Não é a Greve que leva ao caos, é o caos que leva a Greve
28 de Maio de 2018, 15:42
Sobre a Greve Geral:
Rosa Luxemburgo passou sua vida comprometida em descrever a relação da classe trabalhadora, dos movimentos de esquerda e a luta contra o capitalismo. Não é por acaso que a militante nunca perdeu de vista a democracia e a liberdade como um princípio fundamental de suas obras.
As massas, o povo, não devemos subestimar, pois o ímpeto revolucionário urge entre a exploração e o processo de vida aliado a consciência e o amadurecimento das lutas sociais.
No Brasil, em junho de 2013, o povo foi às ruas lutar para ampliar uma série de direitos como transporte, moradia entre outros serviços essenciais aos mais pobres. Um momento rico de aprendizado. A disputa daquela narrativa não foi apenas por parte da direita através da mídia golpista e suas panelas. Vamos refletir! Neste momento (re)nasceu autônomas organizações que também em 2016 e 2017 continuaram na denúncia ao Golpe imposto no país.
Não será diferente em 2018. Uma Greve que começou dos interesses dos patrões a cada dia os próprios grevistas e os movimentos sociais e populares procuram disputar tamanha narrativa, travando das massas a organização geral da classe trabalhadora.
Nas ruas! Caminhoneiras/os recebem solidariedade da população local e de movimentos importantes como o MST, mas somam os sindicatos que estavam ou entram em greve como o de professoras/os, metroviários, petroleiros, metalúrgicos dentre outros em todo país. Pode ser um ensaio para a Greve Geral.
Não devemos TEMER.
A liberdade, os direitos sociais e as conquistas são feitas pela luta popular e nada se constrói da concessão. A própria categoria sindical nas estradas vai compreendendo que ou as pautas políticas se alinham pela demanda popular ou não terão legitimidade e apoio em todo país. Várias cidades estão neste momento chamando atos de apoio consolidando a solidariedade de classe.
São lições diárias. Nós classe trabalhadora devemos aprender com toda Greve. Entender que são os/as grevistas, quais as pautas e a correlação entre as reivindicações e as lutas gerais. Em continuidade com os ensinamentos de Rosa Luxemburgo, a luta é o que muda, o resto, apenas ilude, pois o capital é incorrigível!
Por uma sociedade onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres.
Leonardo Koury Assistente Social e Professor em Belo Horizonte.
Quem somos e para que viemos?
28 de Maio de 2018, 15:31
Você se conhece de verdade? Age por convicção ou por impulso? É do tipo: nasci assim vou morrer assim? Então não se conhece... A vida de vez enquanto muda as perguntas e some com o mapa de voo...
Estou preocupado com o momento atual, tanto o meu que quero mudanças urgentes, como o do país golpeado. Para o país não vejo saída em curto prazo e em meu favor tenho os sonhos que ainda faltam realizar e uma vontade imensa de colar gravuras mitológicas nas páginas da minha história.
Na quinta passada ao caminhar numa tarde gelada em São Bernardo do Campo, fui fazendo um balanço do meu projeto de vida. Percebi o quanto ainda falto para completar, mas descobri que sigo na direção certa.
Ontem domingo, pensando nisso, me dediquei a tarde toda, depois de uma atividade política, em ouvir músicas e em deixar que a voz da minha essência pudesse me dizer o que escrever. A escrita passou a ser minha melhor terapia.
Quem somos? Essa é a grande pergunta para os emocionais. Creio que sejamos apenas o invólucro aparente do que habita em nós. O verdadeiro eu está na essência oculta e na intenção que revela o que poderemos ser a cada instante. Cada ser em particular vai tecendo sua morada com seus atos e fatos. Moldando a casa da vida. Algo que se constrói ao longo do tempo, no exercício de viver e nem mesmo o tempo, que é senhor da razão, revela quem somos ao todo, apenas em partes, sempre de acordo com nossos momentos e nossas emoções. Por isso a vida é bela. Nossos momentos nunca são ou serão iguais.
Como vimos no texto anterior, não podemos entregar nossas vidas, nem somente ao destino e muito menos ao acaso. Podemos intervir e ir mudando sua trajetória de acordo com nossas intervenções e nossas intensões. O bom mesmo é saber que cada dia que nasce se revela como uma nova possibilidade de nos completarmos ou como um ato revolucionário de nos reinventar.
Somos vidas para outras vidas. Somos refúgio para quem de nós necessita. Somos o ontem das alegrias e tristezas, o hoje do semblante serio querendo mudanças, mas também seremos o amanhã com novas ações e emoções e principalmente a certeza de que com a missão cumprida vale a pena viver.
Que força estranha é essa que buscamos quando estamos em apuros ou de maneira desconfortável? Dizem que é a voz da alma nos dizendo que a vida mal começou e que a verdadeira resposta está dentro de nós. Outros dizem que é a luz divina que sopra a nos conduzir ao que almejamos. Seja o que for ela existe, alimenta nossas incertezas e nos faz acreditar que sempre será possível.
O estranho e interessante ao mesmo tempo, é que quando menos se espera algo invade nossas mentes e corações e tudo aquilo que ontem era quase impossível de ocorrer, simplesmente desaparece dando espaço para uma nova sensação de alívio e tudo se explica. Para isso precisamos estar conectados com o bem. Quem busca luz, dessa se nutre, mas quem vive na escuridão por ela é consumida.
Às vezes enxergo a vida como uma colina, daquelas que vemos nos desenhos animados e vamos contornando com o olhar. Uma luta intensa para subimos ao topo, em muitos casos sem propósito, apenas pelo prazer da chegada e depois vamos descendo sem saber ao certo como será o caminho. Porém, o prazeroso é fazer o percurso, desfrutar o que é bom, aprender com as criaturas que atravessam em nossos caminhos e ir se convencendo que isso é que é viver.
Se formos atentos poderemos observar as águas claras e cristalinas que descem das encostas e com elas o frescor da vida. Uma longa caminhada que nos faz em certos momentos desanimar, porém a relva que encontramos ainda molhada dos orvalhos das noites nos faz acordar e perceber que do outro lado do rio alguém nos espera cantarolando uma linda canção. Quem sabe não seja um anjo de luz a iluminar nossos caminhos, que às vezes se turvam e a mostrar que nunca estaremos sós.
Não tenho dúvidas que vim ao mundo a trabalho e para servir. Isso me emociona e me mostra as tarefas. Como explicar esse propósito de nascer para servir? Sentir a energia da troca, onde alimentamos os sonhos das pessoas desprovidas deles ou ainda suprirmos o que o capitalismo selvagem levou por ganância a vida toda. Quem pensa assim, não faz benevolência. Acolhe, ajuda caminhar, mas continua a lutar contra quem provocou as injustiças e por uma nova sociedade onde os de baixo tenham vez.
Hoje quando vi o sol nascer me senti aliviado, entendendo que tudo o que foi se foi e tudo há de vir virá. Que minha força de vencer todos os obstáculos e criar coisas novas seja capaz de me ensinar a conquistar tudo que almejo e ter ao meu lado as pessoas que me fazem feliz e, sobretudo que se sintam felizes também caminhando ao meu lado.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
O destino existe? Como lidar com o acaso?
25 de Maio de 2018, 0:51Será o destino? Vidas que se cruzam. Caminhos a passar. O que o destino me reserva? Sorte ou azar? Enfim... Ao divagarmos sobre o destino, transitamos por um caminho desconhecido perante nossa falta de percepção da vida.
O que dizer então do acaso? Algo que ocorre sem intenção prévia. Podemos afirmar que no caminho para o destino nos deparamos em vários momentos com o acaso? Ao aceitarmos essa hipótese um debate se estabelece. Como explicar se o que ocorre em nossas vidas ocorre por sorte ou por azar? Ou ainda, ocorrem ou ocorreram em função do destino ou ao acaso? Seja o que for o que está feito, feito está, mas o que ainda está por acorrer, quem sabe por um acaso possamos intervir em nosso destino. Sabe o que é mais assustador? É saber que a única coisa certa em nosso destino é o fim ou o começo para quem acredita.
Fernando Pessoa escreveu sobre o destino: “Segue o teu destino. Rega as tuas plantas. Ama as tuas rosas. O resto é à sombra de árvores alheias”. Tem um mundo de interpretações nessas frases, que encara o destino como algo inerente a cada ser humano, não antes de chamar a atenção para que sempre reguemos nossas plantas e amemos as rosas, ou bem que poderiam ser flores amarelas do campo. O resto meu caro e minha cara são árvores alheias, que se não lhe pertencerem, estarão margeando seus destinos.
Segundo a Profa. Salete de Oliveira Buffoni, a Teoria do Caos propõe uma ideia de destino. “Em termos filosóficos, podemos dizer que o destino existe, mas nós o modificamos toda vez que fazemos determinadas escolhas que vão influenciar o futuro”. Cada uma dessas escolhas se conscientes, poderão produzir efeitos mais ou menos previstos, mas se forem ao acaso, os efeitos poderão ser catastróficos em nossas vidas, tanto de ação-reação, como principalmente de causa e efeito.
Nunca no Brasil (vi esse termo certa vez espetado num lindo jardim) quero viver de escolhas ao acaso, embora nem sempre tenha certeza disso. Se o destino colaborar, gostaria que minhas escolhas fossem sempre conscientes, pois quero ter a esperança de revisar meus erros, de refazer caminhos e principalmente de me refazer sempre que a vida me botar numa encruzilhada. Jamais imponho a minha verdade como única e absoluta. Toda vez que minha dita verdade, comandada normalmente pela minha cabeça, quer prevalecer, recorro à voz que vem do coração. Por isso sou emoção.
Estou convencido de que escolher é muito mais fácil do que ser escolhido, porque quando escolhemos e sofremos as consequências dos revezes da vida, as frustrações são sós nossas, mas quando somos escolhidos e frustramos as pessoas que nos escolheram, por certo ficaremos para sempre com o estigma e o ônus do Pequeno Príncipe.
Ainda nessa linha, Clarice Lispector escreveu: “Decifra-me, mas não me conclua. Eu posso te surpreender...” Uma frase enigmática que provoca o presente e inquieta o futuro. Fiquei pensando vários dias nessa frase. O que será que se passava na cabeça dela quando escreveu? Seria uma provocação ou uma desilusão? Ou ainda as duas juntas? Uma frase que expressa em seu universo: Fim, dúvidas, mas quem sabe uma possibilidade...
Algo hoje nesse campo me inquieta. Será que o destino influencia diretamente a vida política de um país, de um estado ou de um município? E seus personagens centrais como são escolhidos? Ou será que no mundo complexo da política, pois inclui um sistema, opções ideológicas e os meios para se conseguir avançar ou retroceder, são tocados pelo acaso? A resistência através da organização popular é uma certeza para quem quer mudar o destino político de um país, de um estado ou de um município, mesmo que só seja infinito enquanto dure, mas por certo ficará.
A única certeza que tenho é a de que a escolha de uma causa para se lutar, daquela que faça valer nossa própria vida e que acaba virando o que rege a nossa militância política, essa não tem nada de acaso, pois vem da certeza. Quando a causa é escolhida por pura convicção política-ideológica, se torna real e ficará para sempre.
Ah Clarice Lispector, como me identifico com suas inquietudes... “Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar”.
No mais, cada vez que o trem da história faz uma curva e eu me desequilibro, sinto no momento seguinte que a vida está me testando para saber qual é o meu limite. Aí olho para trás e vejo o quanto plantei e mesmo que tenha deixado de regar algumas plantas, em alguns momentos por pura estupidez, sei que o tempo como senhor da razão vai me proporcionar uma ótima colheita.
Que venha o amanhã, o depois do amanhã e principalmente o futuro onde depositarei minha história.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
Você já se procurou nas veredas da vida?
17 de Maio de 2018, 0:21Escrevo esse post como uma espécie de acerto de contas comigo mesmo, porém sempre procurando dialogar com o futuro, a partir de fragmentos dos últimos tempos. O que continua sendo belo é o ato de viver.
A introspecção nos leva ao mundo das reflexões. Tira-nos da certeza de que o mundo gira apenas em torno de nossas cabeças, a partir de nossas emoções e isso nos faz rever conceitos, buscar pontos de equilíbrio, juntar pedaços do que passou e nos direciona ao centro de nossos universos, em busca das nossas essências que às vezes parecem perdidas.
Espelho, espelho meu, quem de fato sou eu?
Espelho, espelho meu, quem de fato sou eu?
Você já se fez essa pergunta? Já se perguntou quem de fato você é? Já se encontrou de forma deslocada de seu eixo natural? Que vereda seguiu? Encontrou-se rapidamente? Que contribuição lhe trouxe o amor, ou foi tudo ilusão? Perdoou e foi perdoado? São perguntas e respostas que interessam a milhares de pessoas, que em muitos casos, nunca pararam para pensar.
Nem de longe me atreverei a responder perguntas tão intrigantes e embaraçosas, até porque a vida nos coloca em cada encruzilhada... O objetivo deste post é apenas e tão somente parolar sobre os desencontros da vida.
Sinto-me um tanto incompleto para analisar as reações humanas, até porque humano que sou vivo também tendo reações, às vezes nada confortáveis, para quem vive comigo. Coisas de um ser imperfeito que vive a se buscar, que como forma de compensação recorre à leitura em busca de novos conhecimentos e novos conteúdos que ampliem o poder de reflexão frente ao que escreve para o blog. Que bom ter esse espaço para desabafar...
Em termos gerais, como fazer uma análise criteriosa da sociedade atual e dos problemas nela contidos, se vivemos um dos piores momentos que a sociedade brasileira já viveu? De um lado uma nação individualista odiosa e surreal pulando atrás de um pato gigante, comandada por agentes do mal e de outra uma massa despolitizada, alienada, carente e com grande parte dela de volta à miséria. No meio dessa situação um grupo de sonhadores e sonhadoras, militantes das causas socialistas e humanistas, tentando salvar o mundo contaminado pelo ódio, friezas emocionais e cálculos financeiros, sob a demanda dos profissionais da politica. O que somos e o que queremos ser?
O que dizer então de uma casta de intelectuais, seja de direita ou de esquerda, que vive em outro planeta? Fala uma linguagem que só eles entendem.
Para fugir dessa apatia, sinto vontade de misturar poesia com cachaça, como diz a música de Vinicius de Moraes “Cotidiano nº 2”, mas no meu caso não discuto futebol, ainda mais se for a seleção. Basta eu me lembrar daquele monte de patos e patas de verde-amarelo pulando pedindo fora Dilma.
Assim sendo, só me resta um caminho: voltar à discussão do mundo da boa política, que está em baixa é certo, num país dominado pela politicalha, mas a luta para que essa boa política não morra continua com a militância que segue em frente a lutar por uma causa. Pode até ser crises de valores, mas não de princípios.
São nesses momentos que recorro à Neruda, Fernando Pessoa, Drummond, Clarisse Lispector, Paulo Freire e tantos outros e outras. Suas leituras abrandam as dores da alma e nos alimenta com energia para o futuro.
Agora, para abrandar de vez os efeitos das tempestades e aprender com elas, vou mesmo é buscar meu violão que está na casa de um grande amigo e simplesmente tocar nas noites mal dormidas. A música é companheira da alma. Aí sim vou cantarolar o que me der prazer ou ainda que me faça esquecer os desencontros e as reviravoltas que a vida dá. Também quem manda ser pura emoção? É preciso aprender com pessoas que são razão a maior parte do tempo e não emoção. Essas com certeza sofrem menos.
Buscando afirmação ao que escrevo, parto do princípio de que ninguém é, está ou estará totalmente seguro de forma definitiva de qualquer decisão tomada ou qualquer situação que seja, principalmente àquelas voltadas às questões emocionais. Ou ainda questiono quem acha que está e estará sempre à frente das situações. O que hoje é por reação, poderá ser amanhã por ação, devido aos revezes da vida. Caso tudo isso ocorra porque queremos ser o agora, com base no ontem, mas não nos esqueçamos do amanhã. Sempre haverá o dia seguinte, a noite seguinte e com eles as insanas dúvidas...
Devemos sempre lembrar que a terra gira, os astros caminham pelo universo e ninguém é o que foi ontem. Bom mesmo é estarmos preparados e preparadas para as travessias da vida. Para refazer caminhos se necessário for, com o intuito do se encontrar e ser feliz. Mais vale um arrependimento consciente do estrago feito, do que uma certeza incômoda que seguirá conosco pelo resto da vida. Dúvidas do porque se permitir e mais dúvidas ainda do porque não se permitir...
Clarice Lispector por Clarice Lispector, certa vez escreveu: “Viver em sociedade é um desafio porque às vezes ficamos presos a determinadas normas que nos obrigam a seguir regras limitadoras do nosso ser ou do nosso não ser... Quero dizer com isso que nós temos, no mínimo, duas personalidades: a objetiva, que todos ao nosso redor a conhece e a subjetiva... Em alguns momentos, esta se mostra tão misteriosa que se perguntarmos - Quem somos? Não saberemos dizer ao certo”!!!
Fecho essa conversa declarando ter a coragem de mudar quantas vezes for necessário, de criar novos valores e principalmente de pedir tantas desculpas forem necessárias para quem eu estiver incomodando ou fazendo sofrer. Tudo isso no sentido de ser mais autêntico comigo mesmo, mais amoroso com quem amo e mais verdadeiro quanto à minha essência.
Olá futuro, estou de olho em você!
Olá futuro, estou de olho em você!
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social
A paixão é um refúgio de quem ainda acredita no amor?
8 de Maio de 2018, 22:42A introspecção nos leva a fazer uma viagem do ontem rumo ao futuro. Particularmente não gosto de dias nublados. Sinto-me desconfortável. Devo ser porque sou filho do sol e tento aproveitar toda sua energia a cada segundo.
A sociedade brasileira está em crise. Uma alta dose de tristeza paira no ar, composta por várias atribulações: O país em golpe, Lula preso, a politica sendo transformada em negócios eleitorais pelos profissionais da política, a violência generalizada, mulheres perdendo a vida por um machismo histórico, desencontros amorosos e principalmente falta de perspectiva para o futuro, que entre tantos outros problemas, levam muita gente ou a emoções frequentes e às vezes descontroladas, ou a agirem de forma fria e calculista frente às questões pessoais, principalmente emocionais e os males da sociedade.
Após ouvir alguns desabafos sobre os problemas existenciais e paixões mal resolvidas, resolvi escrever sobre o complexo tema da paixão. Esse estranho sentimento que deixa muita gente numa situação desconfortável. Como explicar que numa paixão tudo nela parece ser intenso, mas em geral é de curta duração, como fogo de palha?
Li certa vez uma lenda sobre um Velho Duende e uma Linda Flor, que retratava um caso mal resolvido de seus personagens. O enredo chegava a ser poético, misturava alegria com tristeza, desafios de vencer a distância entre o jardim e a floresta e, sobretudo mostrava, em detalhes, os ingredientes de uma paixão.
Viveram intensamente por muitas luas, trocaram juras secretas e de uma hora para outra tudo que era sol virou uma tremenda tempestade. Linda Flor resolve por um fim aos encontros, deixando o Velho Duende sem nada entender. A história termina com ele deixando um recado para ela numa pedra e depois seguindo floresta a fora e ela voltando ao seu jardim e o proibindo de qualquer contato. Uma leitura nos tempos de teatro. Apesar do tempo ficou na memória.
Em todos os cursos de formação política abordo sempre o tema da paixão, ao me referir que num processo eleitoral, normalmente o pleito é decidido pela emoção e não pela razão. É o coração quem decide e não a cabeça os resultados eleitorais. As pessoas se apaixonam pelo personagem principal fazendo com que desapareça qualquer racionalidade nas eleições.
Fui à busca de um conceito sobre paixão. Segundo o site significados, paixão é um sentimento humano intenso e profundo, marcado pelo grande interesse e atração da pessoa apaixonada por algo ou por alguém. Exatamente como me descreveram. Normalmente a paixão só envolve vigorosamente uma das partes e a outra transita junto, sem maior envolvimento.
Segundo a definição do site, a paixão é capaz de alterar aspectos do comportamento e pensamento da pessoa, que passa a demonstrar um excesso de admiração por aquilo que lhe causa paixão. A impulsividade, o desespero e a inquietação são outras características que costumam estar associadas ao sentimento de paixão. Algo desesperador para quem está apaixonado e indiferente em geral para a outra parte.
A maioria das paixões sempre termina da mesma forma. Um lado querendo continuar com o romance e o outro simplesmente acaba com a graça, sendo que em tese, tudo começara com o envolvimento de ambas as partes. Paixão para muita gente é um poço sem fundo. Um caminho sem volta.
O psicólogo e neuropsicólogo Fábio Roesler, diz que há sim uma grande diferença entre paixão e amor: "O amor, normalmente, está relacionado a um sentimento bonito, estável e sereno, mais controlável e menos temido, enquanto a paixão nos invade e domina nossos pensamentos. É tida como arrebatadora, turbulenta e, muitas vezes, sofrida", explica.
Segundo Roesler, a principal característica das pessoas apaixonadas é que elas passam a enxergar no outro aquilo que desejariam que ele fosse, e não o que ele realmente é. "O parceiro é idealizado e transformado em um personagem", afirma o especialista. Ele diz ainda que apesar de algumas pesquisas apontarem que a paixão tem pouca duração (cerca de seis meses em média), não é possível determinar um tempo cronológico específico, já que cada história é individual e particular. Ou seja, cada caso é um caso.
Willian Shakespeare dizia que “Ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa”. Dizia ainda que a paixão cega: “Oh, paixão, que fazes com meus olhos que não enxergam o que veem”?
Na música Quando a Gente Ama, dos compositores Marcelo Barbosa, Bozo Barretti, eles afirmam que a paixão é algo inexplicável: “Quem vai dizer ao coração que a paixão não é loucura, mesmo que pareça insano acreditar”...
Clarice Lispector afirmava ter medo da paixão: “E talvez só o pensamento me salvasse, tenho medo da paixão”.
No meu entendimento a paixão deve ser vista primeiro com cautela, pelo sofrimento contido em várias situações, mas também com muita delicadeza, visto que em muitos casos acabam virando amor.
Problema mesmo é quando a paixão ou o amor viram saudade, como diz Chico Buarque: “Oh, pedaço de mim. Oh, metade afastada de mim. Leva o teu olhar. Que a saudade é o pior tormento. É pior do que o esquecimento. É pior do que se entrevar”... Nesse caso só há uma solução. Quando ambos entenderem que o melhor caminho está em suas mãos.
Que todas as paixões mal resolvidas da humanidade encontrem um ponto de equilíbrio e virem amores eternos.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social