A tentativa desesperada da Veja de mudar os rumos do processo eleitoral: suas inconsistências e os interesses que a movem
Por Ignacio Delgado, especial para o Maria Frô
24/10/2014
Preso há três meses,o doleiro Alberto Youssef teria declarado, segundo a revista Veja, exatamente três dias antes das eleições, em depoimento à Polícia Federal, que Lula e Dilma sabiam do esquema de corrupção da Petrobrás. Seu advogado, o insuspeito Antonio Figueiredo Basto, de íntimas ligações com Beto Richa, governador do Paraná, do PSDB, diz desconhecer o depoimento (http://www.infomoney.com.br/petrobras/noticia/3654700/advogado-diz-estar-perplexo-desconhecer-depoimento-yousseff-sobre-lula-dilma ; http://mudamais.com/divulgue-verdade/advogado-desconhece-declaracao-de-yousseff-sobre-dilma-e-alerta-para-especulacao ; http://www.viomundo.com.br/denuncias/altamiro-borges-advogado-de-doleiro-delator-e-proximo-de-beto-richa-governador-psdb.html)
Não é tudo muito estranho? A CPI da Petrobrás e a própria empresa não conseguem acesso aos depoimentos de delação premiada, mas a Veja sim? Como? Como o advogado do doleiro poderia desconhecer estes fatos, considerada as condições de confidencialidade que envolvem a relação entre advogado e cliente? Como um doleiro, cujas atividades são conhecidas desde 1998, no caso do Banco do Estado do Paraná (BANESTADO), condenado em 2004, teria acesso ao Palácio do Planalto? (http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2014/09/youssef-e-condenado-quatro-anos-de-prisao-pelo-caso-banestado.html)
Só a ingenuidade e a má fé poderiam atribuir credibilidade ao factoide da Veja, um veículo que se tornou a maior vergonha da mídia brasileira, por isto justamente motivo de chacota (http://mudamais.com/divulgue-verdade/desesperodaveja-se-torna-piada-nas-redes-sociais). Divulgada após o anúncio de pesquisas eleitorais que sinalizam para a vitória de Dilma, trata-se de mais um dos golpes que esta revista perpetra contra o jornalismo honesto, com finalidades puramente eleitorais.Provavelmente a reportagem será repercutida no Jornal Nacional, numa dobradinha repetida há anos e testemunhada por jornalistas que deixaram a Globo, para ser explorada até domingo com a finalidade de manipular a vontade do eleitor (http://www.viomundo.com.br/denuncias/como-funciona-venda-casada-entre-revista-veja-e-o-jornal-nacional.html).
É preciso muito discernimento nesta reta final. A grande mídia brasileira tem uma disposição definida de desestabilizar os governos de Lula e Dilma. A ex-presidente da Associação Nacional de Jornais, Maria Judith Brito (2009-2012), assinalava em 2010 que “os meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada” (http://selito-sd.blogspot.com.br/2010/04/maria-judith-brito-e-tambem-presidente.html. Acesso em março 2013.)
Um importante estudo acadêmico já revelara as razões de tal disposição: a ligação umbilical da mídia com a capital financeiro, que deu suporte às políticas neoliberais da década de 1990, de abertura comercial e desmonte da estrutura e da ação do Estado (Fonseca, F. O consenso forjado: a grande imprensa e a formação da Agenda Ultraliberal no Brasil. São Paulo: Hucitec, 2005). Com Dilma, a indisposição dos bancos e do capital especulativo com o governo chegou ao paroxismo, quando o Banco do Brasil e a Caixa passaram a reduzir seus juros para forçar os bancos privados a fazerem o mesmo. A partir deste momento, publicações como o The Economist e o Financial Times, representantes da banca internacional, colocaram Dilma em sua mira com reportagens diversas contra o Brasil, repercutidas e acompanhadas pela mídia nativa. Trata-se de uma grande orquestração contra os interesses do país, que tem o capital financeiro e os especuladores como núcleo irradiador.
Não custa lembrar que a organização Repórteres sem Fronteiras apontou o Brasil como o país dos 30 Berlusconis, em virtude da monumental concentração da mídia, dominada por algumas poucas famílias (http://es.rsf.org/bresil-o-pais-dos-trinta-berlusconis-os-24-01-2013,43939.html). Além das razões expostas acima, tais grupos acentuaram sua indisposição com Lula porque seu governo descentralizou as propagandas oficiais, dirigindo-as a veículos regionais e municipais, de modo a tentar reduzir a concentração econômica do setor(http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/o-balanco-dos-governos-lula).
No caso da Veja, há, além disto, interesses mais diretos em sua fúria com os governos de Lula e Dilma. Tal como outros veículos da mídia, a Veja tem sido aquinhoada com generosos contratos com o governo de São Paulo. Todavia, a Editora Abril, dona da Veja, recebe a parte de leão em contratos de fornecimento de material didático, feitos sem licitação(http://namarianews.blogspot.com.br/2014/10/reproduzo-aqui-nova-entrevista-do_3.html ;http://www.blogdacidadania.com.br/2012/04/abril-recebeu-52-milhoes-do-governo-de-sp-e-implica-com-blogs/). Em dificuldades financeiras, por conta de seu perda de credibilidade e do declínio geral da imprensa escrita decorrente da afirmação da Internet, a Editora Abril mira na ascensão dos tucanos ao governo federal sua tábua de salvação, para obter nacionalmente, a doação que recebe em São Paulo, às custas de uma docilidade imensa com os governos e casos de corrupção dos tucanos e uma fúria desmedida contra o PT (http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-balanco-da-editora-abril ; http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/147492/Em-crise-Abril-contrata-novo-presidente.htm)
Abra o olho. Não se deixe enganar.
*Ignacio Godinho Delgado
Universidade Federal de Juiz de Fora – Laboratório de História Política e Social (LAHPS)
Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT-PPED)
The post A tentativa desesperada da Veja de mudar os rumos do processo eleitoral appeared first on MariaFrô.
0sem comentários ainda
Por favor digite as duas palavras abaixo