O vídeo abaixo tem pipocado na Internet com a interpretação de que Lula renegou seus companheiros de vida política. E o Jornal da Cultura tucanamente insistiu no erro.
Um amigo querido, Carlos Faraco, com formação linguística, autor de livros didáticos de Língua Portuguesa e Gramática, fez análise de discurso pra desconstruir a narrativa caluniosa e de má-fé sobre a fala de Lula. Reproduzo sua análise e informo, ele não é eleitor do PT:
Por Carlos Faraco, via mail
Quem ouve com a mínima atenção, observa que ele não renega coisa alguma.
O ex-presidente apenas afasta da conversa (“não se trata de gente da minha confiança”) o dado “gente da minha confiança”, que não cabia no desenvolvimento do raciocínio que ele estava para concluir e que a entrevistadora interrompeu.
Como aconteceu no dia a dia com todos nós em nossa comunicação, por exemplo:
“– Paulo, no seu testamento você não pode se esquecer de colocar seu filho único, que….”
– Não, não. “Não se trata” de meu filho único, trata-se de pensar na divisão correta dos bens.”
Obviamente, no exemplo anterior não se pode afirmar que o pai rejeitou o filho ou vai tirá-lo do testamento. Ele apenas quis dizer que para o raciocínio dele não importava esse dado. Fim.
Foi nessa dinâmica argumentativa, sem sombra de dúvida, que Lula fala “não se trata de gente da minha confiança”.
A interpretação pretendida, para incriminar Lula, neste caso está completamente fora de cogitação. As ilações sobre o caráter dele, construídas a partir dessa interpretação enviesada, são gratuitas e não deveriam se compartilhadas, porque são injustas.
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