Na disputa eleitoral para o governo do estado do Rio de Janeiro, o candidato Pezão veicula uma peça de rádio que promove o preconceito contra os brasileiros oriundos da região Nordeste.
Pezão foi vice-governador de Sérgio Cabral e assumiu o governo do estado do Rio de Janeiro em abril deste ano quando Cabral saiu para concorrer ao Senado (candidatura naufragada por sua imensa impopularidade, após seu governo reprimir violentamente as manifestações das #jornadasdejunho).
Parece que fazer campanha limpa não é um das qualidades do candidato Pezão. Já em 2013, a Justiça Eleitoral o puniu por fazer propaganda eleitoral antecipada.
Agora, na peça veiculada nas rádios (você pode ouvir aqui), um ator com sotaque estereotipado encena uma imitação do candidato Lindberg num comício. Com sotaque travestido de ‘nordestino’, destes veiculados em programas preconceituosos de humor, o locutor diz que um tal candidato que fala em mudanças e se diz preocupado com os mais pobres, vive surfando no Leblon. Pezão se apropria de um projeto petista como a construção das UPAS como se fosse o criador delas. No meio do discurso fictício, um suposto eleitor faz uma pergunta para contradizer o discurso do candidato que imita Lindberg, como se o candidato petista já tivesse governado o Rio antes, como fez Pezão, vice de Cabral e governador após a sua renúncia ao governo do Estado. É uma campanha despolitizadora e preconceituosa.
Sotaques num território continental e com a riqueza linguística de nosso país são muito diversos. São diferentes não apenas entre os estados brasileiros das diferentes regiões, mas dentro das diferentes regiões e até mesmo dentro dos estados: um santista não fala como um campineiro ou um paulistano e todos são paulistas.
O nordestino como um ser sem diferenças só existe na cabeça dos que não nasceram em um dos 9 estados da região Nordeste: há imensas diferenças entre os baianos de Salvador e os de Riachão de Jacuípe, entre os cearenses nascidos em Fortaleza ou no Cariri e entre esses e um recifense ou um pernambucano de Petrolina.
A região Centro-Sul do Brasil recebeu levas consideráveis de brasileiros desde a década de 1950, ampliando na década de 1960 e chegando ao auge na década de 1970. É algo repugnante ver um candidato acionar o imaginário preconceituoso e excludente da sociedade, contribuindo pra acirrar preconceitos no ataque de um adversário.
Candidatos disputando o cargo do governo de um estado com forte presença de descendentes nordestinos deveriam ser os primeiros a repudirar preconceitos e não a reforçá-los.
No debate entre os candidatos ao governo fluminense da TV Bandeirantes, o senador Crivella trouxe a discussão à tona, se solidarizoue com Lindberg e repudiou a peça preconceituosa do adversário Pezão. Crivella se declarou descendente de nordestinos.
Lindberg, respondeu a questão de Crivella informando que tinha muito orgulho de ter nascido na Paraíba e que lamentava uma campanha tão suja que desqualifica todos os nordestinos ao criar uma paródia usando um sotaque do que Pezão considera ‘nordestino’.
Lindberg argumenta: A propaganda é um desrespeito a milhões de nordestinos que trabalham e constroem o Rio de Janeiro. Mas não é só isso senador Crivella, o senhor está sendo vítima como eu de uma campanha sórdida de telefonemas, de uma central telefônica que fez milhões de ligações criminosas pra me difamar e difamar o senhor. E é a mesma empresa que atuou em Itaboraí para ajudar o deputado Eduardo Cunha, ligado ao candidato Pezão.
Crivella comenta a fala de Lindberg dizendo: Nós nunca, no estado do Rio de Janeiro, seremos capazes de pagar o capital humano que recebemos do Nordeste. Meu nome é Bezerra Crivella, meu avô foi retirante. Não há uma obra de construção civil, não há um empreendimento de grande vulto que não tenha o suor, sangue e possivelmente as lágrimas de muitos nordestinos. Temos uma dívida histórica com os nordestinos.
Por sua vez, Lindberg aconselha Pezão a se pronunciar não apenas sobre sua campanha preconceituosa contra os nordestinos nas rádios, mas sobre a ação que já está no TRE que trata dos milhões de telefonemas difamadores. Ao final, Lindberg associa a candidatura de Garotinho e Pezão, aliados de Cabral como mais do mesmo.
(vídeo do debate da Band, o trecho sobre a propaganda preconceituosa está a partir dos 12 minutos.
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