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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
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Casal gay é espancado dentro de Metrô sem reação dos demais passageiros

13 de Novembro de 2014, 16:02, por Desconhecido

O país vai bem: trinta anos de democracia. Vinte anos de estabilidade monetária. Dez anos de efetivo combate à miséria. Mas a sociedade vai mal: intolerância política, intolerância religiosa, intolerância de classe, intolerância de região de origem, intolerância em relação à orientação sexual.  (Wagner Iglesias)

Por: Fabiana Cambricoli – O Estado de S.Paulo

13/11/2014

SÃO PAULO – Um casal gay foi espancado por um grupo de cerca de 15 homens dentro de um trem da Linha 1-Azul do Metrô de São Paulo, na tarde de domingo, 9. O metroviário Danilo Ferreira Putinato, de 21 anos, e o bancário Raphael Almeida Martins de Oliveira, de 20, foram agredidos com socos e chutes no percurso entre as Estações Tiradentes e Luz, no sentido Jabaquara, e expulsos a pontapés da composição pelo grupo, após se negarem a sair espontaneamente.

De acordo com Putinato, as agressões foram iniciadas após o bando exigir que o casal parasse de se beijar dentro do trem. Na ocasião, o metroviário seguia para o trabalho na companhia do namorado. “Eles se mostraram indignados com o fato de nós estarmos juntos, mandaram parar de nos beijar, mandaram sair do trem, mas não respondemos nada, deixamos eles falando sozinhos e aí começaram a nos bater”, comenta Putinato.

Segundo a vítima, o grupo, que havia embarcado na Estação Armênia da Linha 1-Azul, xingava o casal gay de “viadinhos” e “bichinhas” e dizia que eles “deveriam ter respeito” e parar de trocar carinhos em público. Putinato e Martins foram agredidos no rosto e no corpo com chutes, socos e empurrões. Após a expulsão do trem, as vítimas procuraram agentes de segurança do Metrô, que cuidaram dos primeiros socorros e levaram os jovens para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na região central.

O bancário teve o nariz quebrado e terá de passar por uma cirurgia para reparar a fratura. O metroviário não sofreu ferimentos graves. “Acho que ficamos apanhando por uns três minutos. Se não tivessem nos colocado para fora, não sei o que teria acontecido”, diz o jovem, que afirmou ter ficado desapontado com o fato de nenhum dos passageiros da composição ter agido para socorrê-los.

“O trem estava mais ou menos cheio, mas ninguém fez nada. Eu tenho absoluta certeza de que eles tiveram medo dos caras. Mas também acho que pelo fato de sermos gays isso não incentivou muito (a ajudarem). Lá fora um homem se voluntariou para ser testemunha, só isso”, relata.

Investigação. Após passarem por atendimento médico, os dois registraram a ocorrência na Delegacia do Metropolitano (Delpom). “A polícia tem tudo para identificar os homens. Aquela frota infelizmente não tem câmeras, mas como indiquei aos policiais qual era o trem e o horário, eles podem pegar as gravações das estações”, conta Putinato. A investigação deverá ser conduzida pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). A reportagem não conseguiu contato com a Polícia Civil na noite de ontem para verificar como estão as investigações do caso.

Putinato defende punições mais rígidas para qualquer um que cometer atos homofóbicos. “O sentimento é de revolta. Tudo isso tem origem no machismo que é tão disseminado em toda parte. O diferente não é aceito. Não só os gays sofrem com isso, mas as lésbicas, transexuais, e todos os outros que ousam ser ‘diferentes’”, afirma o metroviário. “Enquanto não existir uma campanha ainda mais ampla, e o ódio contra nós não for criminalizado, mais casos como este vão acontecer”, afirmou.

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Lelê Teles: Ao passar pelo STF se benza!

13 de Novembro de 2014, 13:33, por Desconhecido

O blog Maria Frô, orgulhosamente estreia a coluna de Lelê Teles.
Lelê prima por crônicas ácidas, politizadas que divertem e instigam o debate.
Espero que os leitores do blog apreciem a verve de nosso novo cronista.

Por Lelê Teles

13/11/2014

OH, POSIÇÃO

Carecou quem imaginou que Aécio, ao ser fragorosamente derrotado nas urnas e desmentido nacionalmente pelos mineiros que o rejeitaram, iria ficar em um cantinho lambendo as feridas.

Aécio fez sua entrada triunfal no Congresso, sempre com as câmeras a postos, sorridente, vibrante, falastrão.

Tão feliz estava com a derrota que mais parecia que ele tinha entrado na campanha para perder.

E tudo indica que fará da tribuna um palanque, faca nos dentes, o corpo tomado pelo efeito da injeção para cavalos, olhos fixos e vidrados.

Mas como diria fulano, política é como nuvem, você olha agora tá de um jeito, daqui a pouco tá de outro. E o vento começa a soprar na nuvem aeciana anunciando que os Alckminstas estão chegando.

Geraldo e Perillo fizeram o desafio do balde de gelo e derramaram água fria na cabeça do mineiro, disseram em uníssono: a eleição acabou, tá na hora de desmontar os palanques, governo não briga com governo, quem governou sabe disso.

Ou seja, disseram pra Aécio, me inclua fora dessa.

*********

ATEÍSMO AGORA DÁ CADEIA

Causou estranheza à nação o episódio em que a agente de trânsito, Luciana Silva Tamburini, acabou sendo condenada a pagar uma multa de 5 mil lascas por ter tido o disparate de dizer que juiz não é Deus.

O estranhamento se deu pelo fato de que há muitos juízes e a nossa tradição monoteísta diz que há apenas um Deus. Mas o monoteísmo é o que há de mais fresco, ou de mais novo, no mundo das divindades, o politeísmo sempre foi a regra.

Embora sempre haverá os Prometeus, aqueles que querem se misturar aos mortais. Mesmo a nossa involucionária Bíblia mostra que em Sodoma os filhos dos deuses quiseram, em algum momento, fornicar com os filhos do homem.

Veja que satanagem.

Coube a Lewandowski o papel do Deus que entrega o fogo aos homens. Dowski disse, do alto do STF – que não por acaso é um anexo do Panteão da República – que nenhum juiz é Deus.

Aí eu te pergunto, e por que não condenaram o eminente magistrado a pagar as mesmas 5 mil lascas ao demiurgo carioca? Porque Lewandowski pode até não se considerar Deus, mas os colegas o consideram.

E os deuses são, além de solidários, intocáveis.

Veja o nosso Barbosa, o deus negro, blasfemam os meros mortais que ele fez lá uma maracutaia pra adquirir um apê em Miami, porém nada o aconteceu. Aposentado, do cargo e não da divindade, deveria já ter entregue o apê funcional que habita, nem entregou nem o molestaram.

Mais do que as costas quentes, esses cabras têm o corpo fechado.

Foi Gilmar Mendes – aquele que é a cara do deputado d’A Praça é Nossa – quem melhor definiu a distância que há entre eles e os mortais ao dizer que um juiz jamais se submete ao crivo de um Zé-ninguém da esquina.

Veja o lugar de fala do cabra, como diria Foucault.

É por isso, por essas telúricas excentricidades – além das ostentantes verbas indenizatórias para dar palestras no exterior, auxílio paletó de Miami, auxílio moradia, auxílio creche, do bolsa juiz em uma palavra – que os nossos tribunais são tão suntuosos quanto as catedrais.

Hoje, qualquer rabulazinho estagiando já se sente um arcanjo.

Se você não quer cometer pecados e com isso evitar problemas (já estamos em 5 mil lascas), nunca se esqueça, toda vez que você passar na frente do STF, ou de qualquer tribunal, por favor, se benza.

Eu, de minha parte, na condição de mero dactilógrafo, sempre faço essa oração ao cruzar uma corte:

Há Deus?
Ah, Deus.
Adeus.

Palavra da salvação.

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ARTICULANDO A PESSIMÍDIA

Estarrecidos ficamos todos, nós os ingênuos, com a carta que Marta enviou à Presidenta.

Quer dizer, enviou uma ova.

Como vimos, a destinatária era a mandatária-mór, mas o destino da missiva foi a internet. Veja que coisa.

Com isso, a ainda petista inaugurou uma nova era na forma de enviar cartas: quer ficar de mal de um amigo, mande uma carta, não pra ele, mas pra internet, porque você sabe, através da rede tudo acaba chegando ao destino, o destinatário, mas não sem antes passar pelo bisbilhote dos curiosos.

Novos tempos, novas formas.

Vai pedir demissão do emprego, nada de mandar cartas diretamente para o chefe, nem imêio, porque ambos podem extraviar-se pelo caminho. Publica na rede, o documento acabará chegando, inexoravelmente, no colo do chefão.

Foi o que fez Madame Suplicy com a sua carta virtual. Sabendo que a presidenta não se encontrava no país, Marta poupou esse trabalho ao carteiro.

Porém, se a forma não foi a mais ortodoxa, imagina o conteúdo.

Incorporando o filho, Supla, a senadora calçou as botas longas, arrepiou os cabelos, rasgou as calças nos joelhos e saiu distribuindo botinadas nas canelas da presidenta.

Willian Bonner, do alto de seu punkismo, leu trechos inteiros da carta da Marta no JN. Pela forma suave com que Bonner lia, dava a impressão que era essa a real finalidade da missiva.

Mas por que diabos madame resolveu, de uma hora para outra, ser deselegante? Não sei, sou um mero dactilógrafo. O que sei é que  Marta, como o filho, é punk de boutique, e o que fazem ambos é pura encenação.

A carta, na verdade, é um santinho de lançamento de sua candidatura à prefeitura de Sampa, no longínquo 2016.

Marta caiu atirando e se saiu bem, porque agora tem pela frente duas claras possibilidades: ou passará para a ala dos ressentidos, juntando-se a Cristovam Buarque, Heloísa Helena e Marina Silva; ou adotará o punkismo sabotador e entrará para o clube das Meninas do Jô e, assim, terá passe livre para achincalhar o governo, sobretudo na área econômica, e articular para a pessimídia.

*Lelê Teles é jornalista, roteirista do programa Estação Periferia – TV Brasil e TV Aperipê.

Apresentador do programa de música africana Coisa de Negro – Aperipê FM.
Colunista do jornal sergipano Folha da Praia.
Editor do blog de Análise do Discurso Midiático FALA QUE EU DISCUTO
Poesia Blog do Lelê Teles
Twitter/@leleteles
Facebook: Lelê Teles

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Morrem Manoel de Barros e Leandro Konder

13 de Novembro de 2014, 10:07, por Desconhecido

Duas perdas imensas para o país: Leandro Konder e Manoel de Barros, perdemos em reflexão, em humanização, sonhos, utopias e poesia. O Brasil hoje está mais triste, o verbo perdeu um pouco de ‘delírio’:

”O delírio do verbo estava no começo, lá onde a criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos. A criança não sabe que o verbo escutar não funciona para cor, mas para som. Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira. E pois. Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer nascimentos – O verbo tem que pegar delírio” Manoel de Barros

 

Morre, aos 97 anos, o poeta Manoel de Barros

Agência Brasil

O poeta Manoel de Barros morreu hoje (13), em Campo Grande (MS). Considerado um dos maiores autores da língua portuguesa, ele estava internado desde o último dia 24, no Hospital Proncor, da capital sul-mato-grossense, devido a uma obstrução intestinal. Segundo a assessoria do hospital, o poeta faleceu às 8h05, devido à falência múltipla dos órgãos.

Conhecido pela linguagem coloquial – à qual chamava de idioleto manoelês archaico – e por buscar inspiração nos temas mais simples e banais, Barros dizia ser possível resumir sua trajetória de vida em poucas linhas. “Nasci em Cuiabá [à época , 1916, dezembro. Me criei no Pantanal de Corumbá [MS]. Só dei trabalho e angústias pra meus pais. Morei de mendigo e pária em todos os lugares da Bolívia e do Peru. Morei nos lugares mais decadentes por gosto de imitar os lagartos e as pedras. Publiquei dez livros até hoje. Não acredito em nenhum. Me procurei a vida inteira e não me achei – pelo que fui salvo. Sou fazendeiro e criador de gado. Não fui pra sarjeta porque herdei. Gosto de ler e de ouvir música – especialmente Brahms. Estou na categoria de sofrer do moral, porque só faço poesia”, escreveu o autor.

Barros começou a esboçar seus primeiros poemas aos 13 anos de idade. Seu primeiro livro, intitulado Poemas, foi publicado em 1937, quando o autor tinha 21 anos. Pouco afeito à política partidária, chegou a integrar o Partido Comunista Brasileiro, mas por pouco tempo. Desde a década de 1950, conciliava a literatura com a gestão da fazenda que herdou dos pais.

Perfeccionista, conquistou os prêmios literários Jabuti (1989 e 2002); Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) (2004); Nestlé (1997 e 2006); Alfonso Guimarães da Biblioteca Nacional (1996) e Nacional de Literatura, concedido pelo Ministério da Cultura ao conjunto de sua obra, em 1998. Em 2000, foi agraciado com o Prêmio Academia Brasileira de Letras, pelo livro Exercício de Ser Criança.

Os governos de Mato Grosso – onde o poeta nasceu, e do Mato Grosso do Sul – onde Barros vivia, decretaram luto oficial de três dias. Em nota, o governador sul-mato-grossense, André Puccinelli, diz que a obra de Barros divulgou as belezas e as potencialidades do estado, “enriquecendo assim, a história da literatura e a cultura do local que ele escolheu para viver ao lado de sua esposa”

Barros costumava brincar com a importância da poesia: “Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas se não desejo contar nada, faço poesia”. Trechos de seus poemas são frequentemente citados pela perspicácia e bom humor. Desde que foi internado, dois versos, em particular, estão sendo bastante citados na mídia e em redes sociais: “Não preciso do fim para chegar” e “Do lugar onde estou já fui embora”, ambos da obra Livro Sobre Nada, de 1996.

Diário do Grande ABC

O advogado e filósofo marxista Leandro Konder, de 78 anos, morreu na tarde desta quarta-feira, 12, segundo a Boitempo Editorial, editora em que ele trabalhava. A empresa não soube informar as circunstâncias da morte. A reportagem não conseguiu falar com familiares do filósofo.

Nascido em Petrópolis, na região serrana do Rio, em 3 de janeiro de 1936, Konder formou-se em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atuou como advogado criminalista e, depois, trabalhista, até ser demitido dos sindicatos em que trabalhava, em função do golpe militar de 1964.

Foi professor da Universidade Federal Fluminense e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Atuante pensador, foi autor de inúmeras obras em diversas áreas do conhecimento, como filosofia, sociologia, história e educação. Em 1972, forçado a sair do Brasil, foi para a Alemanha, onde trabalhou na Universidade de Bonn, e depois para a França.

Retornou ao País em 1978 e, de 1984 a 1997, foi professor no Departamento de História da UFF. Desde os anos 1960, Konder, que tem 21 livros publicados, é um dos principais divulgadores do marxismo no Brasil.

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Assista ao vivo o Fórum Brasil de Comunicação Pública 2014

13 de Novembro de 2014, 8:27, por Desconhecido


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PT e CUT sinalizam: a direita não vai pautar o governo de Dilma Rousseff

11 de Novembro de 2014, 16:14, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Terceiro artigo do dia à esquerda colocando a pauta da esquerda às claras.

O Primeiro artigo escrito por José Dirceu em seu blog argumenta que corte de gastos com aumento de juros é recessão e crise social

 Dirceu se refere às declarações de Guido Mantega, de que o governo prepara cortes de gastos e redução de subsídios como parte dos ajustes na política econômica para 2º mandato da presidenta Dilma Rousseff.

O segundo uma carta de demissão da ex-ministra Marta Suplicy que deixa o Ministério da Cultura e reassume a sua vaga no Senado:

“Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera.”

E agora o artigo de Vagner Freitas, presidente da CUT que reproduzo a seguir.

Dois importantes políticos petistas e o presidente da maior central sindical do país não estão falando ao vento. Eles sinalizam à presidenta Dilma anseios de todas as forças sociais que se mobilizaram e se desdobraram para elegê-la com a promessa de que não adotará o remédio amargo dos neoliberais.

O Globo de hoje está preocupado com o FAT, vejam vocês. E nessa preocupação cínica, pra fazer mais pressão do mercado reconhece o que os tucanos negaram durante toda a campanha: o aumento real do salário mínimo: Entre 2003 e 2013, o valor do salário mínimo subiu 339%, enquanto a inflação no período foi de 187%.

É só abrirmos os jornais e ligarmos a tv desde 27 de outubro a pauta da mídia monopolizada é única: cortes, cortes, cortes, mercado, mercado, mercado, aumento de juros e retirada de investimentos sociais e direitos trabalhistas.

A direita baba, vocifera, exige escolher o presidente do banco central e o ministro da fazenda, se pudesse enfiaria goela abaixo da presidenta o programa privateiro do candidato derrotado. 

Marta, Dirceu, Vagner estão fazendo a sua parte, deixando claro quais são as pautas das forças sociais que elegeram a presidenta Dilma Rousseff. Se a esquerda não pautar a luta das forças progressistas, se ela não pressionar e também mostrar a sua força quem o fará por ela? Quem poderá dar apoio à presidenta para resistir às pressões do mercado e fazer as reformas necessárias?

Por isso, não há nada de ‘fogo amigo’ nos textos de Marta, Dirceu e Vagner. O que há é uma sinalização clara que a esquerda que venceu estas eleições não pode deixar que a direita imponha sua pauta ao projeto eleito.

Mais direitos, menos desigualdades

Por Vagner Freitas, presidente Nacional da CUT

11/11/2014

“Não fui eleita para tirar direito de trabalhador ou adotar medida ‘antipopular’”. Essas  frases foram repetidas várias vezes pela presidenta Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral deste ano e estimularam os movimentos social e sindical – que defendem o projeto democrático e popular que ela representa -, a ocuparem as ruas e as redes sociais para garantir a sua vitória.

Mal terminou a eleição, os meios tradicionais de comunicação iniciaram uma enorme pressão para que o governo adote, vejam só, a pauta dos perdedores. O que eles querem é austeridade fiscal para garantir o pagamento dos juros e, evidentemente, o lucro dos bancos. A conta da crise vai para os que sempre pagaram pelos desmandos do mercado, dos especuladores, das instituições financeiras: os/as trabalhadores/as. Já conhecemos esse remédio e ele costuma matar o paciente.

Para a CUT, o que interessa no momento é colocar as coisas em seus devidos lugares.

Para começo de conversa, a agenda que vamos discutir é a do projeto que ganhou a eleição. Queremos discutir as prioridades, o “padrão de jogo”, ou seja, quais as políticas que reivindicamos e vamos lutar para que sejam colocadas em prática. O projeto que a CUT defende e ajudou a reeleger é o do desenvolvimento econômico com inclusão social. Isso significa crescimento com melhoria da qualidade de vida de todos/as os/as brasileiros/as, geração de emprego decente, aumento da renda dos assalariados e dos aposentados e combate às desigualdades.  Se o governo tiver de cortar gastos, que o faça sem penalizar a classe trabalhadora e os aposentados e pensionistas.

Nós sabemos que o governo tem diante de si escolhas duras para fazer e queremos discutir saídas que não prejudiquem os menos favorecidos como ocorria na época do governo FHC. A inflação está estabilizada, mas em um patamar mais alto do que o desejável, o PIB tem crescido pouco, a receita pública tem minguado e os gastos do governo têm crescido acima do PIB. Como fazer o ajuste e retomar o crescimento sem abandonar o projeto que vem governando o Brasil desde 2003 com o olhar voltado para a inclusão social e redução das desigualdades?

Para além do debate entre ortodoxos e heterodoxos a saída passa pelo aumento de receitas – passo fundamental para que o Estado possa dar sequência aos investimentos em infraestrutura tão essenciais para o desenvolvimento do país e, ao mesmo tempo, manter os investimentos em políticas sociais que têm contribuído para que o Brasil combata a miséria e a exclusão social. Nosso foco deve continuar sendo a manutenção do alto nível de emprego e a oferta de oportunidades melhores e iguais para todo cidadão deste país. Disso não temos dúvidas nem abrimos mão.

O Brasil precisa manter o maior ciclo de investimento de sua história. Os bancos e fundos públicos, como o FAT e FGTS, têm um papel fundamental neste ciclo. Não podemos abdicar de receita em prejuízo desta formação de poupança pública e dos mecanismos de financiamento do gasto social. O FAT, por exemplo, financia a indústria e a agricultura, diretamente e via BNDES, e é também responsável pelo financiamento do seguro-desemprego.

Precisamos urgentemente não apenas de uma reforma eleitoral, mas também de reforma tributária.

Não podemos mais devolver bilhões em imposto ao setor privado, beneficiados nos últimos anos por desonerações da folha de pagamento, sem nenhuma contrapartida clara, sem nenhum compromisso como, mais emprego decente. Cruzamento de dados da Receita Federal e do Ministério do Trabalho, segundo o jornal Valor Econômico, mostra que R$ 5,5 bilhões – 23,1% do total de R$ 23,8 bilhões -, deixaram de ser pagos por setores beneficiados por isenções que terminaram o ano demitindo mais do que contratando desde 2012. Temos de sair desta armadilha da estrutura tributária regressiva. Sabemos que temos que cortar os impostos da folha e do consumo, mas para isso temos que aumentar os impostos sobre a renda e o patrimônio, caso contrário, vamos jogar pelo ralo os princípios de cidadania e universalidade que consagramos na Constituição de 1988.

É essencial acabarmos com a injustiça do sistema tributário brasileiro que contribui e muito para a desigualdade no país.

Precisamos simplificar os impostos, aumentar a progressividade da tabela do Imposto de Renda. Os mais ricos têm de pagar alíquotas maiores do que o teto atual (27,5%) – na Alemanha o teto é de 45% e nos EUA, 60% – e os trabalhadores/as têm de pagar menos. Por isso, defendemos a progressividade da tabela do IR. Como disse o professor Amir Khair em artigo recente “reduções de carga tributária direcionadas para a maioria da população podem gerar estímulos fortes para melhorar a confiança, o consumo e a produção”.

O ajuste de 2015 não precisa ser igual ao de 2003, quando o governo pegou o país no buraco, no fundo do poço.

Não devemos sacrificar os empregos conquistados, a política de valorização do salário mínimo nem programas sociais fundamentais, como o Bolsa Família, o seguro-desemprego e a Previdência Pública. Temos que achar rapidamente espaço para a retomada do crescimento e para isso precisamos de mais investimento em capital fixo e em capital humano. O aumento de receita deve possibilitar o equilíbrio do Estado e a manutenção do investimento e, assim, abrir caminho para uma nova queda dos juros convergindo para o padrão internacional. Não faz sentido continuar pagando juros reais acima dos 5% para financiar o Estado, quando a média da OCDE é 3%, muito menos para o empresário financiar a produção.

Se o alto custo do capital torna as empresas nacionais menos competitivas, além de permitir uma verdadeira farra financeira; o alto custo do financiamento da divida pública está na base do nosso desequilíbrio fiscal permanente. O Brasil gasta metade de tudo que arrecada no ano para rolar sua divida. Este é o nosso maior gasto, não é a previdência, a saúde ou a educação.

O aumento da carga e a queda dos juros são fundamentais para corrigir esta “jabuticaba” da economia brasileira. O que está em jogo nos próximos meses são os interesses de Nação e esses não podem ser capturados por uma minoria que se beneficia dessas distorções. Afinal, não elegemos apenas uma presidente, elegemos um projeto no qual acreditamos e pelo qual lutaremos sempre, sabendo que esta disputa não tem fim.

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