Dilma parte para ofensiva e Cardozo ameaça renunciar
29 de Fevereiro de 2016, 12:33Cardozo segue, até agora, como o grande facilitador da campanha de perseguição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, articulada por setores da Polícia Federal (PF) e incentivada pela Vara Federal do Paraná, sob o comando do juiz Sergio Moro
Por Redação – de Brasília
Com certa dificuldade para superar o momento político desfavorável, pressionado pela voracidade das operações da Polícia Federal que colaboram para o pedido de impedimento, em curso, o governo da presidenta Dilma e o Partido dos Trabalhadores (PT) ensaiam, ainda que timidamente, uma reação contra a ofensiva da extrema direita às instituições democráticas. A ameaça de um golpe de Estado nos moldes paraguaios — substanciado pela Justiça e o Congresso — já levaram o governo a editar medidas duras contra a classe trabalhadora e aceitar a venda de ativos da Petrobras aos investidores internacionais.
Na Comunicação Social, classificada por instituições da sociedade civil organizada como o ‘pé-de-barro’ do governo, o ministro Edinho Silva anunciou, recentemente, o aumento no volume de publicidade para a internet, com forte redução no meio impresso, após constatar que o cartel midiático — liderado pelas Organizações Globo e a Folha de S. Paulo — que apóia a tentativa do golpe de Estado perde audiência e prestígio junto aos brasileiros. O público que assiste à programação das TVs com sinal aberto tem diminuído, segundo institutos de pesquisa, na velocidade contrária à dos acesso à rede de computadores, enquanto as edições impressas cedem espaço cada vez maior para os blogs, revistas e jornais independentes, na web.
Já no Congresso, o acerto de contas com o PMDB — condicionado ao desmembramento da estatal petroleira — fortaleceu a posição da presidenta Dilma no front da Câmara dos Deputados, onde enfrenta o presidente da Casa, Eduardo Cunha. Sob o risco de ser considerado réu nas ações em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF), onde é alvo de um pedido de afastamento encaminhado pela Procuradoria Geral da República (PGR), Cunha ainda não foi inteiramente descartado pela oposição como uma arma a ser usada na tentativa de cassação do mandato presidencial. Mas se enfraquece ainda mais agora, diante do julgamento iminente, agendado para esta quarta-feira, e o possível afastamento do atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Cardozo permanece, até agora, como o grande facilitador da campanha de perseguição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, articulada por setores da Polícia Federal (PF) e incentivada pela Vara Federal do Paraná, sob o comando do juiz Sergio Moro, e pela Justiça do Estado de São Paulo. Sob o olhar complacente do ministro Cardozo, um dos filhos do líder petista foi intimado a depor no dia do aniversário do pai, diante da família inteira, amigos, convidados da festa, sob a cobertura de toda a mídia conservadora para a manchete do dia seguinte. Na semana passada, também sob os holofotes das principais cadeias de TV, o comandante das campanhas petistas, nas últimas eleições, foi conduzido à prisão. O publicitário João Santana permanece preso, enquanto a PF conclui a varredura em suas contas bancárias, de e-mail e na contabilidade das empresas que prestaram serviços ao PT.
Dilma e Cardozo
Na manhã desta segunda-feira, um dos diários conservadores paulistanos noticiou um boato acerca da possível renúncia de Cardozo, atribuído a “interlocutores da equipe de Dilma Rousseff”. Os anônimos teriam garantido ao jornal que “ele já tomou a decisão”. Outras vezes, porém, o ministro vazou aos meios conservadores de comunicação que pretendia deixar o posto, como forma de minar possíveis adversários. Dessa vez, no entanto, ele já teria obtido o sinal verde da presidenta, que busca algum de seus aliados em legendas da base para assumir o posto e, assim, evitar novos constrangimentos para o governo.
Cardozo tenderia deixar a pasta ainda nesta semana e não estaria descartada a possibilidade de ele ser nomeado em outro cargo. Mas o momento escolhido para anunciar sua retirada não podia ser mais atribulado. Além da prisão de Santana, a presidenta segue em rota de colisão com parcela da militância petista e aumentam os rumores de que ela possa deixar a legenda. Sem exercer outro cargo eletivo senão a Presidência da República, Dilma mostra pouco apetite para a política partidária e tem conversado amiúde com o ex-governador cearense Ciro Gomes, como um dos nomes prováveis à sua sucessão, em 2018.
Ainda nesta semana, o juiz Moro pretende anunciar a edição de novas delações premiadas que, se interessantes contra o PT ou o governo Dilma, tendem a vazar para os meios de comunicação ligados à ultradireita. Esses mesmos vazamentos indicam uma nova onda de buscas e apreensões em propriedades atribuídas ao ex-presidente Lula e sua família. Ainda como razões apontadas para a possível renúncia, Cardozo tem reclamado, pelos corredores, de pressões originadas na direção do PT, em partidos da base aliada e até de representantes de setores empresariais que sustentam os partidos de direita. Segundo teria afirmado, as pressões chegaram a “limites intoleráveis”.
Peru declara estado de emergência na Floresta Amazônica devido a vazamentos de petróleo
29 de Fevereiro de 2016, 11:04
Os vazamentos ocorreram em partes de um oleoduto construído nos anos 1970 e gerido pela companhia estatal PetroPeru, que distribui petróleo a partir da floresta
Por Redação, com ABr – de Lima:
O governo do Peru declarou estado de emergência em 16 comunidades da Floresta Amazônica devido a vazamentos de petróleo na região de Loreto, no Nordeste do país.
A medida, anunciada no Diário Oficial peruano e que envolve ajuda humanitária às comunidades e assistência nas operações de limpeza, vai vigorar por 60 dias. A decisão é tomada mais de um mês depois de ter sido registrado um derramento de petróleo no distrito de Imaza, com população de 23 mil residentes.
Um segundo vazamento foi registado no dia 3 deste mês no distrito de Morona, que tem 9 mil habitantes. Nos dois distritos, os moradores são predominantemente indígenas.
Os vazamentos ocorreram em partes de um oleoduto construído nos anos 1970 e gerido pela companhia estatal PetroPeru, que distribui petróleo a partir da floresta, pelas montanhas dos Andes, até as refinarias, por meio de longa rota na costa norte peruana.
Segundo especialistas ambientais, os derramentos devem-se à deterioração da infraestrutura. A PetroPeru foi multada em US$ 3,6 milhões pela falta de manutenção do equipamento.
No início deste mês, o governo considerou situação de emergência na área de saúde na região, pelo fato de o petróleo ter poluído os rios que fornecem água potável aos distritos afetados.
Um grupo defensor dos direitos dos indígenas informou que desde 2010 ocorreram 11 vazamentos de petróleo na região amazônica do Peru.