As redes estão uma delícia, a quantidade de memes e tumblr que surgiram para tirar onda da elite vira-latas são fabulosos, vejam este tumblr, por exemplo: Baronesa do Café. Entenda a razão deste tumblr aqui.
Eu gostaria de publicar todos os textos que trataram do ato de selvageria deste elite ignara, sem capital cultural, que o dinheiro não conseguiu comprar civilidade, educação, refinamento, que não consegue tirá-la da redoma da vida fútil em que vive e aceitar e contribuir para o crescimento do país.
Sei que estou pedindo muito, afinal a nossa elite é herdeira da escravidão, para ela a inclusão de mais de 50 milhões de brasileiros ao mercado de consumo nos últimos doze anos é um acinte.
Esta elite vira-latas se indigna até mesmo com a ida de jovens negros aos shoppings - seus templos de marcas- , usam marcas escravistas em suas camisetas, enfim, é um desperdício tentar convencê-la de que embora era tenha um imenso complexo de colonizado, ela nunca chegará à elite que ela tanto almeja e que sempre tentou imitar desde o século XVIII.
O futuro desta elite é a chacota dos cidadãos que não permitirão que este país dê um passo atrás em suas conquistas cidadãs.
A direita tomou no c…
Marcelo Carneiro da Cunha*, Sul 21
16/06/2014
Fato é que, noves fora tudo, a Copa está sendo uma beldade. As redes sociais, que não nos deixam mentir sem estatísticas, já migraram fortemente de uns 68% de comentários negativos há dez dias para algo como 70% positivos nesse final de semana. Isso se chama mood, em bom português, e só militante do PSTU sofrendo de azia não reconhece que o mood, ora vejam, mudou.
Nenhum aeroporto sucumbiu diante das hordas de torcedores, que se tenha notícia, e os gramados vocês têm visto em HD. Uma beleza, não é mesmo?
E, na contramão de tudo isso, caros leitores, a direita mostrou a cara feia a bexigosa, e o povo viu.
Durante o jogo de abertura, em um momento em que o país se apresentava diante do mundo, e fazendo bonito no conjunto da obra, uma gangue formada por representantes do que existe de mais arcaico no andar de cima da sociedade brasileira usou de palavras inaceitáveis contra a presidente Dilma.
A vaia já teria sido desagradável, e provavelmente injusta. Mas ela pertence à tradição iconoclasta da cultura brasileira. Não gostamos de ídolos, ou gostamos, desde a gente possa maltratá-los livremente.
Já o festival de insultos com que a direita brindou a Presidente da República, foi uma demonstração de explícita de selvageria e desrespeito não apenas a ela, mas ao país. Não se trata a Presidência da República como se lixo fosse, a não ser que a gente a veja como tal. Essa gente, vê assim.
A direita brasileira posa de boazinha. Ela é o sinhô que se acha bom por distribuir sobras, desde que pagas pelo erário. Ela se imagina como a nata de um líquido que não é leite, mesmo que branco, a prova de que somos chiques, mesmo nos trópicos e apesar do povo mestiço que precisam tolerar, ou não teriam quem fizesse o trabalho pesado, deus no salve.
Ela finge que tolera, mas intolera pelos poros. Ela detesta ver um Lula sendo celebrado como estadista. Ela detesta estar nessa posição de coadjuvante, mesmo ganhando os tubos. Se a direita não podia com Lula, achou que podia com Dilma. E ali, em pleno Itaquerão ela se mostrou pra valer, se divertiu, se lambuzou.
E, estimados leitores, essa direita pode ter virado o jogo contra ela, em um belo caso de tiro no pé, coisa de quem não entende o que acontece, mesmo que possa comprar muitas das coisas que não entende.
Até então a narrativa estava na mão deles, desde que a perdemos em 2013. Os protestos contra tudo, nas mãos da imprensa e de um setor que ainda consegue construir narrativa, viraram um protesto contra a Copa e contra o PT.
A direita vive de tentar provar que é uma queridinha, uma tia-avó daquelas com bigode e hábitos exóticos, mas incapaz de maldade. Aquilo que se viu no estádio foi pura maldade. Foi fel escorrendo pelos beiços, foi ódio. De classe.
Se alguém odeia nesse país, é a direita, e ela deixou isso claro.
O povo pode ver ali a sua representante eleita sendo vítima de ódio, de uma classe que ofende por se sentir ofendida com a presença de uma mulher como a Dilma no posto que é deles, por direito divino.
Agora é a nossa vez. A narrativa voltou para o nosso lado, e mantê-la aqui é uma questão de competência. Lula já percebeu, e os movimentos vão começar logo, observem.
A direita é o que é, e sua política de massas cabe em uma Kombi. A convenção do PSDB que decretou Aécio o novo ungido teve que trazer militante pago, como sempre. Cravar uma cunha entre esse movimento sem povo e o povo é algo que depende, apenas, da nossa competência.
A Copa mal começou e lá fora já começam a dizer que é a melhor Copa de todos os tempos. Isso não quer dizer que, subitamente, CBF, governos e o Fortunati passaram a dar certo. Mas simplesmente o reconhecimento de que o Brasil já tinha infraestutura pra dar conta de um evento desses, por não sermos a África do Sul, e que em termos de cultura futebolística somos potência, e não colônia. Jogos aqui estão envolvidos em uma das grandes molduras do mundo, em todos os sentidos, algo que até os centroavantes já perceberam.
A direita mostrou as garras, e elas assustaram a quem até agora estava assim, meio sem saber o que achar. A partir desse momento, é impossível não ver, e cabe a nós simplesmente garantir que isso seja visto.
Cabe agora não dar a eles o espaço que cederam pela própria burrice e selvageria. Deixar claro que aquilo não foi um deslize, mas uma revelação. A direita é horrível, e ela deixou que sua feiura se mostrasse. Isso deve ser mais do que o suficiente para colocar as coisas em seus respectivos lugares, e lembrar a todos que defeitos são parte do negócio, mas existe o que está acima do defeito, e que se chama de alma. Nós temos uma, e isso, caros e estimados leitores, faz toda, mas toda a diferença.
Uma boa Copa a todos, e vamos em frente.*Marcelo Carneiro da Cunha é escritor.
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