Educação Política aos moldes do PSDB
3 de Agosto de 2015, 17:11Custei a acreditar na notícia, mas ela é real, com projeto na Câmara e tudo. Paulo Freire dá 500 voltas no túmulo diante do nível de letramento de um deputado que confunde teses de partido com teses acadêmicas é abaixo da crítica. E como tudo pode piorar, o sujeito é titular da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados!
Projeto prevê até 3 meses de prisão para professor que abordar politica na sala de aula
02/08/2015
Deputado Rogério Marinho (PSDB) propõe mudança no ECA e no Código Penal para evitar condicionar aluno a adotar “posicionamento político”; projeto deve ser votado após o recesso
Apesar da previsão da pena de detenção, o deputado disse que garante que nenhum professor será preso. “Serão processados os doutrinadores que vilipendiam o direito de aprender dos alunos e exorbitam da sua liberdade de cátedra. De acordo com o Código Penal, penas cujo total sejam inferiores a 4 anos terão cumprimento inicial em regime aberto e, de acordo com o texto apresentado, se condenado ao máximo, o doutrinador será sancionado em 1 ano e meio de detenção, que pode ser facilmente transigida, se assim for da vontade do Parquet (Ministério Público), em prestação de serviço comunitário ou pagamento de dias-multa.”
Para Marinho, a lei não causaria insegurança ao professor ou reduziria o espaço a debate, pelo contrário, garantiria que todas as ideologias fossem apresentadas. “Basta apresentar todas as vertentes interpretativas dos fenômenos estudados, sem fazer proselitismo, sem desvirtuar o fato, sem omitir dados e sem fazer indicações morais discutíveis”, diz.
A professora de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), Olgaria Chain Féres Matos, explica que as crianças e adolescentes não formam seus posicionamentos de forma “livre”. Cabe ao educador dar contextos e apresentar pluralidade para que construam aos poucos com critérios. “Os alunos ainda não dispõem de um repertório cultural amplo que permita decidir com segurança acerca de conteúdos disciplinares. No máximo, conseguem repetir opiniões veiculadas pela mídia ou as da família ou outros”, diz.
Ao longo de cinco páginas, o PL 1411/2015 utiliza-se de trechos de material de apoio elaborado para o próximo Congresso Nacional do PT, intitulado “Caderno de Teses”, para compor sua justificativa. Escrito por diferentes partidários do PT para evento que ocorrerá em junho, o documento apresenta trechos que, na visão do deputado tucano, instigam a doutrinação nas escolas.
Um exemplo: “Não haverá mudança social profunda no Brasil, se isto não for acompanhado por uma mudança cultural na visão de mundo da maioria da população brasileira. Necessitamos tornar hegemônicos os valores democráticos, populares e socialistas. Mas o que temos assistido desde 2003 é uma reação das ideias conservadoras em todos os terrenos. Isto se deve, em parte, ao fato de que não houve nenhuma mudança estrutural no terreno da cultura, da educação e da comunicação. Ao contrário: o grande capital e a direita não apenas mantiveram como ampliaram sua ofensiva em cada um destes terrenos.”
O secretário de Organização Nacional do PT, Florisvaldo Souza, afirmou que o projeto demonstra despreparo e má intenção do tucano. Ele afirma que o “Caderno de Teses” a que Marinho se refere é um documento em que partidários apresentam para debate orientações para o partido e projetos para o país. “Não são teses para escolas, mas para debate político. Se eles não têm cultura e partido para isso, eu lamento. É por isso que a oposição não tem projeto.”
Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos (as) estudantes, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as “escolas burguesas”), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo Freire, o (a) professor (a) age como quem deposita conhecimento num (a) estudante apenas receptivo, dócil.
Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola alienante, mas não menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a consciência dos oprimidos. “Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade”, escreveu o educador. Ele dizia que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os (as) estudantes ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los.
The post Educação Política aos moldes do PSDB appeared first on MariaFrô.
Marcelo Uchoa: Peticídio
3 de Agosto de 2015, 16:18Peticídio
Por Marcelo Uchoa, no 247
03/08/2015
Após a regulamentação do feminicídio, o andar da carruagem no país indica que logo terá que ser discutida a inclusão do petícidio, como novo tipo de homicídio qualificado no Código Penal Brasileiro. Este presumível extermínio de petistas por razões de ódio político tem sido motivado pela irresponsabilidade de uma mídia fascista, que há muito optou por abandonar ao segundo plano o compromisso com a verdade, para patrocinar ataques por cima de ataques ao governo e suas principais lideranças, apenas pela sede do poder, nem que para isso tenha que jogar na latrina o próprio país, suas conquistas econômicas, a boa imagem lograda internacionalmente, as históricas vitórias sociais obtidas na última década.
É deplorável observar que os episódios outrora isolados havidos com as hostilizações públicas aos ex-ministros Mantega e Padilha, com as erupções de ódio manifestadas nas redes sociais, carregadas de preconceitos de gênero contra a presidenta Dilma, as quais já vinham sendo alimentadas desde a Copa das Confederações pela elite mesquinha e abjeta do país, por pouco não transformada em violência física após um psicopata driblar a segurança presidencial no exterior, se convertem agora em atentado terrorista contra, nada mais, nada menos, o ex-presidente Lula (quanta ingratidão, quanta ousadia!), e, ante tudo isso, a imprensa tradicional brasileira continue a tratar o tema como um fato normal, sem quaisquer implicações maiores com a segurança nacional. Revoltante!
Indignante também é a constatação de que passados dias do atentado ao Instituto Lula os bandidos já não estejam na cadeia, ainda mais quando câmeras de segurança registraram a ação terrorista do início ao fim. Ponto negativo, aí, para o governo, que, a exemplo do Ministério Público e do Judiciário, é meteórico além da conta em certas ações policiais quando para comprometer o PT, e demasiadamente letárgico em momentos críticos como este. E ponto negativo, também, para o próprio Partido dos Trabalhadores, que permanece respondendo timidamente a este tipo de provocação, quase como se tratasse de um problema individual.
Pois bem! Ou o governo e o PT reagem energicamente contra estas atrevidas, desonestas, e, agora, perigosas investidas da direita organizada, refutando-as com todo rigor da lei e demonstrando, por ações políticas concretas, que se orientam pelo bom senso e pelo social (e aí valem desde pautar o controle social da mídia até tributar grandes fortunas para aliviar o peso do ajuste fiscal sobre os trabalhadores), deixando claro que na eventualidade de uma cisma estarão ao lado do povo, ou então depois não venham acusar a população esclarecida de haver recolhido suas bandeiras e se retraído em seus lares, para assistir via lentes da infecta telinha a parada militar.
Acabou o clima para brincadeiras.
Marcelo Uchoa é advogado
The post Marcelo Uchoa: Peticídio appeared first on MariaFrô.
Campanha da mídia monopolizada busca desmoralizar e enfraquecer o sindicalismo
30 de Julho de 2015, 15:48Muita confusão, desinformação e sonegação de informações da mídia velha para desmoralizar e enfraquecer o movimento sindical
A campanha da mídia comercial para atingir e eliminar direitos da classe trabalhadora não encontra limites. Quando não ataca o governo democrático-popular eleito, cuja participação da classe trabalhadora por intermédio do movimento sindical é garantida, ataca o próprio movimento sindical. Uma matéria publicada pelo O Globo, no dia 21 de julho, intitulada “Sindicatos: Caixa-preta se torna a marca registrada” é um exemplo disso. Afirma que o “governo se nega a fornecer informações de quanto é repassado de imposto sindical a entidades”.
Para a mídia, não basta eleger um Congresso Nacional conservador que tem solapado direitos históricos da classe trabalhadora. Ela quer extinguir o movimento sindical no país, inviabilizando-o financeiramente. No texto, O Globo afirma que “em tempos onde transparência é a palavra da moda, o universo dos sindicatos não parece seguir a tendência da estação. Quem quiser saber hoje quanto a entidade que o representa recebe de Contribuição Sindical (imposto decorrente de um dia de desconto do salário de todos os trabalhadores) terá muita dificuldade”.
Sem revelar o outro lado da informação, como preza o bom, o ético e o jornalismo sério, deixaram de buscar nas centrais sindicais e nos próprios sindicatos informações cruciais sobre o tema. Em primeiro lugar, os sindicatos e centrais sindicais, como, por exemplo, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), tem o hábito, desde a sua criação, de prestar contas das suas receitas e despesas em assembleias e também em publicações periódicas e, quando há algo errado com as contas das entidades, as próprias categorias interessadas pedem auditoria contábil, fiscal, financeira e patrimonial.
Na matéria extremamente tendenciosa e completamente desfavorável à classe trabalhadora, O Globo tenta jogar luz em locais claros e limpos para, talvez, manter na escuridão setores da mídia nacional que nunca prestou contas das verbas publicitárias públicas que recebe mensalmente dos cofres públicos. E mais grave ainda é que não presta contas também das infinitas e sombrias renovações de concessões públicas de TV, rádio, entre outros serviços públicos estatais factíveis de concessão.
No texto, O Globo divulga dados do Contas Abertas, dando conta de que “dos R$ 3,18 bilhões gerados no ano passado, por exemplo, a única informação repassada por órgãos oficiais é que R$ 173,2 milhões foram para as contas de cinco centrais. O Ministério do Trabalho e a Caixa simplesmente se recusam a informar quanto cada um dos 10.620 sindicatos registrados recebe”.
Indica também que “o Ministério do Trabalho afirmou que, por causa da liberdade sindical, não fiscaliza o balanço das organizações sindicais. Em nota, a pasta informou que, como são entidades privadas, têm diversas fontes de financiamento, não apenas essa contribuição, e que a Constituição determina que elas não sejam fiscalizadas pelo Executivo”.
Diz ainda que “a Caixa, responsável por arrecadar e distribuir a Contribuição Sindical, nega-se a passar as informações sobre quanto cada sindicato recebeu. O banco estatal informou em nota que esses valores ‘são protegidos pelo sigilo bancário, já que os dados não são públicos, tendo em vista que as entidades sindicais não são órgãos públicos. Dessa forma, entende-se que as informações solicitadas só poderão ser fornecidas pelas próprias entidades arrecadadoras do referido tributo’, informou o banco”.
Na obsessão para destruir conquistas da classe trabalhadora, a mídia conservadora omite criminosamente em seus textos a história da luta de classes no Brasil e no mundo e, também, de forma condenável e antiética, esconde o outro lado da informação, demonstrando irresponsabilidade na elaboração da notícia e desprezo pelo (a) trabalhador (a), jogando nuvens de fumaça em cada linha de uma notícia. Na matéria, deixou de mostrar ao (à) leitor (a) que sindicatos do setor público têm uma decisão conjunta de não receber o imposto sindical, todavia, ainda há sindicatos, sobretudo os da iniciativa privada, como o Sindicato dos Jornalistas – que, por sinal, precisa receber o imposto sindical para existir. Há sindicatos inclusive que devolvem o imposto sindical a seus associados.
Importante lembrar que, num primeiro momento, essa quota era denominada contribuição sindical, debitada do salário do trabalhador (a) integrante de categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, independentemente de serem ou não associados a um sindicato. Ela foi instituída pela Constituição de 1937, conferindo aos sindicatos o poder de impor contribuições e exercer funções delegadas do Poder público.
Em 1940, por meio de um decreto-lei, essa contribuição foi denominada de imposto sindical e estabeleceu, entre outros, a época do recolhimento pelas empresas e indicou o percentual a ser distribuído pelos sindicatos às entidades de grau superior. A Constituição de 1988 preservou a contribuição sindical compulsória, mantendo, assim, a principal fonte de recursos dos sindicatos.
Esse imposto foi muito importante para a organização sindical brasileira no momento em que esse movimento foi criado no país, na década de 1930. E, embora ele não seja mais necessário para as entidades do setor público, ele ainda é importante para a manutenção de várias entidades do setor privado, incluindo aí as entidades dos jornalistas profissionais com diploma universitário.
Ao terminar de ler as matérias de pauta única da mídia velha não restam dúvidas, não há qualquer intenção de informar a população, o objetivo é criminalizar uma das formas clássicas da organização da classe trabalhadora, que são os sindicatos, suas federações e confederações e as centrais sindicais.
Em tempos de Congresso com ladrões de direitos que unem-se vergonhosamente pra derrubar 100 anos de conquistas da classe trabalhadora com a aprovação do famigerado PL4330, precarizando as condições de trabalho e pondo em risco as conquistas trabalhistas da CLT, o jornalismo negócio, de espírito escravocrata, faz o de sempre: serve como megafone dos interesses do capital com seu chicote manipulador desinformando e confundindo os próprios trabalhadores.
As tentativas de criminalizar a luta da classe trabalhadora organizada só mostram o quão os sindicatos e centrais verdadeiramente comprometidos com as lutas de seus associados são necessários como instrumento de luta.
The post Campanha da mídia monopolizada busca desmoralizar e enfraquecer o sindicalismo appeared first on MariaFrô.
’678′ um programa na tv pública argentina que tem muitas lições para a TV Brasil
30 de Julho de 2015, 12:09Ontem publiquei aqui no blog algo realmente inédito na TV Brasileira, um jornalista, âncora do principal telejornal da TV Gazeta fazendo autocrítica da mídia e explicando que a notícia sobre a ‘maior alta do dólar em 12 anos’ era falsa. Além disso ele teceu comentários sobre a dificuldade dos meios de comunicação reconhecerem que erram por ignorância, incompetência, soberba ou em casos mais graves por má fé.
Por isso o texto de Lalo Filho de 2012 que reproduzo a seguir é bem interessante. Ele nos mostra que nos países onde o monopólio dos meios de comunicação teve fim, a tv ganhou novas vozes dissonantes, críticas, que enriquecem o debate. Ninguém foi silenciado na Argentina, ao contrário, vozes que antes nunca eram ouvidas na tv passaram a ter espaço e público para assisti-las. A democracia só tem a ganhar com isso.
A TV Brasil tem muito a aprender com as tvs públicas argentinas, conhecê-las tornaria a TV Brasil menos refém de suas irmãs monopolizadoras das concessões públicas que criminalizam a tv pública. Elas assim agem, porque sabem que se a comunicação pública resolvesse ser de fato pública criaria outras referências aos padrões pobres e emburrecedores da tv comercial no Brasil.
Para conhecer o programa a que Lalo se refere em seu artigo, acesse: 678
Crítica da mídia é sucesso na TV argentina
Laurindo Lalo Leal Filho, na Carta Maior
31/01/2012
Criticar a mídia não é tarefa fácil. Primeiro pela falta de espaço. Salvo a internet são raros os canais abertos para a discussão do papel dos meios de comunicação na sociedade atual. Contam-se nos dedos os veículos que fazem algum tipo de autorreflexão. O padrão geral é o da arrogância pura e simples.
Lembro da Ong TVer, no final dos anos 1990, encaminhando reclamações recebidas de telespectadores sobre uma menina, exposta no Fantástico, tendo que decidir se ficava com a mãe biológica pobre ou com a adotiva rica. A resposta da emissora foi de uma soberba a toda prova. Não entrava no mérito limitando-se a dizer que sabia o que o público queria, mais ou menos isso.
Ouvidorias na mídia brasileira existem apenas em dois jornais diários e nas emissoras públicas de rádio e TV da EBC. Programas de crítica da mídia são raros. Acostumada a se apresentar como quarto poder, ela não admite qualquer debate público sobre o seu trabalho. Coloca-se acima do bem e do mal, não faltando teóricos a ela alinhados para arrumar justificativas positivistas para esse papel quase divino.
A internet tem sido um instrumento importante para quebrar essas barreiras. Quase diariamente os meios convencionais têm seus erros e omissões denunciados em sites e blogues. Mas ainda atingem parcela restrita da população. Daí a importância de se discutir a mídia nos meios de largo alcance.
Na Argentina a televisão pública vem surpreendendo o telespectador com um debate até então inédito, levado ao ar pelo programa 6 7 8. Com bom humor, ironia e documentação consistente, os grandes jornais e as emissoras comerciais de rádio e TV são analisados e criticados diariamente em horário nobre.
A estreia ocorreu em 9 de março de 2009 e seu nome 6 7 8 refere-se à presença de seis debatedores, no canal sete, às oito da noite. Mudou de horário (passou para as 21 horas) e ampliou o número de participantes mas não alterou o nome.
O uso do arquivo é uma das armas mais poderosas do programa. Selecionam previsões de analistas de política ou economia dos grandes meios, feitas algum tempo atrás, e as confrontam com a realidade atual, sempre diferente. É como se aqui fossemos buscar nos arquivos as previsões catastróficas de comentaristas como Miriam Leitão ou Carlos Sardenberg e mostrássemos como elas estavam furadas. É, no mínimo, divertido.
O sucesso do programa é tal que já há até um livro sobre ele: ¿6 7 8 La creación de otra realidade¿ (Editorial Paidós). Trata-se de uma longa conversa entre uma ex-apresentadora do programa Maria Julia Olivan e o sociólogo Pablo Alabarces, além de depoimentos do criador do 6 7 8 Diego Gvirtz e do jornalista, especializado em TV, Pablo Sirvén.
O objetivo central do programa é explicitado no livro: contradizer a realidade construída pelos grande meios. Para isso procuram mostrar os mecanismos de construção da realidade no jornalismo que ¿se apresenta como real, como verdade, quando é antes de tudo uma narração sobre essa realidade¿.
Maria Julia deixa isso mais claro ao dizer que ¿como produto televisivo, 6 7 8 nos conta a sua verdade ou a sua maneira de ver a realidade. Clarín, ao contrário, faz circular a sua opinião dizendo que essa opinião é a realidade¿.
Esse debate, levado diariamente à casa do telespectador, é inédito. Chega ao grande público uma prática que, até então, estava restrita ao mundo acadêmico e a alguns militantes políticos: a chamada leitura critica dos meios de comunicação.
As conseqüências são palpáveis. Acompanhar o 6 7 8 tornou-se uma forma de ação política ou ¿um ato de militância, de adesão¿ segundo Maria Julia. No Facebook há mais de 450 mil seguidores. O sociólogo Pablo Alabarces diz que o programa é uma espécie de semiologia para a classe média que ¿os estudantes de comunicação têm no ciclo básico comum e aqui se transforma em vulgarização televisiva¿.
Talvez seja por isso que a mãe de Maria Julia tenha dito que ¿até começar a ver o programa, eu acreditava que todas as notícias eram realidade mas depois me dei conta que a informação é construída; que não é o mesmo se te dizem as coisas de uma maneira ou de outra¿.
6 7 8 não esconde seu alinhamento com o governo. No entanto revela, ao mesmo tempo, a existência de um público que apóia o governo e não era contemplado pelos demais meios de comunicação. Nesse sentido o livro ressalta a existência, pela primeira vez na história da Argentina, de uma política oficial de comunicação. Entre seus objetivos está o de contradizer os meios de comunicação tradicionais, papel desempenhado com desenvoltura pelo programa 6 7 8.
The post ’678′ um programa na tv pública argentina que tem muitas lições para a TV Brasil appeared first on MariaFrô.
Mauro Santayana: Google e a manipulação midiática
29 de Julho de 2015, 21:42Google e a manipulação midiática
Mauro Santayana, Jornal do Brasil
27/07/2015Quando as grandes empresas de internet surgiram, nascidas nas universidades, e não nos grandes grupos de comunicação que já existiam, houve esperança de que elas viessem a contribuir para a consolidação de um ambiente de produção, publicação e troca de informações realmente livre.
Um novo espaço que privilegiasse o indivíduo no lugar do Sistema, ajudando-o a libertar-se do deletério domínio da mídia tradicional, umbilicalmente ligada, de parte a parte, por milhares de tentáculos, aos maiores grupos empresariais privados, que, no mundo inteiro, e em cada país, trabalham para manter o status quo e defender seus interesses, entre eles o de continuar – mesmo depois do surgimento da Rede Mundial de Computadores – a manipular e a explorar, do nascimento à morte, o homem comum.
Website mais visitado do mundo, e a marca mais valiosa do planeta, com aproximadamente 25.000 funcionários, um enorme faturamento e bilhões de usuários, o Google parecia ser uma dessas empresas, voltada, como rezava a missão inicial do “navegador” criado por Larry Page e Serguey Bryn, para “tornar a informação mundial universalmente útil e acessível.”
A primeira impressão, era a de que o Google buscava, ao menos aparentemente, uma aura de identificação e comprometimento com os “melhores” valores, que se refletia no lema “dont be evil” – “não seja mau”, e outros slogans relacionados de sua “filosofia corporativa”, como “você pode ganhar dinheiro sem fazer o mal”, ou “você pode ser sério sem um terno”.
Uma impressão reforçada – teoricamente – pelo fato do Google não perder uma oportunidade de declarar seu “marcante” comprometimento com a neutralidade da internet, como diz, quase sempre, seu vice-presidente e “Chief Internet Evangelist”, Vint Cerf, quando afirma que “não se pode permitir que os provedores de acesso controlem o que as pessoas vêem e fazem online.”
No entanto, o Google, além de ter tido problemas em vários países do mundo no quesito privacidade, sempre esteve estreitamente ligado à comunidade de informações norte-americana, como revelaram jornais como o The Huffington Post , no ano passado, reproduzindo e-mails divulgados pela Al Jazeera America, trocados entre o Presidente da NSA (Agência Nacional de Segurança) dos EUA, o general Keith Alexander, o Presidente do Google, Erick Schmidt, e um dos seus fundadores, Serguey Bryn, nos anos de 2011 e 2012.
Afinal, porque o Google – em uma excelente jogada de relações públicas – por meio do seu presidente Erick Schmidt – fez questão de receber na sede da empresa a Presidente brasileira Dilma Roussef em sua recente visita aos Estados Unidos?
Não apenas porque o Brasil é o quinto país do mundo em usuários de internet ou abriga o único Centro de Desenvolvimento Tecnólógico do Google na América Latina.
Mas também, e principalmente, porque no auge do escândalo de vigilância global da NSA, e dos Five Eyes – a aliança de espionagem anglosaxônica que reúne os EUA, a Austrália, o Canadá, a Nova Zelândia e o Reino Unido e “parceiros privados” – em que Edward Snowden desnudou ao mundo o gigantesco sistema de monitoramento em massa e a íntima correlação entre agências de informação dos EUA e grandes empresas norte-americanas que dominam o negócio da internet – incluindo, como vimos, o Google – foi Dilma Roussef que liderou a reação mundial aos EUA, suspendendo sua visita de Estado aos Estados Unidos, e aliando-se à Chanceler alemã Angela Merkel, na apresentação e aprovação, na ONU, por 193 países – contra a vontade de Washington – das diretrizes de uma “lei de internet mundial” a resolução sobre “O Direito à Privacidade na Era Digital”.
Diante do gigantismo do Google e do dinheiro que aplica em marketing – incluindo um bilhão de dólares para um fundo de filantropia – é preciso prestar a atenção em detalhes para encontrar provas de seu claro comprometimento com o status quo e as forças mais conservadoras em cada país em que atua.
Talvez a mais evidente delas, que pode passar – e essa é a sua função – desapercebida pela maioria dos leitores, é a presença de uma seção denominada de “Sugestões dos Editores”, que se pode ver no alto da tela, na coluna da direita, da página inicial do Google Notícias.
Dependendo do momento em que estiver olhando, o leitor pode se deparar com chamadas para matérias prosaicas, como dicas de beleza, dietas, etc.
Mas, na maioria das vezes, ele terá chance encontrar, “casualmente”, no mesmo espaço, no Brasil, por exemplo – mas não apenas em nosso país – o mesmo tipo de conteúdo reacionário, anacrônico e fascista, que intoxica maciçamente a internet brasileira, hoje, o que leva, naturalmente, qualquer leitor mais atento a se perguntar : que raios de “editores” são esses?
Seriam “editores” do Google? Ou “editores” voluntários, organizados em grupos de leitores?
Não. Trata-se de “editores” de veículos de informação “tradicionais”, que enviam suas “sugestões”, principalmente de artigos de opinião, ao Google, por meio de feeds.
Em suas informações sobre a seção, o Google explica que qualquer veículo pode enviar uma sugestão.
Mas quem escolhe quais e em que ordem essas sugestões irão ser publicadas na primeira página do Google News?
Se fossemos pensar no âmbito exclusivamente empresarial, compreende-se que, procurando fabricar de óculos a relógios, de carros a balões de reprodução de sinal de internet – e ampliando suas atividades para serviços correlatos de fornecimento de banda larga para usuários finais, que acaba de lançar nos EUA – o Google se sinta cada vez mais como parte do ambiente empresarial tradicional, voltado para ganhar dinheiro e lucrar com o consumidor final – no seu caso, bilhões de consumidores finais – com os quais estabelece contato, por meio de seu brownser, todos os dias.
Também se comprende que o Google busque boas relações com grandes empresas jornalísticas dos países em que está presente, de onde busca – ainda – a maior parte do conteúdo informativo apresentado a seus usuários por seu motor de pesquisa, principalmente depois que foi proibido de indexar esse conteúdo – por ter se recusado a pagar por ele – , em países como a Espanha.
O problema é que, ao fazer isso – dar destaque às “sugestões dos editores” – um eufemismo para levar o consumidor a ter acesso destacado e facilitado, no alto de página, ao diktat da mídia tradicional, manipuladora e conservadora que predomina nos países em que atua, o Google está tomando uma atitude política, e também está renegando, descaradamente, o seu “GUIA DE NEUTRALIDADE DA REDE” e os princípios que ele evidencia, quando afirma que:
“Neutralidade da rede é o princípio de que os usuários da Internet devem estar no CONTROLE DO CONTEÚDO QUE ELES VÊEM e de quais aplicações eles usam na internet. A Internet tem operado de acordo com este princípio de neutralidade desde seus primeiros dias… Fundamentalmente, a neutralidade da rede é a igualdade de acesso à Internet. Em nossa opinião, as operadoras de banda larga não devem ser autorizadas a usar seu poder de mercado para discriminar candidatos ou conteúdos concorrentes. Assim como as empresas de telefonia não estão autorizadas a dizer aos consumidores para quem eles devem ligar ou o que eles podem dizer, as operadoras de banda larga não devem ser autorizadas a utilizar seu poder de mercado para controlar a atividade online.”
E também está, na verdade, rasgando os compromissos assumidos com o público, quando do lançamento do seu serviço de notícias, em 2002, quando afirmou que havia criado um site “altamente incomum” que oferecia um serviço de notícias compilado UNICAMENTE por algoritmos de computador, SEM INTERVENÇÃO HUMANA, ressaltando que para esse serviço não empregava “editores, editores de gestão, ou editores executivos.”
Como os usuários devem estar no controle do que eles vêem? Como “unicamente” por “algoritmos de computador” e sem “intervenção humana” ?
São robôs os “editores” privados que determinam com suas “sugestões” no alto da coluna da direita, da página inicial do Google News, todos os dias, o que o leitor deve ler, nos países em que o Google atua, começando pelos Estados Unidos?
Desse ponto de vista, o Google pode não estar empregando “editores”. Mas nem precisa.
Ao menos nessa seção, o maior site de buscas do planeta preferiu terceirizar o trabalho de escolher o que seus usuários devem ler para os grandes grupos de mídia. Abrindo mão de estabelecer – por meio da internet – um marco na história da comunicação – um novo patamar na relação entre o indivíduo e o universo informacional, para transformar-se, como um mero aparelho de rádio ou televisão, em apenas mais um instrumento de repetição e disseminação do que dizem os maiores jornais e revistas de cada país em que atua. Delegando a essas empresas e jornais – que tem seus próprios compromissos e interesses – o direito de determinar o que eles acham que é mais importante e conveniente – para eles e seus anunciantes, é claro – que os usuários vejam e leiam.
Ainda em suas informações sobre o serviço, o Google diz que é possível para o leitor escolher com que “editores” prefere ter mais “vínculos”, e existe até mesmo uma barra deslizante para que ele possa “personalizar esta fonte de notícias”, mas a maioria dos usuários tem tempo, conhecimento, ou iniciativa para trabalhar com ela ?
E como fica isso no caso das centenas de milhões de usuários que acessam o Google News sem ter uma conta do Google, ou em “lan houses” e “cybercafés”- como ocorre na maioria dos países mais pobres – ou de seu trabalho, por exemplo?
Eles vão deixar de ler, e de ser influenciados, pelas chamadas dessa seção específica?
Seria mais honesto que – caso se visse a isso obrigado, mesmo considerando-se o público que já acarreta para os portais da mídia tradicional – o Google colocasse como publicidade claramente identificada, banners dirigidos para o conteúdo desses veículos na primeira página do Google News e cobrasse – claramente – por esse serviço.
Ao disfarçar esse conteúdo, colocando-o no alto da página, mas obedecendo ao mesmo layout, tamanho de letra, etc, das chamadas normais de conteúdo automaticamente indexado, o Google mostra que tem reforçado, ao longo do tempo, de forma sutil, mas reconhecível, uma decisão clara: a de ficar ao lado do Sistema e não do cidadão, ajudando a reproduzir os esquemas de poder, dominação e manipulação que existem no mercado editorial e jornalístico de cada país, na rede mundial de computadores.
Transformando-se em um instrumento e uma extensão a mais da “fabricação do consenso”, ou do consentimento, de que fala Noam Chomsky e do controle do sistema jornalístico tradicional sobre o homem comum, e contribuindo para estender o poder dos grandes grupos empresariais de comunicação de cada país sobre a opinião pública.
Com seus carros que andam sozinhos, o Google Earth, o novo serviço que permite chamar do Gmail para telefones, e suas ações no apoio à pesquisa científica e à filantropia, a marca Google pretende ser apresenbtar-se e ser identificada com uma empresa inovadora, que pareça estar voltada, como um farol, para o século XXI e o futuro.
Livrar-se dessa excrescência incômoda, do ponto de vista moral e político, deixando apenas os algoritmos, a busca temática, e o critério de relevância arimética, como mecanismos de escolha do leitor, na primeira página de seu serviço de notícias – isso, sim, faria do Google, ao menos aparentemente, uma marca realmente inovadora do ponto de vista da relação da mídia com a opinião pública.
Quem sabe, assim, o Google poderia abrir caminho para se transformar em uma companhia verdadeiramente global – da forma como pretende apresentar-se e quer que o público o reconheça – e não – como ele parece ser agora – uma mera extensão do poder do establishment norte-americano – e de seus prepostos locais – sobre a internet e os seus usuários em todo o mundo.
The post Mauro Santayana: Google e a manipulação midiática appeared first on MariaFrô.