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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
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PR pede que Cunha devolva 80 milhões aos cofres públicos

23 de Agosto de 2015, 10:40, por MariaFrô

Eduardo Cunha usou até igreja para lavar dinheiro de propina

O procurador-geral pede que o presidente da Câmara seja condenado por corrupção e lavagem, e devolva US$ 80 milhões aos cofres públicos

Por Najla Passos, Carta Maior
21/08/2015
reprodução

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta (20), denúncia contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é suspeito de ter recebido pelo menos US$ 5 milhões em propinas de uma empresa contratada pela Petrobrás, no esquema investigado pela Operação Lava Jato.

O presidente da Câmara é acusado também pelo crime de lavagem de dinheiro. De acordo com o MP, ele usou até mesmo a igreja evangélica que frequenta, a Assembleia de Deus de Madureira, no Rio de Janeiro, para ‘esquentar’ parte do dinheiro recebido de propina. Curiosamente, a mesma igreja em que ele comemorou sua vitória para a presidência da Câmara, no início deste ano.

Conforme o procurador-geral, Cunha integrava o esquema liderado pelo então diretor da área internacional da Petrobrás, Nestor Ceveró, e pelo operador do PMDB, Fernando Soares, o “Fernando Baiano”, ambos já condenados por participação em crimes relacionados à Petrobrás. A peça sustenta que, de 2006 a 2012, os três receberam US$ 40 milhões em propinas para favorecer a contratação do estaleiro sul-coreano Samsung Heavy Industries CO, para a construção de dois navios-sonda para Petrobrás.

O “negócio” foi intermediado pelo executivo Júlio Camargo, que passou a representar o estaleiro sul-coreano no país e a receber, a título de comissão, o montante que o pagaria e o que seria distribuído em propinas. O problema é que em 2010, por questões contratuais, a Samsung deixou de pagar a “comissão” de Camargo que, por consequência, suspendeu o pagamento da propina de Baiano, Ceveró e Cunha.

O último, então, se valeu da sua prerrogativa de deputado federal para chantageá-lo, ameaçando inviabilizar os contratos da Samsung com a Petrobrás, ambos feitos sem licitações e com base em várias outras irregularidades. E para não se envolver diretamente no esquema, usou a então deputada Solange Almeida (PMDB-RJ), muito próxima a ele, para apresentar pedidos de informações sobre os contratos ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Ministério das Minas e Energia.

Cunha, entretanto, deixou rastros no sistema de informática da Câmara. Uma diligência realizada pelo MP atestou que, embora assinados oficialmente por Solange, os documentos foram criados pelo próprio deputado: sua assinatura digital, que só pode ser obtida mediante acesso com sua senha pessoal e intransferível, conta nos arquivos.

Na investigação, o MP levantou também que a pauta nada a tinha a ver com o trabalho regular de Solange, que jamais havia solicitado coisa parecida nos seus dois mandatos como deputada federal. Por isso, ambos são acusados de corrupção passiva. O procurador-geral pede, inclusive, que Cunha devolva aos cofres públicos o montante de US$ 80 milhões, ou cerca de R$ 278 milhões.

O procurador-geral também pede que o STF instaure processo contra Cunha por lavagem de dinheiro. Na denúncia, demonstra como o dinheiro da propina era lavado em paraísos fiscais no exterior e depois retornava para o país, via contas do Fernando Baiano e do doleiro Alberto Youssef, também já condenado por crimes envolvendo o esquema da Petrobrás. Evangélico atuante, Cunha também usou a igreja que frequenta para receber parte do dinheiro da propina, em uma operação ilegal que ele e seus operadores chamavam de “doação”.

“Inocente” e “aliviado”

Em nota, Cunha reafirmou que é inocente e se disse aliviado pelo fato da denúncia ter saído do MP e chegado ao judiciário. Ele voltou a atacar o procurador geral da República, a quem atribui a responsabilidade por ter sido incluído na investigação. “Fui escolhido para ser investigado. Agora, ao que parece, estou também sendo escolhido para ser denunciado”, disse. O presidente da Câmara também reiterou que permanecerá no cargo.

Parlamentares de dez partidos – PT, PSOL, PSB, PPS, PTD, PROS, PTB, PR, PSC e até o PMDB do próprio Cunha – divulgaram hoje um manifesto pedindo seu afastamento. “A denúncia é extremamente consistente. Há fatos robustos ali que inviabilizam que ele continue a frente da presidência da Câmara”, afirmou o deputado Henrique Fontana (PT-RS), que assina o manifesto.

Segundo ele, nos últimos meses Cunha tem dado diversas demonstrações de que não se furtará a usar o cargo em proveito próprio, como ocorreu no caso da contratação da consultoria Kroll, que consumiu cerca de R$ 1 milhão dos cofres públicos para investigar os delatores dele na Operação Lava Jato. “Ele não tem mais condições de continuar presidindo a Câmara”, resumiu.

No manifesto, os deputados são categóricos. “Exercer a presidência da Câmara dos Deputados exige equilíbrio, postura ética e credibilidade. A responsabilidade de dirigente maior de uma das casas do poder legislativo é incompatível com a condição de denunciado. Em defesa do Parlamento, clamamos pelo afastamento imediato de Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados”, diz o documento.

Nas manifestações que ocorreram nesta quinta (20) em 23 cidades do país, tanto em apoio à permanência no cargo da presidenta Dilma Rousseff quanto em protesto contra o ajuste fiscal do governo, o “Fora Cunha” foi uma das palavras de ordem mais ouvidas. As críticas a pauta conservadora que ele implantou no Congresso uniram todos os manifestantes, de um e de outro lado.

Collor de Mello

Nesta quinta (20), o procurador-geral da República também denunciou ao STF o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), que em 1992 renunciou ao cargo de presidente do país para fugir de um processo de cassação. Pela denúncia, Collor recebeu cerca de R$ 26 milhões de propina em contratos da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. O processo contra ele, porém, corre em segredo de justiça e são poucas as informações já disponíveis.

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Época e o apagamento da Memória das viagens de FHC e de seu instituto

20 de Agosto de 2015, 9:08, por MariaFrô

Se você fizer uma pesquisa no google sobre o ano seguinte em que FHC deixou a presidência, começou a viajar pelo mundo para dar palestras cobrando 50 mil dólares e criando um Instituto tal como fez Lula, curiosamente a matéria de Época sumiu do mapa. Ela está no motor de busca do Google, mas ao clicar no link dá página não encontrada.

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Ainda bem que tem webcache e antes que suma do motor de busca do google, vamos printá-la e registrá-la para a eternidade. A reportagem de capa de 11 anos atrás mostra como nossa imprensa é seletiva. Fernando Henrique fazer a mesma coisa que Lula faz hoje: criar um instituto e dar palestras era bacana, mas quando o ex-presidente é Lula, mesmo que seja tudo declarado e transparente é ‘ilegal’

23/04/2004 – 22:19 | EDIÇÃO Nº 310

REPORTAGEM DE CAPA

Fernando Henrique S/A

Ex-presidente viaja pelo mundo, cobra US$ 50 mil por palestra e prepara inauguração de instituto com seu nome

DAVID FRIEDLANDER E LEANDRO LOYOLA

 

Fotos: Otávio Dias de Oliveira/ÉPOCA
NOVO ENDEREÇO
FHC já trabalha em sua nova sala no instituto. Ao lado, o antigo bar do Automóvel Clube, que foi restaurado

O ex-professor, senador, ministro e presidente da República Fernando Henrique Cardoso agora é uma celebridade. Desde que deixou o Palácio do Planalto, no ano passado, FHC já faturou cerca de R$ 3 milhões dando palestras para empresários e intelectuais, no Brasil e no exterior. Está escrevendo um livro sobre seu governo, que deverá ser publicado ainda neste ano. Sua próxima grande tacada será o lançamento do Instituto Fernando Henrique Cardoso, no dia 22, em São Paulo. Montado com luxo, mas sem ostentação, o lugar foi criado para preservar na História a memória de seu governo e de sua obra acadêmica. Aos 72 anos, depois de oito anos das delícias e pesadelos da Presidência, Fernando Henrique está levando um vidão. Transforma fama em dinheiro, faz política quando bem entende e viaja duas vezes por mês para o exterior para exercitar seus dotes intelectuais. E prova que não sonha em voltar à Presidência da República.

Até agora se sabia apenas vagamente das atividades de FHC fora do governo. Ele só aparece viajando e, de vez em quando, falando de política. A novidade é que longe do público o ex-presidente virou atração no mundo empresarial e já é um dos conferencistas mais bem pagos do mundo. Cobra US$ 50 mil (cerca de R$ 150 mil no Brasil) – preço livre de impostos, hospedagem e passagem aérea, gastos que ficam por conta do cliente. No Brasil, ninguém cobra mais caro. ‘O critério foi pedir metade do que Bill Clinton (ex-presidente dos Estados Unidos) cobra’, diz George Legmann, o agente que cuida das palestras e dos direitos autorais dos livros de Fernando Henrique. Da metade do ano passado para cá, foram 22 conferências, seis delas em outros países. Contrataram os serviços do ex-presidente a AmBev, a Medial Saúde, os bancos Pátria e Santander (este em Madri), a ACNielsen e o Banco Central do México, entre outros.

INSTITUTO
No subsolo, um bunker com salas climatizadas para conservar o acervo de 330 mil peças de FHC

FHC exige uma conversa pessoal com o cliente antes da conferência. São encontros de meia hora, apenas para combinar o tema. O ex-presidente tem falado sobre globalização, educação e ética. Além dos eventos de empresas, seu mercado abrange também as universidades. No exterior elas pagam honorários fixos, entre US$ 10 mil e US$ 20 mil. ‘No Brasil eu faço de graça. As universidades aqui não têm dinheiro para isso’, afirma. FHC custa caro porque é uma raridade: tem vasto preparo acadêmico, contatos internacionais e uma extensa experiência política. ‘FHC é visto como um estudioso do Brasil, tem categoria para fazer grandes projeções e os empresários acreditam que ele pode ajudar a decifrar melhor o governo’, explica Luís Fernando Lopes, economista-chefe do banco Pátria.

Fernando Henrique fica incomodado quando o assunto é dinheiro. Notório pão-duro, ressalta que recebe apenas aposentadoria proporcional como professor da USP e que ex-presidente não tem pensão. Tergiversa quando alguém pergunta sobre os honorários das palestras e não conta quem está bancando o Instituto Fernando Henrique Cardoso. A compra de um andar e dois subsolos que pertenciam ao Automóvel Clube, no Centro de São Paulo, custou R$ 900 mil e a reforma já ficou em cerca de R$ 3 milhões. Para implantar o instituto e depois mantê-lo, FHC calcula que precisa de R$ 30 milhões. Tem cerca de R$ 15 milhões, boa parte arrecadada entre empresários que admiram o que ele fez no governo. Alguns desses contribuintes formaram um grupo que doou R$ 1 milhão por cabeça. O dinheiro chega em parcelas mensais na Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que administra o fundo. ‘O rendimento mensal será usado para sustentar o instituto ao longo do tempo’, explica José Expedito Prata, diretor do IFHC, que estima os custos em R$ 150 mil por mês.

Calé/ÉPOCA
ROTINA
FHC com Neves (à dir.) e Márcio Cypriano, do Bradesco: empresários tietes
PRESTÍGIO
Conferência com Stanley Fischer
e Paul Volker

A idéia do instituto foi inspirada no que fazem os presidentes americanos. Uma equipe de historiadores cuida das 330 mil peças do acervo do ex-presidente. São documentos da Presidência, de seu tempo no Senado, livros, presentes e arquivo pessoal, guardados num subsolo que parece o cofre-forte de banco, com controle de temperatura e umidade. A idéia é preservar a memória do ex-presidente para que sua história possa ser consultada no futuro. Além disso, uma equipe de assessores vai coordenar a realização periódica de seminários nacionais e internacionais para discutir temas da atualidade. No futuro, todo o material e o dinheiro do fundo serão doados à Universidade de São Paulo (USP).

A inauguração do instituto será uma festa grandiosa. Se todos os convidados vierem, vai ser preciso chamar o Exército para cuidar da segurança: estão confirmadas as presenças de figurões da política mundial como o ex-presidente americano Bill Clinton, o francês Lionel Jospin, os portugueses Mário Soares e Antonio Guterrez. De Clinton, ele é muito próximo. No ano passado, Alberto Neves, presidente da Compuware no Brasil, assistiu a uma palestra de Clinton nos Estados Unidos. Na saída, deu a sorte de poder trocar algumas palavras com o ex-presidente americano. Ao dizer que era brasileiro, ouviu o seguinte: ‘Tem um homem que eu admiro muito no Brasil. É inteligente, íntegro e honesto’. Neves pensou logo em Pelé, mas Clinton completou: ‘É o ex-presidente Fernando Henrique’. Há duas semanas, num evento de empresários em Comandatuba, na Bahia, Neves relatou a história a FHC.

Calé/ÉPOCA
INTERVALO
Na semana passada, almoço de negócios em Nova York

Na semana passada, enquanto sua esposa, Ruth, viajava com as netas para Buenos Aires, FHC embarcou para Nova York. Participou de reuniões na Fundação Rockefeller, na ONU e deu aula na Universidade de Princeton. FHC viaja duas vezes por mês para o exterior, onde passa boa parte de seu tempo. Lá fora, anda a pé ou de metrô. No Brasil, circula com carro oficial e motorista destinado pelo governo a ex-presidentes. Tem ainda três seguranças e dois assessores que são coordenadores do instituto.

Está protegido e bem assessorado, mas não tem mais ajudante-de-ordens para as coisas mais comezinhas. Foi forçado a aprender como receber e mandar e-mails (quem fazia isso era a secretária e dona Ruth). Fez menos progresso com o celular, que continua na mão do segurança.

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Lula entra com ação contra O Globo por conta de mentiras sobre triplex no Guarujá

19 de Agosto de 2015, 17:29, por MariaFrô
NOTA À IMPRENSA
Lula entra com ação contra O Globo por conta de mentiras sobre triplex no Guarujá
São Paulo, 19 de agosto de 2015,
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou nesta terça-feira (18) com uma ação pedindo reparação por danos morais contra matéria publicada pelo jornal O Globo, intitulada “Dinheiro liga doleiro da Lava-Jato à obra de prédio de Lula”. O diário carioca publicou no dia 12 de agosto uma reportagem na qual afirma que o ex-presidente seria dono de um apartamento triplex no Edifício Solaris, no Guarujá (SP), e que o empreendimento estaria ligado de alguma forma ao doleiro Alberto Youssef.
Antes da publicação do artigo, o Instituto Lula esclareceu ao jornalista, que Marisa Letícia, esposa do ex-presidente, adquiriu a prestações, uma cota no empreendimento e que a família do ex-presidente não tem nenhum apartamento, quanto menos um tríplex. Não foi a primeira vez que isso foi esclarecido a este repórter e o jornal carioca optou por dar continuidade a mentira que vem repetindo desde dezembro do ano passado.
O autor da matéria insistiu na versão mentirosa, com amplo destaque tanto na versão impressa do jornal, quanto na internet.  O Instituto Lula respondeu ao Globo em nota no dia 14 “Lula não tem apartamento no Guarujá. E se tivesse?” (http://www.institutolula.org/lula-nao-e-dono-de-um-apartamento-no-guaruja-e-se-tivesse)
Em sua edição de sábado (15 de agosto), o jornal tentou justificar a atribuição da propriedade do imóvel pelo ex-presidente por informações passadas pela “vizinhança”, ou seja, fez um jornalismo baseado em fofocas de corredor de prédio.
A ação demonstra que a matéria teve claro caráter difamatório e o mero registro burocrático do outro lado não compensa os danos morais causados pela veiculação de graves mentiras. Que foram criadas relações que não existem entre uma cota de empreendimento adquirida a prestações pela família do ex-presidente e Alberto Youssef, criminoso reincidente.
Acesse a íntegra da ação aqui. Recomendamos a leitura para a compreensão do caso e a percepção da gravidade das ilações e erros jornalísticos cometidos pelos jornalistas de O Globo.

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O Secretário de Segurança do Zap Zap

15 de Agosto de 2015, 11:24, por MariaFrô

Já perceberam que não há chacinas em Higienópolis, na Vila Madalena, nos Jardins? Lá crimes bárbaros são praticados por filhos que matam seus pais ou são suspeitos de terem feito: em 1988 o crime da rua Cuba, nº 109; em 2002 o praticado por Suzane Richthofen .

Esses crimes das áreas nobres da capital paulista são exaustivamente comentados pela imprensa, reconstituídos, teatralizados, viram livros, enfim, tornam-se histórias que rendem versões em muitas outras narrativas. Mas nunca encapuzados chegam num bar na Avenida Paulista, na Fidalga, na Faria Lima e descarregam seus cartuchos a queima roupa na cabeça de 18 pessoas. Nunca. Chacina é crime contra a vida de pobre, crime na periferia, de gente sem elã, de gente cidadã de segunda, terceira, quarta, quinta classe, sem apelo para narrativas cinematográficas dos parricídios nas mansões praticados por filhos bem-nascidos, sem apelo para merecer do Secretário de Segurança, do governador cuidado com suas vidas.

Os familiares de 18 pessoas assassinadas no intervalo de menos de 2 horas na última chacina de quinta-feira em Osasco e Barueri choram desde então porque se esqueceram de avisar ao ente querido que o secretário de segurança do zap zap mandou recolher-se em casa.

De chacina em chacina vamos morrendo nas periferias e não importa se o sujeito não viu o aviso que circulou no whats app que, naquele dia, ele não poderia sair para tomar cerveja no bar da vizinhança muito próximo a uma escola estadual. Não importa se tem escola, hospital, corpo de bombeiros, Segurança Pública na terra sem deuses das periferias dos grandes centros não existe.

Todos que vivem nas periferias brasileiras sabem que bandido e polícia usam o ‘zap zap’ e sabem que o uso que eles fazem é semelhante porque eles têm práticas semelhantes. Sabem que  o comando paralelo do crime e comando paralelo dentro da polícia usam redes como o whats app para ameaçar, para divulgar fotos de tortura e mutilação para que sirvam como uma espécie de pedagogia dos justiceiros. Enfim, parece inacreditável que uma polícia que é uma instituição legal busque na ilegalidade uma tentativa de manter sua autoridade tão abalada por ações nas periferias que não distinguem a morte praticada pelo Estado daquela praticada por aqueles que o Estado combate. Elas não se diferenciam, elas são o mesmo lado da moeda.

E ontem, um dia depois da chacina de Baureri/Osasco,  enquanto um Secretário de Segurança institucional completamente impotente corria para as câmaras de tv para dizer que tudo estava sob a mais santa paz do Estado, as pessoas na região Oeste da capital paulista e suas cidades próximas se apressavam pra chegar em casa antes das 22H. E uma quantidade de mensagens, áudios, pessoas que você confia, que tem pai delegado, que tem tio que trabalha na Secretaria da Segurança,  que tem parentesco com Deus, ordena em uníssono: vai pra casa! E as escolas, os bares, as universidades foram rareando de gente antes das 21 horas.

Na terra que nunca dorme sua maior universidade cancelou duas festas por falta de quórum. Ontem, a USP experimentou um pouco do cotidiano das periferias brasileiras. Talvez, o fato seja um jeito da cidade que tem Segurança Pública descobrir como é o cotidiano da parte da cidade que o secretário de segurança mora no whats app, não conhecemos o rosto e a voz varia nas inúmeras gravações. Mas a periferia sabe que é melhor seguir o que a voz diz, pois isso pode significar ficar vivo mais um dia.

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Daniela Arbex: “A gente não publica denúncia, a gente apura a denúncia”

13 de Agosto de 2015, 11:37, por MariaFrô

Assisti todo o programa em que a jornalista Daniela Arbex foi entrevistada no Espaço público. A entrevista foi tão interessante que na hora fiz uma foto da tv e coloquei nas redes sociais na esperança que mais alguém ouvisse e refletisse sobre jornalismo investigativo com a qualidade do trabalho de Daniela. Por isso foi muito bom encontrar o programa na íntegra no youtube que reproduzo ao final deste post.

Daniela Arbex tem mais de vinte prêmios nacionais e internacionais no currículo, entre eles três prêmios Esso, o americano Knight International Journalism Award (2010) e o prêmio IPYS de Melhor Investigação Jornalística da América Latina (2009). Jovem, talentosa e responsável, Daniela traz uma lufada de bom senso ao jornalismo que cedeu aos patrões e não informa nada, reduziu-se a fazer política pequena.

Com poucos recursos, trabalhando na Tribuna de Minas, em Juiz de Fora, um jornal pequeno no interior de Minas Gerais, fora do eixo Rio-São Paulo, Daniea faz um jornalismo de primeiríssima linha, evita o denuncismo vazio: “A gente não publica denúncia, a gente apura a denúncia”. Evitando o jornalismo declaratório, fazendo investigações acuradas, o resultado são matérias informativas riquíssimas e ainda boas obras como os livros Holocausto Brasileiro e Cova 312. Durante a entrevista ela falou de ambos e teceu ainda comentários sobre o fazer jornalístico e nossa atual conjuntura.

Cova 312 conta a história de Milton Soares de Castro, um militante da Guerrilha do Caparaó, assassinado durante a ditadura militar no Brasil. Com seu trabalho investigativo, Daniela reconstitui a vida do jovem pobre e idealista Milton Soares, de seus companheiros e de sua família desde o desaparecimento até o descobrimento de seu corpo, na anônima Cova 312 que dá título ao livro, revelando como as Forças Armadas mataram pela tortura um jovem militante político, forjaram seu suicídio e sumiram com seu corpo.

Diante do discurso de ódio nas redes e nas ruas, a jornalista comenta: “Eu sempre me dediquei à defesa dos direitos humanos. A gente precisa dar voz a esses silenciados e a gente não pode deixar que esse discurso do ódio tome conta ou nos impeça de agir”.

Daniela aponta que há uma resistência dos jovens para se informar sobre a ditadura militar no Brasil, nossos jovens desconhecem o tema apesar de vários livros sobre o assunto, há ainda muitas histórias ocultas sobre esse período: “Eles não se interessam pela nossa memória, pela história recente do Brasil. E isso é um perigo porque acabamos reproduzindo esses modelos que levamos tanto tempo para vencer, como pedir a volta da ditadura, como dizer que ‘bandido bom é bandido morto’” A Ditadura “não é uma história que todo mundo já contou, tanto é que temos 434 mortos e desaparecidos [políticos] pelo país. Então, é puro desconhecimento”.

Mas quando os jovens são informados, descobrem as histórias eles ficam impressionados. Teríamos certamente menos jovens desfilando nas micaretas reacionárias atuais pedindo a volta da ditadura militar se o trabalho com a memória em nosso país tivesse sido realizado. Para a jornalista seria necessária uma mobilização permanente para apuração e punição dos crimes cometidos na ditadura, como ocorreu em outros países da América do Sul, para que as pessoas tenham a consciência sobre os danos causados pelo regime: “A nossa mobilização começou muito tarde, em relação a formar uma comissão para investigar [os crimes da ditadura]. A primeira tentativa de fazer uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] foi em 1995, muito tarde. A Argentina nunca se desmobilizou, essa busca pelos seus mortos e desaparecidos é permanente”. “Não houve nenhum ajuste de contas [julgamentos, no Brasil]. Temos uma lista com mais de 300 torturadores, essa lista foi divulgada [pela Comissão Nacional da Verdade] e ficou por isso mesmo. Poucos torturadores foram chamados e foram ouvidos”

Durante a entrevista Daniela falou também de seu best-seller, o “Holocausto Brasileiro”, que conta a história de ex-internos, familiares e funcionários do Hospital Colônia, em Barbacena (MG), um dos maiores manicômios do Brasil e precursor no movimento da reforma psiquiátrica no país. A alimentação precária, falta de higiene e sem cuidados médicos daquele hospital colônia provocaram a porte de 60 mil internos.

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