Lelê Teles conhece os bastidores dos OA e relata o que viu e ouviu
21 de Setembro de 2015, 10:51Lelê Teles conseguiu penetrar num grupo de Odiadores Anônimos e nos relata incríveis depoimentos.
SÓ POR HOJE
LeLê Teles
uma amiga alugou uma sala na comercial da Asa Norte de Brasilia para uma turma de liberais, jovens e endinheirados, como ela definiu.
ela os conhecia e sabia que eram da turma de midiotas verde-amarelos que marcham pelas ruas a bater panelas e mostrar o dedo médio para as câmeras.
“achei estranho, devem estar a conspirar, a sala deve estar sendo usada para dar palestras, só há cadeiras nela e em semicírculo”. contou-me pelo telefone.
há, pensei, darei um bisbilhote. sou um perdigueiro e farejo fuleiragens de longe. tinha que pensar em um disfarce para penetrar naquela reunião.
não poderia me transformar em uma mosca, não sou chegado a plantar escutas, não aprecio arapongagens, não ficaria abjetamente escorado atrás da porta, ouvido colado, a decifrar o burburinho lá de dentro.
como proceder?
minha curiosidade aumentava. e se tramam matar a presidenta, se planejam plantar uma outra bomba por aí?, tá cheio de tarados nas ruas.
ah, já sei. o melhor seria me tornar invisível e ver aquela reunião do início ao fim. e você sabe, é muito fácil se tornar invisível em meio a machos brancos de direita. é só ser negro e vestir-se de serviçal.
os burguesotes costumam ignorar garçons, domésticas, motoristas, porteiros… toda sorte de serviçais. falam na frente deles sobre qualquer assunto, sem pudor; como se aquela gente não os pudesse ouvir, ou não compreendessem o que dizem, ou simplesmente por ignorá-las como pessoas.
bingo.
botei um macacão de firma e me converti numa não-pessoa. entrei na sala antes da reunião começar e disse que o condomínio me contratara para retificar o ar-condicionado. nem me deram ouvidos.
as janelas estavam abertas e a manhã de domingo era fresca. em Brasília é assim, pela manhã cantam cigarras, à noite, guitarras.
fui tirando delicadamente as ferramentas enquanto os convidados chegavam à sala. achei tudo muito estranho, as paredes estavam decoradas com fotografias de gente sorrindo, crianças, velhos, adultos e até cães sorridentes.
que diabos aconteceria ali?
de repente a coisa começou.
me chamo Paolo Luccinni, sou advogado, tenho escritório próprio e fui membro do Movimento Pátria Livre.
todos falaram em coro: bom dia Paolo. e Paolo prosseguiu.
vivi meses alimentando-me de ódio. de repente, não podia mais viver sem ele. e a cada dia eu precisava de uma dose maior. comecei comentando posts em blogs progressistas, depois destratava amigos e parentes em churrascos, frequentei passeatas, passei a xingar vizinhos no elevador se usavam algo vermelho nas vestes, quando me vi a noite a bater panelas na minha varanda percebi que algo muito grave se passava.
dormia com estremecimentos musculares, sonhava com refregas e cheguei um dia a socar minha esposa enquanto dormíamos. o médico me disse que eu poderia enfartar a qualquer momento, por isso estou aqui para compartilhar com vocês minha experiência.
só por hoje não vou mais sentir ódio.
disse isso e baixou a cabeça, foi aplaudido. alguns colegas se levantaram e lhe afagaram, bateram-lhe nas costas, cafunaram-lhe.
com mil diabos, tratava-se de uma reunião dos Neuróticos Anônimos. parei de mexer no ar-condicionado e fiquei a escutar aqueles interessantíssimos relatos.
na outra extremidade da sala uma outra voz.
sou Roberto Tomazio Neubarth, empresário, herdei de meu pai uma concessionária de automóveis e alguns imóveis. também sofro do mal da histeria coletiva. razão para sentir ódio não tenho. vivo confortavelmente, compro o que quero, não deixei de ganhar um centavo por causa de governo algum.
porém, no facebook bloqueei e fui bloqueado, fiz da rede social uma rede antissocial, me converti de pacato cidadão liberal em visceral sociopata de plantão.
passei a malhar e a praticar jiu-jitsu para dar vazão à minha revolta. mas nada suplantava o meu desejo de socar, arrancar sangue vermelho do nariz de um comunista.
fui um dos primeiros a entoarem o refrão vai pra cuba, e sempre rezava o pai nosso com meus amigos antes das caminhadas cívicas.
de repente eu vi o papa indo a Cuba, aquilo deu um nó na minha cabeça. me vi como um autômato que sofria lavagem cerebral e agia descerebradamente.
de repente tudo o que eu defendia se materializava na minha frente de outra maneira.
Obama foi a Cuba, os estadunidenses estão a parar cruzeiros na costa cubana, o papa está lá e Raúl Castro, como pude me deixar enganar?, tem formação jesuítica.
senti-me um idiota. só por hoje não vou mais sentir ódio.
foi aplaudido e afagado.
e as falas iam se sucedendo. um coroa, médico conhecido por todos, disse que percebeu que estava doente quando convidado a se retirar de um shopping – manu militari – na presença da filha pequena, porque xingava e gritava com o papai noel, chamando-o de comunista.
minha esposa convenceu-me a fazer análise. ao chegar no analista ele me disse: logo o papai noel, amigo, símbolo maior do capitalismo, ali dentro de um shopping, templo do consumo?
só por hoje não vou mais sentir ódio.
uma senhorinha confessou que foi às ruas pedir intervenção militar e o marido, que é militar reformado, a aconselhou uma internação psiquiátrica. ela disse que por alguns meses agia como um animal de tourada, esticavam-lhe um lenço vermelha e ela bufava, abaixava a cabeça e mostrava os chifres.
um jovem universitário disse ter percebido que era um ódio adicto quando se apaixonou por uma estudante de antropologia.
ela o corrigia sempre com muita paciência. até que um dia ela lhe falou: Giuliano, você estuda numa universidade federal e recebe pensão vitalícia, cara. quando seu pai era vivo você vivia em um apartamento funcional. como você pode pregar o estado mínimo se você suga o máximo do estado, fera?
só por hoje não vou mais odiar. aplausos e afagos.
me chamo Rebeca Werneck, funcionária pública. comecei como quase todo mundo aqui, lendo a revistaveja e compartilhando qualquer coisa que eles dissessem. via o jornal nacional todos as noites, ia jantar espumando pela boca; depois passei a comentar, anonimamente, em blogs progressistas, colei o adesivo da Dilma de pernas abertas no meu carro e, como dizer?, meu último ataque de ódio foi atropelar um ciclista.
com ele caído no chão eu gritei: vai pra cuba comunista. com ódio nem o vi. ele me reconheceu, era meu sobrinho e estava voltando da faculdade.
quase ficou paraplégico. detalhe, ele odeia falar em política.
só por hoje não vou mais sentir ódio.
os depoimentos foram se sucedendo. antes da pausa para o lanchinho – sucos variados e pães integrais com geleias de frutos do cerrado – um dos presentes leu um aforismo que ele atribuiu a Shakespeare:
amigos, reflitamos sobre as palavras do grande dramaturgo e façamos dela um mantra: “sentir ódio é como tomar veneno e querer que o outro morra”.
só por hoje, gritaram em coro.
se auto aplaudiram, se abraçaram olhando nos olhos uns dos outros e sorrindo com todos os dentes para cada um dos presentes.
a ambiente exalava felicidade, era como uma selfie.
é isso, pensei comigo, mais amor e mais alegria. be your selfie.
entrei e saí sem que ninguém desse pela minha presença. aqueles mentecaptos deixaram de sentir ódio por uma questão de saúde, por egoísmo, mas continuam indiferentes aos do andar de baixo.
peidei silenciosamente e saí da sala como entrei, invisível como um flátulo.
palavra da salvação.
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CCJ do Congresso quer vedar às vítimas de violência sexual atendimento no SUS
17 de Setembro de 2015, 14:45A proposta de autoria do presidente da Câmara Eduardo Cunha que pode ser apreciada hoje na Comissão de Constituição e Justiça de Cidadania é tão absurda que se não tivesse consultado o link oficial da Câmara acharia que estava delirando. Ela nega tantos direitos num só projeto que transforma o Congresso numa Casa Verde, que nem Machado de Assis poderia imaginar a quantidade de loucos por metro quadrado que hoje ocupa a maioria desta Legislatura.
Negar atendimento do Sistema Único de Saúde a qualquer cidadão brasileiro é crime por si só, negar socorro às vítimas de violência sexual é crime contra a humanidade, que deve ser julgado em corte internacional. Ver o presidente da Câmara dos Deputados propor tal despautério para ser apreciado numa comissão que recebe o nome de Cidadania e Justiça é a antítese de qualquer bom senso da realidade.
Da deputada Jandira Feghali em seu Facebook
MULHERES, NÃO PERMITAM!
A CCJ pode votar hoje o PL 5069/2013 que VEDA o atendimento no SUS às vítimas de violência sexual. É uma série de retrocessos absurdos que querem implementar no Brasil, mesmo depois de conquistas dos movimentos feministas e de saúde.
1 – O PL só considera violência sexual “em que remetem danos físicos e psicológicos”, dificultando o atendimento de saúde.
2 – REMOVE no atendimento de saúde a profilaxia da gravidez às vítimas de estupro, por exemplo.
3 – VEDA às vítimas o fornecimento de informações sobre seus direitos legais e sobre todos os serviços sanitários disponíveis.
Entenda: Câmara- Proposições
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Peça de Bicudo é aberração jurídica e presidente da Câmara atropela o próprio regimento em favor de golpistas
17 de Setembro de 2015, 13:09Vários deputados fizeram defesas acaloradas contra o movimento golpista da Câmara contra a democracia brasileira na seção de 15 de setembro quando fora da ordem do dia, um deputado do DEM tenta inserir uma aberração jurídica no plenário da Câmara.
Silvio Costa mostra como regimentalmente o presidente da Câmara atropelou todo o regimento abrindo a palavra para os golpistas:
Jandira Feghali, por exemplo, disse: “Quem faz política tem lado e neste momento nosso lado é o da democracia brasileira. Uma democracia que veio depois de muita luta, de muita morte, e que não admite que sem nenhum delito da Presidência da República seja acatado um pedido de impeachment. Não há base técnica, política ou jurídica para isso. Estamos aqui defendendo um projeto de mais Estado, de mais políticas públicas, de mais emprego, de mais renda. Tentar emplacar um processo de impeachment agora é golpe.”
Já Orlando Silva esclareceu: “O DEM quando se presta a este papel demonstra que é legítimo herdeiro da Arena, o partido que sustentou o regime militar no Brasil. Hora de crise é momento de refletir e construir alternativas para retomar o crescimento nacional. O povo lá fora não quer saber de briga entre governo e oposição, mas que responda aos desafios que o país enfrenta. Aqueles que imaginam que Dilma Vana Rousseff é igual a Fernando Collor de Melo irão se surpreender. Haverá luta política de nosso povo. Aqui no Brasil tem organização, os trabalhadores irão defender as conquistas. Não adianta querer fazer um atalho, não adianta querer cortar caminhos. Atitude democrática é aguardar as eleições. Na mão grande vocês não vão tirar a presidenta Dilma não”. Vocês tem de ir pra rua ganhar voto a voto, esperar 2018 e atenção, se prepare bem, senão, Lula vem aí. ”
Paulo Teixeira afirma que o pedido de impeachment de Hélio Bicudo é “peça jurídica inepta”, de acordo com o deputado o pedido formulado pelo jurista Hélio Bicudo, ao qual se agarra a oposição, é inconsistente porque “atribui à presidenta da República crimes que ela não praticou” e é mais “um discurso político” do que uma peça jurídica. “Este pedido de impeachment quer tirar uma presidenta da República atribuindo a ela problemas nas suas contas que ainda não foram julgadas. Ora, como eu posso atribuir um crime a algo que foi praticado em contas que não foram sequer avaliadas pelo Tribunal de Contas da União? Quem julga as contas da presidenta da República é este Congresso e não me consta que este Congresso tenha julgado as contas dela”
Assista todos os vídeos na íntegra, vale a pena.
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Bolsonaro é condenado por ofender Maria do Rosário e todas as brasileiras
17 de Setembro de 2015, 11:58É bem pouco o valor que este deputado defensor da ditadura e da tortura tem de pagar pelos impropérios que vive blasfemando no Congresso sem nenhum respeito exigido dos parlamentares. Este senhor sem decoro merecia pagar milhões por atacar todos os dias a Constituição, os direitos humanos e desrespeitar as mulheres, os negros e a comunidade LGBT. Mas já é um começo, é a primeira punição. Que venham outras!
Em carta aberta às mulheres, Deputa Maria do Rosário fala sobre a condenação:
CARTA ABERTA ÀS MULHERES
Conquistamos uma vitória. Pode até parecer pequena, mas não é. Quando um gesto de justiça afirma-se, vence a dignidade e cai derrotada a infâmia que tanto destrói.
Em dezembro de 2014, um parlamentar usou a tribuna da Câmara dos Deputados para proferir ofensas e promover a violência de uma forma vil. Ao dirigir-se de forma absurda à minha pessoa, atingiu todas as mulheres brasileiras.
Desde o primeiro momento, a bancada feminina, o movimento social, as entidades feministas e a sociedade em geral, afirmou sua indignação com o uso do parlamento para o desrespeito às mulheres e promoção da violência. A luta de todos estes setores, presente em todo o Brasil, começa agora a dar resultados.
Informo que foi proferida sentença que condena aquele ato. A décima oitava vara cível de Brasília sentenciou o deputado a pagar uma indenização no valor de 10 mil reais, devido a danos morais causados por suas declarações discriminatórias e desrespeitosas. A Juíza Tatiana Dias da Silva definiu ainda que o deputado publique a presente sentença em sua página oficial no canal Youtube, sob pena de multa de R$ 1.000,00.
Ainda aguardamos a sentença de outro processo, que corre no Supremo Tribunal Federal por quebra de decoro pelo parlamentar. Gostaria de aproveitar para agradecer aos advogados Dr. Cezar Britto e a Dra. Alana Diniz que atuaram voluntariamente nesta causa. Reafirmo que qualquer recurso a título indenizatório por danos morais, será destinado imediatamente a organizações que atuem no combate à violência contra a mulher no país.
Sigamos firmes, muitas mulheres todos os dias sofrem violências por atos e palavras. Não podemos esmorecer, pois temos a responsabilidade de mostrar caminhos de justiça, de fazer valer as leis que criamos, de buscar um mundo em que nenhuma mulher, nenhum ser humano, seja desrespeitado em sua dignidade.
Muito agradeço a todas as entidades, movimentos, parlamentares que aprovaram moções, a toda Bancada Feminina na pessoa de nossa coordenadora à época, Deputada Jô Moraes. Estendo através da Deputada Dâmina, atual coordenadora, um abraço a todas as colegas atuais. Essa vitória pertence às mulheres brasileiras. Lembro Adélia Prado, para representar o sentimento que nos move contra todas as formas de violência: “Para o desejo do meu coração, o mar é uma gota”.
Esta vitória pode ser uma pequena gota, mas ela é parte de uma grande onda que se fortalece sempre que estamos juntas nas lutas.
Maria do Rosário
Relembre a ofensa deste declassificado à deputada Maria do Rosário
Bolsonaro é condenado a pagar R$ 10 mil por ofensa a Maria do Rosário
A condenação se refere ao episódio em que o deputado disse que não a estupraria porque “ela não merece”
Por: Agência PT
17/09/2015
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) foi condenado a pagar R$ 10 mil a deputada Maria do Rosário (PT-RS) por agressão verbal dita em plenário. No episódio, Bolsonaro disse que não a estupraria porque “ela não merece”.
A decisão da juíza Tatiana Dias da Silva, da 18ª Vara Cível de Brasília, é em primeira estância, conforme informação da coluna de Mônica Bergamo, desta quinta-feira (17), do jornal “Folha de S. Paulo”.
O fato aconteceu em dezembro de 2014, no plenário da Câmara. Bolsonaro declarou à Maria do Rosário, depois de pronunciamento feito por ela sobre a importância da Comissão Nacional da Verdade, que investiga crimes praticados durante o período de ditadura militar.
O deputado então disse: “Não saia não, Maria do Rosário, fique aí. Fique aí, Maria do Rosário. Há poucos dias você me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que não estuprava você porque você não merece. Fique aí para ouvir”.
Além deste processo na Justiça, Bolsonaro é réu em um processo por quebra de decoro parlamentar, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a mesma declaração.
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Presidentes e líderes da base aliada defendem em carta-aberta continuidade do mandato de Dilma
17 de Setembro de 2015, 10:00Presidentes e líderes da base aliada defendem em carta-aberta continuidade do mandato de Dilma
Por Assessoria da Deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ)
Líderes da base aliada do Congresso Nacional e presidentes de partido lançaram na manhã desta terça-feira (15) uma carta-aberta reafirmando a defesa pela continuidade do mandato da presidenta Dilma Rousseff. Os presidentes Luciana Santos (PCdoB), Rui Falcão (PT), Valdir Raupp (PMDB) e Gilberto Kassab (PSD) assinaram o documento.
Os parlamentares se reuniram em café da manhã na Câmara dos Deputados e marcaram um desdobramento do encontro: “Importante que esta reunião hoje se repita em novos atos, dentro do Parlamento, junto de movimentos sociais e entidades da sociedade civil”, disse o líder do Governo, José Guimarães (PT/SP). A expectativa do petista é que a base aliada expresse sua unidade a favor do mandato de Dilma. Foi o que reiterou o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ): “Todos nós devemos trabalhar pela governabilidade da presidenta”, destacou.
Uma das articuladoras da reunião, a líder do PCdoB, Jandira Feghali (PCdoB/RJ), reiterou que o momento de crise política precisa ser superado: “A instabilidade política não favorece ninguém, muito menos o trabalhador, o cidadão. O Governo precisa avançar em sua agenda com segurança e espaço para dialogar”, disse.
O documento divulgado pelo grupo pede respeito ao resultado eleitoral de 2014 e ratifica compromissos das bancadas signatárias contra qualquer pedido de intervenção no mandato da presidenta.
Declaração em Defesa da Democracia e do Mandato PopularNós, representantes dos partidos que dão sustentação ao governo legítimo e democrático da presidenta Dilma Rousseff,
CONSIDERANDO que a presidenta Dilma Rousseff tomou posse, há pouco mais de oito meses, para um mandato de quatro anos, após vencer um pleito democrático, limpo e livre;
ASSINALANDO que é dever cívico, constitucional e democrático da presidenta da República honrar o mandato a ela concedido pelo povo brasileiro até o seu final;
ENFATIZANDO que o cumprimento do mandato obtido legitimamente nas urnas significa, sobretudo, respeito ao voto popular, base de qualquer democracia digna desse nome;
LAMENTANDO, contudo, que, desde a apuração dos resultados das urnas, forças políticas radicais, que exibem baixo compromisso com os princípios democráticos, venham se dedicando diuturnamente a contestar e questionar o mandato popular da presidenta Dilma Rousseff, utilizando-se dos mais diversos subterfúgios políticos e jurídicos, que vão desde o absurdo e inédito questionamento da urna eletrônica, lisura do pleito até a tentativa de criminalização de práticas orçamentárias em um contexto de crise fiscal e utilizadas por vários governos no passado, incluindo a contestação intempestiva das contas de campanha previamente aprovadas na justiça eleitoral;
CONSIDERANDO que tal processo se constitui numa clara e nova forma de golpismo, a qual, embora não se utilize mais dos métodos do passado, abusa dos mecanismos solertes das mentiras, dos factóides e das tentativas canhestras de manobras pseudo-jurídicas para afrontar o voto popular e a democracia;
COLOCANDO EM RELEVO que, embora manifestações populares que expressem anseios e insatisfações sejam legítimas, elas não podem servir de escusa torpe e oportunista para que invistam contra o mandato legítimo da presidenta, pois a ordem constitucional brasileira sabiamente impõe processo rigoroso e fundamentos jurídicos muito sólidos para a recepção de contestações de mandatos populares;
SALIENTANDO, ademais, que, num regime presidencialista, a legitimidade do mandato é dada exclusivamente pelas urnas, não podendo ficar ao sabor de pesquisas de opinião que retratam uma conjuntura econômica adversa e impactada pelo crise internacional associada a volatilidade de uma crise política artificialmente cevada por aqueles que se recusam a reconhecer sua derrota na última eleição;
OBSERVANDO, a esse respeito, que o principal entrave ao reequilíbrio das contas públicas e à consequente retomada do crescimento econômico com distribuição de renda, como é o desejo de todos os brasileiros, reside no atual clima político deteriorado, gerado pelo golpismo que tenta se impor sobre a governabilidade e que dissemina sentimentos de insegurança, pessimismo e intolerância política por toda a sociedade;
CONVICTOS de que a presidenta Dilma Rousseff, cidadã incontestavelmente proba, honrada e dedicada, de forma integral, a trabalhar pelo bem do Brasil, fez avanços notáveis em seu governo para promover o combate à corrupção, ao fortalecer as instituições de controle e ampliar a transparência da administração pública, algo que seus críticos nunca fizeram;
CERTOS, do mesmo modo, de que a presidenta Dilma Rousseff, a qual enfrenta, desde o início de seu primeiro mandato, a pior crise mundial desde a Grande Depressão de 1929, esteve e está sinceramente empenhada, como o ex-presidente Lula, na promoção do desenvolvimento econômico com eliminação da pobreza e redução das desigualdades, processo até aqui exitoso, pois resultou na extinção prática da miséria e na ascensão social de 40 milhões de brasileiras e brasileiros, o que demonstra que os acertos desses governos progressistas foram muito superiores aos seus erros; e
CONSIDERANDO, por último, que é chegada a hora de todas forças sociais e políticas efetivamente comprometidas com o Brasil e sua democracia reafirmarem sua inestimável e bem-vinda contribuição para que o país supere suas atuais dificuldades e retome, o mais rapidamente possível, o desenvolvimento econômico e social, num ambiente de paz, reconciliação e respeito incondicional aos princípios democráticos;
DECLARAMOS:
I. Nosso firme e decidido apoio ao mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff, que se extinguirá somente em 31 dezembro de 2018;
II. Nosso mais veemente repúdio a toda forma de retrocesso democrático, que tente deslegitimar e encerrar de forma prematura o mandato popular conquistado, de forma limpa, em pleito democrático;
III. Nosso entendimento de que o Brasil demanda a superação do atual clima político deteriorado, o qual coloca sérios obstáculos à governabilidade e à recuperação econômica, dissemina a insegurança, o pessimismo, a intolerância e o ódio político pela sociedade, bem como envenena a democracia do país, duramente conquistada com a luta incansável de gerações de brasileiros;
IV. Nossa absoluta convicção de que o Brasil e sua democracia são muito maiores que as dificuldades econômicas e políticas que enfrentamos, e que o país superará, em breve, todos os entraves à retomada do desenvolvimento econômico e social, preservando e aprofundando o processo democrático do qual todos os brasileiros se orgulham e se beneficiam;
V. Nosso sincero convite a todas as forças políticas responsáveis do Brasil, que não apostam no “quanto pior melhor” ou não se omitem diante dos incapazes de apresentar propostas, a que dêem sua bem-vinda contribuição para que o país se reencontre no caminho do crescimento econômico, da justiça social, da soberania e do crescente aprofundamento de sua bela e jovem democracia.
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