Violência do Boko Haram gera deslocamento de cerca de 100 mil pessoas no Níger, alerta ACNUR
20 de Janeiro de 2016, 16:16Refugiados da Nigéria buscam abrigo na região de Diffa, no Níger. Local tem recebido populações deslocadas da Nigéria e do Níger. Foto: OCHA / Franck Kuwonu
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) chamou a atenção, nesta terça-feira (19), para a situação das cerca de 100 mil pessoas deslocadas na região sudeste do Níger, onde a violência do grupo Boko Haram tem provocado novas migrações e fugas. A agência da ONU fez um apelo a doadores por mais recursos para que consiga levar assistência às populações vulneráveis. Operações do ACNUR no país receberam apenas 24,9 milhões dos 51 milhões de dólares solicitados.
“Nossa equipe no Níger descreveu a situação como muito séria, com escassez aguda de abrigos e itens não alimentícios para os deslocados”, afirmou o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards. O contingente de pessoas que teve de fugir recentemente do extremismo inclui moradores de aldeias, indivíduos internamente deslocados ou que já se deslocaram várias vezes e refugiados da Nigéria.
A agência da ONU informou ter adotado métodos mais abrangentes de registro das populações deslocadas, o que tem facilitado a identificação de necessidades específicas. Embora tenha conseguido levar alimentos, assistência médica e saneamento à região de Diffa, no sudeste do Níger, o ACNUR continua enfrentando dificuldades para assistir indivíduos recém-deslocados que se espalham ao longo da Estrada Nacional Nº1 do Níger, local sem proteção do exército nigerense. Esse contingente permanece sem abrigo, acesso à educação e saneamento.
“Oferecer assistência e abrigo é ainda mais difícil, porque as pessoas estão morando em locais espontâneos, em vez de (morarem) num ambiente de campo (de deslocados)”, disse Edwards. Segundo o ACNUR, o Níger já havia sido afetado pelos conflitos no nordeste da Nigéria, recebendo parte dos mais de 220 mil refugiados desse país, desde 2013. Posteriormente, incursões de rebeldes no próprio Níger provocaram deslocamentos de cerca de 50 mil pessoas dentro do território nigerense.