Lulão trabalhou bastante em 2013 para a integração da América Latina
16 de Janeiro de 2014, 12:27 - sem comentários aindaIniciativa América Latina debate nova etapa da integração
Trabalhando pelo aprofundamento das relações latino-americanas e por uma integração verdadeira, a Iniciativa América Latina do Instituto Lula promoveu debates e reuniu informações ao longo do ano sobre a integração latino-americana. E encerrou 2013 com a organização de um grande encontro no Chile, em parceria com a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). O seminário “Desenvolvimento e Integração da América Latina” contou com a participação do ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos e de 120 lideranças entre sindicalistas, políticos, pesquisadores e representantes de entidades multilaterais da região.
No encontro em Santiago, 120 lideranças politicas, sociais e intelectuais fizeram uma análise atualizada e debateram uma agenda concreta para o desenvolvimento e a integração regional. Discutiu-se francamente a inserção da América Latina na economia mundial; a arquitetura político-institucional da integração; o papel das políticas sociais, especialmente no combate à pobreza; as empresas translatinas; as conexões físicas e energéticas; a cooperação financeira e os mecanismos de investimento; as cadeias produtivas supra-nacionais; os direitos humanos e laborais; a defesa do patrimônio ambiental e da diversidade cultural.
No início do ano, a Iniciativa América Latina do Instituto Lula organizou um amplo debate com intelectuais da América do Sul em São Paulo, para discutir caminhos progressistas para o desenvolvimento e integração do continente. Na oportunidade, o ex-presidente Lula afirmou que “a integração da América do Sul passa por um choque de inclusão, e apontou a burocracia e a falta de conhecimento sobre o tema como dois dos principais entraves”.
Lula visitou, além do Chile, a Argentina, Colômbia, Cuba, Equador, México, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Participou de eventos onde falou do sucesso do Brasil em impulsionar a economia combatendo a pobreza e da importância de se ampliar ainda mais a integração e a cooperação entre os países da América Latina.
Ao todo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou 10 países da região em 2013. Além das atividades de Lula, o diretor do Instituto Lula responsável pela Iniciativa América Latina, Luiz Dulci, e sua equipe, mantiveram contato direto com líderes, forças políticas, intelectuais e movimentos sociais e sindicais de 13 países latino-americanos.
México e Caribe
Em Cuba, Lula participou da 3ª Conferência pelo Equilíbrio do Mundo e pediu o fim do embargo ao país. “Não existe mais nenhuma razão para se manter o bloqueio”, disse. Na República Dominicana, o ex-presidente participou da cerimônia de entrega do Prêmio Nacional da Juventude.
No México, em abril, Lula participou do lançamento da Cruzada Nacional contra a Fome do governo mexicano. O programa foi inspirado no Fome Zero e o presidente mexicano, Enrique Penã Nieto, agradeceu Lula por impulsionar a luta contra a fome. “Vamos começar no México o que o presidente Lula fez no Brasil e faremos de tudo para acabar com a fome entre os mexicanos”, disse.
Países Andinos
Em junho, o ex-presidente fez uma viagem pelos países andinos, passando pela Colômbia, Peru e Equador. Lula se reuniu com os presidentes dos três países, estudantes, movimentos sociais e sindicais, e participou de encontros com empresários. No Peru, ele recebeu a Medalha Cidade de Lima, e também o título honoris causa da Universidade San Marcos, a mais antiga das Américas. No Equador, o ex-presidente participou de um amplo encontro com os movimentos sociais no Teatro Nacional de la Casa de La Cultura, em Quito. E recebeu dois títulos de doutor honoris causa pela Universidad Andina Simón Bolívar e pela Escuela Politécnica del Litoral.
Saiba mais sobre todas as atividades da viagem aos países andinos aqui.
Argentina e Uruguai
Em maio, o Instituto Lula, por meio da Iniciativa América Latina, promoveu na Argentina o encontro “Desafios Brasil-Argentina: Desafio para a integração regional” em parceria com o Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO). Na ocasião, Lula deixou claro que sua preocupação com a integração não acabou após o fim de seu mandato.
Ainda na Argentina, a presidenta Cristina Kirchner chamou Lula de “o melhor amigo” do país. O ex-presidente participou da inauguração da primeira universidade de trabalhadores do continente, em Buenos Aires, e recebeu nove títulos de doutor honoris causa. No Senado, ele defendeu maior atenção dos parlamentos aos acordos internacionais e maior envolvimento das casas legislativas no debate sobre a integração.
No Uruguai, Lula se encontrou com o presidente, José Pepe Mujica, e participou de um debate sobre os avanços e novos desafios dos governos progressistas e do movimento sindical latino-americano.
Leia a entrevista com Luiz Dulci, diretor do Instituto Lula responsável pela Iniciativa América Latina, sobre o trabalho feito em 2013 e as perspectivas em 2014
1) Qual a atividade principal da Iniciativa América Latina do Instituto Lula?
R: Nosso objetivo é contribuir para o avanço da integração latino-americana. Todas as nossas ações são voltadas para este fim: reuniões, encontros, seminários, pesquisas, produção de textos, viagens, contatos políticos, participação em eventos de terceiros etc. Temos procurado estimular no Brasil e nos outros países debates e ações práticas que fortaleçam a unidade política, social, econômica e cultural da região. Constituímos – e essa talvez seja a nossa principal realização – uma rede bastante ampla de interlocutores e colaboradores, envolvendo líderes políticos, dirigentes sociais e alguns dos maiores intelectuais da América do Sul, da América Central e do Caribe. Propiciamos diversos momentos de intercâmbio e reflexão coletiva. Lula tem dito que necessitamos de um pensamento estratégico sobre a integração, do qual se extraia uma agenda concreta capaz de acelerar o processo. Já dispomos de um acúmulo razoável nessa perspectiva. Em 2014, poderemos dar um salto de qualidade nesse trabalho, apresentando seu produto aos governantes e aos organismos multilaterais da América Latina.
Outra coisa muito importante que fazemos é preparar politicamente as viagens de Lula pela América Latina. Basta dizer que, desde que deixou a presidência, ele já fez 29 viagens a países da região, e em todas elas, além de reunir-se com os chefes de Estado, reuniu-se também com sindicalistas, cientistas, empresários e jovens para debater os desafios do desenvolvimento compartilhado e da integração regional.
2) Quais serão os desafios para 2014?
R: O ideal é que toda essa reflexão acumulada, e a articulação política que se deu em torno dela, sejam consolidadas num instrumento de intervenção intelectual e mobilização política. Não sendo órgão governamental, o Instituto Lula não pode e não quer, naturalmente, substituir os governos nacionais e a sociedade civil de cada país, nem tampouco os órgãos multilaterais da região. Mas pode sugerir, propor, estimular e induzir. A partir de 2014, nosso trabalho será voltado sobretudo para a apresentação de propostas aos atores políticos, econômicos e sociais.
3) Como a experiência brasileira contribuiu para a união dos países da América Latina?
Nunca se trata, em matéria de integração, de exportar modelos. Todas as experiências nacionais são relevantes para a união entre países. E, felizmente, a região conta com políticas públicas criativas em vários países e possui diversos chefes de Estado e líderes políticos de grande envergadura. É claro que Hugo Chaves e Néstor Kirchner fazem muita falta, mas foram substituídos por presidentes progressistas comprometidos com a integração soberana dos nossos povos. Mais do que a nossa experiência interna, a principal contribuição brasileira foi o extraordinário investimento político e econômico de Lula e Dilma no resgate do Mercosul e na criação da Unasul e da Celac. O maior aporte do Brasil, na minha opinião, foi a decisão estratégica de associar seu destino ao dos países vizinhos.
4) Há alguns anos cresce o número de governos de esquerda em países da América Latina. Em sua opinião, a que se deve esse fato?
É verdade. Nos últimos 10 anos, a maioria dos países da América Latina passou a ter governos de esquerda ou de centro-esquerda, isto é, progressistas, cujas gestões garantiram importantes conquistas sociais, econômicas e políticas para os seus respectivos povos e para toda a região. Acho que isso se deve à conjunção de dois fatores: de um lado, o fracasso histórico do neoliberalismo, que debilitou as oligarquias dominantes; de outro, a aposta das esquerdas e dos setores populares na via democrática e na disputa eleitoral. As esquerdas latino-americanas evoluíram muito, sem mudar de lado, e se demonstraram capazes não só de ganhar eleições, mas de governar com eficiência, promovendo a retomado do desenvolvimento e ousadas políticas de distribuição de renda e inclusão social. É por essa razão que, na maioria dos países, os governos progressistas estão sendo reeleitos, apesar da brutal oposição conservadora. Nunca a esquerda fez parte de tantos governos na América Latina. Esse é um trunfo para o avanço da integração.
Veja aqui todos os links das viagens por países latino-americanos em 2013.
ARGENTINA
Lula recebe o 9º título de doutor honoris Causa na Argentina
Lula faz parte de grupo “fundamental” para integração do continente, diz reitora da Universidade de Lanús
O diálogo pela integração latino-americana deve partir também do legislativo
Lula recebe oito títulos de doutor honoris causa na Argentina
“O sindicato além de fazer greve e manifestação, agora também faz universidades”, diz Lula na Argentina
Cristina Kirchner apresenta Lula como “melhor amigo da Argentina”
Lula participa de inauguração de universidade de trabalhadores em Buenos AiresCHILE
Ex-presidente participa do seminário “Desenvolvimento e Integração da América Latina”, em Santiago do Chile
Seminário no Chile debate integração
Sebastián Piñera recebe Lula em La Moneda
Lula sabe as mudanças importantes para um país, diz presidenta Bachelet
Lula se reúne com Bachelet no Chile
Instituto Lula promove seminário no ChileCOLÔMBIA
Paz e integração latino-americana são temas de encontro entre Lula e prefeito de Bogotá
Lula e prefeito de Bogotá discutem cooperação em políticas públicas
Lula janta com vice-presidente da Colômbia
Lula se reúne com o presidente colombiano Juan Manuel Santos
“Espero seguir seu exemplo e tornar a Colômbia um país mais justo”, afirma Santos a LulaCUBA
Transcrição da primeira parte do discurso de Lula na 3ª Conferência pelo Equilíbrio do Mundo
“Não existe mais nenhuma razão para se manter o bloqueio”, diz Lula em Cuba
Em Cuba, Lula se encontra com filha de ChávezEQUADOR
Lula se reúne com presidente equatoriano Rafael Correa
Em Quito, Lula recebe a Condecoração da Ordem Nacional de San Lorenzo
“Os pobres deixaram de ser problema e passaram a ser solução na América Latina”, diz Lula em Quito
Presidente do Equador diz que Lula é grande artífice da integração da América Latina
No Equador, Lula recebe dois títulos de doutor honoris causa por exemplo à integração latino-americanaMÉXICO
Lula em entrevista a TV mexicana: “coloquei o combate à fome como uma obsessão na minha vida”
Lula no México: “Eu vim aqui dar um testemunho. É possível acabar com a fome do mundo”PERU
Em Lima, Lula se encontra com presidente peruano Ollanta Humala e primeira-dama Nadine Heredia
“Sozinhos, podemos ser mais rápidos, mas juntos podemos avançar mais longe”, diz presidente do Peru sobre integração
Por trabalho pela democracia e igualdade, Lula recebe Medalha Cidade de Lima
No Peru, Lula recebe honoris causa da universidade mais antiga das Américas
Jogador Paolo Guerrero visita Lula em entrega de título de doutor honoris causa, em Lima
“Nós podemos construir um novo modelo de integração”, afirma Lula em Lima
Lula incentiva jovens peruanos a participar da política
Ao lado da primeira dama e do presidente peruanos, Lula visita obra de porto e conversa com trabalhadoresREPÚBLICA DOMINICANA
Lula se encontra com o ex-presidente dominicano Leonel Fernández
Na República Dominicana, Lula envia mensagem de esperança a juventudeURUGUAI
Ex-ministro Luiz Dulci lembra conferências e defende participação social nas políticas públicas
“Apenas começamos a resolver os problemas da América Latina”, defende Lula no Uruguai
Lula se encontra com presidente uruguaio José Mujica, em Montevidéu
O shopping center – caixa fechada à paisagem urbana e negação da rua – tem papel central na morte da cidade
16 de Janeiro de 2014, 11:56 - sem comentários aindaVários expressam a opinião de Arnaldo, mas ela não dá conta de explicar o tratamento diferenciado dado aos alunos da FEA, tampouco o tratamento dado aos meninos de Fortaleza que foram na inauguração do shopping center. Quanto mais elitista for o shopping mais ações discriminatórias eles terão em relação aos meninos da periferia, majoritariamente negros.
Do resto ele está coberto de razão, por mim os shopping seriam todos demolidos.
Por: Arnaldo Ferreira Marques, em seu Facebook
Eu detesto ser manipulado…
Rolezinho é o nome ‘perifa’ de flash mobs adolescentes marcados nos shoppings periféricos da cidade.
Em um ambiente cheio de vidro, escadas rolantes, saídas afuniladas, vãos de muitos andares etc., e com qualquer especialista em massa explicando que ajuntamentos de jovens podem sair facilmente do controle, óbvio que as organizações dos shoppings não iriam permitir os rolezinhos.
Adolescentes aprontões e seguranças caretas, a história do mundo desde o Neolítico.
Mas no clima pré-revolucionário que alguns sonham para o Brasil desde junho do ano passado, os rolezinhos se tornaram uma manifestação política de alta significação.
Criou-se um quadro no qual jovens pobres e negros excluídos, que sempre se sentiram impedidos de entrar em um shopping, resolveram finalmente se unir e ocupar esse vil espaço de exclusão burguesa. Denunciariam assim o apartheid vigente no país.
Hã… só que não. No geral, os rolezistas frequentam os shoppings normalmente, são frequentadores habituais, compram e se divertem lá todo o tempo. Individualmente. Sem problemas. O problema surge apenas no flash mob, no ajuntamento de centenas/milhares. Aí é que o bicho pega. E essa é outra discussão.
Os shoppings da periferia, palco dos rolezinhos, são frequentados por pessoas da periferia (ora!!!), em grande parte negros. Sem problemas. Se há apartheid no Brasil, não é por lá.
Se os movimentos sociais querem aproveitar a onda (capitalizando a habitual inabilidade da segurança em lidar com essas crises, chamando inclusive a PM, efetuando prisões etc.) e organizar “flash mobs anticapitalistas”, ok, façam, mas não confundam com os rolezinhos “moleques”, marotos, da perifa.
Por favor.
Que fique claro: o shopping center no Brasil adquiriu características próprias, matando a rua pública, oferecendo uma rua privada onde não há colchões de mendigos nos corredores, pedintes na praça de alimentação, lixo pelo chão ou batedores de carteira nos cinemas. Nos shoppings, as leis brasileiras são filtradas pela convenção do condomínio, para atender necessidades de consumidores e lojistas.
A cidade brasileira está morrendo, sendo substituída por um amontoado de ilhas privadas/muradas ligadas por ruas e avenidas cada vez mais voltadas apenas ao trânsito, à passagem, não à convivência.
O shopping center – caixa fechada à paisagem urbana e negação da rua – tem papel central nesse processo desastroso.
Por mim, os shoppings seriam proibidos. E os atuais demolidos.
O comércio, o lazer e a convivência devem voltar para a rua, transformadas em calçadões (o que se viabiliza com a prioridade ao transporte coletivo, com a inclusão social com qualidade… é um círculo virtuoso).
Mas parem de manipular o rolezinho, caraca!
O longo texto Leandro Beguoci: Rolezinho e a desumanização dos pobres, reproduzido por muitos (mas pelo jeito entendido ‘seletivamente’ por alguns) trata de parte das coisas que falo aqui.
Jovens negros são hostilizados e humilhados no shopping Parangaba, Fortaleza
Haddad não criminaliza os rolezinhos e sabe que jovens precisam de mais espaços públicos
Associação Brasileira de Shopping Centers consegue censurar páginas de rolezinhos no Facebook
Leandro Beguoci: Rolezinho e a desumanização dos pobres
“Rolezinhos” se espalham pelo País: teremos as jornadas de janeiro?
Vitor Teixeira: Rolezinho e o Apartheid
Shopping barra jovens da periferia, mas libera ´rolezinho´ de alunos da USP
16 de Janeiro de 2014, 11:28 - sem comentários aindaNeste post aqui já havia mostrado a diferença de tratamento quando o rolezinho é feito com subir em mesa de praça de alimentação e xingamentos por jovens brancos bem nascidos e jovens da periferia e em sua maioria negros.
Shopping barra jovens da periferia, mas libera ´rolezinho´ de alunos da USP
Rede Brasil Atual, via SMABC
Alunos da FEA sobem nas mesas da praça de alimentação para cantar gritos de guerra usados em jogos universitários
Sem repressão ou proibição, estudantes de Economia da Universidade de São Paulo promovem manifestações em centro de compras desde 2007
São Paulo – Pelo menos desde 2007, centenas de “bichos” da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA) reúnem-se no Shopping Eldorado, na zona oeste de São Paulo, para celebrar o ingresso na universidade: em grupos grandes e barulhentos, sempre entoando os gritos de torcida da atlética da faculdade, eles ocupam o hall de entrada e os corredores, marcham até a praça de alimentação e, lá, seguem pulando, cantando e usando as mesas como instrumentos de percussão. A manifestação, similar à aglomeração causada pelos “rolezinhos” marcado pelas redes sociais para o sábado passado (11) no Shopping Itaquera, na zona leste, administrado pelo mesmo grupo empresarial, é permitida e conta até com patrocínio oficial de lojas; em Itaquera, uma liminar proibiu o encontro dos jovens e causou forte repressão da Polícia Militar.
Em vídeos publicados por alunos da FEA no youtube, é possível acompanhar a aglomeração dos jovens entre 2010 e 2013. Segundo João Meireles, atual presidente da Atlética, deve haver “invasão” no shopping também este ano.
“Para confirmar, só com o Centro Acadêmico, eles é que organizam os pedágios (trote que leva os novos alunos da faculdade para pedir dinheiro nos semáforos)”, afirmou.
As invasões ao shopping ocorrem logo após o fim da coleta dos pedágios, e contam até com apoio de lanchonetes na praça de alimentação: depois de decorar os gritos de guerra da torcida da FEA para os jogos universitários, os estudantes almoçam nos restaurantes parceiros. “Se há acordo com o shopping, eu não sei. Isso é com o CA”, completou Meireles. A RBA tentou contato com diretores do Centro Acadêmico da FEA, mas não obteve resposta.
À RBA, o Shopping Eldorado afirmou que as “invasões” são permitidas porque têm “objetivos muito diferentes” dos rolezinhos convocados pelas redes sociais. “Os alunos da FEA vêm ao shopping, almoçam e depois se concentram para a comemoração, cantando gritos de guerra por alguns minutos, o que não causa tumulto ou desordem”, apontou, por meio de nota. O shopping esclarece ainda que não costuma negociar a realização do evento com os estudantes, mas que a “invasão” ocorre sempre na mesma época do ano e, por isso, é previsível. “Na chegada do pessoal, nossa segurança identifica os líderes e passa algumas orientações para não incomodar os demais convidados do shopping. Depois, acompanha e monitora a ação”, continua a nota.
Dois pesos, duas medidas
Para Kazuo Nakano, professor de Desenvolvimento Urbano e Direito Imobiliário da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a diferença de tratamento dedicada pelos shoppings ao “rolezinho” e à “invasão” promovida por alunos da USP é sintomática da falta de regulamentação do setor. “Não existem critérios claros para o uso do espaço do shopping, que é uma empresa privada, mas de uso coletivo. Hoje, vale a lógica da propriedade e o direito do proprietário de filtrar quem circula em seu estabelecimento”, aponta.
“Agora, se tudo bem quando é aluno da USP, mas o cidadão da periferia gera temor de arrastões, está claro o preconceito. O shopping já é um espaço excludente por conta dos preços para desfrutar dos seus produtos e serviços, e, dessa maneira, segrega ainda mais”, completa.
O professor acredita que é necessário debater a diferença entre os espaços públicos dedicados ao consumo e aqueles dedicados à vida cívica dos cidadãos. “O que vemos em São Paulo, por exemplo, é que praticamente só existem dois tipos de espaços públicos: o de consumo e o de deslocamento, as vias da cidade. Quando vamos falar dos espaços para a vida cívica, estão quase todos deteriorados. Temos lutado para recuperar esses espaços e reverter essa lógica de privatização dos espaços dedicados ao lazer”, pondera Nakano. “Até lá, será comum que as pessoas façam a opção pelo shopping e outros estabelecimentos privados para suprir essa carência.”
Preconceito nos shoppings
Nos últimos anos, uma série de episódios revelam que a discriminação é comum nos corredores dos shoppings brasileiros. Em 2010, o músico cubano Pedro Bandera, 39, foi impedido por seguranças de entrar no shopping Cidade Jardim, na zona oeste, onde tinha uma apresentação marcada em uma livraria – segundo ele, os demais músicos entraram no shopping sem problemas. Já o cubano chegou a ser imobilizado e encaminhado a um táxi que o retiraria do local. Bandera, que é negro, processou o shopping por racismo e foi indenizado em R$ 7 mil após decisão favorável da justiça em dezembro passado.
Já no shopping Center 3, na avenida Paulista, em janeiro deste ano, a transsexual Aline Freitas afirmou que foi abordada por seguranças que tentaram impedi-la de usar o banheiro feminino: ela chegou a entrar no lavabo, mas foi abordada por uma funcionária e retirada por um grupo de oito seguranças.
Na Bahia, à mesma época do episódio em São Paulo, um grupo de 21 funcionárias do shopping Barra, em Salvador, tentou impedir uma lojista transsexual de usar o banheiro feminino, alegando sentirem-se “constrangidas” pela presença da funcionária. Nesse caso, o shopping manifestou respeito pela diversidade e afirmou que não restringiria o acesso da funcionária ao banheiro por uma questão de “dignidade humana”.
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Stédile aponta reforma e consciência política para mudar a realidade brasileira
16 de Janeiro de 2014, 10:42 - sem comentários aindaPor Claudia Weinman (PJMP/SC)
Foto: Joka Madruga/PJR
Mudar a realidade de milhões de brasileiros não é tão fácil quanto parece ser nas falas de líderes do Governo. O representante da Via Campesina\MST, João Pedro Stédile, no III Congresso Nacional da Juventude Camponesa, que acontece em Pernambuco\Recife, na manhã de hoje (15), afirma que essa questão foi analisada pelo viés da discussão crítica sob a atual conjuntura da realidade brasileira. Segundo ele, todas as mudanças históricas sempre foram feitas pela classe trabalhadora.
Stédile argumenta que a juventude camponesa precisa compreender a responsabilidade que possui para, segundo ele, não passar pela história sendo conhecida como uma geração ‘bundona’. “Ainda dá tempo de fazer a mudança, mas é preciso compreender as realidades que temos”, enfatiza.
Embora o tempo de fala tenha sido pouco para discutir a luta de classes com realidades tão diferentes durante o congresso, Stédile construiu uma leitura genérica dos elementos mais importantes que determinam isto a nível nacional. “Cada um de nós vê a mesma realidade com um olhar diferenciado e assim, temos que montar esse quebra cabeça da fotografia da realidade e compreender de fato o que esta acontecendo na luta de classes”, argumentou.
Após a análise feita pelo assessor, jovens de todos os estados compartilharam experiências baseadas nas falas de Stédile e provocaram algumas discussões a respeito da realidade brasileira.
Durante a tarde, a programação segue com animação, mística, discussão a respeito dos temas com foco na questão agrária sendo esta assessorada pelo representante da CPT Plácido Júnior e o tema Juventude Camponesa: Sujeito Social e Sujeito Político com o assessor da PJR Maciel Cover. A noite segue com os momentos culturais e a presença exclusiva do músico Pedro Munhoz.
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16 de Janeiro de 2014, 8:21 - sem comentários aindaAchei que tinha visto de tudo.