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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Discurso de Freixo contra união das esquerdas apanha nas redes sociais

29 de Dezembro de 2017, 16:28, por Jornal Correio do Brasil

“Se o PT quisesse mesmo recompor o campo progressista, ‘não andaria de braços dados com Renan Calheiros”, criticou Freixo.

 

Por Redação – do Rio de Janeiro

 

Líder nacional do PSOL, o deputado estadual Marcelo Freixo (RJ) recebeu uma saraivada de críticas, nas redes sociais, nesta sexta-feira, por conta de declarações a um dos diários conservadores paulistanos. Para o psolista, a divisão das forças de esquerda, no país, não seria decisiva para a vigência do golpe de Estado, em curso. Na entrevista, Freixo reconhece, rapidamente, que a democracia foi extinta, no país, com a deposição da presidenta Dilma Rousseff (PT.

freixo

Marcelo Freixo representa o PSOL, em nível nacional

Segundo Freixo, seria preciso “reconstruir uma esquerda que, definitivamente não entendeu (os protestos de) 2013”. A colagem dos cacos em que transformaram as legendas mais próximas ao socialismo, diz ele, pode distanciar — ainda mais — estas bandeiras.

— Não sei se esse é o momento de unificar todo mundo, não — apregoa.

Segundo afirmou, se o PT quisesse mesmo recompor o campo progressista, “não andaria de braços dados com Renan Calheiros”, criticou.

— A esquerda preferiu achar que aquilo ali (as manifestações promovidas por grupos fascistas como o Vem Pra Rua) era coisa da direita, o que não é verdade — disse.

Conversa em
apartamento

Na entrevista, Freixo contou como foi formado o movimento que pretende lançar o ativista social Guilherme Boulos à Presidência da República. Não foi em uma assembleia de trabalhadores; ou em uma manifestação de um dos movimentos políticos que abrigam o professor universitário paulistano. A ideia foi gestada em um apartamento na Zona Sul do Rio. E tomou corpo em um botequim ‘pé sujo’ próximo à Avenida Paulista.

— A ideia do medo é muito forte e legitima a barbárie. Tenho medo da favela, então qualquer coisa que aconteça lá não me toca. Da juventude negra, então seu genocídio não me abala, não sou um deles. Brinco que nossos sonhos não cabem nas urnas, mas nossos pesadelos cabem. Esses debates todos me fizeram chegar ao Boulos. Estava em casa, tomando um café com minha companheira, a Antônia (Pellegrino, escritora e cofundadora do blog feminista #AgoraÉQueSãoElas, hospedado no jornal conservador para o qual concedeu a entrevista) — disse.

Em Ipanema

E continuou:

— Conversávamos sobre o que é esta esquerda do século XXI. Os olhos dela são meio que termômetro. Falei do Boulos, e arregalaram. Pensei: “Opa, ali tem caldo”. Fiz testes com minha equipe, e as reações eram as mesmas. Aí liguei pro Boulos e marquei num botequinho bem “vagaba” perto da av. Paulista. Quando sugeri, ele quase caiu da cadeira de susto. Hoje falta muito pouco para consolidar a candidatura. Março é o prazo — relata.

Após os primeiros encontros, a conversa continuou com vista para o mar de Ipanema.

— Levamos o Boulos na casa (apartamento) da Paula (Lavigne, mulher do Caetano Veloso, na Avenida Vieira Souto, em Ipanema) para conversar com setores da intelectualidade, do meio artístico. Muitos não conheciam nada de MTST. As perguntas eram pertinentes. “O que vocês fazem é invadir a casa de alguém?” E é justo ter mais imóvel vazio do que gente morando na rua? — segue.

Proposta

Segundo Freixo, “dá pra trocar os estereótipos da radicalidade por um debate de conteúdo”.

— A ideia é mostrar que essa radicalidade da política é a melhor coisa que pode acontecer pro Brasil, no sentido de ter uma proposta diferente da que se coloca hoje. Vivemos num dos países mais desiguais do mundo, extremamente violento. Nada disso a gente vê como radical. Violenta é a proposta que vem para mudar isso? Será? — acrescentou.

No mesmo tom de quem conversa bem com a elite brasileira, Freixo dispara:

— A gente vive um momento de reconstrução: qual esquerda a sociedade vai enxergar? Porque precisa enxergar o diferente. Não sei se esse é o momento de unificar todo mundo, não. Até porque a direita também está muito fragmentada: Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles… — acredita.

Pós-Lula

Em seguida, foi direto quanto ao imaginado apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

— Não há a menor possibilidade. Ele (Lula) fala isso pra tentar colocar a gente numa caixa de sectários. Se quisessem recompor a esquerda, não andariam de braços dados com Renan Calheiros em Alagoas — detona.

Na opinião de Freixo, se Lula foi impedido de concorrer, “o pós-Lula vai ser posto”.

— Se concorrer e perder… É o cenário ideal para a direita. O que também pode acontecer: vencer e governar com alianças que sempre fez. Lula está sendo empurrado pela conjuntura para uma postura mais de enfrentamento. Mas, se estivesse a seu alcance, faria todos os acordos que sempre fez. Nesse sentido o pós-Lula vai se dar, também, para a esquerda.

O PSOL precisa entender seu papel nesse contexto. Não tem que ser anti-Lula, somando-se aos setores mais conservadores. Temos a chance de marcar diferença com o lulismo por meio de um programa — discursa.

Redes sociais

A resposta mais imediata à declarações de Freixo vieram do articulista do Correio do Brasil, Val Carvalho.

“Para Ciro, Boulos e o PSOL o dia 24 de janeiro, data da condenação de Lula num julgamento-farsa, sem provas, será o dia da libertação de seus oportunismos eleitorais. De forma aberta ou velada, todos eles torcem para que o golpe consiga cassar o direito de Lula ser candidato. Ao mesmo tempo, se animam com o seu direito de ser candidatos, mesmo sabendo que uma eleição sem Lula é fraude”.

“Todos eles pegam carona na campanha da direita contra Lula e o PT. Todo santo dia a direita diz que Lula dividiu o país ou que seu tempo já acabou. Para justificarem seu oportunismo eleitoral, Ciro repete que Lula divide o país e o PSOL e Boulos adoram falar que já vivemos na época do pós-Lula.

Caetano Veloso

Cada um deles justifica o seu divisionismo de um modo. Ciro é candidato porque Lula ‘divide’. O PSOL lança Boulos porque Lula ‘concilia’. Boulos não convidou Lula para os 20 anos do MTST porque ali, no Largo da Batata, juntamente com Caetano Veloso, ele estava ‘lançando’ a sua candidatura.

“A falsa ideia do ‘pós-Lula’, criação da propaganda golpista, é apropriada pelo PSOL e transformada em ‘programa avançado contra as oligarquias’. Formulação grandiloquente, restrita ao papel, para justificar a divisão das esquerdas diante do avanço do golpe.

“Quanto mais avançado for o programa do candidato, mais estreita será a sua base eleitoral e mais provável será a sua derrota em 2018. Se Lula adotasse esse ‘programa estratégico’ proposto pelo PSOL, além de continuar não contando com o apoio desse partido, ainda seria derrotado na eleição. E o golpe continuaria, com a vitória de Bolsonaro ou outro candidato da direita.

Programa mínimo

“Vivemos uma conjuntura de exceção, especialmente no tocante às eleições. Nenhuma discussão política séria pode ser feita descolada dessa conjuntura, cuja exigência tática, de unidade ampla, inclusive com os ‘arrependidos’, tem o valor estratégico da reconquista da democracia. Com a democracia reconquistada, cada esquerda teria então o pleno direito de propor o seu caminho estratégico e programático.

“Antes disso, comete o erro político grave de dividir a campo das esquerdas e com isso dificultar a vitória de Lula no primeiro turno. Os 5% de Boulos podem significar a diferença entre Lula ir ou não para o segundo turno. No primeiro turno ganharíamos com um programa mais avançado.

“Já no segundo turno teríamos de apresentar um programa mínimo para ampliar as alianças necessárias para a vitória.

“Quanto à candidatura de Manuela d’Ávila pessoalmente não acredito que seja para valer. Mesmo assim e apesar de trabalhar unida à luta democrática de Lula ser candidato, a sua manutenção até o fim também ajudaria a direita levar a eleição para o segundo turno.

Moscas azuis

“Ficarmos presos ao argumento despolitizado de que as esquerdas têm o direito de lançar candidato, um direito que não existe hoje para Lula, que representa 45% do eleitorado, é se alienar totalmente da conjuntura do golpe e da tarefa concreta da construção de uma ampla frente democrática para derrotar o estado de exceção, que está cada vez mais tomando conta do país.

“Fora disso é blá, blá, blá sectário, bem ao gosto de umbigos inchados e moscas azuis”, escreveu o articulista.

Já o jornalista Fábio Lau, editor-chefe do site de notícias Conexão Jornalismo, a questão é objetiva.

— Freixo “acha” que ainda não é hora da unificação da esquerda. Isso dá a certeza de que ainda não é hora de lhe dar meu voto.

Boulos apoia

Ainda nesta sexta-feira, após a entrevista de Freixo, o provável candidato do Psol à Presidência da República, Guilherme Boulos, assinou o manifesto ‘Eleição sem Lula é fraude’, que conta com 93 mil adesões. O documento é assinado por intelectuais do Brasil e do mundo. Com isso, Boulos segue o exemplo de Manuela D’Ávida, do PCdoB, que foi uma das primeiras a assinar o documento.

O texto critica a tentativa de retirar Lula da disputa com a captura do Judiciário por interesses políticos.

“O Brasil vive um momento de encruzilhada: ou restauramos os direitos sociais e o Estado Democrático de Direito ou seremos derrotados e assistiremos a definitiva implantação de uma sociedade de capitalismo sem regulações, baseada na superexploração dos trabalhadores”, diz o documento.

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