Criolo: 8 minutos que valem 5 séculos de história
7 de Janeiro de 2015, 12:38Um soco no estômago, assim podemos definir os relatos de Criolo para Claudia Belfort e André Caramante num projeto da Ponte Jornalismo.
Ouvir sua fala arguta sobre a desigualdade, o racismo, a exploração capitalista, sobre identidades e a violência institucional vale cada segundo de nosso tempo.
Por Claudia Belfort e André Caramante
Imagens e edição: Gabriel Uchida e Leonardo Lepri
Ponte Jornalismo
07/05/2015Ao lado do pai, Cleon, o rapper Criolo, nascido na Favela das Imbuias, zona sul de São Paulo, fala sobre desigualdade social, sobre a falta de perspectiva dos jovens da periferia, preconceito e racismo. E conta como seu pai, ao levá-lo para ser socorrido num hospital após um acidente doméstico, foi acusado pelos próprios funcionários do hospital de tê-lo sequestrado.
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CUT a Dilma: Trabalhadores não pagarão a conta
7 de Janeiro de 2015, 10:45Compromisso de diálogo com movimentos deve ser cumprido
CUT e movimentos sindical e sociais não aceitarão que medidas como ajustes no FAT e na Previdência Social sejam adotadas pelo governo sem diálogo com classe trabalhadora
Por: CUT Nacional
07/01/2015
Tendo em vista as medidas anunciadas pelo governo no dia 29 de dezembro de 2014, com o objetivo de ajustar as despesas do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e da Previdência Social, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) manifesta a posição contrária ao método utilizado para a tomada de decisão por parte do governo. Contrariamente aos compromissos assumidos de que as decisões que envolvessem os trabalhadores deveriam passar por um processo de negociação que permitisse às Centrais Sindicais opinar e oferecer propostas alternativas a quaisquer iniciativas, fomos surpreendidos por um anúncio unilateral das medidas sem que pudéssemos contribuir e de alguma forma assegurar os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
A CUT não concorda com as medidas adotadas no âmbito do Seguro Desemprego, tendo em vista que elas penalizam os trabalhadores e trabalhadoras jovens que estão ingressando no mercado de trabalho e também aqueles empregados nos setores com menor especialização, onde a rotatividade de mão de obra é uma prática recorrente do setor patronal.
A CUT considera que as medidas tomadas penalizam exclusivamente os trabalhadores e não impõem nenhuma regra ou sanção para inibir a rotatividade de mão de obra praticada pelas empresas com o único e exclusivo objetivo de reduzir os salários.
A CUT não concorda com o argumento de que os trabalhadores são responsáveis pela rotatividade de mão de obra existente hoje no país. Os exemplos utilizados não se constituem regra e não é a causa do aumento de gastos com o seguro desemprego. Os trabalhadores e trabalhadoras querem manter o seus empregos, terem seus salários valorizados e não fraudar um dispositivo que minimiza os prejuízos causados pela ganância empresarial. Essa medida representa um sério retrocesso aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
Em relação ao seguro defeso, a CUT sempre se posicionou pela mais ampla transparência e controle social na concessão de benefícios. Por isso defendemos a manutenção da política de concessão exclusivamente para os trabalhadores e trabalhadoras da pesca e que o cadastro de beneficiários tenha o mesmo controle dos benefícios concedidos por outras políticas sociais, como o Bolsa Família, o Prouni etc.
A Central Única dos Trabalhadores também manifesta a sua preocupação com as medidas tomadas no âmbito da Previdência Social de forma pontual. Somos os maiores interessados na manutenção do equilíbrio das contas da Previdência, no entanto, esse equilíbrio não pode ser feito a custa dos direitos. Por isso queremos que a discussão seja mais abrangente, que possa inclusive criar uma solução para o Fator Previdenciário que tanto penaliza os trabalhadores, para que esses direitos não sejam comprometidos.
De acordo com a presidenta em exercício da CUT, Carmen Helena Foro, “É importante deixar claro que tudo o que se refere à transparência, aperfeiçoamento e maior controle social não trazem problemas para nós, desde que não retire direitos dos trabalhadores”. Também segundo ela, “é preciso reafirmar o compromisso de que toda a pauta dos trabalhadores e trabalhadoras seja previamente discutida e acordada com a CUT e as Centrais Sindicais”, como foi o compromisso assumido com a presidenta Dilma.
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100 mil bancários da Caixa defendem: A CEF deve continuar 100% pública
7 de Janeiro de 2015, 9:03Por Vera Paoloni*
O movimento sindical cutista bancário é contrário à abertura de capital da Caixa.
Dia 12, a Caixa faz 154 anos como um autêntico banco público e o anúncio da abertura de capital tem causado muita apreensão nos mais de 100 mil bancários da Caixa. CUT, Fenae, Contraf-Cut encaminharam ofício à presidenta Dilma Rousseff solicitando audiência pra este início de janeiro a fim de tratar do assunto.
A bancária da Caixa e deputada federal Erika Kokay já se manifestou publicamente contrária à abertura de capital, pois a abertura de capital significa resgatar propostas derrotadas nas urnas, além de ser um passo para enfraquecer o banco que é tão importante para execução de políticas públicas como o Minha Casa, Minha Vida.
Continuamos no aguardo da presidenta receber o movimento sindical bancario. Espero ter contribuído com o debate.
Contraf-CUT rejeita abertura de capital e defende Caixa 100% pública
Por Contraf-CUT
23/12/2014
A Contraf-CUT rejeita a abertura do capital da Caixa Econômica Federal e defende a sua manutenção como empresa 100% pública. As primeiras notícias surgiram no início de novembro e o assunto é a matéria principal na capa da edição desta terça-feira (23) do jornal Valor Econômico, um dia depois da primeira manifestação a respeito da presidente Dilma Rousseff.
“Vou (abrir o capital da Caixa), mas é um processo demorado”, afirmou Dilma a jornalistas nesta segunda-feira (22), após café da manhã no Palácio do Planalto, ao ser perguntada sobre a notícia de que o governo planeja uma Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês) de ações do banco.
Segundo notícia publicada na edição de domingo (21) no jornal Folha de S.Paulo, “o governo faria um IPO da Caixa daqui a cerca de 1,5 ano”. Antes disso, segundo o diário, “o banco federal teria que passar por um processo de saneamento”. Ainda de acordo com a Folha, “o IPO garantiria recursos importantes para reforçar os cofres do Tesouro Nacional, num momento em que o governo tenta melhorar as contas públicas”.
A Caixa é patrimônio do povo brasileiro e é o terceiro maior banco do país em ativos totais. Em setembro, a Caixa tinha R$ 1 trilhão em ativos, segundo dados do Banco Central, atrás do também público Banco do Brasil, com R$ 1,3 trilhão e do privado Itaú com R$ 1,1 trilhão.
Unidade, luta e mobilização
“Não existe motivo para abrir o capital, na medida em que a Caixa é um banco público que cumpre extraordinário papel social e é a instituição que lidera a concessão de empréstimos habitacionais no país”, defende o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, lembrando que Dilma se comprometeu na campanha eleitoral com o fortalecimento dos bancos federais.
Para ele, “a abertura do capital iria enfraquecer a atuação da Caixa e afetar os programas sociais do governo, uma vez que haverá pressão dos acionistas para aumentar os lucros para gerar dividendos, colocando em segundo plano o papel social da empresa”.
“Nós já vimos este filme em outros bancos públicos, como o Banco do Brasil, e o que assistimos é de um lado a ganância dos acionistas e, de outro, a cobrança de metas abusivas, a piora nas condições de trabalho e a luta constante dos funcionários para que o banco seja público de fato”, alerta Cordeiro.
O presidente da Contraf-CUT aponta como saída a unidade, a luta e a mobilização dos bancários para que a Caixa continue sendo uma empresa 100% pública. “Vamos promover uma nova jornada de luta em defesa da Caixa, mostrar a importância desta empresa para a sociedade e combater os interesses do mercado financeiro, que querem abocanhar um patrimônio que é de todos os brasileiros”.
Fenae reforça pressão
A Fenae divulgou editorial nesta terça-feira, sob o títuto “Luta e mobilização são fundamentais para que Caixa continue 100% pública”.
Para a entidade, o fortalecimento dos bancos públicos não pode parar.
Clique aqui para ler o editorial.
“Que Dilma Rousseff honre os compromissos assumidos na campanha eleitoral. É verdade que abertura de capital e privatização são duas coisas bem diferentes. No entanto, nem uma e nem outra interessam aos brasileiros, sobretudo, aos mais de 100 mil trabalhadores da Caixa”.
Conselheiros eleitos na luta
Sob o título “A Caixa Federal é um banco público. E deve continuar assim”, Fernando Neiva e Maria Rita Serrano, representantes eleitos dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, divulgaram nesta terça-feira um artigo já publicado no site da Contraf-CUT.
Clique aqui para ler o artigo.
“Tornar a Caixa Federal uma empresa de mercado é abrir brechas para a privatização. É dar espaço para o interesse privado, como já se viu em inúmeros exemplos, inclusive em instituições financeiras, trazendo como consequências a redução de direitos trabalhistas e a precarização de serviços em nome do lucro dos acionistas”, afirmam os conselheiros eleitos.
“Como representantes dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa e cidadãos brasileiros não podemos deixar que essa possível venda de ações passe como um trator sobre nossos interesses e os interesses do País. Fomos eleitos para defender um banco público competente, ativo e que honra os direitos de seus empregados”, salientam Fernando Neiva e Maria Rita Serrano.
*Vera Paoloni é lider sindical da CUT/PA, bancária da Caixa Econômica Federal
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Patrus Ananias: Que todos tenham os mesmos direitos e as mesmas oportunidades
6 de Janeiro de 2015, 17:08Enquanto Katia Abreu vomita sandices na grande mídia, o grande Patrus Ananias diz a que veio: em seu discurso de posse o ministro reafirmou a importância da participação dos movimentos sociais no desenvolvimento do meio rural e as lutas democráticas pela reforma agrária e pela efetiva aplicação do princípio constitucional da função social da propriedade.
“Teremos um carinho e olhar especiais para os movimentos de mulheres e da juventude, para as populações tradicionais do nosso País tão rico e tão diverso”
“Aqui estamos, também, em decorrência da ação de entidades sindicais e movimentos sociais comprometidos com a agricultura familiar, associados ao cooperativismo, à economia solidária, ao desenvolvimento dos territórios regionais; comprometidos com a produção de alimentos saudáveis que consolidem cada vez as ações do Fome Zero e da segurança alimentar e nutricional; comprometidos, ainda, com as lutas democráticas pela reforma agrária e pela efetiva aplicação do princípio constitucional da função social da propriedade.”
Leia na íntegra o seu discurso:
DISCURSO DE POSSE DO MINISTRO PATRUS ANANIAS
BRASÍLIA, 6 de janeiro de 2015Aqui chegamos! Este encontro e os desdobramentos que dele se esperam têm a motivá-lo diferentes trajetórias e iniciativas.
O marco inaugural foi a criação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e sua efetiva consolidação, no profícuo governo do Presidente Lula.
Afirmou-se nas competentes gestões dos ministros que me antecederam.
Como Ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, fizemos boas parcerias com o MDA nas gestões dos ministros Miguel Rossetto e Guilherme Cassel. Acompanhamos a fecunda trajetória do MDA sob a liderança dos ministros Afonso Florence e Pepe Vargas.
A todos presto homenagem na pessoa do Ministro Miguel Rossetto, de quem recebo agora o honroso cargo. Quero destacar o compromisso, a dedicação, a inteligência, o espírito público e a plena dedicação à causa dos que têm fome e sede de justiça, que marca a digna e notável trajetória política do Ministro Miguel Rossetto, orgulho dos seus amigos, entre os quais eu me incluo.
Fundamental a ação neste processo que aqui nos trouxe da Presidenta Dilma Rousseff, que manteve e deu todo o apoio às ações do MDA. Agradeço de coração à Presidenta Dilma a confiança expressa no convite para assumir o Ministério, que acolhi como uma convocação cívica, neste histórico segundo mandato de seu governo, comprometido, como sempre esteve e foi reiterado no notável discurso de posse da Presidenta da República, com a permanência e a afirmação dos direitos sociais.Presentes na Constituição da República e nas leis que traduzem na prática os princípios constitucionais, os direitos sociais integram o campo dos direitos fundamentais, que, como sabemos, são os direitos humanos constitucionalizados e positivados.
Aqui estamos, também, em decorrência da ação de entidades sindicais e movimentos sociais comprometidos com a agricultura familiar, associados ao cooperativismo, à economia solidária, ao desenvolvimento dos territórios regionais; comprometidos com a produção de alimentos saudáveis que consolidem cada vez as ações do Fome Zero e da segurança alimentar e nutricional; comprometidos, ainda, com as lutas democráticas pela reforma agrária e pela efetiva aplicação do princípio constitucional da função social da propriedade.Sempre mantive com essas entidades e movimentos um diálogo republicano, franco e fraterno, seja nos cargos que ocupei, especialmente na Prefeitura de Belo Horizonte (MG) e no MDS, seja ao longo de minha vida de militante político e social. Adotaremos no MDA a mesma linha dialogante e democrática de conduta.
Aqui estamos! É mais um forte momento, gratificante e desafiador, que se coloca na minha trajetória existencial que teve seu começo, desde os primórdios, na roça, na Fazenda do Espinho, nos Sertões Roseanos de Bocaiúva e do Norte de Minas, que foi o cenário árido e encantado da minha infância, da minha juventude, guardado hoje nos territórios da memória e da fidelidade ao que lá vi, vivi e aprendi.
Lá eu aprendi, vi, que os trabalhadores rurais do Brasil nos anos 1950 e começo dos 60 não tinham nenhuma proteção trabalhista e previdenciária. Era generalizado, em face da omissão da Lei, o que chamamos hoje de trabalho escravo, uma quase extensão dos tempos sombrios da escravidão.
Os pequenos sitiantes, posseiros, os agricultores familiares dos nossos dias não tinham nenhuma assistência, viviam à margem do Estado inteiramente omisso em relação a eles.
Comecei ali a madurar as convicções de justiça social que me acompanham vida afora, cada vez mais vivas e alargadas.
O compromisso com os pobres e com a justiça social leva-nos à Política onde se definem as leis e as normas que pautam as relações humanas e o convívio social, que agora se estendem à natureza.Sabemos que as relações entre as pessoas, grupos e as classes sociais são conflitantes, o que não significa o domínio inevitável da violência. Os conflitos que emergem das diversidades sociais, das diferentes visões de mundo, podem e devem ser processados pelas vias civilizatórias da ética pública e da democracia.
O filósofo Paul Ricoeur, que o seu biógrafo François Dosse chamou de “filósofo da escuta”, afirma que o verdadeiro político do futuro, lembrando que o futuro se enraíza no presente, deverá ser, sobretudo, um educador. É a dimensão pedagógica da Política.
Inegável que a Política tem uma dimensão teleológica, finalística, que se traduz na correta construção e aplicação das políticas públicas, na eficácia das obras e das ações que melhoram cada vez mais a vida das pessoas, das famílias, das comunidades, até o plano nacional; que se estende à humanidade e ao planeta, respeitando sempre as identidades e diferenças.
Nesta perspectiva, o nosso desejo e compromisso é manter, aperfeiçoar e ampliar as ações e conquistas do MDA. Acredito no trabalho de equipe, no planejamento e avaliação das políticas públicas, nas ações integradas e intersetoriais que devem incidir sobre os diferentes territórios de um país tão diversificado do ponto de vista regional e cultural como o Brasil.
Assim, vamos buscar ações concertadas com todos os ministérios e órgãos públicos nacionais que tenham conosco áreas afins e complementares. Vamos buscar, na linha já adotada pelo MDA, parcerias com os governos estaduais e municipais, com a sociedade civil, igrejas e tradições religiosas, universidades e centros de pesquisas, entidades sindicais, movimentos sociais.
Teremos um carinho e olhar especiais para os movimentos de mulheres e da juventude, para as populações tradicionais do nosso país tão rico e tão diverso.
Temos, em síntese, um claro compromisso com a eficácia e o resultado das nossas ações, na perspectiva de somarmos na promoção da vida, da dignidade da pessoa humana, dos direitos fundamentais, do bem comum; sempre com uma atenção especial aos mais pobres, aos que ainda estão à margem dos bens e direitos da cidadania.Se queremos fazer mais, a partir do que já foi feito ou está em andamento, pelos agricultores familiares, pelas pessoas e famílias nos acampamentos e assentamentos da reforma agrária; se vamos trabalhar firme para levar ao máximo, em benefício dessas pessoas, todas as possibilidades e recursos do Ministério, do Governo e do Estado Brasileiro, do nosso ordenamento e das
nossas parcerias e cooperações, vamos buscar, simultaneamente, a participação das pessoas, especialmente as mais interessadas nas nossas ações e políticas públicas.O diálogo permanente e a participação social na definição de políticas públicas são elementos essenciais no processo de transformação pelo qual o Brasil vem passando, ao longo dos últimos 12 anos. É a participação da sociedade que dá
alma a este projeto de País.Uma sociedade boa, decente, justa e democrática estimula as pessoas a praticarem essas virtudes e valores. Queremos manter e ampliar os espaços da democracia participativa, dos conselhos, das conferências, como as Conferências Nacionais de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário.
O fortalecimento e expansão da agricultura familiar, o cooperativismo, os necessários avanços da reforma agrária, a produção de alimentos saudáveis são temas, entre tantos outros, que se prendem ao tema maior do projeto nacional, do País que queremos para nós, para os nossos filhos, para os netos, para as futuras gerações de brasileiras e brasileiros.
Na perspectiva do projeto nacional brasileiro, um tema da maior relevância é a aplicação efetiva do princípio da função social da propriedade, que está nas Constituições Brasileiras desde 1934. Penso que devemos trabalhar para que ele seja cada vez mais reconhecido, regulamentado e aplicado. Ele está na raiz das duas grandes reformas que ainda desafiam o Brasil: a reforma agrária e a reforma urbana.
Não se trata de negar o direito de propriedade que é uma conquista histórica e civilizatória. Trata-se de adequar o direito de propriedade aos outros direitos fundamentais, ao interesse público e ao desenvolvimento integral, integrado e sustentável do Brasil, o nosso bem maior.
À questão social acresce agora e cada vez mais a questão ambiental, para nos lembrar que o direito de propriedade não pode ser, em nosso tempo, um direito incontrastável, inquestionável, que prevalece sobre todos os demais direitos e sobre o próprio projeto de realização das possibilidades nacionais, que, no limite, é a realização de todo o povo brasileiro.
O princípio da função social da propriedade remonta às origens da tradição cristã, com os textos evangélicos e os chamados Padres da Igreja, e foi bem acolhido e atualizado no Ensino Social Cristão e de maneira especial nas encíclicas sociais dos Papas João XXIII, Paulo VI e João Paulo II, e agora nos textos e pronunciamentos notáveis do Papa Francisco.
Sabemos que é um tema que ainda desperta polêmicas e encontra resistências. Por isso sua tradução na realidade brasileira e na solução dos conflitos não depende apenas da vontade da Presidenta da República e seus ministros. Passa pelo Congresso Nacional, pelo Poder Judiciário, pelo Ministério Público, passa, sobretudo, pela sociedade, pelos meios de comunicação, pelas organizações sociais que mencionei.
O Brasil de hoje seria um país menor e menos justo, se milhões de famílias do campo não tivessem sido incorporadas à cidadania, por meio das políticas públicas para a reforma agrária e a agricultura familiar implementadas nesses 12 anos de governo do presidente Lula e da presidenta Dilma.
Nossos governos mostraram que é possível combinar o justo e necessário estímulo à agricultura empresarial com o não menos justo e inadiável reconhecimento dos direitos dos agricultores familiares e das famílias de trabalhadores rurais sem-terra.
E isso não teria sido possível sem ouvir as vozes que vêm do nosso chão profundo. São elas que nos despertam para a dura realidade dos mais humildes e para os muitos desafios que ainda temos a enfrentar.
Ignorar ou negar a permanência da desigualdade e da injustiça é uma forma de perpetuá-las. Por isso, não basta continuar derrubando as cercas do latifúndio; é preciso derrubar também as cercas que nos limitam a uma visão individualista e excludente do processo social.
Oferecer e garantir oportunidades de crescimento a essas famílias, na terra em que vivem ou na terra que conquistam, é tornar concreto o conceito de função social da propriedade. É trazer para a realidade cotidiana a Constituição democrática e os direitos que ela consagra, para milhões de brasileiros por tanto tempo esquecidos.
E aqui temos o exercício da Política em sua dimensão mais elevada. Todas essas conquistas são fruto da ação política dos movimentos, dos partidos, da sociedade organizada, ao longo de governos fundados no diálogo.
Diferentemente do que dizem os que tentam desqualificá-la, a Política é essencial à transformação da realidade. Por isso a exercemos de cabeça erguida e convidamos a todos, especialmente aos mais jovens, a praticá-la plenamente.
Por isso me orgulho de fazer política no Partido dos Trabalhadores, desde os seus tempos inaugurais, ao lado de outros partidos que sustentam nosso projeto comum pelo Brasil.
Reiteramos que o MDA, em sintonia e sob a liderança da Presidenta Dilma, com as parcerias mencionadas irá continuar e aprofundar a sua ação assegurada na legislação vigente e nas políticas já implementadas ou em fase de execução.
Destaco, entre as políticas públicas inovadoras, a implantação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – a Anater, que consolidará a rica experiência que o MDA vem desenvolvendo nesse campo.
A implantação da Anater, voltada para a inovação tecnológica e geração de renda com sustentabilidade, permitirá elevar a qualidade de vida e da produção nos assentamentos e nas propriedades familiares, que já desempenham papel fundamental na segurança alimentar, nas exportações do país e na mesa do trabalhador brasileiro.
Por outro lado, na linha da Política Pedagógica de Paul Ricouer, o Ministério pretende estar não à frente, mas participar ativamente desse grande debate.
Dentro dele colocam-se questões relevantes: Qual é o valor fundamental da sociedade humana, em torno do qual nós nos coesionamos?
Respondo sem tergiversar que é o direito à vida, a vida humana que carece de outras múltiplas vidas que possibilitam a nossa existência.
Quais são os direitos que asseguram e promovem a vida humana no plano individual, familiar e comunitário? Como fazer realidade no Brasil o princípio de função social da propriedade e, a partir dele, resolvermos o desafio da reforma agrária, que nos acompanha desde o século XIX e acenarmos igualmente para o futuro com a humanização das nossas cidades? Cada vez mais o campo e a cidade se aproximam e complementam.
Vamos agir com vigor e refletir sobre a nossa ação!
Aqui está o gestor que se põe por inteiro na tarefa benfazeja de melhorar a vida das pessoas como foi a nossa experiência, coletiva e compartilhada, na Prefeitura de Belo Horizonte e no MDS. O gestor que quando assume uma diferente missão pública segue as pegadas de Riobaldo Tatarana do Urutu Branco: “Quando vou pra dar combate, convido meu coração”. Mas aqui está
também o militante político e social que não abdica de sonhar, pensar e trabalhar por um Brasil que torne realidade o verso do Hino Nacional Brasileiro:“Dos filhos deste solo és mãe gentil”. Que todas e todos que aqui nasceram que escolheram o Brasil como sua pátria tenham a mesma amorosa acolhida, os mesmos direitos e as mesmas oportunidades.
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Kátia Abreu não age como ministra do governo Dilma
6 de Janeiro de 2015, 14:43KÁTIA ABREU, CAIM E ABEL
Por Lelê Teles
Ao vencedor, as batatas. Grita Humanitas.
Talvez por isso Kátia Abreu apareceu na cerimônia de posse presidencial com seu vestido verde agronegócio, e as batatas da perna expostas. Um sinal de sua conversão à filosofia do Humanitismo.
Sim, ela venceu. Tomou posse, é amiga da presidenta e, também por isso, venceu a resistência enorme que pesava contra os seus ombros largos.
Na refrega, havia dois grupos insaciados, um deles insaciável, os que ganham muito dinheiro com a terra e os que têm pouca terra e pouco dinheiro.
Há ainda um terceiro grupo que não tem nem um e nem outro.
Terra há.
E é criminoso invadir terras legais e produtivas, a constituição garante a inviolabilidade da propriedade privada. Ponto.
Mas há ressalvas na Carta. Ponto e vírgula. Terras griladas ou ociosas têm dono, o Estado brasileiro, o povo brasileiro.
Há que se pensar também, é só ler a Carta, no princípio constitucional da função social da terra.
Alimentar o povo, gerar renda, gerar emprego.
A lei ainda assegura terras para os povos indígenas, para criação de unidades de conservação e de reservas ecológicas.
O conflito é provocado, sempre, entre a fraternidade versus ganância e egoísmo. Os discípulos do maior filósofo brasileiro, Quincas Borba, acreditam que não pode haver divisão, porque não há para todos, se repartirmos o que temos entre todos nós, nós todos morreremos de inanição. Daí a guerra.
Venceu a chamada Rainha da Motosserra. Batatas pra ela.
Mas tenho cá um pressentimento de que começa a assar a batata de Kátia Abreu.
De um ministro de Estado se espera diálogo, alinhamento com a filosofia do poder central, discrição e, acima de tudo, ação.
Senhora Abreu parece ignorar todas essas etapas. E anda a dar com a língua nos dentes.
Simplória, fez uma analogia tão tacanha, tão chã, tão farelo que deveríamos nem estar a comentá-la aqui, o faremos por ofício. Dizer que os indígenas estão a “descer” e invadir a propriedade dos capitalistas é uma digressão estapafúrdia.
Defender o latifúndio que avança sobre áreas indígenas com o infeliz argumento de que ninguém pretende devolver Niterói ao cacique Araribóia ou Sergipe ao cacique Serigy é uma afronta, um acinte, um deboche.
Mas não paremos por aí, Kátia parece se aproximar de sua homônima, que cantou sucessos até os anos 80, e não enxerga o que está à sua frente. Disse, disso nunca nos esqueceremos, que não há mais latifúndios no Brasil.
Huuuummmm. Essa foi de lascar.
Quer dizer que a soja que alimenta animais mundo afora, a carne e o frango que alimentam seres humanos mundo adentro, as milhares de toneladas exportadas do agronegócio brasileiro são, tudo isso, produções artesanais de chacareiros?
Latifúndios há e estão em crescimento, mesmo que grande parte destas terras sejam apenas fruto de ganância e vaidade, pois estão ociosas, improdutivas.
Há muita gente honesta trabalhando a terra, pequenos e grandes produtores; e há gente honesta precisando de terra para trabalhar. No meio destes, há os astutos seguidores de Caim e Abel, os que avançam sobre florestas, desrespeitam leis, mandam e desmandam; matam e desmatam.
Kátia Abreu ainda não deixou claro de que lado está.
A história da humanidade, segundo a Bíblia, começa com um conflito. Adão, o primeiro homem, teve dois filhos. Um se tornou agricultor e o outro pecuarista.
O Deus de ambos, que era um só, invisível, indizível e indivisível, pedia a eles sacrifício, cada um deu o que produzia.
Mas o ciúme, o egoísmo e a vaidade, fez com que essa história acabasse em morte. Caim, o agricultor, matou Abel, o pecuarista.
A história nos conta, ainda, que os descendentes de Caim se comportaram como ele, egoístas, vaidosos e gananciosos. Todos pereceram no Dilúvio.
Adão teve outro filho, Shais, deste sujeito descende Noé, a justiça e a fraternidade, e deste descendemos todos nós.
Deus, senhora Abreu, mais uma vez pede sacrifício.
Atentai bem, pois é tempo de chuvas.
Palavra da salvação.
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