Arquivos da Repressão e da Resistência – Comunicações do I Seminário Internacional Documentar a Ditadura
6 de Janeiro de 2014, 9:57 - sem comentários aindaExcelente material de pesquisa e também para conhecer os horrores da Ditadura
Publicados os anais eletrônicos do I Seminário Internacional Documentar a Ditadura.
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Arquivos da Repressão e da Resistência – Comunicações do I Seminário Internacional Documentar a Ditadura.
Publicação contendo os artigos apresentados no I Seminário Internacional Documentar a Ditadura que aconteceu na sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, entre 4 e 6 de junho de 2013, reunindo pesquisadores e estudantes de diferentes nacionalidades, provenientes de diversos campos do conhecimento e interessados na temática dos acervos da ditadura militar, no Brasil e na América Latina.
Mon, 06 Jan 2014 12:35:54 +0000
6 de Janeiro de 2014, 8:35 - sem comentários aindaAté empresário fica confuso com o terrorismo midiático da máfia monopolista da comunicação no Brasil.
Por um capitalismo inovador
Por Pedro Luiz Passos, em sua Coluna
03/01/2014 – 03h00
O negativismo que permeia as análises sobre a economia brasileira, em contraste com a percepção de bem-estar especialmente da base da pirâmide de renda, é o grande desafio que confronta o país sobre o que fazer para desobstruir a aceleração do crescimento sem implicar retrocesso dos avanços sociais. Essa é a equação prioritária para a engenharia política e a formulação da política econômica.
O ponto a questionar é se estamos dando devida atenção às causas primárias que embaraçam o crescimento econômico ou tomando sequelas desse processo, tais como pressões inflacionárias, baixo dinamismo do PIB e desvalorização da moeda, como os problemas prioritários da agenda de desafios.
Certamente, eles o são no curto prazo. Deficit externo crescente e financiado com capitais voláteis não tranquiliza ninguém. Nem a expansão econômica -que condiciona a receita dos governos- abaixo do ritmo de avanço no gasto público. Tais eventos serão problemas realmente sérios, se faltar convicção de que a economia vá gerar os resultados necessários para os compromissos presentes e futuros. Esse é o ponto mais discutível e pouco falado.
A verdade é que dois dos principais fatores que explicam a taxa de crescimento econômico de um país são o aumento da força de trabalho e a produtividade da mão de obra.
Após uma década de expansão dirigida pelo consumo, o ritmo do aumento relativo da população economicamente ativa vem encolhendo, um fenômeno contra o qual há pouco o que fazer. A taxa de natalidade, um dos determinantes desse processo, caiu de 4,1 nascimentos em 1980 para 1,8 e continua a cair.
O esgotamento das oportunidades da “janela demográfica” ocorre em outros partes -do Japão à Alemanha, da Itália à Rússia, países em que a população diminui a cada ano-, não é um viés estritamente brasileiro. Mas as consequências dependem do que se faz com a outra parte do impulso do crescimento: a produtividade. Essa é a perna realmente manca de nossa economia.
Três quartos do crescimento do PIB na última década, segundo a consultoria BCG, vieram do acréscimo do número de pessoas empregadas, ante apenas 26% de ganhos de produtividade -conceito que abrange da melhor qualificação da força de trabalho aos gastos em automação e tecnologia pelas indústrias e superação dos gargalos de infraestrutura. O modelo econômico cujo vigor era baseado na expansão da mão de obra ficou para trás. O governo tem se aplicado em aliviar os constrangimentos estruturais. O plano de concessões de ativos de logística faz parte desse esforço.
Mas cabe indagar se o deficit acumulado da produtividade, que continua crescente em áreas mais difusas (como da segurança jurídica, da legislação trabalhista e das normas regulatórias) pode ser vencido sem mudança de conceitos e contribuição mais ampla da sociedade e do setor privado.
Como sugeriu o fundador do Khosla Ventures, um dos maiores e mais bem-sucedidos fundos de investimento em start-ups de tecnologia de ponta dos EUA, Vinod Khosla, referindo-se à Índia, seu país natal, “novas ideias são mais importantes que capital”. Dificilmente elas florescem em ambientes burocratizados. Mas onde governos encorajam o capitalismo inovador em contraponto à prescrição ditada do alto para baixo, disse Khosla, em artigo, o resultado transcende as expectativas.
Se estimuladas com incentivos apropriados, mesmo grandes empresas, acostumadas mais a proteger seus mercados que a inovar, diz Khosla, podem surpreender. Provocador, ele sugere, por exemplo, uma espécie de prêmio tributário da ordem de 10% para 25% da produção de carros mais eficientes, aplicando-se a mesma regra, mas como tributo punitivo, para os 25% menos eficientes. Para ele, isso seria mais eficaz do que fazem os EUA -e o Brasil-, ao impor meta de economia do consumo por quilômetro rodado até 2025, sem nem se saber qual tecnologia estará disponível em médio prazo.
O que desiniba as transformações e encoraje o nascimento de negócios emergentes, especialmente de base tecnológica, ajudará a encaminhar a solução do que só o governo pode resolver, como problemas regulatórios e de infraestrutura. Onde viceja a criatividade costuma prosperar a confiança, hoje, talvez, nosso déficit mais preocupante.
Pedro Luiz Passos, 62, é empresário, presidente do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e conselheiro da Natura.
Janio de Freitas dá nome aos descerebrados que reproduzem sandices na mídia bandida
6 de Janeiro de 2014, 8:32 - sem comentários aindaA campanha da moda
Janio de Freitas, em sua Coluna
DE SÃO PAULO
Quem não discute gosto anda na moda, que é um modo de não ter gosto (próprio, ao menos). Até por solidariedade aos raros que não se entregam à moda eleitoreira de dizer que 2013 foi um horror brasileiro e 2014 será ainda pior, proponho uns poucos dados para variar.
Com franqueza, mais do que a solidariedade, que tem motivo recente, é uma velha convicção o que vê importância em tais dados. Um exemplo ligeiro: todo o falatório em torno de PIB de 1% ou de 2% nada significa diante da queda do desemprego a apenas 4,6%. Menor que o da admirada Alemanha. Em referência ao mesmo novembro (últimos dados disponíveis a respeito), vimos as manchetes consagradoras “EUA têm o menor desemprego em 5 anos: cai de 7,3% para 7%”. O índice brasileiro, o menor já registrado aqui, excelência no mundo, não mereceu manchetes, ficou só em uns títulos e textos mixurucas.
Mas o índice não pode ser positivo: “O índice caiu porque mais pessoas deixaram de procurar emprego”. Se mais desempregados conseguiam emprego, como provava o índice antes rondando entre 5,6% e 5,2%, restariam, forçosamente, menos ou mais desempregados procurando emprego? PIB horrível, falta de ajuste fiscal, baixa taxa de investimentos, poucas privatizações, coitado do país. E, no entanto, além do emprego, aumento da média salarial, a ponto de criar este retrato do empresariado de São Paulo: a média salarial no Rio ultrapassou a dos paulistas.
A propósito: com as alterações do Bolsa Família pelo Brasil sem Miséria, retiraram-se 22 milhões de pessoas da faixa dita de pobreza extrema. Com o Minha Casa, Minha Vida, já passam de um milhão as moradias entregues, e mais umas 400 mil avançam para a conclusão neste ano. A cinco pessoas por família, são 7 milhões de beneficiados com um teto decente, água e saneamento.
Sobre dados assim e 2014, escreve o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio Vale: “Infelizmente, veremos mais promessas de ampliação do Bolsa Família e do salário mínimo, que, no frigir dos ovos, é o que tende a reeleger a presidente”. Da qual, aliás, acha que em 2014 “deverá se apequenar ainda mais”. Da mesma linhagem de economistas —a que domina nos meios de comunicação—, Alexandre Schwartsman dá à política que produziu aqueles resultados o qualificativo de “aposta fracassada”, porque só deu em “piora fiscal, descaso com a inflação e intervenção indiscriminada, predominando a ideologia onde deveria governar o pragmatismo”.
“Infelizmente” e “aposta fracassada” para quem? Para os 22 milhões que saíram da pobreza extrema, os 7 milhões que receberam ou receberão um teto em futuro próximo, os milhões que obtiveram emprego, os milhões ainda mais numerosos que tiveram melhoria salarial?
E, claro, ideologia existe só no que se volta para os problemas e possíveis soluções sociais. Quem se põe de costas para o que não interesse à elite financeira e ao poder econômico, não o faz por ideologia, não. Por esporte, talvez.
Foi a esse esporte, quando praticado orquestradamente nos meios de comunicação, que Dilma Rousseff se referiu como uma “guerra psicológica”, e gerou equívocos críticos. Não se trata de “expressão antidemocrática”, nem própria dos tempos da ditadura. É a denominação, técnica ou científica, como queiram, de métodos de hostilidade não militares, diferentes das campanhas por não serem declarados em sua motivação e seus fins, e buscando enfraquecer o adversário por variados tipos de desgaste.
Não é o caso da pregação tão óbvia no seu propósito de prejudicar eleitoralmente Dilma Rousseff. E prática tão evidente que, já no início de artigo na Folha, o empresário Pedro Luiz Passos definiu-a como “o negativismo que permeia as análises sobre a economia brasileira, em contraste com a percepção de bem-estar especialmente da base da pirâmide de renda”. Ou seja, há um negativismo, intenção de concentrar-se no negativo, real ou manipulado, e a desconsideração do que deu à “base da pirâmide” social alguma percepção de bem-estar.
O elemento essencial na existência de uma Nação é o povo. Não é o território, não é o Estado, ambos inexistentes em várias formas de nação ao longo da história e ainda no presente (os curdos, diversos povos nômades, povos indígenas). O PIB e os ajustes feitos ou reivindicados nunca fizeram nada pelos brasileiros que são chamados de povo. A cliente do PIB, dos gastos governamentais baixos e dos juros bem altos são os que compõem a mínima minoria dos que só precisam, para manter o país, do povo.
Janio de Freitas, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é um dos mais importantes jornalistas brasileiros. Analisa com perspicácia e ousadia as questões políticas e econômicas. Escreve na versão impressa do caderno “Poder” aos domingos, terças e quintas-feiras.
Beth Carvalho: “A CIA quer acabar com o samba”
6 de Janeiro de 2014, 8:18 - sem comentários aindaPor sugestão de Igor Felippe.
Beth Carvalho: “A CIA quer acabar com o samba”
Cantora lança CD e, em entrevista ao iG, acusa a Agência Central de Inteligência dos EUA
Valmir Moratelli, iG Rio de Janeiro
25/11/2011 07:00:30
Foto: George Magaraia.Beth Carvalho, 65 anos, no hall de entrada de sua casa
Ao abrir o elevador, ainda no hall de entrada do apartamento, um quadro com a foto de Che Guevara. Não há dúvidas. Ali é o andar de Beth Carvalho. Ela surge na sala, amparada por duas muletas, que logo deixa de lado para posar para as fotos. “Nunca vi coisa para cair mais do que muletas. Estas meninas caem toda hora”, diz, bem-humorada.
Ainda se recuperando de uma fissura no sacro (osso do final da coluna), aos 65 anos, Beth anda com dificuldades. Ficou dois anos sem pôr os pés no chão. “Estou ótima, salva! Os médicos comentaram com minha filha que eu poderia não andar mais. Mas não me abati. Foi um processo menos doloroso por perceber a prova de amor dos amigos e da família”, relata.
Após quinze anos, a sambista lança o CD de inéditas “Nosso samba tá na rua”, dedicado a dona Ivone Lara, com canções sobre a negritude, o amor e o feminismo. Uma das letras, “Arrasta a sandália”, é de autoria de sua filha, Luana Carvalho. Cercada de quadros de Cartola e Nelson Cavaquinho, entre almofadas verdes e rosas (cores de sua escola de samba Mangueira), perante uma estante com dezenas de troféus e outra com bonecos de Che, Fidel Castro e orixás, Beth concede a entrevista a seguir ao iG
No fundo da janela, o mar de São Conrado, bairro vizinho à favela da Rocinha. “A CIA quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura”, diz a cantora, presidente de honra do PDT. Entre os fartos risos, também não faltaram palavras ríspidas para defender seu ponto de vista.
Foto: George Magaraia. Baluartes em miniatura: Beth entre Dorival Caymmi, Nelson Cavaquinho, Tom Jobim, Cartola e Luiz Gonzaga
iG: Qual foi a sensação ao voltar a andar?
BETH CARVALHO: A pior da minha vida. Quando pus os pés pela primeira vez no chão, achei que nunca ia andar de novo. Parecia que não tinha mais pernas, sem força muscular. Depois, com a fisioterapia, a recuperação foi rápida. Precisei colocar dois parafusos de 15 cm cada um, só isso me fez voltar a andar. Agora sou interplanetária e biônica ( risos ).
iG: Em seu novo CD, a letra “Chega” é visivelmente feminista. Por que é raro o samba dar voz a mulheres?
BETH CARVALHO: O mundo, não só o samba, é machista. Melhorou bastante devido à luta das mulheres, mas a cada cinco minutos uma mulher apanha no Brasil. É um absurdo. Parece que está tudo bem, mas não é bem assim. Sempre fui ligada a movimentos libertários.iG: De que forma o samba é machista?
BETH CARVALHO: A maioria dos sambistas é homem. Depois de mim, Clara Nunes e Alcione, as coisas melhoraram. O samba é machista, mas o papel da mulher é forte. O samba é matriarcal, na medida que dona Vicentina, dona Neuma, dona Zica comandam os bastidores da história. Eu, por exemplo, sou madrinha de muitos homens ( risos ).
Foto: George Magaraia. Não desanimo nunca. Minha esperança é a última que morre
iG: A senhora é vizinha da favela da Rocinha. Como vê o processo de pacificação ?
BETH CARVALHO: Faltou, por muitos anos, a força do estado nestas comunidades. Agora estão fazendo isso de maneira brutal e, de certa forma, necessária. Mas se não tiver o lado social junto, dando a posse de terreno para quem mora lá há tanto tempo, as pessoas vão continuar inseguras. E os morros virarão uma especulação imobiliária.
iG: Alguns culpam o governo Leonel Brizola (1983-1987/1991-1994) pelo fortalecimento do tráfico nos morros. A senhora, que era amiga do ex-governador, concorda? BETH CARVALHO: Isso é muito injusto. É absurdo (diz em tom áspero). Se tivessem respeitado os Cieps, a atual geração não seria de viciados em crack, mas de pessoas bem informadas. Brizola discutia por que não metem o pé na porta nos condomínios da Avenida Viera Souto (em Ipanema) como metem nos barracos. Ele não podia fazer milagre.
Foto: George Magaraia. Relíquia: o instrumento que foi de Nelson Cavaquinho
iG: Defende a permanência de Carlos Lupi no Ministério do Trabalho ?
BETH CARVALHO: Olha, sou presidente de honra do PDT porque é um título carinhoso que Brizola me deu, mas não sou filiada ao PDT. Não tenho uma opinião formada sobre isso, porque não sei detalhes. Existe uma grande rigidez a partidos de esquerda. Fizeram isso com o PC do B do Orlando Silva , e agora fazem com o PDT. O que conheço do Lupi é uma pessoa muito correta. Eles deveriam ser menos perseguidos pela mídia.iG: Aqui na sua casa há várias imagens de Che Guevara e de Fidel Castro. Acredita nomodelo socialista ?
BETH CARVALHO : Eu só acredito no modelo socialista, é o único que pode salvar a humanidade. Não tem outro (fala de forma enfática). Cuba diz ‘me deixem em paz’. Os Estados Unidos, com o bloqueio econômico, fazem sacanagem com um país pobre que só tem cana de açúcar e tabaco.
iG: Mas e a falta de liberdade de expressão em Cuba ?
BETH CARVALHO: Eu não me sinto com liberdade de expressão no Brasil.iG: Por quê?
BETH CARVALHO: Porque existe uma ditadura civil no Brasil. Você não pode falar mal de muita coisa.iG: Como quais?
BETH CARVALHO: Não falo. Tem uma mídia aí que acaba com você. Existe uma censura. Não tem quase nenhum programa de TV ao vivo que nos permita ir lá falar o que pensamos. São todos gravados. Você não sabe que vai sair o que você falou, tudo tem edição. A censura está no ar.iG: Mas em países como Cuba a censura é institucionalizada, não?
BETH CARVALHO: Não existe isso que você está falando, para começo de conversa. Cuba não precisa ter mais que um partido. É um partido contra todo o imperialismo dos Estados Unidos. Aqui a gente está acostumada a ter vários partidos e acha que isso é democracia.
Foto: George Magaraia. Só acredito no modelo socialista, é o único que pode salvar a humanidade
iG: Este não seria um pensamento ultrapassado?
BETH CARVALHO: Meu Deus do céu! Estados Unidos têm ódio mortal da derrota para oito homens, incluindo Fidel e Che, que expulsaram os americanos usando apenas o idealismo cubano . Os americanos dormem e acordam pensando o dia inteiro em como acabar com Cuba. É muito difícil ter outro Fidel, outro Brizola, outro Lula. A cada cem anos você tem um Pixinguinha, um Cartola, um Vinicius de Moraes… A mesma coisa na liderança política. Não é questão de ditadura, é dificuldade de encontrar outro melhor para ocupar o cargo. É difícil encontrar outro Hugo Chávez.iG: Chávez é acusado por muitos de ter acabado com a democracia na Venezuela.
BETH CARVALHO: Acabou com o quê? Com o quê? (indaga com voz alta)iG: Com a democracia…
BETH CARVALHO : Chávez é um grande líder, é uma maravilha aquele homem. Ele acabou com a exploração dos Estados Unidos. Onde tem petróleo estão os Estados Unidos. Chávez acabou com o analfabetismo na Venezuela, que é o foco dos Estados Unidos porque surgiu um líder eleito pelo povo. Houve uma tentativa de golpe dos americanos apoiada por uma rede de TV.iG: A emissora que fazia oposição ao governo e que foi tirada do ar por Chávez …
BETH CARVALHO: Não tirou do ar (fala em tom áspero). Não deu mais a concessão. É diferente. Aqui no Brasil o governo pode fazer a mesma coisa, televisão aberta é concessão pública. Por que vou dar concessão a quem deu um golpe sujo em mim? Tem todo direito de não dar.Leia também: Beth Carvalho segue renovando e preservando o samba em novo disco
iG: A senhora defende que o governo brasileiro deveria cassar TV que faz oposição?
BETH CARVALHO: Acho que se estiver devendo, deve cassar sim. Tem que ser o bonzinho eternamente? Isso não é liberdade de expressão, é falta de respeito com o presidente da República. Quem cassava direitos era a ditadura militar, é de direito não dar concessão. Isso eu apoio.
Foto: George Magaraia. Che e Fidel “enfeitam” a estante da casa da sambista
iG: Por ser oriundo dos morros, o samba foi conivente com o poder paralelo dos traficantes?
BETH CARVALHO: Não, o samba teve prejuízo enorme. Hoje dificilmente se consegue senhoras para a ala das baianas nas escolas de samba. Elas estão nas igrejas evangélicas, proibidas de sambar. Não se vê mais garoto com tamborim na mão, vê com fuzil. O samba perdeu espaço para o funk.iG: Quem é o culpado?
BETH CARVALHO : Isso tem tudo a ver com a CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), que quer acabar com o samba. É uma luta contra a cultura brasileira. Os Estados Unidos querem dominar o mundo através da cultura. Estas armas dos morros vêm de onde? Vem tudo de fora. Os Estados Unidos colocam armas aqui dentro para acabar com a cultura dos morros, nos fazendo achar que é paranoia da esquerda. Mas não é, não.iG: O samba vai resistir a esta “guerra” que a senhora diz existir?
BETH CARVALHO: Samba é resistência. Meu disco é uma resistência, não deixa de ser uma passeata: “Nosso samba tá na rua”.
As paredes são decoradas com diversos discos de ouro e diamente. Foto: George Magaraia
Para a mídia, os tucanos têm salvo-conduto porque defendem a “causa”
6 de Janeiro de 2014, 7:34 - sem comentários aindaEu gostaria de saber se esses quatro senhores tristes convencem alguém além da direita convertida.
Um programa de pavões: quem entrevista e é entrevistado se exibe em frente ou atrás das câmaras para o próprio umbigo.
Manhattan desconectada da realidade
Por Arnaldo Ferreira Marques em seu FACEBOOK
O programa da Globo News ‘Manhattan Connection’ exibido no dia 05.01 é um exemplo do que vem ocorrendo com a mídia e parte dos “formadores de opinião” nos últimos anos.
Além de todos os bordões simplórios de que “o liberalismo salva e o socialismo destrói”, aplicados à Europa, aos EUA, à América Latina e até ao papa Francisco, nota-se entre o quarteto politizado do MC uma enorme voracidade em unir nas mesmas frases as palavras ‘petistas’, ‘Lula’, ‘Dilma’ e ‘corrupção’.
Chegou-se ao ponto de se falar do Mensalão (petista, claro) nesse programa, pleno janeiro de 2014, momento em que não há qualquer notícia nova que justifique pautar o tema mais do que frio. Mesmo assim usaram um pretexto sem graça e pautaram.
Mas, ora, há seríssimas denúncias de corrupção contra o governo FHC e o PSDB goiano, mineiro e recentemente paulista, e nunca, eu disse NUNCA o programa toca no assunto. NUNCA. Nem antes nem agora.
A ironia ácida de Caio Blinder e Diogo Mainardi nunca aponta para os tucanos. Nunca.
Interessante que a tática não é negar cada ponto levantado nas denúncias, apresentando documentos etc. Não. A tática é fingir que não há nada. Silenciar. Pautar qualquer outra coisa, nem que seja uma exposição de cactos no Jardim Botânico do Bronx. Qualquer coisa menos a Privataria Tucana ou o Propinoduto do Metrô paulista.
Neste ponto, o Manhattan Connection serve de exemplo em pequeno da postura da grande mídia brasileira, Folha, Abril e Globo à frente.
Por que denúncia de corrupção só vale se for contra petista?
Ora, a questão é muito clara. Trata-se de um jogo de faz de conta.
Na realidade, a mídia oposicionista considera a corrupção como algo inerente à política brasileira, à Carta “populista” de 1988, e deve morrer de pena por FHC ter “sido forçado” a comprar a emenda da reeleição em 1997. Tadinho.
A mídia oposicionista deve estar preparada para ver (e encobrir) os tucanos praticarem corrupção pesada em um futuro governo federal. Afinal, como evitar isso no Brasil? Collor quis cantar de galo, e deu no que deu…
No fundo, os grandes grupos jornalísticos defendem mesmo é a “causa” (no caso, neoliberal) – ou seja, praticam exatamente o que atacam na esquerda (que os fins justificam os meios).
Para a mídia, os tucanos têm salvo-conduto porque defendem a “causa”, isto é: darão um jeito de reduzir os salários, deixarão o grande capital internacional fazer a festa no país, extinguirão a maior parte dos direitos trabalhistas e privatizarão as últimas estatais (BB, Caixa e, claro, Petrobras), além de liberar a joia da coroa, o Pré-Sal. É isso que importa. É só isso que realmente importa. Eles não estão nem aí com a corrupção tucana. Se os tucanos se comprometerem a defender e pôr em prática a “causa”, está tudo certo.
O PT, de sua parte, está longe de ter implementado um governo radical: não estatizou nada, deixou os bancos lucrarem como nunca, não restringiu os empréstimos do BNDES às empresas nacionais, não radicalizou nas reformas agrária e urbana etc. etc..
Mas, apesar disso, o PT não defende nem pratica a “causa”, e por isso a mídia entende que ele deve ser neutralizado e derrotado. Para isso vale levantar a bandeira (na prática irrelevante para a própria mídia oposicionista) da corrupção.
É por isso que denúncia contra petista é escândalo nacional repetido mil vezes e denúncia contra tucano… não é nada (que denúncia mesmo?).