Eu gostaria de saber se esses quatro senhores tristes convencem alguém além da direita convertida.
Um programa de pavões: quem entrevista e é entrevistado se exibe em frente ou atrás das câmaras para o próprio umbigo.
Manhattan desconectada da realidade
Por Arnaldo Ferreira Marques em seu FACEBOOK
O programa da Globo News ‘Manhattan Connection’ exibido no dia 05.01 é um exemplo do que vem ocorrendo com a mídia e parte dos “formadores de opinião” nos últimos anos.
Além de todos os bordões simplórios de que “o liberalismo salva e o socialismo destrói”, aplicados à Europa, aos EUA, à América Latina e até ao papa Francisco, nota-se entre o quarteto politizado do MC uma enorme voracidade em unir nas mesmas frases as palavras ‘petistas’, ‘Lula’, ‘Dilma’ e ‘corrupção’.
Chegou-se ao ponto de se falar do Mensalão (petista, claro) nesse programa, pleno janeiro de 2014, momento em que não há qualquer notícia nova que justifique pautar o tema mais do que frio. Mesmo assim usaram um pretexto sem graça e pautaram.
Mas, ora, há seríssimas denúncias de corrupção contra o governo FHC e o PSDB goiano, mineiro e recentemente paulista, e nunca, eu disse NUNCA o programa toca no assunto. NUNCA. Nem antes nem agora.
A ironia ácida de Caio Blinder e Diogo Mainardi nunca aponta para os tucanos. Nunca.
Interessante que a tática não é negar cada ponto levantado nas denúncias, apresentando documentos etc. Não. A tática é fingir que não há nada. Silenciar. Pautar qualquer outra coisa, nem que seja uma exposição de cactos no Jardim Botânico do Bronx. Qualquer coisa menos a Privataria Tucana ou o Propinoduto do Metrô paulista.
Neste ponto, o Manhattan Connection serve de exemplo em pequeno da postura da grande mídia brasileira, Folha, Abril e Globo à frente.
Por que denúncia de corrupção só vale se for contra petista?
Ora, a questão é muito clara. Trata-se de um jogo de faz de conta.
Na realidade, a mídia oposicionista considera a corrupção como algo inerente à política brasileira, à Carta “populista” de 1988, e deve morrer de pena por FHC ter “sido forçado” a comprar a emenda da reeleição em 1997. Tadinho.
A mídia oposicionista deve estar preparada para ver (e encobrir) os tucanos praticarem corrupção pesada em um futuro governo federal. Afinal, como evitar isso no Brasil? Collor quis cantar de galo, e deu no que deu…
No fundo, os grandes grupos jornalísticos defendem mesmo é a “causa” (no caso, neoliberal) – ou seja, praticam exatamente o que atacam na esquerda (que os fins justificam os meios).
Para a mídia, os tucanos têm salvo-conduto porque defendem a “causa”, isto é: darão um jeito de reduzir os salários, deixarão o grande capital internacional fazer a festa no país, extinguirão a maior parte dos direitos trabalhistas e privatizarão as últimas estatais (BB, Caixa e, claro, Petrobras), além de liberar a joia da coroa, o Pré-Sal. É isso que importa. É só isso que realmente importa. Eles não estão nem aí com a corrupção tucana. Se os tucanos se comprometerem a defender e pôr em prática a “causa”, está tudo certo.
O PT, de sua parte, está longe de ter implementado um governo radical: não estatizou nada, deixou os bancos lucrarem como nunca, não restringiu os empréstimos do BNDES às empresas nacionais, não radicalizou nas reformas agrária e urbana etc. etc..
Mas, apesar disso, o PT não defende nem pratica a “causa”, e por isso a mídia entende que ele deve ser neutralizado e derrotado. Para isso vale levantar a bandeira (na prática irrelevante para a própria mídia oposicionista) da corrupção.
É por isso que denúncia contra petista é escândalo nacional repetido mil vezes e denúncia contra tucano… não é nada (que denúncia mesmo?).
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