Nota pública do MST sobre a ameaça de morte a Stedile
12 de Março de 2015, 8:28Rodrigo Vianna em seu blog aqui na Fórum publicou o texto do professor Igor Fuser analisando a irresponsabilidade do blogueiro da Veja Augusto Nunes, famoso por incitar a violência contra a esquerda. Nunes já colocou a vida de outras pessoas em risco, como a de Eduardo Guimarães.
A Polícia Federal não investigará estas ameaças, seus incitadores? O que faz exatamente Eduardo Cardozo na pasta do Ministério da Justiça?
Nota sobre a ameaça de morte a Stedile
Circula pelas redes sociais da internet um anúncio que pede “Stedile vivo ou morto” e oferece uma recompensa de R$ 10 mil.
12/03/2015
Nota ao povo brasileiro
Circula pelas redes sociais da internet um anúncio que pede “Stedile vivo ou morto”. Apresentando-o como líder do MST e “inimigo da Pátria”, o autor oferece uma recompensa de R$ 10 mil para quem atender o seu pedido. Em outras palavras, está incentivado e prometendo pagar para matar uma pessoa, no caso João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST.
Há indícios que a ação criminosa partiu da conta pessoal no facebook de Paulo Mendonça, guarda municipal de Macaé (RJ). E foi, imediatamente, reproduzida pela maioria das redes sociais que diariamente destilam ódio contra os movimentos populares, migrantes, petistas e agora, especialmente, contra a presidenta Dilma Rousseff. São as mesmas redes sociais, em sua maioria, que estão chamando a população para os atos do dia 15/3, para exigir a saída de Dilma do cargo de Presidenta da República, eleita legitimamente em 2014.Já foram tomadas as providências, junto às autoridades, para que o autor do cartaz e todos os que estão fazendo sua divulgação, com o mesmo propósito, sejam investigados e responsabilizados criminalmente, uma vez que são autores do crime de incitação à pratica de homicídio.
Mas o panfleto é apenas um reflexo dos setores da elite brasileira que estão dispostos a promover uma onda de violência e ódio, com o intuito de desestabilizar o governo e retomar o poder, de onde foram afastados com a vitória petista nas urnas em 2002.
Para estes setores não há limites, nem sequer bom senso. Recusam-se a aceitar a vontade da população manifestada no processo democrático de eleger seus governantes.
Deixam-se levar por instintos golpistas, embalados pelo apoio e a conivência da mídia conservadora e anti-democrática. Usam a retórica do combate a corrupção e da necessidade de afastar os que consideram estar destruindo o país, para flertar com a ruptura democrática. Posam de democráticos esquecendo que os governos da ditadura militar também diziam ser.
São os mesmo que cometeram, impunemente, o crime de lesa-pátria com a política de privatizações, na década de 1990.
O panfleto, e o que se vê nas ruas e redes sociais, é reflexo, sobretudo, de uma mídia partidarizada, que manipula, distorce e esconde informações, ao mesmo tempo que promove o ódio e o preconceito contra os que pensam diferente. O teólogo Leonardo Boff tem razão quando responsabiliza a mídia, conservadora, golpista, que nunca respeitou um governo popular, pela dramaticidade da crise política instalada no país. E corajosamente nomina os promotores do caos em que querem jogar o país: é o jornal O Globo, a TV Globo, a Folha de S. Paulo, o Estado de S. Paulo e a perversa e mentirosa revista Veja.
Um poder midiático que tem a capacidade de sequestrar partidos políticos e setores dos poderes republicanos.
Essa mídia, órfã de ética e de responsabilidade social, é que forma seus leitores com a mentalidade do autor que fez o criminoso cartaz sobre Stedile. É quem alimenta as redes sociais com os valores mais anti-sociais e incivilizatórios.
Os tucanos, traindo sua origem socialdemocrata, fazem oposição ao governo alimentando um ódio coletivo inicialmente restrito à classe alta, mas agora espraiado em todos os segmentos sociais, contra um partido político e a presidenta eleita. Imaginam que serão beneficiados com o caos que querem instalar, envergonhando, com essa política rasteira, os seus que os antecederam.
Um monstro foi criado pela forma como os tucanos escolheram fazer oposição ao governo petista e pela irresponsabilidade da mídia empresarial. A violência e o ódio estão se naturalizando pelas ruas. Essa criatura já escolheu suas vítimas primeiras: os casais homossexuais e seus filhos, os imigrantes, pobres das periferias, dirigentes de movimentos populares e militantes políticos de esquerda. Mas não raras vezes, essas criaturas, sempre ávidas de violência e intolerância, não poupam sequer seus criadores e os que hoje os acompanham.
Haverá uma longa jornada para superar as dificuldades criadas pelos que se opõe a construir um país socialmente justo, democrático e igualitário.
A começar por uma profunda reforma política, que nos leve a uma nova Assembleia Nacional Constituinte, exclusiva e soberana. É preciso taxar as grandes fortunas e enfrentar o poder dos rentistas e do sistema financeiro. Batalhas tão urgentes e necessárias quanto as de enfrentar o desafio de democratizar comunicação para assegurar, igualmente, a liberdade de expressão e o direito à informação, direitos bloqueados pelo monopólio da comunicação existente no país.
Somente assim, os saudosistas dos governos ditatoriais serão derrotados, e o povo terá a consciência de que defender o pais é lutar pela democracia, e não o contrário, como imagina hoje o autor do cartaz criminoso.
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST
São Paulo, 12 de março de 2015
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O raio gourmetizador de protestos reacionários da mídia e sua tentativa de minar o 13 de março
10 de Março de 2015, 20:14Mereceria um estudo de especialistas a dobradinha mídia monopolista e classe média analfabeta política no caso da cópia do cacerolazo chileno e argentino. Vamos a ela:
1) No domingo passo o dia todo fora do Facebook. Não saberia da existência da panelinha gourmet porque não moro em Ipanema, Leblon, Higienópolis, Jardins se não fosse a mídia monopolista que tentou desesperadamente ‘bombar’ este mico gourmet.
2) Foi a minha rede e não a direita que trouxe o tema até mim. Estranhei, abri a Folha e vi o papel vergonhoso deste jornaleco que assassina o jornalismo diariamente.
3) Comentei em minha rede que na minha perifa, as pessoas que não estão com a vida ganha não passam o dia inteiro no Facebook em campanha (não recebem um milhão de mega empresário pra ficar disputando 3º turno inexistente) usam as panelas pra fazer comida e domingão é dia de panela cheia de macarronada com a família.
4) Imediatamente centenas de pessoas curtiram o comentário e comentaram que onde viviam não teve panelaço algum.
5) Minha hipótese é de que a esquerda fez mais barulho nas redes sobre o factoide do que o batuque desafinado nas panelas das varandas gourmet dos jardins produziram mesmo amplificados pelos megafones midiáticos que a reaçaria sempre pode contar no Brasil.
6) Claro que a esquerda falou criticando, ironizando, colocando o piti mimado em seu devido lugar. Mas neste sentido, nas redes, foi a esquerda que acabou dando atenção a um protesto pífio que deveria ter zero de atenção.
7) Esta dinâmica da esquerda em reagir desta maneira às infantilidades desta elite descerebrada faz a gente perder o foco.
8) Eu acabei escrevendo sobre isso de um ponto de vista no campo da psicologia, dada a infantilização deste grupo reacionário, mas nem isso deveria ter feito.
9) Mas que tal voltar às nossas pautas? Criança mimada que recebe muita atenção às suas provocações ganha mais poder sobre os adultos.
10) A esquerda precisa disputar suas próprias pautas, mesmo só tendo o megafone da mídia bandida para criminalizar as lutas reais e que importam.
11) Vamos continuar permitindo que a direita, esta mídia bandida continue nos pautando?
12) A mídia monopolista derrotada nas eleições continua desinformando de modo irresponsável. Esta matéria de O Globo que já virou boataria na redes é um exemplo do quanto podem ser baixos. Depois dela eu tenho certeza que a mobilização da CUT e dos movimentos sociais está além de certa, vai ser expressiva. O Globo não se daria o trabalho de tentar melar a mobilização se não estivesse acompanhando de perto a organização para o ato.
Ontem estive na coletiva no Centro de Estudos Barão de Itararé com mais de uma dezena de jornalistas e blogueiros. Entrevistamos o Ministro Miguel Rossetto em nenhum momento da entrevista ele disse qualquer coisa sobre o governo estar com medo do ATO do dia 13 ou que o governo teria pedido pra CUT cancelar o ato. Acabei de falar com a secretária de comunicação da CUT, Rosane Bertotti ela negou qualquer ideia relacionada ao cancelamento do ato. Portanto, é uma manchete mentirosa, feita apenas pra confundir aqueles que estão mobilizados para o dia 13.
13) O meu foco e espero que o de vocês nesta semana nas redes e nas ruas é o dia 13 em defesa do que é central ao Brasil: Reforma Política, Soberania nacional, a luta pela Democratização das Comunicações e a defesa do Estado de Direito e da Democracia.
O RAIO GOURMETIZADOR DE PROTESTOS
Por Lelê Teles
8 de março de 2015, dia internacional da mulher. Um dia histórico. Nas redes sociais, poemas, flores, elegias, elogios, declarações e quetais.
Nos shoppings, compras: sapatos, colares, anéis, flores, presentes.
Nas escolas, redações alusivas às mamães e às professoras.
Tudo como dantes.
Até que caiu a noite e a presidenta Dilma Rousseff, a primeira e única mulher eleita pelo povo para governar o Brasil – e por duas vezes – fez um pronunciamento em cadeia nacional.
Das varandas de alguns luxuosos apartamentos ouviu-se gritos, urros, bater de panelas e xingamentos: vaca, puta, filha da puta…
As crianças ainda não tinham ido pra cama. Atentai bem.
Moro na praia, daqui não ouvi nada, soube do disparate pela televisão. Apesar de mostrarem poucas luzes a piscar em alguns poucos apartamentos, os jornalistas diziam se tratar de um panelaço.É o raio gourmetizador de protestos.
Pra mim, pra ser aço tem que ser grande. Costumamos usar o –aço como sufixo, da mesma forma como os índios do tronco tupi usam o –açú. Só que o nosso -aço é uma corruptela do espanhol –azo, el panelazo argentino e el Maracanazo uruguaio.
Portanto, só é golaço se tiver chapéu dentro da área ou se for gol de bicicleta. Dez apartamentos piscando em um condomínio de três torres não pode ser chamado de panelaço.
Foi o que costumamos chamar de panelinha, coisa feita por um grupinho seleto.
O mesmo grupo, a mesma panelinha, que mandou a presidenta tomar no cu na abertura da Copa do Mundo, pro mundo inteiro ouvir. Como se vê, um vergonhoso e reincidente ódio de gênero.
É o mesmo grupo, a mesma panelinha, que luta contra as cotas raciais nas universidades e no serviço público, são os mesmos que protestaram contra a formalização dos empregos domésticos, os que xingaram o governo porque tinha gente demais andando de avião, porque o Bolsa Família impedia que crianças morressem de fome e de inanição, as mesmíssimas personas que gritaram contra o programa Mais Médicos, a mesma panelinha que ignora o fato de o Brasil viver o pleno emprego enquanto a Europa desemprega e empobrece, os mesmos que babam ódio ao ver um garçom ou um porteiro chegando ao trabalho em um carro um ponto zero, zerinho.
Trata-se de um ódio de classe patológico.
Dito isto, digo mais.Essa gente gritava durante o pronunciamento, o que significa que estavam pouco se lixando para o que a presidenta dizia, eles queriam era ser ouvidos, aos berros e xingando.
O diabo é que com isso eles também impediam que os seus vizinhos ouvissem o que dizia a mandatária, mesmo que estivessem dentro de casa.
E eles se dizem democratas.
São os revoltados Online, ativistas de sofás, de camarotes e agora de varandas. Nas redes sociais, a panelinha pede a volta do regime militar. Sobre o que protestam? Dizem que é contra a corrupção, contra o petrolão. Mas lá no petróleo, 32 cabras citados pelo doleiro delinquente são do PP. Mas a turma do camarote está a bater panelas contra o PT somente.
Os presidentes da Câmara e do Senado também foram arrolados, mas a turma da varanda berra contra o PT somente. Anastasia, tucano apadrinhado por Aécio, está lá, citado pelo escroque, mas o problema é o PT.
Milhares de brasileiros, entre eles artistas, políticos, empresários, médicos… foram flagrados a camuflar grana nas estranjas, no suspeitíssimo HSBC. A sigla do banco já o põe em suspeição.
Fernando Rodrigues tem a lista com os nomes, se tivesse um petista lá já teria vazado. Como não tem petista metido na maracutaia, a turma da varanda gourmet não se interessa.
Vaca, puta, filha da puta.
É uma turma de malucos, já foram liderados por Lobão, o lunático licantropo, agora seguem um tal Marcello Reis, igualmente oligofrênico e lunático. Reis afirmou cheio de empáfia sobre o xingamento da panelinha “é importante frisar que a iniciativa partiu da gente.”
Eles estão nas redes sociais a berrar vaca, puta e filha da puta, e a dizer que Lulinha comprou uma pirâmide no Egito, que Dilma quer fazer do Brasil uma mini Cuba, que a Forbes diz que Lula é muito mais rico do que Eike Batista fora um dia, que o governo vai dar bolsa para quem for preso, para prostitutas e que os nordestinos são todos ignorantes.
Querem o impeachment da presidenta, mesmo ouvindo do Ministério Público e da Procuradoria Geral da República que não há nenhum crime atribuído à chefe da nação.
Querem porque querem, ora.Querem o impeachment, mesmo sabendo que os presidentes das casas do Congresso estão sem moral para moralismos e que os próprios líderes políticos que eles defendem, os do bico grande, sejam contra o impedimento da mandatária.
Querem levar no grito.
Embora essa gente diferenciada viva a gritar e a berrar o tempo todo e o que querem, juram que vivem numa ditadura.
Roberto Freire e a tucanagem dizem que vão subir à varanda e se juntar a essa gente, no dia 15 de março. Vai ser vergonhoso ver um líder sindical, e uma dezena de líderes políticos, marchando nas ruas ao lado de umas madames bem alimentadas, bem vestidas e cheias de ódio, mostrando o dedo médio e xingando palavrões.
Todos eles brancos, todos eles ricos, todos eles nunca foram à cozinha ou às panelas. Mas estarão nas ruas com frigideiras na mão, protestando contra as conquistas das cozinheiras e de seus filhos, quase todos eles pretos.
Palavra da salvação.
Leia também:
Dilma: a turma do 3º turno não tem compromisso com o país
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Dilma: a turma do 3º turno não tem compromisso com o país
10 de Março de 2015, 8:25A UDN Gourmet como bem definiu o chargista Vitor Teixeira voltou a atacar.
A Foto onde o panelaço foi tercerizado é da UDN gourmet da Argentina em 2002, mas se procurar direito acharemos a versão tupiniquim.
A resposta da presidenta é claríssima: #impitimanMeuZovulos
Alguns blogueiros escreveram sobre mais este mico da UDN que volta dos túmulos de 1954, 1964, leia, são textos muito claros:
Panelaço: Quando o ódio caminha lado a lado com o analfabetismo político
Havana Connection 3 – Panelaço: protesto justo ou ódio de classe?
Ainda sobre o som do panelaço em SP sabemos exatamente os bairros de onde partiu. São os bairros dos que se recusam terminantemente a conviver com ‘gente diferenciada’, daqueles que acham que a sua zona eleitoral é o Brasil.
Esta classe média gourmet tão bem descrita por Luiz Carlos Azenha e que lhe dá a definição precisa - analfabeta política – exatamente por ser tão pouco acostumada com os rudimentares princípios da democracia como: argumentar, ouvir o outro, ter sua opinião posta à prova e ao escrutínio, aceitar a derrota, age como menino mimado quando contráriado e quer ganhar tudo no grito. É por isso que ela gosta tanto da Ditadura Militar, ela vê o regime de tortura, censura, de exceção como a sua Super Nany!
Como esta classe média analfabeta política não tem autonomia para gerir suas próprias consciências, lidar com seus próprios problemas, como não aceita ter de disputar espaço com milhões de incluídos com seus carros populares aumentando o trânsito e o tempo pra ela chegar na praia nos finais de semana, como seus serviçais agora querem ter direitos de CLT e não trabalham mais por um prato de comida, como se tudo isso não bastasse, ainda teimam em pegar avião, congestionando os aeroportos com aquelas caras feias de pobres e não brancas e se tudo isso fosse pouco, os filhos desses novos ‘invasores’ dos privilégios de classe da UDN gourmet insistem em sentar nos bancos das universidades antes exclusivas aos brancos bem nascidos, querem até ter casa e se organizam pra isso, exigem creches e se organizam pra isso, querem ter direito à cultura e se organizam pra isso, querem ter direito às cidades, à mobilidade urbana, ao serviços público de saúde de qualidade, a escolas de qualidade, chega! grita desesperada a UDN gourmet que comemora cada editorial do Estadão, que comemora cada repressão policial às manifestações populares da luta pela água, do MTST, do MST, do Reaja ou será morto, morta!
É por isso que a UDN gourmet heroifica os Priscos e Telhadas e sonha com a volta dos militares ao poder pra levar os sem terra, sem teto, sem água, gays, as mulheres independentes, os estudantes politizados, operários com consciência de classe, intelectuais que pensam as desigualdades históricas no Brasil, e negros que se recusam a ser tratados como cidadãos de segunda classe e ver seus filhos fuzilados pela polícia ou pelo tráfico para pôr esse time adversário no lugar que historicamente a desigualdade promovida pela UDN Gourmet reservou a eles: a exclusão.
Mas para desgosto desta classe média gourmet, não existe terceiro turno no Brasil, não estamos em 1954 nem em 1964 e não adianta ela bater panela, cabeça, ou teclar desesperadamente nas redes sociais contra os seus desafetos, ameaçando-os inclusive de morte (agora virou moda fazer isso com blogueiros, Pablo Villaça, Leonardo Sakamoto vivem recebendo tais ameaças).
Seria mais produtivo a UDN Gourmet aceitar as transformações sociais do Brasil ou empreender suas energias militantes a realmente construir um projeto alternativo político para o país. Mas eu sinceramente acho bem difícil isso acontecer, a classe média gourmet gasta energia demais desagregando o país, gritando ‘vaca’, ‘vadia’, ‘vai tomar no cu’ para quem foi democraticamente eleita pra governar o país por esta maioria que a UDN Gourmet tanto abomina. Ódio é o combustível de vocês e não se governa odiando os governados.
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Janot, um meme, uma lista, uma contratação, duas cartas e muitas questões
9 de Março de 2015, 17:32Quinta-feira pela manhã recebo uma informação de uma fonte segura de que a lista de Janot estava pronta, a fonte estranhava a carta enviada por Janot para a rede interna restrita aos membros do MPF, se explicando, justificando-se. A fonte comenta: “Nunca vi um PGR se justificar nestes anos todos de MP. Na hora percebi que a carta era para a imprensa e não para nós.”
Dias antes, Janot livrou do inquérito da operação Lava Jato alguns políticos, como o senador tucano Aécio Neves, mesmo com seu nome citado pelo doleiro Alberto Youssef que recebeu delação premiada para abrir o bico. Há provas envolvendo Aécio, levantadas pela denúncia feita pela promotora Andréa Bayão Pereira, em 25 de janeiro de 2012. A procuradora reuniu em sua denúncia “um arsenal de documentos da Polícia Federal e da Receita Federal que, além de atestar a veracidade, comprova a existência de um “mensalão” organizado por Dimas na empresa estatal durante o governo de FHC” como pergunta o jornalista Luiz Carlos Azenha: Será que Rodrigo Janot se deu ao trabalho de consultar os autos nos quais foi baseada a denúncia da procuradora?
A carta de Janot ao MPF e a lista ao JN
Voltemos à lista e a sua publicização na noite de sexta-feira: foi coincidência a lista dos políticos denunciados na Lava Jato ter sido publicada exatamente no horário do JN? Eis o conteúdo da carta que o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot enviou aos demais procuradores do MPF:
Colegas,
Abro uma necessária pausa em meio às tribulações próprias do cargo de Procurador-Geral para dirigir a todos os membros do Ministério Público uma palavra de confiança.
Sou grato por ter, no inverno da minha longa carreira pública, a ocasião de servir ao meu País e, especialmente, à sociedade brasileira, na qualidade de Procurador-Geral da República. Quis o destino, também, que eu estivesse à frente do Ministério Público Federal no momento de um dos seus maiores desafios institucionais.
A chamada “Operação Lava Jato” chega a um momento crucial. Encaminhei, na noite de ontem, pedidos de investigação e promoções de arquivamento em relação a diversas autoridades que possuem prerrogativa de foro.
Com o inestimável auxílio de Colegas do Grupo de Trabalho baseado em Brasília, da Força-Tarefa sediada em Curitiba e da assessoria do meu Gabinete, examinei cuidadosamente todas as particularidades que envolvem este caso e estabeleci um critério técnico e objetivo para adotar as medidas necessárias à cabal apuração dos fatos.
Diante das inúmeras e naturais variáveis decorrentes de uma investigação de tamanha complexidade, fiz uma opção clara e firme pela técnica jurídica. Afastei, desde logo, qualquer outro caminho, ainda que parecesse fácil ou sedutor, de modo que busquei incessantemente pautar minha conduta com o norte inafastável das missões constitucionais do Ministério Público brasileiro.
Estou certo que, uma vez levantado o sigilo do caso pelo Ministro Teori Zavascki, o trabalho até este momento realizado será esquadrinhado e submetido aos mais duros testes de coerência.
E assim ocorrerá porque é um valor central da Democracia e do Princípio Republicano a submissão de qualquer autoridade pública ao crivo dos cidadãos brasileiros. Entendo, desde sempre, que essa lição deve ser acatada, com ainda maior naturalidade, por todos os Membros da nossa Instituição.
Não espero a unanimidade nem a terei. Desejo e confio, sim, nesse momento singular do País e, particularmente, do Ministério Público brasileiro, que cada um dos meus Colegas tenha a certeza de que realizei meu trabalho em direção aos fatos investigados, independentemente dos envolvidos, dos seus matizes partidários ou dos cargos públicos que ocupam ou ocuparam.
Busco inspiração, com essas minhas breves palavras, na Unidade do Ministério Público brasileiro, sabedor que os esforços de todos os integrantes da nossa Instituição igualam-se na disposição de servir.
Não guardo o dom de prever o futuro, mas possuo experiência bastante para compreender como a parte disfuncional do sistema político comporta-se ao enfrentar uma atuação vigorosa do Ministério Público no combate à corrupção.
Não acredito que esses dias de turbulência política fomentarão investidas que busquem diminuir o Ministério Público brasileiro, desnaturar o seu trabalho ou desqualificar os seus Membros. Mas devemos estar unidos e fortes.
Ao longo de sua extraordinária história, o Ministério Público brasileiro deu mostras de sua têmpera e de sua capacidade de superar qualquer obstáculo que venha a se interpor no caminho reto a ser seguido. Guardo-me, assim, na paz de quem cumpre um dever e na certeza de que temos instituições sólidas e democráticas. Integramos uma delas.
Estejamos unidos. Sigamos o nosso caminho. Sejamos fiéis ao nosso País.
Paciência e confiança!
Forte abraço,
Rodrigo Janot
É uma carta curiosa, uma carta que pretende conquistar a simpatia de todos os procuradores afinados ou não com a condução de Janot à frente da PGR. Este ano Janot termina seu mandato, se tem em vista a releição, é prudente fazer política de boa vizinhança com seus pares. E se considerarmos os boatos que correm pelo MPF de que o arquivamento das denúncias contra Aécio contrariaram os 8 membros que investigavam o atual senador tucano, Janot precisa mobilizar o espírito corporativo dos procuradores para a defesa da instituição da reação da sociedade diante de suas decisões, como a de arquivar denúncia contra Aécio, por exemplo.
Um meme do arquivamento das denúncias contra Aécio
O meme que circula no Face parece saber do disse-me-disse que corre no MPF:
A SECOM dos holofotes
Há outro aspecto curioso com a chegada de Janot na PGR em 2013: em janeiro de 2015, a jornalista Cláudia Lemos, foi substituída na Secretaria da Comunicação da PGR por Raul Pilati.
O referido jornalista trabalhou no Correio Braziliense, Estadão, Globo, Gazeta Mercantil, CNI, MS como informa sua bio do Twitter (@RaulPilati).
Ele também foi diretor executivo da In Press Porter Novelli em Brasília, fundida posteriormente com a Oficina da Palavra e que se tornou a In Press Oficina, uma agência de publicidade com alcance internacional.
Pilati tem ainda em seu currículo artigos escritos para o site oficial do PSDB, veja por exemplo aqui e aqui.
Chama a atenção algumas publicações de Pilati no Twitter, especialmente alguns de seus comentários e retweets:
Em janeiro de 2015 Raul Pilati deixa o cargo de diretor de corporate affairs na In Press Oficina, empresa fruto da fusão da In Press Porter Novelli com a Oficina da Palavra, no Distrito Federal. Durante seis anos Pilati dividia seu trabalho entre os escritórios de São Paulo e Brasília, conduzindo projetos de assessoria de imprensa, public affairs, relações governamentais e relações públicas (veja aqui e aqui)
Pilati defende a ideia que a comunicação pública tem de ter estratégias e há tempos presta serviços de comunicação para o judiciário, ele foi por exemplo, coordenador da Revista dos Magistrados da Justiça do Trabalho.
Não tenho dúvida que é preciso que as instituições públicas tenham uma boa comunicação, mas segundo Pilati já passou a era da máxima de que “juízes só se comunicam nos autos”, Gilmar Mendes, por exemplo, deve ser seguidor das ideias de Pilati.
Pilati assume a SECOM da PGR em janeiro de 2015 inaugura a era na PGR de uma comunicação pública publicitária, dos holofotes, dos impactos no JN, aquela comunicação do espetáculo que Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes e outros ministros do Supremo tanto apreciam: cada fala, comentário jocoso, conflito entre advogados um fash, uma capa de revista, uma manchete de jornal e transmissão ao vivo pela tevê.
Algumas questões
As mudanças na comunicação da SECOM com a entrada de Rodrigo Janot que vinculou a SECOM diretamente ao seu gabinete explicaria o texto cuidadoso com a imagem pública do PGR aos demais procuradores? E a lista da Lava Jato divulgada pelo JN antes mesmo de ser divulgada nos canais da SECOM da PGR?
A política de procuradores e magistrados só se comunicarem nos autos já sabemosque é “antiquada” na visão do Secretário da SECOM-PGR, ex-diretor de mega agência de publicidade. Isso explicaria o especial Lava Jato no site da PGR? Isso explicaria o desprestígio da comunicação pública pelas “barganhas na comunicação mercadológica”?
A carta dos funcionários da SECOM- MPF
Partindo da própria função da SECOM que garante em sua Apresentação que a ‘informação é um direito de todos’, há outras coisas que gostaríamos de ver explicadas, parece que a era da comunicação publicitária na SECOM não agrada sequer os funcionários da COMUNICAÇÃO PÚBLICA da PGR, como podemos ver na carta que recebi hoje e que foi protocolada no dia 6 de março pelos servidores da SECOM do MPF endereçada a Janot.
Quando recebi a carta dos servidores da comunicação do MPF fiquei bastante impressionada com as similidades entre os problemas que eles apontam e a análise que venho fazendo desde quinta-feira quando recebi a carta de Janot enviada aos procuradores.
Confiram:
PS. Resolvi cortar as assinaturas para não expor os jornalistas signatários.
Sobre as relações de Aécio Neves com a lista de Furnas e suas gordas comissões para o Caixa 2 de campanha de vários políticos consultar:
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Tom Pina: Sr. Roberto Duailibi a quem interessa uma cidade-vitrine?
6 de Março de 2015, 10:14Depois de pregar abertamente a repressão ao MTST, o Estadão resolveu mergulhar de vez no século XIX, início do XX e trazer de volta o espírito de Guilherme de Almeida, aquele espírito bandeirante, do 9 de julho, do quarto centenário, aquele espírito elitista que tinha horror aos imigrantes, aos pretos que transitavam pela São Paulo que esta elite paulistana, parida de uma invenção da tradição nos anos 50, achava e ainda acha que é só dela.
O horror do Estadão aos pobres, ao que é popular e a tudo que tem cheiro do povo, das periferias, a tudo que não tem cara de templo de consumo é tão gritante que se os herdeiros de Mesquita pudessem faziam espécies de campos de concentração para a população das periferias e tudo que possa ter alguma referência nela. Na visão elitista, excludente, autoritária deste jornal os pobres têm de ser tratados no chicote e não tem direito à cidade, às mínimas condições dignas de vida, a lutar por direitos ou sequer a se expressarem.
Só que nesta cruzada, o Estadão comete gafes imensas, mostra, por exemplo, toda a sua ignorância em relação, inclusive, àquilo que eles tanto valorizam: o mercado, no caso o mercado da arte. O arquiteto, urbanista e grafiteiro Tom Pina responde a Duailibi mostrando todo desconhecimento deste senhor sobre a cidade, sobre o direito à cidade, sobre o grafite e sobre a arte. Vale a pena ler cada linha deste libelo de cidadania reproduzido abaixo.
A quem interessa uma cidade-vitrine?
Por Tom Pina, especial para o Maria FrôCarta aberta a Roberto Duailibi, em resposta ao artigo “Queremos ser a capital do grafite?” publicado em 4 de Março de 2015 no site do d´O Estado de São Paulo
A presença do graffiti na cidade de São Paulo deveria ser vista com um pouco mais de entusiasmo por parte da população. Esse tipo de voz presente em seu artigo apenas nos mostra a ignorância e o preconceito por parte das classes mais conservadoras da cidade. Por exemplo: o que seria a “coerência estética da cidade de São Paulo”? Gostaria que o senhor me explicasse melhor esse termo, porque como Arquiteto e Urbanista e artista de rua, eu realmente não o compreendi.
A cidade de São Paulo é cosmopolita e extremamente heterogênea; querer uma cidade monótona e cinza é querer uma cidade morta. As cidades são vivas, Roberto! São organismos vivos e como tal devem ser tratados. Planejar o graffiti para que este melhore a imagem da cidade não é falar de graffiti ou de arte, é falar de publicidade.
De fato, o senhor não é crítico de arte, mas como cidadão de São Paulo, eu respeito sua opinião e, assim sendo, gostaria que, por favor, o senhor respeitasse nossos artistas. Não chame nossa arte de lixo ou sujeira e nem muito menos a julgue como fascista. Afinal, não me lembro da população ter sido consultada ao menos uma vez para a instalação de qualquer tipo de publicidade na cidade. Publicidade essa que, por muitas vezes, incita a violência entre classes, enraíza o machismo, a misoginia e o preconceito dentro de nossa sociedade. Por favor, nos respeite. A nossa arte traz alegria e reflexão para muitos que não teriam a chance de entrar em qualquer galeria de bairros limpos e organizados ou “esteticamente coerentes”.
Em seu texto você citou, de forma infeliz, a morte de pessoas que tinham relação com a pichação e com o graffiti, justificando dessa forma que graffiti incita a violência. Volto a lembrá-lo das mensagens preconceituosas, machistas e prejudiciais que existem na publicidade, eu também me preocupo com isso.
Em relação aos arcos da Avenida 23 de Maio, gostaria que as pessoas tivessem focado sua atenção neles antes dos grafites serem feitos. Gostaria que soubessem que os arcos são, sim, um patrimônio histórico, construído talvez no século XIX, e que estão hoje envoltos por uma cerca que é, sim, de gosto discutível e uma agressão ao patrimônio e à cidade como ambiente de vivência, bem como a tinta salmão que tenta imitar de alguma forma a cor dos tijolos originais. Gostaria que os arcos como patrimônio histórico tivessem um projeto paisagístico melhorado. Talvez não tenha andado por lá, mas a calçada é minúscula.
Gostaria que não fundasse sua “crítica arquitetônica” nas ações dos artistas que foram os únicos que se mostraram verdadeiramente interessados em melhorar a cidade a ponto de fazê-lo com as próprias mãos. E não somente porque se incomodaram com a visual ao passar por ali, mas porque vivenciam a cidade de perto e fazem o que podem para contribuir.
Repito que a cidade é para ser vivenciada, não é uma vitrine.
Não vejo fundamento na sua preocupação em relação à imagem de São Paulo perante o mundo. Quem sabe programas ambientais e sociais não a diminuam? Particularmente, considero as canaletas de esgotos a céu aberto e o lixo mais prejudiciais à imagem da cidade do que o graffiti de São Paulo, que é reconhecido em alto nível no mundo todo e que atrai diversos artistas e colecionadores em busca de novas peças e novos artistas. Como publicitário, o senhor deveria saber que o que o senhor chamou de ‘lixo’ vêm ganhando cada vez mais novos adeptos e apreciadores no mercado, o que me parece exatamente o contrário do que está sendo afirmado em seu texto.
Se realmente queremos que São Paulo se torne a capital do graffiti? Talvez essa não seja essa nossa pretensão, mas a realidade é que São Paulo já é uma das grandes capitais do graffiti internacional e ganhamos muito com isso, principalmente nossa população.
*Tom Pina é Arquiteto, Urbanista e Artista de Rua
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