Samba Político
26 de Fevereiro de 2015, 12:39Um dos fatos que levou nosso sistema político ao descréditoda sociedade civil é a falta de coerência entre as alianças partidárias. O atual contexto das coalizões partidárias descaracteriza até o próprio conceito de partido, isto é, partido como um grupo de pessoas que se reúne em torno de uma proposta, ou ideologia, e visa atuar de forma a mudar ou manter um tipo de relação social, de comportamento ou de sistema político e normativo com a sociedade. Nessa configuração, uma parte significativa dos nossos partidos, em sua atuação, são, na realidade, agremiações que buscam fins próprios.
Um caso que demonstra o samba político e a falta de unidade partidária no Brasil é o jogo feito entre o Partido Social Democrático Brasileiro (PSDB) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB). No âmbito nacional o PSDB apoiou o candidato Júlio Delgado do PSB à presidência da Câmara dos Deputados Federais, buscando construir uma oposição no Congresso Nacional contra o governo federal do PT. Já em Limeira o PSDB tenta construir um discurso de oposição contra a administração municipal. O PSB de Limeira-SP decidiu nas eleições de 2014 apoiar a candidata Dilma Rousseff do PT à presidência da República e ao mesmo tempo o partido apoiava o atual governador à reeleição, Geraldo Alckmin do PSDB. Outro caso enigmático, o PSDB que apoia o PSB no âmbito nacional, mas que não apoia o PSB de Limeira, tem alguns de seus militantes em cargos comissionados no governo municipal.
Não há democracia efetiva sem partidos organizados e com projetos coerentes. Uma parte significativa dos nossos partidos organiza-se pelo mandonismo, onde há um líder que manda na organização de forma unilateral. Esses partidos têm projetos de tomada de poder pelo poder apenas, e com baixo compromisso com a sociedade civil. A falta de projetos foi a característica das eleições de 2014 e também no início desse ano, quando ficou evidente que o marketing político do PSDB de São Paulo resolveu escamotear a crise hídrica que ocorre no Estado para favorecer seu candidato a reeleição (e de fato conseguiu votos de voluntários para ser reeleito). As distorções que os partidos produzem no sistema político brasileiro gera aquele sentimento, na nação, de que os partidos são apenas fisiologistas e oportunistas, mudando o discurso e configuração política a cada momento, essas atitudes colaboram para o fracasso do nosso sistema político. Por tanto, é preciso uma reforma política que crie leis que impeçam o samba político dos partidos e, como isso, nosso sistema política contribua para o aperfeiçoamento da nossa democracia.
Israel Gonçalves é cientista político, professor e autor do livro: O Brasil na missão de paz no Haiti. Editora Novas edições Acadêmicas.
E-mail: educa_isra@yahoo.com.br
Artigo publicado no Jornal Gazeta de Limeira dia 16/02/2015.
O estilo Chanel no mundo corporativo
17 de Fevereiro de 2015, 18:27Helena Cortinhas e Israel Gonçalves
Há uma falta de renovação de líderes no mercado privado e muitos dos líderes são do sexo masculino. Porém, existe uma perspectiva de a mulher conquistar um espaço maior nesse mercado com caraterísticas de liderança.
No processo histórico o homem foi o provedor financeiro do lar, é a partir do século XX que as mulheres atingiram posições melhores. Com o passar do tempo, as mulheres foram conquistando espaço e ocupando cargos de liderança. Hoje existe um empoderamento feminino, ou seja, as mulheres são líderes de si mesmas, e estão exercendo a liderança naquilo que forem fazer e/ou empreender, contribuindo assim para um mundo melhor, mais belo e humano.
Um exemplo de superação e empoderamento é de Gabrielle Coco Chanel. De órfã, cantora de cabaré e costureira, a uma das mulheres mais respeitadas do mundo, ela nos dá uma visão bastante clara do que a inspirou tanto para influenciar a moda na história.
O brilho nos olhos, a simplicidade, a ousadia, um grande amor na vida, as oportunidades e a paixão por fazer aquilo que gostava foram ingredientes que fizeram Chanel descobrir e encontrar seu caminho. Encontrou dificuldades e muitos desafios, mas foram superados com persistência.
Na década de 1920 Chanel criou seu próprio império numa época em que as mulheres não tinham independência. Ela foi uma visionária desde a sua humilde infância. Seu estilo foi sua maior paixão, adorava ser copiada e sempre teve a mente aberta. Ela não era uma mulher que apenas estava à frente de seu tempo. Ela estava à frente de si mesma. Para ela, bastava a vontade e dar perspectiva ao que era possível, e a ambição de ter uma vida própria e independente. Sua criatividade, inovação e perfeccionismo misturaram o vocabulário de roupas masculinas e femininas, que deu origem à moda em que o sentimento de ostentação deu lugar ao luxo íntimo com bom gosto e senso de estilo. Uma frase famosa de Chanel fica como reflexão: "Não importa o lugar de onde você vem. O que importa é o que você é. E quem você é? Você sabe?"
As mulheres estão gabaritadas para lidar com a tensão do dia a dia do mundo corporativo, mas os preconceitos ainda existem. Às vezes é necessário invocar o estilo de Chanel e misturar culturas ao toque de um olhar feminino, inovando e criando tendências, fator essencial para um cenário competitivo e cheios de clichê.
Helena Cortinhas é Coach e Israel Gonçalves é Cientista Político
O Código de postura é necessário?
10 de Fevereiro de 2015, 10:05Israel Gonçalves
Há, na teoria política uma obra importante chamada Leviatã, escrito por Thomas Hobbes, em 1651.
A obra versa sobre a importância da intervenção do Estado (chamado de Leviatã) no dia a dia dos cidadãos. A intervenção é necessária, segundo Hobbes, para se manter a ordem dentro do Estado, pois os indivíduos tomados por egoísmo poderiam matar uns aos outros por ambição ou por outros motivos supérfluos. O Estado é o guardião do equilíbrio da sociedade e em contra partida os cidadãos deixam de fazer algumas de suas vontades para o Leviatã governar soberano.
A questão de intervenção do poder público na vida dos cidadãos comuns ganhou destaque, na atualidade, com o código de postura elaborado pela prefeitura municipal de Limeira. O código vem sofrendo várias críticas. Uma delas é que as ações que o código prevê já existem em lei, por isso, o código é desnecessário. Esse olhar sore o Código de Postura é conservador. Pois as leis devem passar pelo crivo da moral, da política, do contexto econômico da geração que vivencia as leis existentes, nesse sentido aperfeiçoa-las é um ato positivo do poder público.
Já o conjunto de críticos que entoam a ideia de que a existência de um código muda pouco a realidade em si, se não tiver uma equipe de fiscalização atuante, podem estar certo. Aprovar o código na Câmara de Vereadores não fará com que o cidadão irresponsável mude de postura, nesses casos é preciso ter fiscal para emitir advertências ou multas. Indo para além das controvérsias do código de postura, deveríamos nos perguntar sobre a seguinte questão: porque precisamos da intervenção do município nas questões cotidianas?
Bem, é só andarmos pela cidade e para vermos lixo na rua, panfletos em carros, nas calçadas e sendo jogados dentro das casas das pessoas. Profissionais da área da construção, entre outros, usando a calçada para preparar material que será usado em construção e afins. Pessoas jogando comida na rua, entre outras ações que poderiam ser evitadas. Há uma certa desordem no processo da nossa socialização. O bom senso, há tempos deixou de existir e a ética individualista se tornou um estilo de vida em Limeira. O Leviatã moderno, pautado dentro da democracia, às vezes, é necessário para colocar no “plumo” o rumo de uma sociedade. Acredito que a discussão não é se o código é “bom ou ruim” ou que tem peculiaridades, mas para onde está caminhando à sociedade limeirense. O código de postura elaborado pelo governo municipal traz questões que são mais profundas do que seus artigos expressam. Por estes argumentos acredito que o código de postura é necessário para equilibrar e aprimorar nossas relações sociais.
Israel Gonçalves é cientista político e autor do livro: O Brasil na missão de paz no Haiti. (e-mail: educa_isra@yahoo.com.br)
Impeachment por quê?
10 de Fevereiro de 2015, 9:42Amigos, amigas, companheiras, companheiros, gente boa em geral.
Penso que devamos parar de dizer que os que são contrários ao governo do PT são todos antipetistas odientos e preconceituosos que só se informam e se deixam levar pela Veja, Globo e outros restaurantes midiáticos especializados em servir alfafa e capim a quilo aos descerebrados deste Brasil. Essa é uma forma de desqualificar o interlocutor, que é exatamente o que mais nos incomoda e de que mais nos queixamos em relação aos nossos adversários. Acabamos, portanto, nos igualando a eles e, de certo modo, fazendo o jogo deles.
Precisamos ter em mente que há adversários do governo capazes de raciocinar, de filtrar as informações, de discernir e de erigir uma opinião própria, sensata, inteligente.
Eles são minoria, quase uma raridade, mas existem e, por consequência, são dignos de nosso respeito.
Pois bem. Vejo sensatez quando eles afirmam, por exemplo, que o Brasil precisa de leis mais severas para punir os que lidam mal com o dinheiro público.
Não sei se maior ou menor severidade resolveria o problema, já que todo criminoso, do ladrão de galinha ao diretor da Petrobras, do que ofende a honra alheia pelo Facebook ao que estupra, todos só cometem seus crimes por estarem convencidos de que jamais serão punidos - e, portanto, pouco se importam sobre a pena ou o tempo de prisão previstos em lei.
O que interessa é que quem assim pensa revela aí sua preocupação com o efetivo combate à corrupção.
Pois eu aconselharia a quem assim pensa a se informar sobre quem mais combateu a corrupção ao longo de toda a História do Brasil. Que refletisse sobre o que foram os governos FHC e anteriores e o que houve a partir de Lula.
Lula equipou a Polícia Federal, treinou, melhorou salários, ampliou seus quadros. Até 2003, a Polícia Federal praticamente estava reduzida a expedir passaportes, fiscalizar aeroportos e, de vez em quando, combater o tráfico internacional. Com Lula, passou a fazer as tais "operações", todas batizadas com nomes sugestivos. E toda semana passamos a ver prisões de políticos, juízes, servidores públicos, empresários, por corrupção, por fraudes contra o INSS e sonegação. Foi só a partir de então que gente poderosa, em massa, passou a sentir o chão frio e fétido de uma prisão.
Lula equipou a Polícia Federal, treinou, melhorou salários, ampliou seus quadros. Até 2003, a Polícia Federal praticamente estava reduzida a expedir passaportes, fiscalizar aeroportos e, de vez em quando, combater o tráfico internacional. Com Lula, passou a fazer as tais "operações", todas batizadas com nomes sugestivos. E toda semana passamos a ver prisões de políticos, juízes, servidores públicos, empresários, por corrupção, por fraudes contra o INSS e sonegação. Foi só a partir de então que gente poderosa, em massa, passou a sentir o chão frio e fétido de uma prisão.
No campo das leis, em que se sugerem modificações, os governos petistas nos legaram a lei de acesso à informação, a lei da transparência e a lei que pune os corruptores (esta, por sinal, de grande utilidade na Operação Lava Jato, que acabou virando uma espécie de "Operação Guantánamo").
Se aquele que assim pensa está sendo sincero nesse quesito, combate à corrupção, e não é de bom tom duvidar da sinceridade de quem quer que seja, e por ser inteligente como de fato pode ser, tem tudo para apoiar o governo Dilma, ao invés de querer derrubar a presidenta.
Outro ponto revelador de sensatez está naquele que admite que os governos petistas realizaram coisas boas, a par de coisas que ele considera ruins. Penso exatamente igual. Que bom seria se todos os governos só fizessem coisas boas, não é mesmo?
Mas governos são constituídos por gente, por seres humanos, homens e mulheres suscetíveis a erros e acertos, falíveis, dotados de virtudes e defeitos. A vida real é assim.
Além disso, é preciso ponderar sobre o outro lado, o lado do cidadão, o lado de todos os que não estão no governo. Uma mesma "coisa" feita por um governo é boa para uns, mas pode ser ruim para outros. Mesmo entre pessoas situadas num mesmo espectro ideológico, num mesmo grupo de interesses em comum, divergências são inevitáveis.
O que quero dizer com isso é que medidas impopulares, decisões que desagradam, mesmo as mais abrangentes, mesmo as mais equivocadas, não justificam um impeachment.
Um pedido dessa envergadura, com a repercussão que tem no ambiente da Democracia, com o elevado grau de interferência na esfera do sagrado e soberano voto popular, não pode estar à mercê do "gostei" ou "não gostei", da coisa boa ou não, mas exige enquadramento em hipóteses perfeita e previamente desenhadas na Constituição Federal. Ou seja, exige a prática de um crime, e não de um crime qualquer, mas de um "crime de responsabilidade".
E que esse crime seja praticado pela pessoa investida da presidência da República. Um impeachment não pune um partido, mas apenas a pessoa do presidente ou da presidenta. Todos os 1,6 milhão de filiados ao PT podemos cometer, todos juntos, um determinado crime, mas se nenhuma prática criminosa for imputada à presidenta Dilma, ela não pode ser alvo de um impeachment.
Então, persiste a pergunta: impeachment da Dilma por quê?
Luís Antônio Albiero
Advogado na cidade de Americana/SP
laalbiero@yahoo.com.br
Presidenta educadora
10 de Fevereiro de 2015, 9:40Tenho 51 anos de idade e desde meus doze, treze anos sei que "presidenta" é forma aceita para designar a "mulher que preside", assim como "gerenta" é aceita para "a que gerencia". Aprendi com as professoras Elisabete (5ª. série) e Stellamaris (6a. e 7a.) e com o prof. José Benedito (8a.), isso lá pelos idos de 1975 a 1978. E, se bem me lembro e não me engano, eu era bom aluno de português... (Meus colegas de então que o digam).
Mas é incrível como tem ignorante metido a sabido que, depois de quatro anos vivendo sob a presidência de uma mulher, ainda insiste em se expor ao ridículo. Foi o que fez dias atrás o vetusto jornalista Lucas Mendes, da GloboNews (daquela estupidez pedantemente chamada "Manhattan Connection") que, no afã desesperado de criticar o slogan "Pátria Educadora" e os resultados do ENEM (com críticas tolas do tipo "só 250 alunos tiraram nota máxima"), disse que "Dilma ensina errado as crianças" ao usar "presidenta". "É um erro", insistiu.
Errado está quem abusa de sua própria ignocontrário para satisfazer seu desejo de atacar Dilma. Pelo menos desde o final do século XIX há registros da forma "presidenta" na literatura nacional.
Para demonstrar o que digo, basta mencionar liçãozinha básica do renomado professor Pasquale Cipro Neto, clicando aqui. Mas a lição mais cuidadosa é a do juiz aposentado José Maria da Costa, do portal jurídico Migalhas. Ele cita desde Antenor Nascentes e Pascoal Cegalla até Luiz Antônio Sacconi, aqui.
Dilma não "faz questão" de ser chamada de presidenta; ela apenas prefere. Nos textos oficiais, ai sim, ela "faz questão", e está no direito dela. E por que essa preferência? Veja só! Não é por "vaidade pessoal"; muito pelo contrário, é para fins de "afirmação de gênero". Porque ela é uma mulher preocupada com o gênero feminino, com a condição da mulher na sociedade.
Ao afirmar-se como "presidenta", ela está despertando, na consciência das mulheres, das senhoras, das moças e das meninas, que elas também podem almejar postos de mando, e não apenas no âmbito restrito da política.
Então, ao contrario do que disse o Lucas Mendes, ela está, sim, educando nossas crianças; as meninas, porque reforça nelas a convicção de que podem mandar, e os meninos, porque torna a eles natural um ambiente em que venham a ser comandados por mulheres.
Luís Antônio Albiero
Advogado na cidade de Americana/SP
laalbiero@yahoo.com.br