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April 3, 2011 21:00 , by Unknown - | No one following this article yet.
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Nilce Aravecchia: CPI dos trotes: o que as Universidades têm a dizer?

March 29, 2015 13:41, by Unknown

Embora a CPI dos estupros nos campi da USP tenha sido um avanço ao silêncio ensurdecedor das faculdades diante das denuncias de violência, mal começou o ano já houveram denúncias dem vários casos de violência sexual na USP. Na FAU cresce a intolerância e perseguição aos “trans”, com pichações e ameaças no banheiro.

O texto da professor Nilce Aravecchia chama a atenção para a necessidade de um debate mais institucionalizado sobre essas questões dentro da própria universidade.

trote

Na foto montagem: intolerância no cartaz da Faculdade de Medicina na Unicamp; solidariedade num cartaz em apoio a aluna vítima de tentativa de estupro na Poli-USP (9.10.2013); o cartaz da ALESP da CPI que investigou estupros e outras violências nos trotes da USP  e trote racista e misógino na Faculdade de Direito da UFMG em 2013 .

CPI dos trotes: o que as Universidades têm a dizer?

Nilce Aravecchia*, especial para o Maria Frô

29/08/2015
No ano que passou a sociedade foi surpreendida por uma série de notícias a respeito dos atos de violência sexual envolvendo os alunos da Faculdade de Medicina da USP. Desde então, pôde-se ver a publicização cada vez mais intensa dos casos de abuso na mídia tradicional, em blogs e nas redes sociais, até a temática ganhar a discussão política institucional, com a abertura de CPI na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Acertadamente, a CPI tratou de forma ampla os casos de violência associados ao consumo abusivo de bebidas alcoólicas, os trotes de ingresso, e as festas estudantis em geral. Entretanto, os ecos dessa discussão parecem estar bem longe de serem ouvidos pelos interessados diretos.

O ano iniciou novamente com as Universidades Públicas figurando nas páginas policiais da grande mídia, e com protestos indignados nas redes sociais, em manifestações individuais ou de pequenos coletivos. No cotidiano universitário, passado pouco mais de um mês do ano letivo, não cessam notícias de casos de violência sexual que não vêm a público.

Também é preocupante a perseguição cotidiana a toda forma de sexualidade distinta dos cânones sociais, sendo os grupos “trans” os que mais tem sofrido com o preconceito e a agressão muitas vezes covarde, porque anônima, mas cada vez mais declarada.

Não parece mero acaso que o aumento desses tipos de agressão tenha ocorrido simultaneamente ao cerceamento de direitos de ir e vir no espaço público com o fechamento dos campi, à presença da política militar e à proibição do consumo de bebidas alcoólicas nas instituições.

As festas estudantis que, nas Universidades Públicas, ocorriam na maior parte das vezes em escala quase doméstica, ao saírem dos campi se profissionalizaram, alcançaram dimensões gigantescas, tomando status de “micaretas” e sendo rapidamente incorporadas como locais estratégicos para as fabricantes de cerveja e de outras bebidas alcóolicas. É sabido (sempre dito nas conversas informais e agora veiculado nas redes sociais) que as patrocinadoras despejam seus caminhões de bebida para as versões “open bar” das festas universitárias. Esses contextos certamente potencializaram o consumo de bebidas, e muitas vezes esse consumo vem associado às drogas.

É necessário assumir que os crimes relacionados às festas universitárias foram sendo tratados com conveniente hipocrisia até que a internet e a coragem de alguns envolvidos dessem novo tom às narrativas e a seus desdobramentos. Provavelmente, as vítimas têm se sentido mais protegidas para denunciar.

Entretanto, no cotidiano da USP, a temática ainda não mereceu a devida importância, em que pese os discursos do Reitor manifestando sua disposição em apurar os fatos, e de sua presença na CPI da ALESP. Os debates sobre o assunto são muito tímidos, e a discussão nos conselhos e nas comissões universitárias restringem-se aos momentos mais críticos, quando as medidas administrativas mostram-se inevitáveis.

Há duas semanas encerrou-se a CPI, cujo relatório detalha centenas de casos de estupro, de humilhação em trotes, e de abuso no consumo de álcool e de drogas nas unidades da USP, da Unesp, da Unicamp e da Ufscar. As investigações dessa Comissão, ao menos no que diz respeito aos Campi da USP na Capital, foram pouquíssimo comentadas, merecendo parcos debates nos tradicionais ambientes de defesa dos direitos humanos. A discussão não se propaga de forma mais intensa nem mesmo nos diretórios acadêmicos ou em outras instâncias de representação discente.

O resultado do que parece quase ser uma brincadeira de surdos e de cegos é que o autoritarismo preconceituoso capilarizado na sociedade toma cada vez mais o espaço universitário, que por excelência, deveria ter papel protagonista numa direção civilizatória.
O discurso raivoso, que se tornou corriqueiro e que não tem pudores de se mostrar nas redes sociais, rapidamente vai se transformando em ação contra as chamadas “minorias”, inclusive no interior das universidades públicas.

A Universidade é o lugar privilegiado para o conhecimento, exatamente porque pode se colocar na contramão dos sistemas sociais vigentes e não pode se restringir a ser um microcosmo a reproduzir o que acontece na sociedade. Mesmo porque, visto por esse ângulo, esse autoritarismo preconceituoso, manifestado em machismo, misoginia, homofobia, transfobia, e demais atitudes relacionadas ao preconceito, ao ser reproduzido e incorporado em espaços universitários, projeta-se novamente para a sociedade de maneira perversa, potencializando-se e se legitimando pelos fatos engendrados no interior dessa Instituição.

Parece já passada a hora da Universidade colocar essa discussão em pauta de forma ampla, institucional e sistemática, envolvendo docentes, funcionários e alunos. É necessário amadurecer uma reflexão sobre os vínculos estreitos entre violência e repressão. A médio e longo prazo o debate acadêmico tem potencial para se irradiar socialmente, combatendo a intolerância e o preconceito que estão no cerne de toda a prática violenta. É possível até que se desdobre na revisão de ações e de regras institucionais que representaram o cerceamento de direitos nos espaços universitários e que tem cada vez mais se revelado ineficazes, ou mesmo geradoras de mais violência cotidiana.

A Universidade, como instituição, deve assumir seu papel na propagação de uma cultural de paz, pois tem poder de incidir para além de seus muros. É sua responsabilidade debater em profundidade o assunto, com o objetivo de frear a onda conservadora e preconceituosa que vem ameaçando a boa convivência dentro e fora dos campi.

*Nilce Aravecchia é professora da FAU USP

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Exemplo didático de como se opera o racismo na linguagem midiática

March 28, 2015 10:52, by Unknown

Foi o Alexandre Haubrich, do Jornalismo B que printou as duas notícias e viu o recorte de classe. Mas esta linguagem midiática traz mais que isso.

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Certamente haverá leitores que não verão racismo, porque afinal não se fala da cor dos bandidos em nenhuma das matérias. O racismo naturalizado é eficiente exatamente por causa destas artimanhas. Uma dica pra você, portanto: quando o bandido é de classe média ele geralmente é branco e nunca é chamado de bandido se tiver a pele clara, os cabelos lisos, como neste primor de chamada, onde a vítima negra continua sendo depreciada ao ser chamada de ‘infrator’ e não de adolescente que é e os bandidos brancos – de classe média- continuam sendo tratados com todo cuidado por ‘jovens’, ‘rapazes’: Jovens que amarraram infrator em poste são detidos por tráfico – Rapazes de classe média são suspeitos de vender drogas na Zona Sul.

Fiquei curiosa com o linguajar do Globo-Ceará e fiz algumas buscas. Nem precisei gastar muito tempo para achar outras chamadas iguais. Na busca descobri algo interessante: em todas vemos a insistência em dizer que o ‘traficante’ não tinha antecedentes criminais. Esta é uma forma de dizer que todos são potencialmente suspeitos, todos são ‘classes perigosas’. Assim quando a polícia em seus auto de resistência eliminá-los e descobrirmos que não tinham antecedentes criminais, o argumento dos familiares das vítimas sobre este aspecto será diminuído, justificando o fato de 70% dos jovens assassinados pelas PMs nas periferias brasileiras serem negros.

A quem exatamente se referem esse todos que são tratados como suspeitos mesmo não tendo antecedentes criminais? Aos jovens de classe média com 300 kg de maconha? Aos Perrela com 400 kg de cocaína pura?

Não absolutamente: o céu é do avião como diz Aécio, o helicóptero é dos Perrela, mas quase meia tonelada de coca não é de ninguém e todos estão livres. O “todos” se refere sempre aos habitantes de bairros pobres, favelas e comunidades, como no print abaixo, onde o bandido pobre,  possivelmente negro com 15kg de maconha mora na favela Garibaldi ou como o de 10 kg de maconha que vive em outro bairro de baixa renda em Fortaleza.

mais ceará

Como aponta o professor Wagner Iglesias ao ver a comparação entre as duas chamadas: “Nada de novo no front. Quando é branco, olho claro, cabelo liso, loiro etc. é “jovem de classe média”. Quando é negro, pardo, cabelo crespo, pobre etc. é “traficante”. Ai depois vem aquele pessoal falar em “gente bonita”, por um lado, e pedir “redução da maioridade penal”, por outro.”

Poderíamos aí recorrer ao enorme corolário de coisas ditas pela turma adepta da ideologia Bolsonaro:

Os direitos humanos para ‘bandidos’  devem ser aplicados para os ‘jovens de classe média carioca da primeira manchete?

“Bandido bom é bandido morto vale pra ‘jovens de classe média carioca com 300 kg de maconha ou a pena de morte é apenas para o bandido nordestino, cearense com  99,999% de chances de ser da cor preta que carrega 30 vezes menos a quantidade de maconha que os ‘jovens de de classe média’?

Mas vivemos no Brasil, onde o diretor de jornalismo da Rede Globo, Ali Kamel escreve livro intitulado “Não somos racistas” e governador do PT na Bahia justifica chacina cometida por policiais como gol de placa.

 

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Ladislau Dowbor: O direito ao ódio parece superar todos os outros

March 27, 2015 11:44, by Unknown

Um texto magistral de Dowbow “Não há nenhuma confusão sobre as dimensões propositivas: se estamos destruindo o planeta em proveito de uma minoria que pouco produz e muito especula, trata-se de tributar a riqueza improdutiva para financiar as políticas tecnológicas, ambientais e sociais indispensáveis aos equilíbrios do planeta.”

Homo ignorans
Pessoas inteligentes e informadas conseguem ignorar o gigantesco desvio de recursos através dos bancos, e culpam o eterno bode expiatório que é o governo.

Por: Ladislau Dowbor, Carta Maior

27/03/2015
401(K) 2012 / Flickr

O homo sapiens todos conhecemos. Inclusive a maior parte da teoria econômica e das teorias das transformações sociais se baseia numa compreensão otimista de que o homem absorve conhecimentos, confronta-os com os seus objetivos racionalmente entendidos, e procede de acordo. Quando erra, analisa os erros e corrige a sua visão para não repeti-los.

Naturalmente, é agradável pensarmos que somos, conforme aprendi na escola, animais racionais, racionalidade que nos separaria confortavelmente dos animais. As minhas dúvidas aumentam proporcionalmente à minha idade, o que significa que são elevadas. Pensar que somos mais do que somos é uma atitude muito difundida. A bíblia já abre com o tom adequado: Deus nos criou à sua imagem e semelhança, o que implica por virtude dos espelhos que somos semelhantes nada mais nada menos que a Ele. O tamanho desta pretensão, e o fato de passar tão desapercebida e natural, já mostra a que ponto a nossa racionalidade pode ser adaptada ao que é agradável, mas não necessariamente ao que é verdadeiro.

Pensar na dimensão irracional da nossa inteligência, ou nas raízes interessadas e ideologicamente deformadas do que nos parece racionalmente verdadeiro, é muito interessante. Fazemos uma construção racional em cima de fundamentos profundamente enterrados na confusão de paixões, medos, ódios e sentimentos contraditórios. Quanto maior o preconceito – no sentido literal, raiz emocional que assume a postura antes do entendimento – maior parece ser a busca do sentimento de superioridade moral.

Devemos lembrar como foram denunciados e massacrados ou ridicularizados os que lutaram pelo fim da escravidão, pelo fim da discriminação racial, pelos direitos de organização dos trabalhadores, pelo voto universal, pelos direitos das mulheres? A imensa batalha que foi chegar ao intelecto dos dominantes que um povo colonizar outro não dá certo? Hoje é a mesma luta pela redução das desigualdades, pelo fim da destruição do planeta, pela democratização de uma sociedade asfixiada por interesses econômicos. Aqui precisamos de muito bom senso e generosidade. Ou seja, emoções e indignações sim, mas apoiadas na inteligência do que acontece no mundo e visando o interesse maior de todos, e não no interesse particular de defesa dos privilégios.

Aqui realmente é preciso de muita ignorância, ou seja, desconhecimento (voluntário ou não), para não se dar conta dos desafios reais. O aquecimento global é uma ameaça real, mas a direita tende a negar, como se o termômetro e os gazes de efeito de estufa fossem de esquerda. O desmatamento generalizado do planeta está levando a perdas de solo fértil em grande escala, quando iremos precisar de mais área de plantio. A vida nos mares está sendo esgotada pela sobrepesca e em 40 anos, segundo o WWF, perdemos 52% da vida vertebrada no planeta. É um desastre planetário espantoso, mas não aparece na mídia comercial. Os dados sobre a inviabilização ambiental do planeta são hoje amplamente comprovados. Há controvérsias, nos dizem. Mas é questão de opinião ou de conhecimento dos dados?

No plano social é mais impressionante ainda: até o Fórum Econômico em Davos escuta e divulga as pesquisas da Oxfam, do Banco Mundial e das Nações Unidas, dos inúmeros institutos de pesquisa estatística em todos os países sobre a desigualdade crescente da renda. Pior, temos agora os dados da desigualdade do patrimônio acumulado das famílias – 85 famílias são donas de mais riqueza acumulada do que 3,5 bilhões de pessoas na base da pirâmide social – gerando tensões insustentáveis. Mas em Wall Street enchem a boca e declaram “greed is good”. Sobre esta desigualdade de patrimônio uma das principais fontes é o Crédit Suisse, que tem boas razões para entender tudo de fortunas familiares. Nem os dados da própria direita parecem convencer a direita, se não confirmam os seus preconceitos.

Vamos tampar os olhos e fazer de conta que acreditamos que é possível manter a paz política e social num planeta onde 1,3 bilhões não têm acesso à luz elétrica, 2 bilhões não têm acesso a fontes decentes de água, e 850 milhões passam fome? Tem sentido acreditar no bom pobre¸ que se resigna e aceita, quando hoje até no último degrau da pobreza há uma consciência do direito a ter uma escola decente para o filho, saúde básica para a família? Aqui já não são apenas os olhos e os ouvidos que estão tapados, e sim a própria inteligência. O homo ignorans raciocina com o fígado.

E porque toda esta riqueza acumulada no topo não serve para as reconversões tecnológicas que nos permitam salvar o planeta, e para financiar as políticas sociais e inclusão produtiva capaz de reduzir as desigualdades? Basicamente porque está situada em paraísos fiscais, aplicada em sistemas de especulação financeira, sequer orientada para investimentos produtivos tradicionais. Os 737 grupos que controlam 80% das atividades corporativas do planeta são essencialmente grupos financeiros. Fonte? O Instituto Federal Suíço de Pesquisa Tecnológica. São recursos que não só se aplicam em especulação financeira em vez de financiar investimentos produtivos, como migram para paraísos fiscais onde não pagam impostos. O Economist estima que sejam 20 trilhões de dólares, um pouco menos de um terço do PIB mundial.

O Brasil tem cerca de 520 bilhões de dólares em paraísos fiscais, da ordem de 25% do PIB. O HSBC que o diga. Mas no Brasil a grande vitória é a eliminação da CPMF que cobrava ridículos 0,38% sobre movimentações financeiras. No Brasil pessoas inteligentes e informadas conseguem ignorar o gigantesco desvio de recursos através dos grandes intermediários financeiros, e culpam o eterno bode expiatório que é o governo. Em particular quando comete o pecado de melhorar a condição dos pobres. Ainda bem que temos a corrupção para canalizar a atenção e os ódios. O uso produtivo dos recursos não seria mais inteligente?

Não há nenhuma confusão sobre as dimensões propositivas: se estamos destruindo o planeta em proveito de uma minoria que pouco produz e muito especula, trata-se de tributar a riqueza improdutiva para financiar as políticas tecnológicas, ambientais e sociais indispensáveis aos equilíbrios do planeta. Com Ignacy Sachs e Carlos Lopes apontamos rumos básicos no documento Crises e Oportunidades em Tempos de Mudança, não são ideias que faltam: falta muita gente que tampa o sol com a peneira dos seus interesses se dar conta dos desafios reais que enfrentamos. Aliás, o norte é bem simples: toda política que reduz as desigualdades, protege o meio ambiente, e tributa capitais improdutivos contribui não para salvar um governo, mas para nos salvar a todos. E um país do tamanho do Brasil tem como trunfo fundamental, nesta época de turbulências planetárias, a possibilidade de ampliar a base econômica interna através da inclusão produtiva.

Confesso que ando preocupado. Parece que quanto maior a bobagem declarada, maior o sentimento de superioridade moral. E o ódio, esta eterna ferramenta dos preconceituosos, é um sentimento agradável quando se consegue encobrir o interesse com um véu de ética. Nesta nossa guerra permanente entre o frágil homo sapiens e o poderoso e arrogante homo ignorans, a olhar pelo mundo afora, e pelos gritos histéricos de extremistas por toda parte – sempre em nome de elevados sentimentos morais e com  amplas justificações racionais – o direito ao ódio parece superar todos os outros. Pobre Deus, nosso semelhante.

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Os erros da frouxidão partidária do PT

March 27, 2015 10:39, by Unknown

O PT está longe, mas muito longe do carimbo que a direita tenta lhe colocar dia a dia como o ‘partido que inventou a corrupção’.

Perto dos partidos fisiológicos que temos no país, o PT é quase santo. Mas paga um preço alto por der abandonado o debate político no campo da esquerda, paga pelo engessamento de sua estrutura partidária. Paga pelo seu continuísmo cansado, sem renovação de seus quadros e paga por não levar com rigor seus próprios estatutos.

Toda vez que um governador do PT ignorando o genocídio negro faz as declarações lamentáveis de um Rui Costa e o PT não se posiciona, todo o partido perde e muito, porque se afasta de suas bases fundantes, de seus principais princípios.

Toda vez que um um político petista deixa falar mais alto o proselitismo religioso em detrimento dos estatutos do partido e o PT se silencia, todo o partido perde por não se diferenciar dos demais partidos de direita.

Toda vez que um político do baixo clero como Marcelo Arar, saído do tucanato e por diferentes oportunismos se agrega ao PT e contrário à defesa dos direitos humanos faz o que fez como no episódio de agosto de 2014 e mesmo o ex-tucano e neo petista Marcelo Arar ter sido denunciado pela militância petista nas instâncias partidárias próprias e nada ter ocorrido com ele, o PT perde e depois é obrigado a engolir o vexame de um traste como este estar na lista do HSBC.

Não importa que o traste tenha aberto a conta no HSBC quando era tucano, não importa ser um político sem qualquer expressão no partido, isso é motivo para que o oportunismo midiático de um Fernando Rodrigues que poupa seus patrões, mas não se importa em achincalhar todo o partido na manchete que produziu sobre os partidos políticos e a lista de contas não declaradas na Suíça.

marceloarar1

arar por fernando rodrigues

Marcelo Arar foi eleito pelo PSDB em 2008, mas Fernando Rodrigues não informa isso em sua matéria. Arar trocou o PSDB pelo PT em 2011.

marceloarar2

O PT deveria se lembrar disso, já passou da hora de começar a correr atrás do prejuízo.

O petista na lista do HSBC

Do blog de Valter Pomar

26/03/2015

marcelo arar

Segundo Fernando Rodrigues, tem um petista na lista do HSBC. Vejam aqui.

Não sei dizer se a notícia procede.

Mas é bom que as pessoas saibam disto que segue abaixo:

  Rio de Janeiro, 04 de agosto de 2014.

Ao Diretório Municipal, Presidente da Executiva Municipal e Secretário de Organização,

Requeremos por meio desta carta a convocação da Comissão de Ética da instância para apurar a conduta do filiado, neste momento; vereador Marcelo Arar.

Conforme divulgado pela imprensa, o referido vereador agrediu um manifestante durante um ato organizado pela FIERJ em defesa do Estado de Israel e da paz (sic). Essa agressão ocorreu pelo fato de o manifestante estar portando um cartaz criticando a ocupação israelense na Faixa de Gaza. Para além do fato de uma agressão por si já ser reprovável, e o vereador reconhece ter pelo menos rasgado o cartaz, embora negue ofensas físicas, a situação é agravada pelo teor geral da manifestação e da postura política em relação à política genocida do Estado de Israel.

A defesa acrítica da política de Israel, tratando a resistência palestina à ocupação ilegal como mero terrorismo e ignorando o massacre de civis, inclusive crianças, está em desacordo completo com a política internacional histórica do Partido dos Trabalhadores e inclusive com a posição oficial do nosso governo federal. Destaque-se que esta posição corajosa foi apoiada e seguida por praticamente todos os países do mundo.

Nesse sentido, é inadmissível a postura e atuação do vereador, que além de tudo é figura pública e detentor de mandato que pertence ao partido e deve se submeter à sua posição ideológica.

Diante disso e considerando o novo Código de Ética e o Estatuto partidário, solicitamos que o filiado Marcelo Arar seja submetido à Comissão de Ética.

Saudações petistas,

Ricardo Quiroga Vinhas

Membro do Diretório Municipal

Renam Brandão

Membro do Diretório Regional

_____________

Em resposta à carta dos companheiros Ricardo Quiroga Vinhas e Renam Brandão, a Secretaria do Diretório Municipal do PT do Rio de Janeiro informou no dia 6 de agosto de 2014 que “o requerimento será encaminhado para apreciação na próxima reunião da Executiva Municipal, conforme Código de Ética do Partido dos Trabalhadores, em data à ser marcada”.

Não sei dizer o que ocorreu depois.

Mas sei o que (não) poderia ter ocorrido se as instâncias partidárias fossem mais rigorosas.

Frente à novidade, foi apresentado novo recurso pelos mesmos companheiros:

______________

Requerimento de Comissão de Ética para o Vereador Marcelo Arar

Aos companheiros da Executiva e Diretório Municipais da Capital,

Apresentamos perante a instância um requerimento de Comissão de Ética para o filiado Marcelo Arar, vereador da capital, em função das graves informações acerca de sua participação no chamado escândalo das contas no HSBC na Suíça.

Como é de conhecimento de todos, estamos sob um forte ataque da mídia golpista e da direita na tentativa de destruir nosso partido e nos vincular à corrupção que existe há séculos em nosso país. Para tanto, usam e abusam das mentiras e distorções na Operação Lava-Jato, colocando a nós e ao governo na defensiva.

Pois bem, com a descoberta das contas secretas na Suíça no banco HSBC, surgiu a nossa chance de um contra-ataque. Primeiro para demonstrar o discurso hipócrita da direita que cita a corrupção na Petrobras, mas se cala sobre um escândalo de proporções muito maiores. Segundo, porque serão desmascarados próceres da imprensa, da oposição e alta sociedade que falam de corrupção, mas praticam lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.

Em um momento em que se inicia a CPI do HSBC, por sinal presidida pelo companheiro Paulo Rocha, somos surpreendidos com a notícia de que o vereador Marcelo Arar possui conta não declarada no referido banco, tendo sido divulgado pelo grupo Folha com estardalhaço na lista de políticos envolvidos no escândalo.

Em primeiro lugar, isso abre um flanco em nossa estratégia, mais uma vez tentando nos igualar aos demais partidos e políticos e enfraquecendo nosso discurso. Por outro lado, deve se destacar que isso ocorreu na época em que era filiado ao nosso principal inimigo, o PSDB, e que, segundo noticia a imprensa (fato que pode ser averiguado junto à Receita), jamais declarou a tal conta.

Não se pode então, deixar de aludir à trajetória deste filiado que não tem qualquer vida orgânica no partido e entrou de modo enviesado neste. Como foi dito, ele veio de um partido que é inimigo de classe e ideológico, sem qualquer diferenciação na sua prática política quando lá estava. O principal fator que pesou em sua filiação foi a sua votação anterior, em 2008, para agregar votos à nossa legenda.

Em diversas vezes, o vereador teve condutas que se chocaram com as diretrizes nacionais do PT. Não se tem notícia de sua mobilização na dura campanha que enfrentamos em 2014, seja para presidente seja para governador. Não há presença dele em atividades partidárias. Resumindo é um corpo estranho ao partido.

E isso culmina agora na lamentável informação de que é um dos envolvidos no referido escândalo. É inaceitável que neste momento da agudização da luta de classes e do recrudescimento dos ataques ao PT e ao governo, tenhamos entre nossas fileiras quem apresenta práticas que condenamos.

Portanto, solicitamos a instalação de Comissão de Ética para apurar as irregularidades referentes a contas e divisas do vereador Marcelo Arar no exterior, amplamente divulgada pela imprensa (http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/03/ex-tesoureiro-de-serra-e-fhc-cai-no-swissleaks/) e, com a observância do direito à ampla defesa e ao contraditório, mas também aos deveres estatutários dos filiados, solicitamos a pena de expulsão.

Rio de Janeiro, 26 de março de 2015.

 

Renam Brandão

Ricardo Quiroga

 

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Globo recebe mais uma vez uma aula magna de política inesperada e indesejável

March 27, 2015 6:59, by Unknown

Nas raras vezes que vemos um discurso dissonante na Rede Globo, percebemos que o produtor não fez a lição de casa e chamou um pesquisador decente para ser entrevistado. Foi assim que no Bom dia ES, o convidado estragou a festa.

Pesquisadores sérios não repetem o senso comum, não fazem coro à política reacionária da Rede Globo, por isso, o jovem professor Dr. Vitor Amorim de Angelo deu uma surra de coerência e informações democráticas em pleno estúdios da rede golpista de tv. 

A entrevista acontecia ao vivo e vemos um apresentador em franco desespero tentando trazer o convidado atrevido para o script.

Mas um professor, formado em História, com mestrado e doutorado em Ciências Sociais, membro do Laboratório de Estudos de História Política e das Ideias, com passagem pelo Centre d’Histoire do Institut d’Études Politiques de Paris (SciencesPo) e pesquisador do Institut des Sciences Sociales du Politique da Université de Paris Ouest-Nanterre La Défense  tem de honrar o conhecimento que acumulou em sua trajetória de formação: graduação em História, mestrado doutorado em Ciências Sociais, não podendo, portanto, tratar a política com o desrespeito e a manipulação global, regras daquela emissora.

Abaixo, o vídeo com o resultado da formação e coerência do jovem professor: 4 minutos de aula sobre política, sistema político brasileiro, democracia, respeito ao pleito eleitoral, com a frase lapidar, brilhante feito um diamante: “A democracia é um regime de confiança, não de adesão. Portanto, não é uma opção aderir ou não ao resultado”, deixando Miram Leitão e o apresentador do Bom dia ES até o momento procurando o rumo de casa.

Assista, vale a pena cada segundo.

______________________

Professor Dr. Vitor Amorim de Angelo: Possui graduação em História pela Universidade Federal do Espírito Santo, mestrado e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos, com estágio de pesquisa no Centre d’Histoire do Institut d’Études Politiques de Paris (SciencesPo). Atualmente, é professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Vila Velha, onde também é Coordenador Institucional de Iniciação Científica, e pesquisador do Institut des Sciences Sociales du Politique da Université de Paris Ouest-Nanterre La Défense e do Laboratório de Estudos de História Política e das Idéias da Universidade Federal do Espírito Santo. Tem experiência nas áreas de História e Ciências Sociais, com ênfase na política brasileira contemporânea, temática na qual possui livros e artigos publicados.

O professor tem experiência nas áreas de História e Ciências Sociais, com ênfase na política brasileira contemporânea, atuando principalmente nos seguintes temas: partidos e organizações políticas, instituições e comportamento político, eleições, esquerdas, ditadura e democracia, mídia, memória social e uso político do passado.

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