Convivi com Genoíno como pai, pois fui professora de seu filho no sexto e sétimo ano, ele prestigiava as apresentações das crianças. Sempre morou no mesmo lugar, rodeado por livros. Passei longos anos sem encontrá-lo, até que fui buscar minha amiga Débora Cruz na residência dele meses atrás.
Foto: Débora Cruz
Sua disciplina é algo impressionante. Rara.
Ele estava abatido mas não havia perdido a sua verve e me disse algo mais ou menos assim “Descobri que há um esforço público por destruir reputações, mas a solidariedade é privada” enquanto lia para mim uma carta de uma amigo que preferiu não tornar pública a solidariedade prestada. Pois, Genoino, minha solidariedade a você é pública, admiro sua história na luta contra a ditadura militar e acho que você tem direito a um julgamento justo e à ampla defesa, o que foi negado a você pelo STF.
De uma coisa tenho certeza, Genoíno que foi torturado pela ditadura militar e nunca enriqueceu com a política será absolvido pela História, o mesmo não posso garantir de quem o condenou sem direito a uma defesa ampla e por meio de um julgamento espetacularizado.
Reproduzo sua nota, publicada ontem.
Aonde for e quando for defenderei minha trajetória de luta permanente por um Brasil mais justo, democrático e soberano
Com indignação, cumpro as decisões do STF e reitero que sou inocente, não tendo praticado nenhum crime. Fui condenado porque estava exercendo a presidência do PT. Do que me acusam, não existem provas. O empréstimo que avalizei foi registrado e quitado.
Fui condenado previamente numa operação midiática inédita na história do Brasil. E me julgaram num processo marcado por injustiças e desrespeito às regras do Estado democrático de direito.
Por tudo isso, considero-me preso político.Aonde for e quando for defenderei minha trajetória de luta permanente por um Brasil mais justo, democrático e soberano.
José Genoino
Abaixo a nota assinada pelo presidente do PT na tarde de hoje:
Nota assinada pelo presidente Rui Falcão sobre as decisões do STF a respeito da Ação Penal 470
Do site do Partido dos Trabalhadores
15/11/13 – 16h15A determinação do STF para a execução imediata das penas de companheiros condenados na Ação Penal 470, antes mesmo que seus recursos (embargos infringentes) tenham sido julgados, constitui casuísmo jurídico e fere o princípio da ampla defesa.
Embora caiba aos companheiros acatar a decisão, o PT reafirma a posição anteriormente manifestada em nota da Comissão Executiva Nacional, em novembro de 2012, que considerou o julgamento injusto, nitidamente político, e alheio a provas dos autos. Com a mesma postura equilibrada e serena do momento do início do julgamento, o PT reitera sua convicção de que nenhum de nossos filiados comprou votos no Congresso Nacional, nem tampouco houve pagamento de mesada a parlamentares. Reafirmamos, também, que não houve da parte dos petistas condenados, utilização de recursos públicos, nem apropriação privada e pessoal para enriquecimento.
Expressamos novamente nossa solidariedade aos companheiros injustiçados e conclamamos nossa militância a mobilizar-se contra as tentativas de criminalização do PT.
Rui Falcão
Presidente Nacional do PT
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