Ir para o conteúdo

Maria_Fro

Voltar a Blog
Tela cheia

Rede Brasil Atual: País ficou 60% mais pobre, afirmam críticos do leilão do campo de Libra

22 de Outubro de 2013, 21:16 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
Visualizado 11 vezes

País ficou 60% mais pobre, afirmam críticos do leilão do campo de Libra

Comemorada pelo governo, a licitação do maior campo petrolífero do pré-sal é duramente criticada por trabalhadores e especialistas, que questionam cálculos da ANP sobre lucro do Estado na operação

Por Cida de Oliveira, da RBA

21/10/2013 20:59, última modificação 21/10/2013 21:38

presal.jpg
FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL. Para o governo, fato de não terem se registrado consórcios concorrentes não é motivo para preocupação

São Paulo – O leilão do campo de Libra, realizado na tarde de hoje (21) no Rio de Janeiro, foi comemorado pelo governo. A participação da Petrobras, de 40% sobre o petróleo explorado, e os cálculos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de que o Estado ficará com 73 dos lucros do bloco do pré-sal é vista como um resultado positivo pela administração Dilma Rousseff.

No entanto, a realização do leilão e o seu resultado foram alvos de críticas de trabalhadores e especialistas. Para o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes, o país ficou 60% mais pobre. “Até o leilão, o Brasil tinha 100% do maior campo do pré-sal. A partir de então, tem no máximo 40%”, disse.

“A entrega de 60% de Libra para as empresas estrangeiras é um dos maiores crimes de lesa-pátria que já tivemos no país. Um dia triste para o povo brasileiro”, lamentou. “O leilão foi um fiasco e o governo ainda comemorou”.

Além dos 40% da Petrobras, o petróleo será divido entre a francesa Total (20%), a anglo-holandesa Shell (20%) e as chinesas CNPC e CNOOC (10% cada). O consórcio pagará 41,65% do excedente de óleo bruto ao Estado brasileiro. Além disso, as empresas tiveram de depositar R$ 15 bilhões para poder participar do leilão.

Para Moraes, o fato de a Petrobras ficar com 40% do campo – 30% assegurados pelas regras do edital mais os 10% de participação no consórcio vencedor – não chega a acalmar os ânimos daqueles que defendiam a exploração exclusiva pela Petrobras como prestadora de serviço.

De acordo com ele, a FUP se debruçará detalhadamente sobre o edital e contratos em busca de alternativas jurídicas ainda cabíveis para anular a licitação. Outra ação será a de promover campanhas educativas para a população. “O brasileiro tem de passar a entender de petróleo e gás para não vir a ser lesado como foi hoje”, disse.

Menos para a educação

O consultor da Câmara dos Deputados para Assuntos de Petróleo e Gás, Paulo César Ribeiro Lima, questionou os cálculos da ANP. De acordo com ele, com base no edital do leilão, a participação da União será muito menor que o anunciado, podendo chegar a 9,93% (de 41,65%) caso o valor do barril de petróleo despenque no mercado internacional e a produtividade da produção de Libra também seja reduzida.

Para ele, esse cenário não é tão improvável assim, uma vez que a produção mundial pode ser elevada principalmente pelo aumento da produção americana de Shale oil, categoria de óleo extraído do xisto betuminoso. Além do mais, o preço do barril já chegou a R$ 60,00 e a produção já caiu a menos de 4 mil barris diários.

“Pelas regras, a remuneração de 41,65% é calculada numa perspectiva de produção de 12 mil barris por dia, cada um no valor entre 100 e 120 dólares. Se ambos subirem, o percentual sobe para 45,56%. Mas se caírem, pode chegar a 9,93%”, afirmou. “Quem perde com isso é a educação, que receberá 75% dos royalties, e a saúde, que ficará com 25%.”. Os royalties correspondem a 15% do valor do barril.

Essa matemática, conforme Lima, chega a ser mais desfavorável ao país do que em um regime de concessão. “Por esse regime, Libra pagaria perto de 40% independente da produção e do preço do barril”.

Conforme ele, as regras estabelecidas para o leilão de Libra são diferentes daquelas do regime de partilha de outros países. “Se Libra fosse na Noruega, o governo norueguês ficaria com mais de 60% da produção, e não as empresas; aqui não teve leilão, e sim um acordo entre a Petrobras, que é mais privada que estatal, com 53% de capital social estrangeiro, e as companhias multinacionais.”

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, saiu em defesa do modelo e disse que o governo não pretende promover mudanças para os próximos leilões, que devem ocorrer apenas a partir de 2015. “Como nós estamos falando de grandes somas de investimentos, e também de grande capacidade tecnológica, isso limita um pouco a participação”, disse. “[Outras empresas] não devem ter participado por questões estratégicas, ou têm outros investimentos a fazer, ou não cabia no portifólio, ou não julgaram interessante. Cada empresa é que deve dizer. Mesmo que seja um consórcio, mas ele foi um consórcio com várias empresas e é perfeitamente satisfatório.”

Coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, entende que o resultado do leilão não chegou a surpreender e ficou bem abaixo da necessidade de recursos para a educação. “Infelizmente o governo não conseguiu acertar um valor maior para o maior campo. Apesar da riqueza que ele trará, estimulando toda a cadeia produtiva do petróleo e gás, não podemos esquecer o retorno que deixaremos de obter”, disse.

Para o conselheiro do Clube de Engenharia Paulo Metri, embora a União ganhe com os royalties que serão arrecadados com a licitação e produção do campo de Libra, perde porque a maioria (60%) dos lucros ficarão com as empresas estrangeiras. “Foram criadas regras que permitiram que o consórcio, e não a União, fique com a maior parte dos lucros.”

Para Metri, o fato de a Petrobras ficar com 40% da participação só é positivo num panorama em que a estatal ficasse de fora. “Porém, é ruim quando a Petrobras poderia ter ficado 100%”, disse, destacando o artigo 12 da Lei 12.351, de 2010, que permite à União contratar a petroleira nacional sem licitação em caso de preservação do interesse nacional e ao atendimento dos demais objetivos da política energética.

Leia mais:

Para CUT, escolha do consórcio liderado pela Petrobrás está longe de ser o melhor cenário, FUP continua a greve

Guilherme Estrella, descobridor do pré-sal: “Leiloar Libra é grave erro estratégico”

Algumas considerações aos governistas pró-leilão que negam o direito de expressão aos que foram contra o leilão

Tem mais soldados do exército pra garantir leilão de Libra que manifestantes protestando

Para FUP, governo brasileiro erra ao não considerar petróleo estratégico para as próximas décadas

TV Cut: Programa mostra que os leilões trarão riscos à soberania nacional e à classe trabalhadora

Sabrina Lorenzi: Uso do poder estatal em Libra será teste para futuros leilões

FUP explica porque é contra o leilão do maior campo de petróleo já descoberto: Libra

Com Seminário, CUT reforça campanha pela suspensão do leilão de Libra

A carta aberta dos petroleiros aos presidentes e à população

Melhor e mais justo debate o Leilão do Pré-Sal

Denúncia: FUP: Cerca de 200 petroleiros são mantidos em cárcere privado na Bacia de Campos

Gabrielli, ex-presidente da Petrobrás: leiloar Libra vai na contramão da lei da partilha

GABRIELLI E LIBRA: MAIS PARA FHC QUE PARA LULA

Movimento sindical deve cobrar suspensão do leilão de Libra, diz Gabrielli

Outro lado: Wladimir Pomar Pré-Sal: Ficção e Realidade

Bob Fernandes: Quanto vale o pré-sal?

FUP: Se por lei Libra pode ficar com a Petrobras, por que o Leilão???????

Carlos Lopes: A burla à lei para entregar o pré-sal de Libra às múltis

Dilma conseguiu dar visibilidade a Eduardo Campos na Hora do Povo. Parabéns!

Você não está entendendo o que vai acontecer dia 21 se você não se mexer? Vão vender o Brasil. REAJA!

Stedile: Dilma, não entregue nosso pré-sal para empresas estrangeiras

Recordando: Carta de 88 organizações à presidenta carta pedindo suspensão do leilão do pré-sal

O PETRÓLEO É NOSSO! Pela Suspensão Imediata do Leilão do Campo de Libra do Pré-Sal! Assine!

Juan Barahona: “Privatizações e concessões são câncer neoliberal a ser extirpado em Honduras”

Heitor Scalambrini Costa: A entrega do Campo de Libra

SP: Movimentos ocuparão Avenida Paulista nesta quinta (3) para barrar o leilão de Libra

Movimentos sociais pela suspensão do leilão de Libra: “atentado contra a soberania e o desenvolvimento” 


Fonte: http://mariafro.com/2013/10/22/rede-brasil-atual-pais-ficou-60-mais-pobre-afirmam-criticos-do-leilao-do-campo-de-libra/

0sem comentários ainda

    Enviar um comentário

    Os campos realçados são obrigatórios.

    Se você é um usuário registrado, pode se identificar e ser reconhecido automaticamente.

    Cancelar