Apenas 16,3% dos homicídios do ano passado foram solucionados em SP
06/11/2013
Em novembro de 2012, houve uma guerra entre polícia e crime organizado. Muitas testemunhas e vítimas dos ataques não foram ouvidas até hoje.
Em novembro de 2012, o Profissão Repórter mostrou as vítimas da suposta guerra entre a polícia e o crime organizado de São Paulo. Um ano depois, nossas equipes voltaram à periferia da cidade, para saber se as mortes foram esclarecidas.
Dos casos registrados em novembro do ano passado e que chegaram ao Tribunal do Júri, 173 são homicídios. Desse total, 27 deles viraram processos e apenas um era referente à onda de violência na capital paulista.
Muitas testemunhas e vítimas dos ataques não foram ouvidas até hoje. Meses após os crimes, o projétil de uma bala que acertou um coqueiro continua no mesmo lugar. Nenhum perito recuperou o projétil que atingiu a árvore.
Em um dos inquéritos, apenas duas pessoas foram ouvidas e eram policiais militares que atenderam a ocorrência. Nos depoimentos, um promotor encontrou uma incoerência dos PMs sobre a hora do socorro às vítimas. “Eles disseram que, por volta de 2h13, receberam a informação, via rádio, sobre a ocorrência desse crime. O crime teria acontecido às 23h do dia anterior”, afirma Fábio Goulart. Após o atendimento, os policiais demoraram 3h20 para chegar ao hospital com as duas vítimas já mortas.
Na mesma época, policiais foram assassinados em várias regiões da cidade. Um ano depois, ninguém fala sobre o assunto. As investigações correm sob sigilo de Justiça. Os familiares das vítimas também não se sentem seguros em falar sobre os casos. Eles têm medo de represálias.
Em entrevista, Fernando Grella Vieira, secretário de Segurança de São Paulo, afirmou que 16,3% dos casos de homicídio foram esclarecidos no ano passado. Sobre a falta de suspeitos nos assassinatos cometidos por encapuzados, o secretário explicou que esse tipo de investigação exige mais da polícia. “Eles são os crimes que têm maior dificuldade. Nós nos empenhamos, evidentemente, em reverter este quadro. Nem mesmo os 16,3% nos agradam. Nós achamos que ainda é uma taxa bastante acanhada. Evidentemente que estes crimes cometidos por pessoas encapuzadas refletem a existência de grupos, de setores dedicados a estes atos criminosos, o que torna muito mais difícil encontrar testemunhas e provas para a autoria”.
Por medo de represálias, uma mãe que investigou a morte do filho precisou mudar de bairro. O trabalho da perícia e a investigação dos parentes conseguiu identificar seis encapuzados, um sargento, uma cabo e quatro soldados. Eles são do batalhão da Polícia Militar de Capão Redondo, na Grande São Paulo.
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