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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
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João do Morro: misoginia, machismo e libelo de um eleitor tucano contra Dilma

7 de Dezembro de 2015, 10:11, por MariaFrô

“Eu votei em outro cara para ser o presidente, mas quem ganhou foi ela pra botar no c* da gente“, canta o pernambucano João do Morro num libelo misógino, machista e incitador da violência contra as mulheres. Sua letra de imenso mau gosto é um retrato do discurso nas redes e nas ruas do eleitor tucano reacionário despolitizado e ressentido que não aceitou ainda a derrota nas urnas.

O autor de tamanho descalabro trata o órgão sexual feminino como “charque” e chama a presidenta de ‘chupa charque”. Há tantas baixarias machistas, misóginas, de péssimo gosto nesta letra que atinge todas as mulheres brasileiras e há ameaça explícita à presidenta da República. Espero sinceramente que as autoridades neste país se atentem para o nível de violência moral, sexual e ameaças que esta letra nojenta, travestida de música, encerra e que as devidas providências sejam tomadas.

Abaixo segue a Nota de Repúdio assinada por uma série de instituições e coletivos como a Marcha das Mulheres.

Espero que não fiquemos só em uma nota de repúdio.

Nota de repúdio contra a violência moral e sexual contra nós, mulheres

Nós, Feministas de Pernambuco, vimos a público manifestar nosso repúdio a João do Morro, que está veiculando uma música, mal feita, vulgar, sem graça e desrespeitosa contra a Presidenta Dilma Rousseff. Reivindicamos também que essa música não seja divulgada nos meios de comunicação nem na internet, porque ela não é uma “forma de protesto” contra o governo da Presidenta Dilma Rousseff.

A música incita à violência contra as mulheres e é lesbofóbica. Afirmar “essa chupa-charque vai me pagar” é uma ameaça a integridade física e moral da presidenta. Afirmar “meu santo Antônio arruma um macho para Dilma” para que ela possa governar melhor o Brasil é afirmar que nós, mulheres, não temos competência para presidir o Brasil.

O preconceito contra nossa capacidade de governar é uma das práticas políticas utilizadas para nos impedir de participar da vida pública, impedir de exercer nossa cidadania. A música violenta todas nós mulheres pernambucanas. O recado dele é muito explícito: mulher tem que ter um macho que governará por nós, um macho para chefiar nossa casa, nossa cidade, nosso país. Um macho, como ele diz, para foder com a mulher!

João do Morro parece querer criticar o projeto político-econômico da presidenta, que toda/o cidadã/ão tem direito de discordar e criticar, mas sua crítica incide sobre o fato de ela ser mulher, cujo corpo deve ser devastado e subjugado. Para nós, em uma democracia, a violência contra as mulheres jamais poderá ser considerada uma forma de protesto ou de brincadeira. Violência contra as mulheres é crime!

A música não somente nega nossa capacidade governar, mas também incita e autoriza a violência contra mulheres, especialmente aquelas que estão em espaços de poder político. “Arrumar um macho” é um instrumento de correção, subordinando nossa sexualidade a serviço do homem. É uma violência simbólica que reduz nós mulheres à condição de objeto e nos retira do lugar de sujeitos e de poder.

Essa forma de desqualificar a mulher só contribui para excluir as mulheres dos espaços de poder. Hoje somos 51,7% de eleitoras/es brasileiras/os, entretanto nossa participação na Câmara dos Deputados e no senado não ultrapassa 10%. No Poder Executivo, dentre as 26 capitais brasileiras, apenas uma é governada por mulher. E não é porque as mulheres não se candidatam, é porque, salvo raras exceções, os “chefes” dos partidos políticos não permitem que elas estejam entre as/os primeiras/os da lista de candidatas/os.

Difundir esta música é, na nossa perspectiva, ser cúmplice da violência contra as mulheres. Em um estado, como o de Pernambuco, em que a violência é uma das maiores do Brasil. Além disso, tratar a presidenta desta maneira é depreciar a instituição Presidência da República e é por em questão a possibilidade das mulheres ocuparem lugares de poder.

Contra a banalização da violência contra as mulheres! Manifestamos nossa solidariedade feminista à Presidenta Dilma Rousseff, a todas as meninas e mulheres que são vítimas da violência patriarcal em Pernambuco, no Brasil e no mundo. Mexeu com uma, mexeu com todas!

Por mim, por nós e pelas outras!

Por democracia no mundo e nas nossas vidas!

Fim à violência contra as mulheres!

Coletivo Feminista Diadorim

Coletivo da Mulher Trabalhadora da CUT/PE

Diretoria de Políticas para as Mulheres/FETAPE

Fórum de Mulheres de Pernambuco

Feminismo Agora!

Grupo Impulsor da Marcha de Mulheres Negra de Pernambuco

Marcha Mundial de Mulheres

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Uma madrugada na EE Fidelino Figueiredo e o reencontro com a esperança

4 de Dezembro de 2015, 13:48, por MariaFrô

Hoje, depois da meia noite eu e Pablo Villaça saímos do lançamento de seu livro e fomos direto para Santa Cecília visitar a escola EE Fidelino Figueiredo ocupada desde 2 de novembro.

lançamento-livro-Pablo-Villaça

Ao chegarmos nos deparamos com pais e professores em uma barraca improvisada sentados em vigília para a proteção dos alunos e da escola das constantes investidas da polícia. Segundo relato dos professores e pais, viaturas policiais passam durante toda a madrugada, param pedem documentos. Uma delas ironiza: “Os senhores ainda não decoraram nossos nomes?

acampamento-escola-ocupada-EEFFigueiredo-santa-cecília

Sentamos e ouvimos. Os professores que apoiam a luta dos estudantes (a diretora está do lado do governador) revesam-se todas as madrugadas até as 8 da manhã desde o início da ocupação.

Encontramos dois professores de Artes, dois de Biologia, um de Química, três voluntários que já doaram aulas durante a ocupação, alguns pais e uma aluna do 1º ano do Ensino Médio que é responsável pela comunicação da ocupação, acompanhada da mãe e do irmão.

Pouco tempo depois reconheço uma das professoras de biologia, Ester. Ela trabalhou comigo no Colégio Companhia de Maria durante 10 anos. Me emociono, dou-lhe um longo abraço, sinto um orgulho imenso dela que já aposentada, com sua manta boliviana protegendo-se do sereno, segue firme na luta. Choro em silêncio.

Vejo o brilho nos olhos desses professores, uma delas me diz: Isso é uma revolução, um marco, a educação não será como antes depois desta ocupação. Todos estamos transformados, sinto um orgulho danado desses meninos e meninas. O professor de química que é diabético e hipertenso e não pode passar longas horas sem ir ao banheiro me diz: Nosso maior problema é o banheiro. Não entramos na escola, nem para usar o banheiro, estamos aqui tão somente para protegê-los e proteger a escola. Mas contamos com a solidariedade da comunidade. Os moradores nos deixam usar o banheiro, trazem café com e sem açúcar, dia desses parou um táxi aqui e deixou, sem brincadeira, uns cem quilos de alimentos. Ai dentro tem meninos e meninas de 13, 14 anos, eles são nossos heróis.

O professor de arte complementa: Antes eu achava que a escola era uma ilha isolada, que ninguém ligava para as péssimas condições de trabalho que temos, para o abandono em que está a escola pelo governo do estado, sem reformas, sem pinturas, sem reparos, com cadeiras quebradas, laboratório velho, sem papel higiênico, sem material de limpeza. Eu não tinha ideia que a comunidade nos achava importante e aí veio a ocupação e aí eu descobri que não estamos sozinhos. E aí eu descobri a solidariedade. Eu me enchi de esperanças e é isso que me faz vir aqui ficar de vigília até meu corpo aguentar e até Alckmin retroceder desta decisão absurda de fechar nossa escola.

Pergunto para a aluna responsável pela comunicação da ocupação o que ela está aprendendo neste processo, ela para, reflete, me olha nos olhos e diz: Responsabilidade. Eu aprendi que somos responsáveis pelo futuro. Eu não estou lutando pela minha escola só para mim, eu estou lutando para o meu filho que um dia vai nascer, eu estou lutando pelas crianças que ainda nem existem. Se a gente não lutar, tudo vai ficar como está e eu não quero isso. Eu quero o futuro. Eu aprendi a me organizar coletivamente. A gente se reúne com outras lideranças de outras  ocupações, só falamos por telefone, não trocamos mensagens em redes sociais, não as estratégias, a gente só passa pelo whats informações. Estratégias a gente discute frente a frente. Me conta que tem regras rígidas, comissão pra tudo, que todo mundo cresceu.

Seu professor de Química se enche de orgulho e me confessa: É uma excelente aluna, não só sabe química, sabe a melhor lição da vida: cidadania.

Logo depois chegam mais três pessoas: duas mulheres e o filho de uma delas e mais um pai de aluno da ocupação. O pai chama o filho conversa um pouco, pergunta se precisa de algo, fica um pouco na vigília e se vai por volta das 2 da manhã porque trabalha o dia todo. As mulheres não tem filho na escola, uma mora em Bauru e o filho está em tratamento no HC e ela e o filho são hóspedes na casa de Rita, a senhora que chegou com o café para passar a noite junto aos pais, mães e professores na barraca improvisada.

Pergunto à Rita o que ela faz ali se não tem filho na escola e ela responde que está ali em apoio à luta dos estudantes e faz uma avaliação do que está ocorrendo. Peço para gravar seu depoimento, ela concede, ouça até o fim, vale cada palavra:

Como Rita, eu e Pablo fomos de madrugada até a escola por solidariedade à luta desses meninos e meninas corajosos, defensores do futuro. Saímos de lá renovados em nossa fé na humanidade. Temos jeito, sabemos diferenciar a barbárie da civilidade e nossos mestres são estes garotos e garotas que nos ensinam que existe futuro e que vale a pena lutar por ele, mas ele só chegará se empreendermos uma luta diária, se assumirmos nosso papel de adultos responsáveis pelas gerações futuras, como nos ensinou Hannah Arendt, na luta contra o nazismo e para a formação de uma nova sociedade para que ela jamais permita o retorno do fascismo.

Pablo-Villaça-ocupação-EEFFigueiredo-santa-cecília

Como educadora, agradeço a esses meninos e meninas que já ocuparam mais de 220 escolas, que estão sendo barbaramente agredidos, espancados, violentados por uma polícia que envergonha com seu despreparo, truculência e violência gratuita, por um governador surdo que mercantiliza o Estado e não garante o básico exigido pela Constituição, por uma  Justiça e um MP que no mínimo são coniventes com tanta brutalidade.

Esses meninos e meninas tem a coragem, ousadia e esperança que nós adultos muitas vezes perdemos ou burocratizamos. Eles merecem toda a admiração e respeito que conquistaram socialmente. Eles merecem toda a proteção que o mundo adulto e as leis têm obrigação de darem a eles. Eles merecem que renascemos, que nos reinventemos, eles merecem o futuro.

 

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Consulta Popular: É preciso tomar as ruas e barrar o golpe

3 de Dezembro de 2015, 9:45, por MariaFrô

É PRECISO TOMAR AS RUAS E BARRAR O GOLPE

A Consulta Popular vem a público repudiar o ataque golpista do Deputado Eduardo Cunha contra a democracia. Ao aceitar o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o corrupto Eduardo Cunha reafirma a agenda golpista dos inimigos do povo: as forças neoliberais e o imperialismo que têm seus interesses representados principalmente nas movimentações antinacionais e antipopulares do capital financeiro, de setores do empresariado, da direita partidária, do monopólio midiático conservador e de setores do judiciário.

Defender a legalidade do mandato da presidenta Dilma é defender a democracia. Neste sentido, devemos construir ampla unidade na sociedade para derrotarmos o movimento de restauração do neoliberalismo em curso.

Eduardo Cunha usa do cargo de presidente da Câmara para retaliação e busca de impunidade. O aviltamento das instituições e sua subordinação aos interesses pessoais de um acusado de corrupção é a expressão de uma profunda crise política que só uma Constituinte poderá dar respostas capazes de fazer o Brasil avançar na construção do desenvolvimento econômico e social.

Este fato aprofunda a crise política e nos encaminha para um perigoso impasse institucional. A polarização política tende a ser crescente. As iniciativas de setores da esquerda de buscar soluções pela via da conciliação de classes foi derrotada hoje.

Não é hora de baixar a cabeça. As ruas são do povo e é pela manutenção dos direitos, por mudanças na política econômica e pela democracia que seguiremos ocupando-a. Eduardo Cunha jogou sua última ficha pra se manter ativo nesse jogo, mas nessa partida quem da as cartas é o povo brasileiro!

Abaixo o golpismo! Pela Constituinte! Pátria Livre! Venceremos!!!

Consulta Popular 2 de dezembro de 2015.

Entenda os trâmites após a ação de Cunha, com informações do LEMEP- Congresso em notas, nº 8 2/12/2015:

Nesta edição especial do Congresso em Notas examinamos os trâmites regimentais do processo de impeachment acolhido hoje por Eduardo Cunha:

NA CÂMARA

1. A denúncia deve ser lida em Plenário, criando-se nesse ato a Comissão Especial. Segundo o Câmara Notícias isso ocorrerá amanhã.

2. A Comissão Especial será composta proporcionalmente de acordo com o tamanho das bancadas. A Comissão terá algo em torno de 66 titulares e 66 suplentes indicados pelos respectivos líderes partidários. Ainda é incerto se todos partidos poderão participar.

3. Dentro de 48 horas a Comissão se reunirá para eleger presidente e relator. Há dúvida ainda como serão contadas as horas. No caso Collor as horas foram contadas sem interrupção, inclusive nos finais de semana.

4. Dilma será notificada e terá 10 sessões para apresentar defesa. Em tempos normais ocorrem três sessões com quórum por semana, mas em situações excepcionais como essa as sessões às segundas e às sextas podem dar quórum, acelerando o processo.

5. O relator emitirá parecer em até 5 sessões, concluindo pelo deferimento ou indeferimento do pedido de autorização. A Comissão vota o parecer.

6. O parecer da Comissão Especial será lido no expediente da Câmara dos Deputados e publicado.

7. Depois de 48 horas da publicação, o parecer será incluído na Ordem do Dia da sessão seguinte.

8. O parecer é discutido e votado pelo Plenário da Câmara. O processo de impeachment só pode ser aberto com o voto favorável de 2/3 da Câmara (342 deputados).

9. Dilma deve se afastar por 180 dias e Temer assumiria. Se, decorrido este prazo e o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento da Presidente da República, sem prejuízo do prosseguimento regular do processo.
10. A partir daí o trâmite é no Senado.

NO SENADO

1. Recebida pela Mesa do Senado a autorização da Câmara para instauração do processo, o documento será lido na sessão seguinte.
2. Na mesma sessão em que se fizer a leitura, será eleita comissão, constituída por um quarto da composição do Senado, obedecida a proporcionalidade das representações partidárias ou dos blocos parlamentares.
3. A comissão encerrará seu trabalho com o fornecimento do libelo acusatório.
4. É marcado dia e hora para o julgamento, presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal; a acusada comparece ao Senado para o julgamento.
5. A maioria necessária para aprovar o impeachment é de 2/3 (54 Senadores).

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