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Toni Cordeiro

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A presidente do FMI afirma que os velhos vivem demais...

22 de Julho de 2016, 23:59 , por Gestão Pública Social - | No one following this article yet.
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O que pode ser novidade a essa altura do golpe? Apenas as desgraças futuras, que o “mordomo de filme de terror”, como chamou Renan, promete se solapar de vez o governo. Uma coisa boa nessa história é que ele não esconde nada. Declara publicamente, sem o menor constrangimento, a quem serve e o que pretende fazer para restaurar o poder da casa-grande, além de servir como espião aos Estados Unidos, onde ofereceu, além da vinda das empreiteiras americanas, a gestão do petróleo brasileiro. Algo impensável há pouco tempo.


Acompanhei de longe a resistência do povo turco, que evitou um golpe de estado e aí me dou conta de como grande parte da população brasileira é atrasada em termos de consciência política, direitos constitucionais e principalmente sobre o papel institucional da sociedade organizada no que se refere à participação e controle social de todas as políticas públicas. Esse setor da sociedade age como ventríloquos da mídia golpista e escolhem seus representantes, vezes pelo coração e outras tantas por desprezo e em ambos os casos, muito longe da razão. É melhor votar nulo do que por desprezo.


Voltando para a crise política atual, acredito que estamos pagando muito caro pelos governos Lula e Dilma não terem feito às reformas necessárias quando as condições eram totalmente favoráveis, além de mais caro ainda, pelo fato de ambos os governos não terem investido pesado nas mídias alternativas, como por exemplo, a radiodifusão comunitária, onde milhares de Rádios e TVs poderiam estar contando o que o PIG não conta, assim como fazer a defesa de um governo eleito democraticamente, que foi sorrateiramente solapado.


O Vampiro Temer é apenas um condutor de um barco desgovernado que foi roubado de seu verdadeiro dono, porém quem pensa estrategicamente para onde esse barco deve caminhar e com quem dentro dele, são as forças do capital internacional, aliadas a elite brasileira devassa que se acostumou a ser servida e uma leva de empresários que enxergaram no golpe uma ótima oportunidade de rasgarem a CLT e mexerem em conquistas que até então pareciam imexíveis.


Quero chamar a atenção nesse artigo para o fato de que toda crise gera um estado de tensão e uma profunda ruptura na arte de sonhar. Mesmo tendo consciência clara do processo e sabendo que se trata de mais uma reciclagem do capitalismo, em alguns momentos também embarco no túnel do tempo e reviro o passado em busca de alguma luz no fim do túnel.


Foi numa dessas viagens que recorri a Paulo Freire para tentar entender o que ele chamava dos “Condenados da Terra”, que na prática são os excluídos e as excluídas da sociedade e com isso tentar dimensionar a responsabilidade que a militância de uma causa nos obriga a ter.


É bom que se entenda, que dirigentes de entidades, candidatos e candidatas ao legislativo e executivo, representantes de qualquer ordem e principalmente quem se consideram lideranças, mexem e muito, às vezes sem nenhuma permissão, com os sonhos das pessoas, com as fantasias expressas na possibilidade de mudança na qualidade de vida e é essa expectativa que faz com que elejam seus pretensos representantes.


A indignação de grande parte da sociedade, com ou sem consciência política, vem do fato de se sentirem lesados e lesadas pelos seus representantes. Sentem-se enganados e buscam um ponto de referência para a mudança. Daí, ou encontram falsos líderes que tentam lhes vender terra no paraíso ou ainda velhos e novos políticos que quer apenas se dar bem e novamente o paraíso como recompensa. A partir dessa constatação dá para entender o que são as famosas “garrafinhas” na vida política?


Tenho afirmado que a sociedade está doente. A cada dia nasce seus estereótipos. Por sua vez o capitalismo não foi, não é e nunca será uma alternativa econômica. Suas crias continuam a desprezar a humanidade.


Como não se indignar, por exemplo, com a declaração da Presidente do FMI Christine Lagarde (uma pessoa também velha), quando afirma que “os idosos vivem demais e são um perigo”? Como não ficar possesso com a declaração de outro ser desprezível, Rimantė Šalaševičiūtė, ministra lituana da Saúde, membro do PSD Lituano, que declarou pouco depois de tomar posse, em 2014, que a eutanásia deveria ser considerada como uma boa opção para os pobres que não podem pagar os cuidados de saúde.


Para o capitalismo bom mesmo seria matar aquelas crianças que nascem com algum tipo de problema e desnutridas, assim como se encurtar a vida de pessoas idosas, pois em ambos os casos o custo-vida para o capitalismo selvagem é muito alto. Julga-se a humanidade a partir de números e de resultados. É a teoria do ter versus a do ser. É por exemplo, a teologia da Prosperidade versus a da Libertação.


Um estudo recente divulgado no último dia 8 de julho pelo FMI, alerta que em 2035, cerca de 20% da força de trabalho em Portugal será considera “velha”. O valor representa um aumento explosivo, pois atualmente esse número é de 14,9%, sendo que na Espanha, Itália e Grécia irá mais que duplicar.


O mais assustador é que a preocupação dos técnicos do FMI, representantes do capitalismo selvagem, expressa no documento citado acima, não vem do fato de que poderá haver um desequilíbrio em termos oportunidades de trabalho e consequentemente de sobrevivência, mas que essa mão de obra “velha” vai reduzir o crescimento da produtividade e aumentar o custo social.


Cita ainda o documento que o envelhecimento da força de trabalho, que caminha de mãos dadas com o envelhecimento da população e com o declínio da natalidade, “será provavelmente um empecilho significativo ao crescimento da produtividade durante as próximas décadas”.


O que me interessa nessa conversa é saber até que ponto seremos capazes de libertar o povo para que tomem suas próprias decisões de forma consciente, sem usá-lo, seja como mão de obra barata ou ainda como “garrafinhas”, que se traduzem em “massa de manobra” para os politiqueiros de plantão.


O mais trágico é que a capacitação e a formação política como antídoto a esse processo de desigualdade acabam sendo algo “subversivo”, infelizmente até mesmo em setores da chamada esquerda brasileira, pois ao libertar pode se criar uma competição, principalmente aos eternos candidatos.


Paulo Freire em seu Livro Pedagogia da Autonomia faz um alerta: “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo”.


Referências:




Sobre a Eutanásia: http://www.jornaltornado.pt/eutanasia-pode-ser-opcao-pobres/ 

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)

Pesquisador em Gestão Pública Social

tonicordeiro1608@gmail.com

Fonte: http://gestaopublicasocial.blogspot.com/2016/07/a-presidente-do-fmi-afirma-que-os.html