e no julgamento. A falta de distanciamento mostra-se na sentença de Moro, sendo vários os momentos em que se diz "ofendido" com a defesa, ou se refere a "interferências inapropriadas do defensor", denotando ânimo e falta de distanciamento indesejáveis num juiz.
A decisão de Moro suscita várias perplexidades. A mais notável é porque não estão claramente identificados os factos provados. Toda a decisão é uma redonda motivação. Lula desconhece rigorosamente as circunstâncias em que lhe dizem que praticou o crime. É ler para crer.
Outra perplexidade: as notícias da Globo são consideradas matéria probatória. Aliás, dão-se por provados factos noticiados pela Globo - sem qualquer confirmação da sua veracidade, e só porque foram noticiados pela Globo. No ponto 376 diz-se: "Releva destacar que, no ano seguinte à transferência do empreendimento imobiliário para a OAS Empreendimentos, o Jornal O Globo, publicou matéria da jornalista Tatiana Farah, mais especificamente em 10/03/2010, com atualização em 01/11/2011, com o seguinte título "Caso Bancoop: tríplex do casal Lula está atrasado (...)". E no ponto seguinte: "a matéria em questão é bastante relevante do ponto de vista probatório".
Notícias da Globo são convocadas noutros pontos da sentença como determinantes para prova da propriedade do apartamento, sedo-lhes mesmo atribuído o valor de documentos.
Isto não é de somenos, se pensarmos que se trata de um dos jornais mais lidos no Brasil. Ora, Sérgio Moro atribuiu grande peso ao facto de funcionários do prédio, sem nunca justificarem porquê, terem declarado que viam em Lula o proprietário do apartamento. Impor-se-ia ao julgador perguntar se não poderia ser assim em virtude das sucessivas notícias da Globo que repetidamente o afirmaram.
Um outro eixo central da condenação são as mensagens transcritas.
As duas primeiras conversas são de fevereiro de 2014. A primeira decorreu entre Léo Pinheiro e Paulo Gordilho, respetivamente o empreiteiro e o engenheiro da OAS e ambos arguidos:
Paulo Gordilho: "O projeto da cozinha do chefe tá pronto se marcar com a Madame pode ser a hora que quiser".
Léo Pinheiro: "Amanhã as 19h. Vou confirmar. Seria bom tb ver se o de Guarujá está pronto".
Paulo Gordilho: "Guarujá também está pronto".
Léo Pinheiro: "Em princípio amanhã as 19h".
Paulo Gordilho: "Léo. Está confirmado? Vamos sair de onde a que horas?".
Léo Pinheiro: "O Fábio ligou desmarcando. Em princípio será as 14h na segunda. Estou vendo. Pois vou para o Uruguai"
Paulo Gordilho:" Fico no aguardo. Leo Pinheiro: OK" .
A segunda decorreu entre pessoa não identificada e Leo Pinheiro:
- Ok. Vamos começar qdo. Vamos abrir 2 centro de custos: 1.º zeca pagodinho (sítio) 2.º zeca pagodinho (Praia)
-Ok.
- É isto, vamos sim.
- Dr. Léo o Fernando Bittar aprovou junto a dama os projetos tanto de Guarujá como do sítio. Só a cozinha Kitchens completa pediram 149 mil ainda sem negociação. Posso começar na semana que vem. E isto mesmo?
- Manda bala.
- Ok vou mandar.
- Ok. Os centros de custos já lhe passei?
- Conversando com Joilson ele criou 2 centros na investimentos. 1. Sítio 2. Praia. A equipe vem de SSA são pessoas de confiança que fazem reformas na oas. Ficou resolvido eles ficarem no sítio morando. A dama me pediu isto para não ficarem na cidade.
- Ok.
A terceira mensagem é de agosto de 2014, e foi trocada entre o empreiteiro e um executivo da OAS:
Marcos Ramalho: "Dr. Léo. A previsão de pouso será por volta das 9.40, alguma orientação quanto ao horário do compromisso. Obs.: Reinaldo acredita que chegará no local que o Senhor indicado por volta das 10.30".
Leo Pinheiro: "Avisa para a Cláudia (sec) do nosso Amigo para que o encontro passe para as 10.30 no mesmo local".
Marcos Ramalho: "Ok. Leo Pinheiro: Avisou?".
Marcos Ramalho: "Falei com Priscila. Ela tentou transferir no celular de Claudia, mas ela está no banho e ficou de me ligar em 15 minutos. Pelo horário ela já deve está me ligando. Aviso o Senhor assim que falar com ela".
Leo Pinheiro: "É urgente".
Marcos Ramalho: "Dr. Léo. Alterado para 10.30. Falei com Claudia e agora falei o Fábio (filho)".
Marcos Ramalho: "Dr. Léo. Segue o celular de Dr. Fábio. 04111999739606".
Leo Pinheiro:" Avisa para o Dr. Paulo Gordilho".
Marcos Ramalho: "Acabei de avisar Dr. Paulo Gordilho".
Marcos Ramalho: "Dr. Léo, Dra. Lara só pode atender o senhor as 14.30. Deixei confirmado e fiquei de dar OK pra ela assim que falasse com o Senhor".
O teor das mensagens é simplesmente anódino. A segunda delas será a mais comprometedora. Mas Sérgio Moro não explica por que razão conclui que Lula da Silva é "zeca pagodinho", limitando-se a concluir que é assim. De todo o modo, estas mensagens não são suficientes para se concluir que o apartamento foi oferecido a Lula da Silva, que nem sequer intervém em nenhuma daquelas comunicações.
O elemento de prova crucial foi o depoimento de Léo Pinheiro, que aceitou colaborar com a investigação para ter a sua pena reduzida. Fê-lo perante a perspectivava de passar, pelo menos, mais 26 anos preso.
Este arguido foi detido pela primeira vez em novembro de 2014. Em junho de 2016, já em prisão domiciliária, dispôs-se à colaboração premiada. Esta disponibilidade é contemporânea com a sua primeira condenação, por sinal ditada por Moro, em 16 anos e 4 meses de prisão efetiva. A proposta de colaboração foi rejeitada.
Em setembro de 2016, Sérgio Moro ordena a prisão carcerária de Léo Pinheiro, que entretanto também vira a sua pena agravada para nada menos do que 26 anos de prisão. Em abril de 2017 Léo Pinheiro muda de advogados e propõe nova colaboração, desta vez confessando ter oferecido a Lula da Silva o apartamento tríplex. A proposta de colaboração foi, então, aceite.
Atualmente, e ainda sem qualquer acordo de colaboração premiada concluído, a pena de Léo Pinheiro no processo Lula passou de 10 anos a 3 anos de prisão - em regime semi-aberto e grande parte da qual já cumprida. A colaboração trouxe-lhe enorme benefício, sendo a diferença entre passar o resto da sua vida preso ou apenas uma pequena parte. Quando o prémio é desta grandeza será muito tentador contar o que a acusação quer ouvir. O julgador não pode deixar de ter presente esta lei da vida.
Em termos de documentos, a prova queda-se com a cópia carbono de "Proposta de adesão sujeita à aprovação" assinada por D. Marisa em 12/04/2005 relativamente à aquisição do apartamento 174 (o "apartamento tipo"); e com o original daquele documento, que foi rasurado para o numero 141 (correspondente ao tríplex), ambos apreendidos em casa de Lula.
Entre 2009 e 2014 o apartamento foi visitado duas vezes pela família de Lula de Silva, que não acompanhou os trabalhos de remodelação. Não será plausível que as remodelações tenham sido feitas para seduzir o ex-presidente à aquisição do imóvel? Na altura, Lula era uma figura de prestígio mundial, cuja presença garantiria valor não só ao imóvel, mas até a toda a área. Por outro lado, não sendo Lula, em 2014, presidente do Brasil, por que razão haveria o empreiteiro de se sentir obrigado a remodelar-lhe o apartamento?
Tenho para mim que Sérgio Moro levou o conceito de prova indiciária demasiado longe. Nenhuma das provas é suficientemente consistente e conclusiva. Não afirmo a inocência de Lula. Mas entendo que a sua culpa não ficou suficientemente demonstrada para a condenação. E, tal como muitas vezes se repete pelos tribunais, melhor fora um culpado em liberdade do que um inocente preso.
Fonte: Jornal de Notícias, Portugal
Morre, aos 86, Paul Singer, metalúrgico, sindicalista, economista e fundador do PT
16 de Abril de 2018, 23:21Referência intelectual e moral da esquerda, Singer estava internado no Hospital Sírio-Libanês
Foto: Antonio Cruz/ ABR - Agência Brasil
Morreu nesta segunda-feira (16), aos 86 anos, o economista Paul Singer. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês desde a madrugada desta segunda e teve septicemia.
Singer era um dos integrantes do grupo que fundou o Partido dos Trabalhadores (PT) em 10 de fevereiro de 1980.
Nascido na Áustria, Singer veio para o Brasil com a família ainda pequeno, fugindo do regime nazista.
Na juventude atuou como metalúrgico e liderou a histórica greve dos 300 mil em São Paulo em 1953.
Em 1960 iniciou a carreira como professor na USP.
Publicou mais de 25 livros sobre temas como desenvolvimento econômico, classe operária e socialismo.
O economista, um dos pouquíssimos brasileiros que realmente conheciam a obra de Karl Marx, foi um dos responsáveis pela formulação de um programa de desenvolvimento que prestigia a distribuição de renda como motor da economia — um dos ideais pregados pelo PT.
Singer era um dos melhores exemplos daquilo que Antonio Gramsci definia como Intelectual Orgânico.
Paul Singer é pai do cientista político André, da jornalista Suzana e da socióloga Helena. Era viúvo da socióloga Melanie Berezovsky Singer, falecida em 12 de janeiro de 2012.
Em tempo: Tive o prazer de conhecer Paul Singer em 1986 quando organizei, junto com os companheiros do DACO (Diretório Acadêmico 14 de Outubro), o trote cultural para os calouros do IMES daquele ano. A palestra de Singer aconteceu dias depois da decretação do plano Cruzado. Até os professores de economia do IMES, alguns deles de direita, prestigiaram a palestra do ilustre companheiro economista.
Declaração do Presidente da Rússia, Vladimir Putin
14 de Abril de 2018, 10:55
Em 14 de abril, os Estados Unidos, apoiados por seus aliados, lançaram um ataque aéreo contra alvos militares e civis na República Árabe Síria. Um ato de agressão contra um estado soberano que está na linha de frente na luta contra o terrorismo foi cometido sem um mandato do Conselho de Segurança da ONU e em violação da Carta da ONU e das normas e princípios do direito internacional.
Assim como há um ano, quando a Base Aérea Shayrat na Síria foi atacada, os EUA usaram como pretexto um ataque químico encenado contra civis, desta vez em Douma, um subúrbio de Damasco. Tendo visitado o local do pretenso ataque químico, os especialistas militares russos não encontraram vestígios de cloro ou de qualquer outro agente tóxico. Nenhum residente local foi capaz de confirmar que um ataque químico havia realmente ocorrido.
A Organização para a Proibição de Armas Químicas enviou seus especialistas para a Síria, a fim de investigar todas as circunstâncias. No entanto, em um sinal de desdém cínico, um grupo de países ocidentais decidiu tomar medidas militares sem esperar pelos resultados da investigação.
A Rússia condena nos termos mais fortes o ataque contra a Síria, onde militares russos estão ajudando o governo legítimo em seus esforços de contraterrorismo.
Através de suas ações, os EUA tornam ainda pior a situação humanitária já catastrófica na Síria e traz sofrimento aos civis. Na verdade, os EUA oferecem aos terroristas que atormentam o povo sírio há sete anos, levando a uma onda de refugiados que fogem do país e da região.
A atual escalada em torno da Síria é destrutiva para todo o sistema de relações internacionais. A história vai acertar as coisas, e Washington já tem a pesada responsabilidade pela indignação sangrenta na Iugoslávia, no Iraque e na Líbia.
A Rússia convocará uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para discutir as ações agressivas dos EUA e seus aliados.
Fonte: http://kremlin.ru/events/president/news/57257 (em russo) e http://en.kremlin.ru/events/president/news/57257 (em inglês)