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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
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Lelê Teles: O TESOUREIRO DO PT E O BLOGUEIRO DE ALCKMIN

20 de Abril de 2015, 20:22, por MariaFrô

O TESOUREIRO DO PT E O BLOGUEIRO DE ALCKMIN

Por Lelê Teles

Há pouco descobrimos, estarrecidos, que Alckmin pagava com dinheiro público um mentecapto que mantinham uma página na internet recheada de mentiras, falsificações e mau caratismo para achincalhar a imagem de petistas e somente de petistas.

O imoral ganhava 70 mil lascas por mês para alimentar quase meio milhão de midiotas que reproduziam suas fraudes na internet como se verdade fossem.

O mais estarrecedor de tudo isso é que Fernando Gouveia não é o único a inventar mentiras para servir como ração para os midiotas.

Nessa semana, o site da CBN mancheteou a informação falsa de que o irmão de secretário de Haddad estava metido em maracutaias. Um prato cheio para os revoltados online compartilharem.

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Só que era mentira. O corrupto na verdade é irmão do secretário de habitação de Alckmin. A CBN corrigiu o erro, tirou o nome de Haddad da manchete, mas o nome de Alckmin não entrou.

Baudrillard falava sobre essa tática malandra da errata, “você lança uma informação. Enquanto ela não for desmentida, ela é verossímil. A não ser que ocorra um acidente, ela jamais será desmentida em tempo real. Mesmo se for desmentida mais tarde, ela não será mais totalmente falsa, porque obteve credibilidade.”

Sacou? Estão errando de propósito.

Veja essa do Estadão. Hoje, o jornalão falsificou o depoimento da esposa de Vaccari, o ex-tesoureiro do PT, tentando fazer do casal uma dupla de milionários pilantras. Segundo o jornal, Giselda Vaccari afirmou que recebia 300 mil lascas mensais como pagamento de sua aposentadoria.

Imagina uma informação dessas, tendo como fonte o Estadão, nas mãos de um canalha como o implicante Gravataí Merengue e seu meio milhão de papagaios midiotizados!

Um prato cheio para quem tem fome de assassinar reputações.

Mas o diabo é que no depoimento Giselda diz que recebe 3 mil reais e não 300 mil.

De onde veio o milagre da multiplicação? Da vontade de sacanear. Já fizeram isso antes.

No dia 17 de novembro de 1993, a revistaveja, sempre ela, trazia na capa o deputado Ibsen Pinheiro e a manchete: “Até tu, Ibsen? Um baluarte do Congresso naufraga em dólares suspeitos.”

O jornalista Luiz Costa Pinto afirmava que Ibsen Pinheiro, então presidente da Câmara, o homem que conduziu o processo de impeachment de Collor, teria 1 milhão de dólares em sua conta bancária. Colaram a imagem dele com a dos Anões do Orçamento.

Pronto.

Cassaram o mandato de Ibsen e seus direitos políticos. Descobriu-se depois que tudo era uma fraude, Ibsen havia movimentado apenas modestos mil dólares em sua conta bancária. A justiça inocentou o ex-deputado.

O jornalista da revistaveja produziu esse lixo jornalístico em conluio com o que ele mesmo classificou como “uma boa fonte do submundo político brasiliense.”

E quem era essa boa fonte, nada mais nada menos que Waldomiro Diniz, que mais tarde seria demonizado pela mesma revistaveja por estar próximo a Zé Dirceu.

Fizeram o mesmo com Alceni Guerra. O então ministro da saúde de Collor que fez a besteira de se aproximar de Leonel Brizola, inimigo figadal dos Marinho.

Jornalistas acusaram Guerra de ter superfaturado uma licitação para a compra de bicicletas, mochilas e gaurda-chuvas.

Alexandre Garcia, o ex porta-voz do general Figueiredo, apareceu na TV pedalando e com um guarda-chuva aberto. Só faltou I’m Singing in the Rain como BG.

Alceni virou chacota nacional. Teve que deixar a pasta. Nove meses depois o TCU o inocentou, o MPU e o STF também não viram nada de errado na gestão do ex-ministro.

As fraudes, as mentiras e os “erros certos” estão por toda parte e são antigas. Digo erros certos porque eles nunca erram pro lado errado. Como disse Jonathan Duran, pai do garotinho que sofreu racismo na Oscar Freire, esses mal-entendidos só acontecem contra os negros.

Lembro desse descaramento desde a falsificação das imagens da Praça da Sé onde ocorria um gigantesco comício pró diretas e a Globo transmitiu como se fosse uma comemoração pelo aniversário da cidade de São Paulo.

Depois veio a manipulação no debate entre Collor e Lula. Boni confessou que a Globo colocou gotas de suor de glicerina no rosto de Collor, lhe deram uma pasta cheia de papéis em branco e queriam até salpicar caspas em seu paletó para lhe dar um ar mais “humano”.

A ética deveria ser um imperativo categórico no jornalismo. O jornalista vive de sua credibilidade. Se o leitor não confia em quem escreve, se pensa que estão a lhe enganar, ele fecha o jornal e vai bater um papo com os amigos no boteco, ali vale tudo.

Mas o que os midiotas querem na verdade é um jornalismo de botequim, feito com o fígado, contra os inimigos do patrão e dos homens de bens.

Esse tipo de fofoquismo que faz Ricardo Noblat, aquele que se escondeu atrás de uma moita para ouvir Dias Tófoli lhe xingar. O mesmo Noblat do desprezível caso dos cabides.

O milagre da multiplicação de 3 mil em 300 mil, ou de um mil em um milhão, é a tática suja do jornalismo de esgoto. Os Gravataís Merengues estão por toda a parte, chegaram a colocar um deles na Academia Brasileira de Letras. Um tributo à fraude, ao mau caratismo e à fuleiragem.

A objetividade em si, nos ensinava Grosser, não existe. Mas a vontade de ser objetivo pode ou não existir. Só que o lace desse falso jornalismo com sangue nos olhos não é a objetividade, é o objetivo. E o objetivo é destruir reputações, manipular a opinião pública a alimentar os hematófagos midiotas.

Há quem se preste a isso. Por 70 mil lascas mensais, muitos jornalistas estão a se converter ao gravataismo. O que mais tem nas redações hoje em dia é Gravataís.

Palavra da salvação.

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Europa para por Charlie Hebdo, mas é indiferente a 1600 mortes de náufragos da Líbia

20 de Abril de 2015, 14:19, por MariaFrô

Navios negreiros, versão 2015

Por Jaques Delgado*

20/04/2015

Desde ontem, a Europa fala de uma tragédia incomensurável, de uma hecatombe, de uma desgraça: o naufrágio de quase 1000 imigrantes, saídos da Líbia com destino à Itália. Salvaram-se vinte e oito. Todos os outros viraram Mar Mediterrâneo, a maior fossa comum da historia.

Talvez se possa começar uma reflexão dando um nome às vítimas: eram pessoas, seres humanos, homo sapiens, eram ‘quase como nós’. Lembrei-me da canção Haiti, de Caetano Veloso, em dois trechos, quando ele diz : “ninguém é cidadão… quase todos pretos”.

Essa é uma das chaves do cinismo e da indiferença da Europa, branca e rica, em relação à cotidianidade do mal, que aflige milhares de pessoas, seres humanos, homo sapiens, ‘quase como nós’, isto é, a cor da pele! As pessoas, mais ou menos 700 homens, 200 mulheres, 50 crianças, eram quase todos pretos – e isso já nos faz olhar para o outro lado.

São desesperados, que escapam da guerra e sonham com a vida, com a sobrevivência. A grande maioria busca somente escapar da morte certa e das violências perpetradas pelo estado islâmico que mata sem compaixão os cristãos ou os muçulmanos que não aderem a sua causa.

Nesta enorme tragédia – não última, pois já hoje outras pessoas morreram em mais um naufrágio – havia centenas de pessoas trancadas no porão do barco, trancafiadas como ratos, pois provinham de regiões abaixo do deserto do Saara e, portanto, valiam ainda menos, nessa escala imoral de vidas mais dignas de serem vividas do que outras. Essas pessoas se deram conta que algo de errado aconteceu quando perceberam a nave virada e afundaram, talvez sem tempo para uma oração, sem escapatória, precipitando ao fundo do mar. Afogados, explorados por traficantes de carne humana, que vendem a ilusão de uma viagem que quase certamente lhes conduz à morte.

Escravidão reloaded!

A Europa é capaz de parar pelos cartunistas de Charlie Hebdo, o que é absolutamente louvável, mas se mantém indiferente diante desse massacre que apenas em 2015 ceifou 1.600 vidas, número subestimado, pois muitos corpos jamais aparecem e não fazem sequer parte das estatísticas neste breve trecho que separa a Líbia da Itália. São todos pretos, são todos pobres, ninguém é cidadão.

O cinismo da política grita proclamas, propõe soluções das mais estapafúrdias, todos querem resolver o problema. Quase nenhuma voz fala da emergência humanitária que empurra os refugiados para cima, para fora da generosa África, um continente que gera riquezas para o mundo, mas que subjuga os donos da terra, que permanecem miseráveis e morrem à míngua. Embarca-se para escapar de estupros, violência, fome, guerra, tiros, massacres. A solução exige uma leitura clara do problema e uma decisão conjunta da Europa.

A Tunísia acolhe hoje um milhão de refugiados, o que equivale a dez por cento da sua população, a Jordânia recebe atualmente uma quantidade impressionante de refugiados, e pode-se seguir adiante enumerando países que devem conviver com essa catástrofe. A Europa, continente mais rico do planeta, com seus 500 milhões de habitantes, por enquanto tenta fechar as portas, as janelas e as consciências.

Enquanto isso, bebemos cinicamente nosso aperitivo de cada dia.

Eram pessoas, seres humanos, homo sapiens, quase como nós, porém com a pele mais escura.

Pessoas. Hoje já são estatística.

*Jaques Delgado é psicólogo, vive em Trieste, Itália.

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Terceirização e redução da maioridade penal são lados da mesma moeda

19 de Abril de 2015, 21:04, por MariaFrô

redução da maioridade penal

Terceirização e redução da maioridade penal são lados da mesma moeda

Por Marcelo Semer no Justificando

Diz um adágio popular que uma desgraça raramente vem sozinha. Mas o saco de maldades recentemente aberto no Congresso tem muito pouco a ver com má sorte.

Terceirização e redução da maioridade penal estão mais próximas do que pode parecer à primeira vista. E são apenas entradas no cardápio que a aliança neoliberal-reacionária que se formou no Parlamento é capaz de oferecer.

O aumento dos prazos para a progressão criminal; o crime de terrorismo contra manifestações; uma plêiade de tipos hediondos; o fim do auxílio reclusão; a revogação do estatuto do desarmamento; a delegação da demarcação das terras indígenas, a independência do Banco Central e outras tantas propostas draconianas que dormitavam esquecidas no Congresso à espera de um vácuo de poder como esse. Só vêm a comprovar que o estágio atual do Brasil, no frenético caminho para o absolutismo penal e a precarização do trabalho, é de ser mesmo o país do passado.

Não há como isentar o próprio governo de sua parcela de contribuição no recrudescimento desse estado policial, pois ainda não compreendeu o quanto isso representa no esgarçamento do estado social que afirma defender. Várias leis do rigorismo penal foram e continuam sendo originárias do governo federal e é quase só disso que se trata nos propalados pacotes anti-corrupção.

Esquece-se, todavia, que as pessoas vão às ruas também por outras insatisfações, com o Bolsa Família, a PEC do Trabalho Doméstico ou cotas raciais. Quem quer avidamente prender adolescentes não pretende gastar mais dinheiro com as crianças pobres.

O estado mínimo, que diminui regulações, direitos sociais e tributos, exige um estado máximo que persiga, processe e prenda cada vez mais. Na figura de linguagem que ficou célebre pela pena de Loic Wacquant, em seu Punir os pobres, quanto mais enfraquece a mão esquerda, social do Estado, mais se fortalece a mão direita da punição.

A fragilidade do governo deu o sinal para o butim reacionário, da rebelião dos antigos aliados à ambição golpista dos opositores.

É certo que o grito de impeachment vem sendo entoado mesmo já antes da posse, eivado, assim, pela inconsistência jurídica, na ânsia de reverter uma eleição perdida.

Mas é evidente que serve como pressão para que a governabilidade se traduza em submissão, abandono de princípios e fisiologismo. Se a prática produzir uma inversão das urnas, como o vencedor aplicando o programa derrotado, o resultado não terá sido lá muito diferente da deposição.

Escancarar as portas ao estado policial, sepultando o precário estado social, é um preço caro demais a pagar. Não vale a pena lutar para salvar os anéis, se isso resultar em entregar os dedos.

Jonathan Simon em Governing Through Crime mostra como a Guerra contra a Pobreza, objetivo central do new deal foi substituída pela Guerra contra o Crime, a partir do final dos anos 60 do século XX, aprofundando-se fortemente nos 90. E como a vítima passou a ser a figura central da sociedade norte-americana –mais que o cidadão ou o contribuinte. É este modelo que vimos continuamente imitando, com o fortalecimento jurídico e político do Ministério Público, em especial com a ampliação dos espaços de barganha no processo penal, o recrudescimento legislativo e até a embrionária privatização penitenciária. Seguimos, ainda, na desastrada guerra às drogas e na desavergonhada seletividade que prende muito mais negros do que brancos.

Mas o que não é bom para os EUA também não é para o Brasil.

Foi-se o tempo em que o liberalismo tinha uma função de contração de um poder absoluto. A autodenominada pátria da liberdade tem dois milhões de almas encarceradas.

O Iluminismo nos legou a noção de direito penal como limite do poder punitivo, ideia que parece ter ficado para trás, entre suas pautas tão positivas quanto irrealizadas, como a humanidade das penas ou a intervenção mínima.

Os novos liberais, agora, não querem mais emancipar uma classe que o regime obstruía, mas, sobretudo, evitar a emancipação de outras. Por isso, se aproximam a regimes autoritários quando o assunto é direito penal. Não à toa, Estados Unidos e China disputam a liderança da população carcerária mundial.

Pesa aí também o apelo do marketing eleitoral e o apego à mídia que, de tradicional óbice a um estado policial, transformou-se em seu principal combustível.

E, de fato, poucas influências têm sido tão decisivas para o recrudescimento penal, seja no impacto sobre as legislações de pânico, seja a influência nas jurisprudências de emergência, do que os programas policialescos, o noticiário sensacionalista e os editoriais implacáveis que sugerem as respostas duras ao medo incessantemente estimulado.

Por mais que se prenda, e se prende muito, por mais que se prenda rápido (metade dos presos não foi definitivamente julgado e quase 40% destes serão soltos quando o forem), ainda assim sempre será insuficiente para aplacar a sensação fortemente incensada da impunidade.

Nada bastará, nem penas cada vez mais severas, nem encarceramento cada vez mais precoce.

O estado mínimo prossegue, paradoxalmente aos supostos princípios liberais, para um inevitável estado policial. Os caminhos de quem quebra direitos sociais e aumenta sanções penais se imbricam de forma inquebrantável. Nos modelos, nas soluções e nas crises.

Quando direitos sociais se fragilizam, quando os mercados expulsam o Estado das regulações, e as crises se abatem sobre as economias, as respostas de fundos e troikas é a de aprofundar os próprios mecanismos que geraram o colapso. É o mesmo que ocorre com o rigorismo penal, que mergulha o Estado em altos índices de violência (a Lei dos Crimes Hediondos foi o exemplo mais paradigmático) e é contraditoriamente chamado para resolver os próprios problemas que deu origem.

No capitalismo predatório e no estado policial que ele ajuda a criar nada merece tanto prestígio quanto as ideias que fracassam.

Que elas não tenham tanta força para nos recolocar na vanguarda do atraso.

Marcelo Semer é Juiz de Direito em SP e membro da Associação Juízes para Democracia. Junto a Rubens Casara, Márcio Sotelo Felipe, Patrick Mariano e Giane Ambrósio Álvares participa da coluna Contra Correntes, que escreve todo sábado para o Justificando.

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Por ano, no Brasil, a sonegação de impostos e evasão fiscal dos ricos equivalem a 18 Copas do Mundo

19 de Abril de 2015, 18:29, por MariaFrô

O que vários jornalistas e donos de meio de comunicação que estão na lista do HSBC fazem são dois crimes:

1) primeiro sonegam impostos como no caso da Operação Zelotes;

2) depois escondem o dinheiro sonegado em contas secretas na Suíça, como os denunciados no maior escândalo fiscal planetário, as contas secretas do HSBC na Suíça com quase 9 mil brasileiros dos quais não conhecemos ainda nem uma centena dos nomes.

A reportagem de Fernando Duarte na BBC de Londres merece ser lida com atenção, especialmente quando tem abestado ou sonegador que saem as ruas com cartazes dizendo que ‘sonegação é autodefesa”.

Evasão fiscal anual no Brasil ‘equivale a 18 Copas do Mundo’

Fernando Duarte Da BBC Brasil em Londres
17/04/2015
ThinkstockA evasão fiscal do Brasil, com base em números de 2010, equivaleu a R$ 490 bilhões

Mesmo antes da disparada na cotação do dólar, US$ 280 bilhões já seria um número impressionante.

Segundo uma pesquisa da Tax Justice Network (rede de justiça fiscal, em tradução livre, organização internacional independente com base em Londres, que analisa e divulga dados sobre movimentação de impostos e paraísos fiscais), este é o montante que o Brasil teria perdido, apenas em 2010, com a evasão fiscal – em 2011, ano de divulgação do estudo, isso equivalia a R$ 490 bilhões.

O número vem de estimativas feitas com base em dados como PIB, gastos do governo, dimensão da economia formal e alíquotas tributárias. Segundo um dos pesquisadores da organização, estudos sobre evasão fiscal mostram que as estimativas do que deixa de ser arrecadado leva em conta também a economia informal.

O valor coloca o Brasil atrás apenas dos Estados Unidos numa lista de países que mais perdem dinheiro com evasão fiscal. É 18 vezes maior que o orçamento oficial da Copa do Mundo de 2014 e quase cinco vezes mais que o orçamento federal para a Saúde em 2015, por exemplo.

É bem maior que os R$ 19 bilhões que a Polícia Federal acredita terem sido desviados da União por um esquema bilionário de corrupção envolvendo um dos principais órgãos do sistema tributário brasileiro, o Carf – a agência responsável pelo julgamento de recursos contra decisões da Receita Federal, e que é o principal alvo da Operação Zelotes.

Mas para diversos estudiosos da área, a deflagração da ação policial pode representar o momento em que a sonegação ocupe um espaço maior nas discussões sobre impostos no Brasil, normalmente dominadas pelas críticas à carga tributária no país.

“A operação Zelotes mostrou que grandes empresas são pegas (em esquemas de sonegação) e têm grandes valores de dívidas. Mostrou ainda que não há constrangimento em pagar ‘consultorias’ que lhes assessorem em seus pleitos. A evasão fiscal é um problema muito mais grave do que a corrupção, não apenas por causa do volume de dinheiro envolvido, mas porque é ideologicamente justificada como uma estratégia de sobrevivência”, disse à BBC Brasil uma fonte da Receita Federal.

Paraísos fiscais

Banco SafraO Banco Safra teve escritórios devassados por investigadores da Operação Zelotes

Pesquisador da Tax Justice Network, o alemão Markus Meinzer, aponta também para estimativas da entidade, igualmente baseadas em dados de 2010, de que os super-ricos brasileiros detinham o equivalente a mais de R$ 1 trilhão em paraísos fiscais, o quarto maior total em um ranking de países divulgado em 2012 pelo grupo de pesquisa.

“Números como estes relacionados aos paraísos fiscais mostram que o grosso do dinheiro que deixa de ser arrecadado vem de grandes fortunas e empresas. Por isso a operação da receita brasileira poderá ser extremamente importante como forma de tornar o assunto mais público”, acredita Meinzer.

O pesquisador acredita que a discussão é crucial para debates políticos no Brasil. Cita especificamente como exemplo o debate sobre os gastos sociais do governo da presidente Dilma Rousseff, um ponto contencioso em discussões públicas no Brasil.

“A verdadeira injustiça não está nas pessoas que usam benefícios da previdência social, mas as pessoas no topo da pirâmide econômica que simplesmente não pagam imposto. Pois isso é o que força governos a aumentar a taxação para os cidadãos. Alguns milhares de sonegadores milionários fazem a vida de milhões mais difícil”.

Autor de Ilhas do Tesouro, um livro sobre a proliferação dos paraísos fiscais e esquemas de evasão de renda que rendeu elogios do Nobel de Economia Paul Krugman, o britânico Nicholas Shaxson, concorda com a atenção que a Operação Zelotes poderá despertar junto ao grande público, em especial sobre a bandeira da justiça fiscal.

“Nos países europeus, a crise econômica de 2008 mobilizou o público para questões como esquemas de evasão fiscal, incluindo sistemas de certa forma encorajados pelo governo, como os impostos de multinacionais. Falar em impostos é um tema delicado politicamente, mas que se transformou em algo instrumental em campanhas políticas. O Brasil, que agora passa por um momento econômico mais delicado terá uma oportunidade de abordar esse assunto de forma mais generalizada”, diz Shaxson.

“O princípio de justiça fiscal é uma bandeira de campanha interessante. Na Grã-Bretanha, por exemplo, já não é mais exclusivamente restrito a uma parte do espectro político. E mostra que não adianta você insistir naquela tese de ‘ensinar a pescar em vez de dar o peixe’ quando alguns poucos são donos de imensos aquários”, completa o britânico, numa alusão à expressão usada para criticar programas assistenciais como o Bolsa-Família.

Leia mais:

Para você que não conhece o combate à corrupção no Brasil

Ricos brasileiros têm quarta maior fortuna do mundo em paraísos fiscais

Leia mais: Testas de ferro se oferecem na web para controlar empresas ‘obscuras’

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A Ignorância crassa dos que tem o poder de censura no Facebook

17 de Abril de 2015, 17:51, por MariaFrô

ignorância

A foto acima são de indígenas botocudos, do Espírito Santo, de 1909.

Uma foto de domínio público que faz parte do Acervo digital que o Ministério da Cultura acaba de pôr no ar.

Ela servia de divulgação no facebook do lançamento do Portal: Brasiliana Fotográfica Digital:

Brasiliana Fotográfica é um espaço para dar visibilidade, fomentar o debate e a reflexão sobre os acervos deste gênero documental, abordando-os enquanto fonte primária mas também enquanto patrimônio digital a ser preservado.

Esta iniciativa começa com a união de esforços da Fundação Biblioteca Nacional e do Instituto Moreira Salles. A ela poderão vincular-se, no futuro, outras instituições do Brasil e do exterior, públicas e privadas, detentoras de acervos originais de documentos fotográficos referentes ao Brasil.

Para tanto, as instituições interessadas deverão contribuir com arquivos digitais e respectivos metadados que estejam de acordo com os padrões adotados internacionalmente.

O Ministério da Cultura reagiu acertadamente a bestificação do Facebook e hoje fez uma coletiva para informar que

COLETIVA DE IMPRENSA, ÀS 16H30 – MinC acionará judicialmente o Facebook contra censura na rede

O Ministério da Cultura (MinC) anuncia agora à tarde que adotará medidas legais contra decisão do Facebook de bloquear fotografia histórica de um casal de Índios Botocudos, publicada em sua fanpage. O ministro da Cultura, Juca Ferreira, concederá entrevista coletiva, às 16h30, na sede do MinC para tratar do assunto.

A coletiva será transmitida ao vivo pelo site do MinC www.cultura.gov.br

A foto, em domínio público, integrava um post de divulgação do lançamento do Portal Brasiliana Fotográfica, site lançado nesta sexta-feira, às vésperas do Dia do Índio, pela Fundação Biblioteca Nacional e o Instituto Moreira Salles e que conta com mais de duas mil imagens históricas dos séculos XIX e XX.

 Entrevista coletiva

Horário: 16h30

Local: sala de reuniões, 4º Andar, bloco B, Esplanada dos Ministérios – Sede do MinC.

Telefone para contato: 2024 2412 / 2024 2413

 

Dados da Imagem histórica censurada na página oficial do Ministério da Cultura pelo Facebook

[Índios Botocudos : foto 04]

Garbe, Walter.

Data: 1909

Descrição:

Local e datas manuscritas a tinta sobre o papel fotográfico: “Cachoeiro de Sta. Leopoldina, 13-7-09″
gelatina, p&b
17 x 12 cm

Assuntos:

Índios Botocudo
Índios da América do Sul – Espírito Santo (Estado)
Santa Leopoldina (ES)
Botocudo Indians
Indians of South America – Brazil
Santa Leopoldina (Brazil)

Localidade:

Santa Leopoldina (ES)

Acesse o acervo da Instituição de origem

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