Ignacio Delgado Ataques ao PT: repetição do velho expediente da direita e de seu braço na mídia
16 de Abril de 2015, 13:07Por que os ataques ao PT? A repetição de um velho expediente da direita e de seu braço na mídia.
Ignacio Godinho Delgado*
16/04/2015, especial para o Maria Frô
Em 1945 o então Partido Comunista do Brasil (PCB) surpreendeu a todos, alcançando cerca de 10% dos votos nas eleições presidenciais e elegendo 14 deputados e 2 senadores. Habilitava-se assim a canalizar na cena política e partidária o movimento operário e parcelas expressivas da classe média e do “eleitorado popular” brasileiro. Em 1947, teve seu registro cassado, em deliberação no congresso em que não faltou o empenho do Partido Trabalhista Brasileiro, o PTB, criado por Getúlio Vargas exatamente para disputar o eleitorado popular urbano.
O mesmo PTB, entre 1945 e 1964, assumiria de forma cada vez mais expressiva o papel de canalização do eleitorado popular urbano, especialmente as parcelas integrantes do mercado formal de trabalho e o movimento sindical. Com crescimento expressivo em todo o período, segundo pesquisa IBOPE não divulgada à época, em março de 1964, às vésperas do golpe militar, assistia-se a uma afirmação ainda mais contundente do PTB, com o favoritismo de João Goulart nas eleições presidenciais de 1965, caso não houvesse restrições legais à sua candidatura[1]. O golpe de 1964 e, depois, o Ato Institucional Nº 2, que criou o bipartidarismo, interromperam esta trajetória.
Mais à frente, em 1978, a afirmação eleitoral do MDB levou o regime militar a redesenhar o sistema partidário de modo a fugir da armadilha do bipartidarismo, que tornava toda eleição plebiscitária. Registre-se, contudo, que o MDB não foi proscrito, sendo substituído pelo PMDB, não conseguindo firmar-se como uma alternativa capaz de canalizar a participação do eleitorado popular na cena política brasileira. Faltava-lhe a raiz sindical e a identidade trabalhista.
O PT acabou por firmar-se como herdeiro inesperado da tradição trabalhista, embora nascido com uma postura crítica em relação ao PTB e ao PCB. Na década de 1990, diante dos descalabros provocados pelas políticas neoliberais, com seu rosário de desnacionalização, regressão social e perda da capacidade governativa do Estado, reconciliou-se com a herança nacionalista de Vargas. No governo, preservando o controle da inflação e incorporando os segmentos mais pobres da população à política social, através de medidas como o Bolsa Família, forjou uma vigorosa parceria entre os trabalhadores do mercado formal e os demais segmentos do “eleitorado popular” brasileiro.
Por isto o PT é objeto de combate sem tréguas da mídia e da direita. Tal como se fizera com o PTB, o que se quer é, mais uma vez, estigmatizar as forças políticas que conseguiram dar expressão ao eleitorado popular. Se este se comporta com um padrão que Fábio Wanderley Reis denominou a “síndrome do Flamengo”, identificando de forma elementar os polos do universo político entre o “povo” e a “elite”, no caso do PTB e do PT tal inclinação afinou-se resolutamente com a identidade trabalhista[2]. Na medida em que esta passa a abarcar também os setores populares dissociados do mercado formal e do universo sindical, as possibilidades de êxito eleitoral da direita restringem-se enormemente.
O jogo da direita sempre foi, desde a UDN, entupir o debate político com denúncias de corrupção, para ocultar o conteúdo antipopular e antinacional de seu projeto. É indispensável apurar qualquer denúncia de corrupção, julgar quem for acusado e punir os culpados, o que aliás tem sido feito com uma intensidade nunca antes existente no Brasil, a partir da ascensão de Lula ao governo, em virtude da criação de instrumentos como o Portal da Transparência, da Controladoria Geral da União, bem como do fortalecimento das ações e da autonomia da Polícia Federal e do Ministério Público. Contudo, se a preocupação real da direita e da mídia fosse realmente a corrupção, para ficarmos nos casos recentes, a Lista do HSBC e a Operação Zelotes (que alcançam nomes de peso da mídia e da direita), deveriam receber na imprensa um peso igual ou maior que a Operação Lava Jato, baseada em delações premiadas e seletivamente divulgada, para atingir apenas o PT, embora alcance quase todo o espectro partidário brasileiro. Acontece – almeja a mídia e direita – que a Operação Lava Jato pode ter como subprodutos o enfraquecimento da Petrobrás, a dissolução do regime de partilha na exploração do Pré-Sal e o comprometimento da força eleitoral do PT. Setores mais retrógrados, com forte viés fascista, falam até em cassar o registro do partido.
Nada de novo: trata-se de embaralhar o jogo e diluir a identidade alcançada pelo eleitorado popular na cena política brasileira, com o propósito de alcançar na marra o que não se consegue nas urnas.
*Professor de História e Ciência Política na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia-Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT-PPED). Doutorou-se em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1999, e foi Visiting Senior Fellow na London School of Economics and Political Science (LSE), entre 2011 e 2012.
[1] Sobre o crescimento do PTB no período e a pesquisa IBOPE, ver LAVAREDA, A. (1991) A Democracia nas Urnas. Rio de Janeiro: Rio Fundo Ed. / IUPERJ. O dado sobre a intenção de votos em Goulart, na mesma pesquisa, aparece em MAGALHÃES, M. (2015) “Pesquisa Ibope de março de 1964 mostra que Jango mantinha alta popularidade”. UOL. Blog do Mário Magalhães. Disponível em http://blogdomariomagalhaes.blogosfera.uol.com.br/2014/03/27/ibope-de-marco-de-1964-mostra-que-joao-goulart-mantinha-alta-popularidade/ Acesso em 15/04/2015.
[2] REIS, F. W. (2000) “Identidade, Política e Teoria da Escolha Racional”. In Reis, F.W Mercado e Utopia. São Paulo: Edusp, pp. 63-82. (Publicado pela primeira vez em 1988, na Revista Brasileira de Ciências Sociais, 6 (3), 1988)
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As cores do fascismo no Brasil
14 de Abril de 2015, 11:02Fico imaginando se esta senhora corajosa no vídeo gravado pela Mídia Ninja durante a manifestação do 12/04 no Rio de Janeiro estivesse de vermelho o que poderia ter acontecido a ela. É assustador o comportamento de turba destes reacionários que parecem ter saído direto de um túnel do tempo de 1935! Estão cada vez mais fora de controle, cada vez mais histéricos, cada vez mais intolerantes e cada vez mais obtusos. Este comportamento sem um mínimo de condições de conviver com o contraditório passa ao largo da democracia, ele é fascista em sua raiz e prática. Indefensáveis aqueles que defendem a sonegação de impostos e atacam qualquer um que não coadunem com seu comportamento de manada.
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Para você que não conhece o combate à corrupção no Brasil
13 de Abril de 2015, 20:24Transparência e combate à corrupção nos Governos Lula e Dilma
A corrupção sempre foi apontada como um dos mais graves problemas enfrentados pelo Brasil, e vista, inclusive, como um mal inevitável e invencível, como fenômeno peculiar e inerente à cultura brasileira.
No entanto, diversas pesquisas hoje já demonstram que a corrupção é um problema global que afeta todos os países do mundo, comprometendo a efetividade das políticas públicas e o crescimento econômico e atentando contra a democracia e a legitimidade das instituições.
Relatório divulgado pela Comissão Europeia em fevereiro deste ano conclui, por exemplo, que a corrupção atinge todos os seus 28 países-membros, custando cerca de 120 bilhões de euros por ano (quase R$ 390 bilhões) à economia do bloco. Trata-se do primeiro estudo do gênero realizado pela Comissão que, ouvindo também o público, aponta que para três quartos dos europeus entrevistados a corrupção é comum e para mais da metade seu nível vem aumentando nos últimos anos.
No continente americano, pesquisa similar divulgada em 2010, realizada pela Vanderbilt University nos EUA, perguntava ao entrevistado se algum funcionário público havia lhe solicitado propina no último ano. O Brasil ficou com o segundo melhor resultado das Américas, com apenas 1,6% respondendo que sim – atrás unicamente do Chile, com 1,2%. Os Estados Unidos ficaram com 2,2%, a Argentina com 7%, o México com 9,2%, e a Bolívia com 18%.
Se a corrupção está presente em todas as sociedades, o que as diferencia é a disposição e capacidade de estabelecer mecanismos de controle que inibam a prática de irregularidades. No Brasil, durante séculos, o governo não teve a necessária vontade política para enfrentar o problema, pois investigar e trazer à tona casos de corrupção provoca, muitas vezes, crises e desgastes políticos, aumentando a percepção da sociedade de que a corrupção está crescendo, mesmo quando o que ocorre é exatamente o contrário.
Essa situação começou a mudar a partir da decisão corajosa tomada pelo Governo do PT de construir um Estado mais transparente e republicano e enfrentar definitivamente a corrupção. Rompeu-se com uma prática de gestão que imperava na Administração Pública, marcada ora pela completa omissão, ora pelo combate frouxo, burocrático e ineficaz dos desvios de recursos públicos. Assim, a partir de 2003, o país passou a contar com uma política pública de Estado de prevenção e combate à corrupção por meio da ação articulada entre os diversos órgãos e do estímulo à participação da sociedade civil no controle da gestão. Uma política que, seguindo padrões internacionais, dá ênfase tanto a medidas repressivo-punitivas, como a medidas preventivas.
Fortalecimento institucional
Nesse sentido, diversas ações foram adotadas, como a criação da Controladoria-Geral da União (CGU); o fortalecimento da Polícia Federal; a plena autonomia garantida ao Ministério Público; o incremento da atuação da Advocacia-Geral da União (AGU) no ajuizamento de ações de improbidade e de ressarcimento ao erário; o aumento e maior eficiência das fiscalizações da Receita Federal; e a atuação precisa do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (COAF) no monitoramento de movimentações atípicas que possam configurar lavagem de dinheiro ou corrupção e enriquecimento ilícito de agentes públicos; e a reestruturação do Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que fortaleceu sua atuação no combate a carteis. No esforço de aprimorar o sistema de prevenção e combate à corrupção, diversas medidas no plano legal também foram adotadas, assim como de melhoria da governança pública, conforme a seguir apresentado.
Com a criação da Controladoria-Geral da União (CGU), em 2003, o Governo Federal foi dotado de um órgão estruturado e permanente de fiscalização, com auditores qualificados e técnicas modernas de controle. Até então o que existia era a Corregedoria-Geral da União, órgão criado em 2001, penúltimo dos oito anos do governo FHC, pela Medida Provisória n° 2.143-31, em resposta ao clamor da opinião pública diante doengavetamento da CPI da corrupção. No primeiro momento, o órgão desempenhava apenas funções correcionais; um ano depois, o Decreto n° 4.177, de 28 de março de 2002, transferiu a Secretaria Federal de Controle Interno (SFC) ¬– unidade responsável pela auditoria do Poder Executivo Federal, que integrava a estrutura do Ministério da Fazenda – para a então Corregedoria-Geral da União. Em 1° de janeiro de 2003, um dos primeiros atos do Governo Lula foi a edição da Medida provisória n° 103, posteriormente convertida naLei n° 10.683, que, entre outras providências, alterou a denominação do órgão de Corregedoria para Controladoria-Geral da União, lhe concedeu o status de Ministério, vinculando-o diretamente à Presidência da República, e denominou seu titular de Ministro de Estado do Controle e da Transparência, além de definir suas competências, ampliando sobremaneira suas atribuições e alçando-a a condição de uma verdadeira agência anticorrupção.
A partir de sua criação, a CGU instituiu o Programa de Fiscalizações por Sorteio Público de Municípios, o qual já fiscalizou 2.084 municípios (37% do total dos municípios brasileiros) e a aplicação de cerca de 20 bilhões de reais. Nas cidades, os auditores realizam visitas in loco a obras, escolas, hospitais, postos de saúdes, residências de beneficiários de programas sociais e demais locais onde há aplicação de dinheiro público federal a fim de verificar a correta destinação dos recursos. Os relatórios resultantes dessas fiscalizações não vão para nenhuma gaveta, como acontecia no passado; vão, conforme o caso, para a Polícia Federal, para o Ministério Público, para o TCU, para os ministérios responsáveis pelo dinheiro repassado, e para o site da CGU, onde toda a sociedade pode acessá-los.
Além da fiscalização de municípios, a CGU também realiza diversas outras ações de controle, como Auditorias Anuais de Contas, Auditorias Especiais e Investigativas e Avaliações da Execução dos Programas de Governo (como o Bolsa Família, o Saúde na Família, a Qualificação Profissional, o Minha Casa, Minha Vida, os empreendimentos da Copa do Mundo 2014, etc.). Todos os órgãos e entidades públicas, inclusive as empresas estatais, se submetem ao controle permanente da CGU.
Em paralelo à ação fiscalizatória, a CGU instituiu, em 2005, o Sistema de Correição do Poder Executivo Federal, que acompanha os processos instaurados e por instaurar em cada ministério, garantindo a efetiva apuração das irregularidades praticadas por servidores públicos. Assim, de 2003 a 2013, 4.577 servidores públicos federais foram expulsos , incluindo dirigentes e servidores de cargos elevados, por envolvimento em diversos tipos de irregularidades, sendo que 3.078 (67%) por algum ato ligado à corrupção. O Cadastro de Expulsões da Administração Federal exibe os nomes de todos os agentes públicos que foram demitidos do serviço público desde 2005.Mas a CGU não se preocupa apenas com as infrações cometidas por servidores públicos. Se a corrupção envolve um corrupto e um corruptor, é preciso agir nos dois lados. Nesse sentido, em 2007, a CGU passou a atuar também na aplicação de sanções a empresas que cometem ilícitos contra o Estado e criou o Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS), que lista as empresas punidas e que estão, por isso, proibidas de contratar com a Administração.
Ainda no campo repressivo e demonstrando não temer ser alvo de investigações, os governos Lula e Dilma promoveram profundas mudanças na Polícia Federal e praticamente a transformaram em uma nova instituição. O órgão foi fortalecido com a ampliação do seu quadro de delegados e agentes, uma política de valorização salarial, o incremento de seu orçamento – que permitiu a compra de novos equipamentos e a modernização das técnicas de investigação – e, principalmente, foi garantida à PF ampla liberdade para atuar no combate à corrupção.
Não é sem razão que entre 2003 e 2012 centenas de operações foram deflagradas, que resultaram na prisão de mais de 2 mil servidores públicos. A Polícia investiu na estruturação de uma área especializada no combate a fraudes e à corrupção e, somente em 2012, foram criadas 17 delegacias especializadas no combate à corrupção e desvios de recursos públicos. Em 2013, as investigações de crimes do colarinho branco suplantaram as ações contra o tráfico de drogas e o contrabando. Além disso, dados de dezembro de 2013 mostram o andamento de 12.870 inquéritos policiais em todo o Brasil que apuram a prática de crimes que envolvem o desvio de recursos públicos. Esse número representa mais de 10% de todas as investigações em curso na Polícia Federal. Os contratos sob investigação da PF somam o número recorde de R$ 15,59 bilhões em recursos públicos.
Também a Advocacia-Geral da União (AGU) passou a ter uma atuação destacada no enfrentamento da corrupção, assumindo o papel de braço jurídico dos órgãos de controle do Governo Federal nessa luta. A partir do ajuizamento de ações, a AGU tem conseguido reaver verbas desviadas, garantindo a efetiva recomposição do patrimônio público. Em 2010, foram ajuizadas 3.706 Ações Civis Públicas, de improbidade administrativa e de execução de decisões do TCU para reaver R$ 2,7 bilhões desviados em esquemas de corrupção. No mesmo ano, foram recolhidos aos cofres públicos cerca de R$ 491,2 milhões referentes a verbas desviadas em convênios firmados pela União com prefeituras e entidades públicas. Em 2011, foram ajuizadas 2.343 ações para reaver aos cofres públicos mais de R$ 2 bilhões desviados em atos de corrupção. Em 2012, a AGU obteve a maior recuperação de créditos devido a atos de corrupção com a devolução de quase R$ 468 milhões desviados da construção do TRT de São Paulo e ainda conseguiu a repatriação de US$ 6,8 milhões da conta bancária na Suíça do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto. E em 2013 foram ajuizadas 2.109 ações visando a recuperação de R$ 1,05 bilhão.
Para garantir o efetivo enfrentamento da corrupção, os governos Lula e Dilma asseguraram também ampla autonomia ao Ministério Público. Contrariamente ao governo anterior, todos os Procuradores-Gerais da República nesse período foram nomeados respeitando lista tríplice apresentada pela categoria. Assim, se encerrou o nefasto período do “Engavetador Geral”, quando o MP não exercia a plenitude de suas atribuições no combate à corrupção, em especial quando isso pudesse alcançar altas autoridades. Enquanto Procurador-Geral da República do governo FHC, Geraldo Brindeiro recebeu 626 inquéritos criminais, engavetou 242 e arquivou 217. Somente 60 denúncias foram aceitas. As acusações recaíam sobre 194 deputados, 33 senadores, 11 ministros e, em quatro casos, sobre o próprio presidente FHC. Entre as denúncias que engavetou está a de compra de votos para aprovação da emenda constitucional que aprovou a reeleição para presidente, beneficiando o então ocupante do cargo.
Todas essas medidas adotadas demonstram o claro compromisso dos governos Lula e Dilma de combater a corrupção, institucionalizando controles democráticos e punindo responsáveis por danos ao patrimônio público. O Governo do PT não esconde a corrupção embaixo do tapete; ao contrário, vem sistematicamente enfrentando e expondo o problema.
Cultura de Transparência
Mas todas essas medidas de repressão da corrupção não bastariam se uma decisão fundamental não tivesse sido tomada: a de se investir, pela primeira vez no Brasil, em políticas públicas de transparência da gestão. Assim, a CGU criou, ainda em 2004, o Portal da Transparência, que disponibiliza informações detalhadas e atualizadas diariamente sobre cada gasto do Governo Federal, acessível a qualquer cidadão, sem exigência de senha ou cadastro.
Ao longo dos anos, o Portal foi sendo constantemente aperfeiçoado para incluir novos dados e tornar as informações publicadas ainda mais acessíveis. Destaca-se, por exemplo, a divulgação de todos os recursos transferidos a estados, municípios e ONGs por meio de convênios, dos benefícios pagos no âmbito do Programa Bolsa Família, das operações efetuadas com os cartões de pagamento do Governo Federal, dos recursos investidos na Copa 2014 e nas Olimpíadas 2016 e dos salários de todos os servidores públicos federais.
E o mais importante, o Portal da Transparência do Governo Federal é hoje um instrumento de controle social que está sendo efetivamente utilizado pela população: começando com menos de 300 mil acessos em 2005, atingiu mais de 11 milhões de acessos em 2013, com média mensal de visitas em 2014 em torno de 1.131.669 milhão.
Além das importantes medidas de divulgação espontânea de informações na internet, os Governos do PT também foram os responsáveis por aquela que é, sem dúvida, uma das mais importantes leis editadas no Brasil no período recente: a Lei de Acesso à Informação, cujo projeto foi enviado ao Congresso Nacional em 2009, pelo Presidente Lula, e sancionado pela Presidenta Dilma em novembro de 2011. A Lei de Acesso à Informação rompeu com a cultura de sigilo que há séculos imperava no Estado, determinando que todas as informações são, em regra, públicas. A Lei também estabeleceu curtos prazos para respostas aos pedidos de acesso dos cidadãos, responsabilizando servidores que os descumprissem e incentivou a divulgação de dados em formatos abertos. E contra expectativas pessimistas, foi implementada pelo Governo Dilma em tempo recorde – apenas 6 meses – e de modo exemplar, servindo de referência para os demais Poderes, Estados e Municípios. Desde maio de 2012, já foram apresentados quase 165 mil pedidos de acesso à informação ao Governo Federal, todos processados eletronicamente, com o percentual de 98% respondidos, em um tempo médio de 13 dias (que corresponde a menos da metade do limite permitido pela lei, que é de 30 dias).
Os Governos Lula e Dilma partiram, portanto, praticamente do zero na área de transparência para levar o Brasil a ser reconhecido hoje como um dos países com maior grau de transparência do mundo. Não por acaso, o Portal da Transparência do Governo Federal já recebeu diversos prêmios internacionais (entre eles, prêmio da ONU que o reconheceu como uma das cinco melhores práticas de prevenção da corrupção no mundo). Também não foi sem razão que o Brasil foi o primeiro país a ser convidado pelo presidente Obama, em 2010, para liderar, junto com os Estados Unidos, a iniciativa global Open Government Partnership (parceria para o governo aberto) que atualmente já congrega 63 países. Só um governo que nada tem a esconder e não tem compromisso com o malfeito é capaz de se abrir para o completo e permanente escrutínio público.
Avanços normativos
No esforço de enfrentamento da corrupção, várias outras medidas de aprimoramento do marco legal também foram adotadas ao longo dos Governos do PT, com destaque para os seguintes: Lei que regulamenta o Conflito de Interesses no âmbito do Poder Executivo Federal, coibindo condutas como o uso de informação privilegiada, o exercício de atividade incompatível com o cargo e a concessão de benefícios indevidos a particulares (link); Lei que institui a Responsabilização de Pessoas Jurídicas por Atos de Corrupção, que vem sendo denominada Lei Anticorrupção e trouxe, de forma inédita, punições severas a empresas corruptoras;Nova Lei de Lavagem de Dinheiro, que endureceu o combate a esse crime retirando a obrigatoriedade de comprovação da prática de crime antecedente que deu origem ao dinheiro e aumentando a multa a que está sujeito quem é condenado, que hoje é cem vezes maior; Lei que pune as organizações criminosas e regulamenta técnicas especiais de investigação que permitem identificar e desarticular essas organizações; e a Lei que reestruturou o CADE, fortalecendo a sua atuação no combate a cartéis. Trata-se de importantes diplomas legais, propostos pelos Governos do PT, que promovem mudanças estruturais no sistema de prevenção e combate à corrupção.
No plano infralegal, legados fundamentais para o Estado Brasileiro também foram deixados, como o Decreto nº 5.483/2006, que instituiu a Sindicância Patrimonial dos servidores federais; o Decreto nº 6.170/2007, que criou o Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse – SICONV e revolucionou o procedimento de transferências voluntárias de recursos da União para estados, municípios e entidades sem fins lucrativos, especialmente para imprimir-lhe mais transparência; o Decreto nº 6.370/2008, que dispõe sobre a utilização do Cartão de Pagamento do Governo Federal; e o Decreto nº 7.568/2011, que estabelece critérios mais transparentes para a celebração de parcerias com Organizações da Sociedade Civil, a exemplo do chamamento público obrigatório para as ONGs.
Ademais, diversas medidas de modernização da gestão, que diminuem a burocracia, aumentam a transparência e promovem a ética também foram adotadas de modo a coibir a ocorrência de irregularidades. Destaca-se a edição do Decreto n° 5.450/2005, que tornou obrigatório o uso do pregão eletrônico nas aquisições de bens e serviços comuns do Governo Federal e do Decreto 5.497/2005, que estabeleceu limites para que os cargos em comissão fossem ocupados exclusivamente por servidores de carreira; a criação, em 2007, da chamada Super-Receita, que reduziu o desperdício e permitiu maior combate a fraudes e à sonegação; e a edição do Decreto nº 7.203/2010, que combate o nepotismo no Governo Federal.
Diante de todo o exposto, resta evidente e inquestionável o quanto se fez, de forma inédita, no Brasil nesses últimos anos na prevenção e no combate à corrupção. No entanto, embora as ações adotadas ao longo dos Governos Lula e Dilma tenham sido fundamentais para que o país pudesse finalmente apresentar avanços efetivos nessa área, a grande exposição do combate à corrupção na grande mídia deixou a falsa impressão em alguns de que a corrupção cresceu nos governos do PT. Um mal entendido que precisa de uma vez por todas ser desfeito. Na verdade, os casos só apareceram porque, pela primeira vez na história do país, instituições de defesa do Estado foram estruturadas e fortalecidas e, principalmente, puderam atuar livremente, sem nenhuma interferência.
O trabalho, certamente, não está concluído. Diversos são ainda os desafios a ser enfrentados, pois ninguém desconhece que as causas mais profundas da corrupção têm raízes em questões como o financiamento privado de campanhas e de partidos. Por isso, a importância da continuidade desse esforço. Não pode haver retrocesso nem recuo nessa caminhada. A sociedade brasileira não o toleraria. A luta contra a corrupção precisa continuar.
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Gilmar Mendes é escrachado por estudantes na Bahia
13 de Abril de 2015, 16:13O Brasil está cheio de efervescência política, repleto de ações conscientes, politizadas e que de fato lutam contra a corrupção e a sanha dos poderosos em retirar direitos.
Neste final de semana 700 ativistas se reuniram em BH na luta pelo Direito à Comunicação, nenhuma linha em qualquer meio de comunicação sobre o fato.
Hoje pela manhã, em Salvador, na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, em Salvador, de forma bem humorada estudantes fizeram um escracho ao Ministro do STF, Gilmar Mendes que há mais de um ano pediu vistas no julgamento de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade que considera inconstitucional o financiamento privado de campanha.
Não há apenas seres sem qualquer cultura política vestindo a camisa da CBF (entidade envolvida em inúmeros escândalos de corrupção) saindo às ruas para pedir golpe militar, confundindo a sigla do STF ou dizendo que o crime de sonegação é ‘auto-defesa’.
Tem gente criativa fazendo luta de verdade contra a corrupção, como esses jovens estudantes que sabem que o financiamento privado de campanhas políticas além de impedir que verdadeiras representações populares possam se eleger, permite que grandes empresas corrompam o Congresso e o Estado Brasileiro. Mas certamente você não verá no Jornal Nacional, da emissora nascida com o golpe militar, nada a respeito. Não verá porque a Globo que insufla marchas autoritárias pelas ruas é acusada de sonegar impostos e tem proprietários e jornalistas da casa na lista de contas secretas do HSBC na Suíça. A Globo não tem o menor interesse que você saia da alienação política. Quanto mais alienado for, mais ela poderá tentar ditar a agenda política do país.
Recriando o ‘Parabéns a você’: “Parabéns pra você, nesta data querida, já faz mais de um ano do pedido de vistas”, os estudantes fizeram um ato pedindo ao ministro que devolva o processo.
Leia o Manifesto das organizações sociais que realizaram o ato
Manifesto DEVOLVE, GILMAR!
Acontece hoje, 13 de abril de 2015, pela manhã, na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, em Salvador, uma ação de escracho contra o ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, pedindo que o ministro “devolva” o processo de julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4650, apresentada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que proíbe o financiamento empresarial de campanhas eleitorais e partidos políticos.
O ministro se encontra na Faculdade de Direito para participar de uma banca de doutoramento.
Gilmar pediu vistas da ADI 4650 no dia 2 de abril de 2014, e passado 01 ano desde então, o processo ainda está travado em suas mãos. Na prática, a ADI contribui enormemente à democracia e ao combate à corrupção, pois proibindo que empresas financiem a política esta iniciativa retira o principal ponto de contato entre corruptos e corruptores.
Além disso, retira a influência do poder econômico das eleições, favorecendo a igualdade de condições das candidaturas e evitando distorções de representatividade de segmentos sociais.
Existem hoje no Congresso diversas propostas de Reforma Política, o ponto que trata do financiamento privado de campanha eleitoral é um dos mais citados, já que esse é um dos principais mecanismos de controle econômico sobre o sistema político.
No STF, a ADI já havia obtido 06 (seis) votos favoráveis e apenas 01 (um) contrário quando Gilmar Mendes pediu vistas, na tentativa de engavetar a proposta. Trata-se de uma ação articulada com os setores conservadores do Congresso Nacional, liderados pelo deputado Eduardo Cunha. Impedem a votação da ADI até conseguirem aprovar o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 352/13 e, assim, constitucionalizar o financiamento empresarial.
É certo que não se pode seguir avançando rumo às transformações sociais e às reformas de base sem modificar as regras do jogo. Essa é a composição mais conservadora do Congresso desde a ditadura militar. E temos visto, na prática, o quanto podemos não só deixar de avançar, mas retroceder com essa composição, e sabemos o peso que o poder econômico tem sobre as eleições e as decisões tomadas em nosso país.
Não há como avançar sem um sistema político livre da influência do poder econômico, dos corruptores e dos corruptos, devemos juntar esforços em torno das campanhas que estão sendo construídas, como a campanha da Coalizão por um projeto de lei de iniciativa popular e da Constituinte Exclusiva e Soberana do sistema político.
Por isso pedimos: Devolve, Gilmar!
ASSINAM ESTE MANIFESTO:
LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE
COMITÊ ESTADUAL DO PLEBISCITO CONSTITUINTE – BAHIA
UJS
COLETIVO PARATODOS
COLETIVO QUILOMBO
COLETIVO KIZOMBA
FORA DA ORDEM
O ESTOPIM
JUVENTUDE REVOLUÇÃO
MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES
DCE UFBA
UNE
UEB
ABES
UBES
JPT
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Coerente e contra a corrente, Dilma defende o ECA contra o retrocesso conservador
13 de Abril de 2015, 11:39SOU CONTRA A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL
Na conta oficial da Presidenta Dilma Rousseff no Facebook
Nas últimas semanas, intensificou-se o debate sobre a redução da maioridade penal no Brasil de 18 anos para 16 anos de idade. Isso seria um grande retrocesso para o nosso País. Há poucos dias, eu reiterei aqui a minha posição contrária a esse tipo de iniciativa. E mantenho minha palavra.
Reduzir a maioridade penal não vai resolver o problema da delinquência juvenil. Isso não significa dizer que eu seja favorável à impunidade. Menores que tenham cometido algum tipo de delito precisam se submeter a medidas socioeducativas, que nos casos mais graves já impõem privação da liberdade. Para isso, o País tem uma legislação avançada: o Estatuto da Criança e do Adolescente, que sempre pode ser aperfeiçoado.
Acredito que é chegada a hora de ampliarmos o debate para alterar a legislação. É preciso endurecer a lei, mas para punir com mais rigor os adultos que aliciam menores para o crime organizado.
Eu já orientei o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a dar início a uma ampla discussão com representantes das entidades e organizações da sociedade brasileira para aprimoramento do Estatuto da Criança e do Adolescente. É uma grande oportunidade para ouvirmos em audiências públicas as vozes do nosso País durante a realização deste debate.
Mas, insisto, não podemos permitir a redução da maioridade penal. Lugar de meninos e meninas é na escola. Chega de impunidade para aqueles que aliciam crianças e adolescentes para o crime.
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