Kátia Abreu não age como ministra do governo Dilma
enero 6, 2015 14:43KÁTIA ABREU, CAIM E ABEL
Por Lelê Teles
Ao vencedor, as batatas. Grita Humanitas.
Talvez por isso Kátia Abreu apareceu na cerimônia de posse presidencial com seu vestido verde agronegócio, e as batatas da perna expostas. Um sinal de sua conversão à filosofia do Humanitismo.
Sim, ela venceu. Tomou posse, é amiga da presidenta e, também por isso, venceu a resistência enorme que pesava contra os seus ombros largos.
Na refrega, havia dois grupos insaciados, um deles insaciável, os que ganham muito dinheiro com a terra e os que têm pouca terra e pouco dinheiro.
Há ainda um terceiro grupo que não tem nem um e nem outro.
Terra há.
E é criminoso invadir terras legais e produtivas, a constituição garante a inviolabilidade da propriedade privada. Ponto.
Mas há ressalvas na Carta. Ponto e vírgula. Terras griladas ou ociosas têm dono, o Estado brasileiro, o povo brasileiro.
Há que se pensar também, é só ler a Carta, no princípio constitucional da função social da terra.
Alimentar o povo, gerar renda, gerar emprego.
A lei ainda assegura terras para os povos indígenas, para criação de unidades de conservação e de reservas ecológicas.
O conflito é provocado, sempre, entre a fraternidade versus ganância e egoísmo. Os discípulos do maior filósofo brasileiro, Quincas Borba, acreditam que não pode haver divisão, porque não há para todos, se repartirmos o que temos entre todos nós, nós todos morreremos de inanição. Daí a guerra.
Venceu a chamada Rainha da Motosserra. Batatas pra ela.
Mas tenho cá um pressentimento de que começa a assar a batata de Kátia Abreu.
De um ministro de Estado se espera diálogo, alinhamento com a filosofia do poder central, discrição e, acima de tudo, ação.
Senhora Abreu parece ignorar todas essas etapas. E anda a dar com a língua nos dentes.
Simplória, fez uma analogia tão tacanha, tão chã, tão farelo que deveríamos nem estar a comentá-la aqui, o faremos por ofício. Dizer que os indígenas estão a “descer” e invadir a propriedade dos capitalistas é uma digressão estapafúrdia.
Defender o latifúndio que avança sobre áreas indígenas com o infeliz argumento de que ninguém pretende devolver Niterói ao cacique Araribóia ou Sergipe ao cacique Serigy é uma afronta, um acinte, um deboche.
Mas não paremos por aí, Kátia parece se aproximar de sua homônima, que cantou sucessos até os anos 80, e não enxerga o que está à sua frente. Disse, disso nunca nos esqueceremos, que não há mais latifúndios no Brasil.
Huuuummmm. Essa foi de lascar.
Quer dizer que a soja que alimenta animais mundo afora, a carne e o frango que alimentam seres humanos mundo adentro, as milhares de toneladas exportadas do agronegócio brasileiro são, tudo isso, produções artesanais de chacareiros?
Latifúndios há e estão em crescimento, mesmo que grande parte destas terras sejam apenas fruto de ganância e vaidade, pois estão ociosas, improdutivas.
Há muita gente honesta trabalhando a terra, pequenos e grandes produtores; e há gente honesta precisando de terra para trabalhar. No meio destes, há os astutos seguidores de Caim e Abel, os que avançam sobre florestas, desrespeitam leis, mandam e desmandam; matam e desmatam.
Kátia Abreu ainda não deixou claro de que lado está.
A história da humanidade, segundo a Bíblia, começa com um conflito. Adão, o primeiro homem, teve dois filhos. Um se tornou agricultor e o outro pecuarista.
O Deus de ambos, que era um só, invisível, indizível e indivisível, pedia a eles sacrifício, cada um deu o que produzia.
Mas o ciúme, o egoísmo e a vaidade, fez com que essa história acabasse em morte. Caim, o agricultor, matou Abel, o pecuarista.
A história nos conta, ainda, que os descendentes de Caim se comportaram como ele, egoístas, vaidosos e gananciosos. Todos pereceram no Dilúvio.
Adão teve outro filho, Shais, deste sujeito descende Noé, a justiça e a fraternidade, e deste descendemos todos nós.
Deus, senhora Abreu, mais uma vez pede sacrifício.
Atentai bem, pois é tempo de chuvas.
Palavra da salvação.
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Comunicação é um direito, afirma novo Ministro Berzoini
enero 5, 2015 15:25Assisti aos discursos de transmissão de cargo de Paulo Bernardo, ex-ministro das Comunicações, e o do ministro que acaba de ser empossado no MiniCom, Ricardo Berzoini.
Ambos ex-líderes sindicais do ramo dos bancários, ambos lideranças próximas a Luiz Gushiken, mas ao menos no discurso grandes diferenças.
Enquanto Paulo Bernardo, num discurso prolixo que levou mais de 20 minutos, falou para empresários, Ricardo Berzoini tratou comunicação como um direito e como setor estratégico do país.
Para Berzoini o MiniCom é um ministério fundamental deste governo e sua gestão deve combinar o direito fundamental que é o direito à comunicação com um conjunto de missões portadoras de futuro: nas áreas da saúde, educação, cultura e desenvolvimento do Brasil em sua integração, na produção nacional de softwares, na inclusão digital, na efetivação da banda larga como um direito universal, na geração de empregos, na ampliação da radiodifusão no Brasil.
Berzoini afirma com todas as letras que para aprofundar a democracia no país é preciso democratizar a comunicação, que a liberdade de expressão torne-se um valor assimilado por cada cidadão/cidadã brasileira. Para o novo ministro, democracia não é só direito de votar, mas de emitir opinião, produzir e transmitir livremente as ideias.
Assista na íntegra o discurso do novo ministro do MINICOM e constate você mesmo que o senador tucano Aloysio Nunes, que agora deu pra frequentar e estimular marchas golpistas, falta com a verdade ao dizer que Ricardo Berzoini propõe calar a imprensa. Ao contrário, senador, a promessa deste novo ministério é ampliar a liberdade de expressão que em nosso país está restrita a uma máfia midiática que controla e monopoliza o sistema público de radiodifusão, tem um discurso único, recebe todas as verbas de publicidade e faz tempo que abandonou o compromisso com o jornalismo.
O que esta máfia midiática faz hoje é criminalizar lutas sociais, demonizar políticas progressistas e incensar políticos reacionários, mesmo que para isso cometa crime eleitoral na tentativa de eleger senadores nota zero.
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Lele Teles: Retrospectiva 2014
diciembre 31, 2014 18:072014, O ANO QUE NUNCA VAI ACABAR
Por: Lelê Teles
O ano em que o Brasil sediou, mais uma vez, uma copa do mundo e tomou uma surra em casa, é um ano para nunca mais se esquecer.
Mesmo porque é inútil tentar apagar a história.
Foi no ano da graça de 2014 que o mundo assistiu, estarrecido, ao desaparecimento de um gigantesco boing 777, lotado de passageiros.
Embora vivamos vigiados diuturnamente, com câmeras em satélites, drones, câmeras subaquáticas, em shoppings, ruas, praças, banheiros e até a novíssima e exclusiva glande angular, que criei para ser usada e introduzida em filmes pornôs, a aeronave esvaiu-se sem deixar rastro.
Com mil diabos!
Mas o Brasil, meus amigos, não ficou pra trás. Na terra do jabuti e da jabuticaba, um helicóptero com meia tonelada de cocaína também virou pó e desapareceu do mapa, embora tenha deixado muitos rastros.
Coisa do capeta.
O ANO DA DECADÊNCIA
A revistaveja, todos sabemos, em 2006 abandonou de vez o jornalismo e entrou no ramo do marketing, pessoal e político, construindo e destruindo reputações. Lembro-me de Alckmin, então candidato à presidência, na capa da revistona, estampada panfleticamente em todas as bancas de jornais e em outdoors, às vésperas das eleições.Propaganda disfarçada de jornalismo. Mas deram com os burros n’água. Lula meteu vexosos 7×1 em Alckmin.
Em 2010, a revistona foi de Serra. Também na capa, foto meiga, mão no rosto, um doce; um leão comendo alface.
E com esse santinho do santíssimo Serra, deram novamente com os burros n’água. O careca foi surrado por Dilma com o mesmo placar de 7×1.
E em 2014, a superação.
Aécio na capa, olhos esbugalhados e fixos, dentes brancos, riso careta, rasgando a blusa e mostrando no peito a tecla verde das urnas.
Era só confirmar.
Às vésperas do pleito, os descarados mandaram, descaradamente imprimir e distribuir a mais abjeta de todas as capas, só a capa, uma vez que não tinha conteúdo jornalístico a peça, tratava-se simplesmente de um endiabrado santinho.
Com esse inusitado panfleto, a revistaveja esticou a corda, testou até o limite o seu poder de influência e manipulação.
E, novamente, deu com os burros n’água.
Este ano, o PT chegou à quarta vitória consecutiva. Da varanda de casa dava pra ouvir Galvão Bueno gritar eufórico, abraçado ao Rei Pelé: “É tetraaaa, é tetraaaa”.
Durma com um barulho desses.
BARRIGAS, DEMISSÕES E SABOTAGENS
2014 também foi o ano das barrigas e das demissões.A CNN matou Pelé, depois o ressuscitou. E quando o Ministério da Justiça recomendou o fim da revista íntima nos presídios, um jornal do interior de São Paulo achou que se tratava da proibição de magazines com mulheres nuas dentro das celas.
Sabe de nada, inocente. Diria Cumpadi Uóshto, o poeta.
A inefável Leilane Neubarth, do sotaque carioquíssimo, disse que Venina, a venenosa, metida até o pescoço nas falcatruas do escroque Paulo Roberto Costa, “nos enche de orgulho”.
Ao ler isso, ouvi novamente a inconfundível voz de Cumpadi Uóshto.
Tucanhêde, porta-voz da massa cheirosa, foi demitida da Folha.
Danusa Leão, que odeia pobre, foi demitida d’O Globo.
Fernando Rodrigues, foi demitido da Folha.
Em apenas uma semana, a Folha demitiu 25 jornalistas.
Xico Sá demitiu-se.
O patético Rodrigo Constantino virou piada internacional ao associar uma cor vermelha na taça da FIFA ao terrível comunismo.
A editora Abril começa a desistir de algumas publicações e embora tenha anunciado acabar até com a Playboy, a pornográfica revistaveja se mantém de pé.
Até quando?
2014 foi o ano em que Patrícia “calada é uma” Poeta botou o dedinho na cara da presidenta e foi parar no olho da rua. Seus patrões queriam que ela tivesse esbofeteado a candidata.
Mas ninguém superou o experiente Sérgio Conti. O jornalista entrevistou o famoso sósia de Felipão, dentro de uma aeronave comercial em plena copa do mundo, como se fosse o próprio Big Phill.
Esse também foi o ano da metamorfose. Reinaldo Azevedo, conhecido como PitBull, recebeu da ombudsman da Folha a alcunha de Rottweiler, um cão maior e mais feio.
E ao criticar a misoginia de Bolsonaro, os seguidores de Azevedo passaram a ser seus perseguidores. Em uma enxurrada de críticas e xingamentos, chamaram-no de Petralha.
Durma com uma dessa.
Jô, o gordo magro, que vinha usando seu programa como escada para umas senhoras atacarem o PT, de repente, sem mais nem menos, petralhou.
Elogiou Evo Morales, criticou os que pediam o impeachment da presidenta e deu umas chineladas em um garoto que defendeu o indefensável Bolsonaro.
Por petralhar, seus patões lhe tiraram o sexteto, a plateia, a caneca e o garçom chileno.
HOMEM AO MAR
E 2014, que parecia ser o ano da glória de Aécio, termina de forma melancólica para o senador mineiro. Aécio cumpriu à risca o que toda a mídia familiar queria, repetiu o avô.Tancredo Neves, todos sabemos, é aquele que foi sem nunca ter sido.
Às 19:30 do dia 26 de outubro, tocou o telefone na casa de Andréia Neves, aquela que amou estar em Cuba, e uma voz anunciou que Aécio vencera o pleito.
Todos gritaram eufóricos. TucanoHuck ligou pra Angélica, Aloísio Nunes sorriu pela primeira vez em sua vida. O apartamento virou arquibancada.
Mas em seguida veio o balde de gelo.
Era pegadinha do Mallandro.
Desesperado, Aécio lutou até o dia da diplomação de Dilma, bradando aos quatro ventos que era ele o vencedor, era ele o presidente.
Convocou o povo às ruas, mas nem ele apareceu. Lobão, Bolsonaro Kid e o Revoltados Online o representaram. Abraçados a um grupo de lunáticos fundamentalistas, um bando de analfabetos políticos e um punhado de midiotas. Definitivamente, Aécio está em más companhias.
É chegada a hora de lançá-lo ao mar.
Lembremos que ainda em setembro, quando Marina Silva marcava 20 pontos à frente de Aécio, FHC e outros caciques de alta plumagem simularam abandoná-lo, chegaram a pedir pra ele desistir.
Mas o mineiro lutou obstinadamente e conseguiu ir ao segundo turno. Só que do segundo não passou.
Agora, a mesma revistaveja que o estampava em capas, otimista e sorridente, o mesmo pasquim panfletário que o apontava como o salvador da pátria, o mais preparado, o competente, exibe um ranking em que ele aparece em último lugar, levando nota zero por sua atuação parlamentar.
Antes, Perillo e Alckmin já haviam se descolado de sua obstinação insana por golpe, agora é o veículo oficial do PSDB que o lança aos tubarões.
No senado, Serra roubará a cena.
Aécio terminará na pista de pouso de Cláudio, brincando de aeromodelismo, cara pra cima, sonhando em voar.
Um trapo, um traste, um triste pássaro sem asas.
Palavra da salvação.
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Lelê Teles: A ração do midiota
diciembre 27, 2014 10:59O MIDIOTA
Por: Lelê Teles
O midiota, você sabe, é aquele cabra que não consegue pensar fora da caixa. Me refiro àquela caixa de 50 e tantas polegadas que fica de frente ao sofazão retrátil.
Willian Bonner, chegado a referências gringas, classificou – para o estarrecimento dos pesquisadores em comunicação que o ouvia – o telespectador do Jornal Nacional como um Homer Simpson; aquele gordinho preguiçoso e obtuso que vive o simulacro da TV como se realidade fosse.
Vai vendo.
Em 2013, pesquisa feita pelo DataFolha mostrou que 48% dos eleitores se declaravam conservadores sobre temas como drogas, aborto e políticas sociais; ou seja, uma gente predisposta a sair às ruas vestida de verde e amarelo, cantando o hino, rezando uma Ave Maria (que ave seria essa?) e pedindo uma intervenção militar.
Na época, Reinaldo Azevedo se animou e, ao comentar a pesquisa, disse que eleitores de direita e centro-direita eram a maioria no Brasil, mas não tinham em quem votar. E reclamava, ainda, a falta de um partido que tivesse coragem de se declarar destro para pegar esse eleitorado.
Aécio Neves, obcecado pelo poder, se apresentou, faca nos dentes, olhos esbugalhados e uma super dose de vacina para cavalos na veia.
Seu partido foi a reboque.
Mais animados ainda, Folha, Veja, Globo e seus inúmeros veículos, inundaram o país com articulistas, colunistas e comentaristas conservadores. Poetas, geógrafos, filósofos, psiquiatras e até jornalistas se revezavam no papel, na TV, na internet e no rádio, alimentando o Homer Simpson, fortalecendo o seu discurso.
Afinal, Homer estava lá, sentadão, pronto a ratificar posições anti gay, anti PT, anti cotas, antiquadas e a favor de um golpe.
Assim, os barões da mídia iam formando o seu exército de midiotas.
Na CBN, botavam a voz de Odorico Paraguaçu toda vez que íamos ouvir a voz do Governo Federal – “Povo de Sucupira!” – era assim que eles desdenhavam dos eleitores de esquerda e centro-esquerda.
Jabor, na sua ridícula tentativa de imitar Nelson Rodrigues, fazia farra na TV com seus comentários rasos, jocosos e cheios de ódio.
Aquela era a ração do midiota.
Em 2014, o manchetômetro, criado por pesquisadores em comunicação, revelou o massacre de manchetes contra o governo.
Muitas vezes o contexto destoava do que vinha no texto da manchete; mas o midiota tem dificuldade de interpretação; pra ele o que vale é o que vem em caixa alta.
Dessa forma, por meio de chamadas, capas e manchetes tendenciosas, TVzonas, jornalões e revistonas ditavam o assunto do dia, ou agendavam, como preferia Maccombs.
Nas redes sociais, o midiota, acrítico, reproduzia tudo o que lia e ouvia.
Mas é preciso que se diga, todo esse discurso de ódio, medo, caos, xenofobia e racismo, despreza a ideia de nação, de coletividade fraterna, de solidariedade, de pacto social.
O discurso que alimenta o midiota se presta, tão somente, a defender a existência de dois Brasis, onde um serve apenas para servir ao outro.
Heráclito definia como idiota todo aquele que vive somente para si e se desloca das questões importantes para a coletividade.
Etimologicamente, o idiota (idio), é o sujeito ensimesmado que está mais preocupado com seu próprio umbigo.
Na Idade Mídia, também conhecida como Idade de Trevas, ele se converte no midiota, esse oligofrênico animal de rebanho que vocaliza, ventriloquamente, o discurso dos barões donos dos conglomerados de comunicação.
Em outubro, foram todos derrotados.
Dilma acaba de ser diplomada, Aécio e seu partido tentaram, até o último segundo, impedir a diplomação.
Os barões da mídia não se conformam.
Nas ruas e nas redes, os midiotas espumam pela boca. Sentem como se a derrota de Aécio e dos bilionários conspiradores – que têm muito a perder com a vitória de Dilma – fosse uma derrota deles também, que não perdem nada com isso.
Joseph Politzer já havia alertado, “com o tempo, uma imprensa mercenária, demagógica e corrupta, formará um público tão vil como ela mesma”.
Ela falava, vaticinosamente, sobre a midiotia.
Palavra da salvação.
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Feliz Natal pra quem é de Natal
diciembre 24, 2014 15:26Uma beleza este Natal contado em cordel.
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