Ir para o conteúdo

Toni Cordeiro

Voltar a Blog
Tela cheia

O destino existe? Como lidar com o acaso?

25 de Maio de 2018, 0:51 , por Gestão Pública Social - | No one following this article yet.
Visualizado 24 vezes
Será o destino? Vidas que se cruzam. Caminhos a passar. O que o destino me reserva? Sorte ou azar? Enfim... Ao divagarmos sobre o destino, transitamos por um caminho desconhecido perante nossa falta de percepção da vida.


O que dizer então do acaso? Algo que ocorre sem intenção prévia. Podemos afirmar que no caminho para o destino nos deparamos em vários momentos com o acaso? Ao aceitarmos essa hipótese um debate se estabelece. Como explicar se o que ocorre em nossas vidas ocorre por sorte ou por azar? Ou ainda, ocorrem ou ocorreram em função do destino ou ao acaso? Seja o que for o que está feito, feito está, mas o que ainda está por acorrer, quem sabe por um acaso possamos intervir em nosso destino. Sabe o que é mais assustador? É saber que a única coisa certa em nosso destino é o fim ou o começo para quem acredita.


Fernando Pessoa escreveu sobre o destino: “Segue o teu destino. Rega as tuas plantas. Ama as tuas rosas. O resto é à sombra de árvores alheias”. Tem um mundo de interpretações nessas frases, que encara o destino como algo inerente a cada ser humano, não antes de chamar a atenção para que sempre reguemos nossas plantas e amemos as rosas, ou bem que poderiam ser flores amarelas do campo. O resto meu caro e minha cara são árvores alheias, que se não lhe pertencerem, estarão margeando seus destinos. 


Segundo a Profa. Salete de Oliveira Buffoni, a Teoria do Caos propõe uma ideia de destino. “Em termos filosóficos, podemos dizer que o destino existe, mas nós o modificamos toda vez que fazemos determinadas escolhas que vão influenciar o futuro”. Cada uma dessas escolhas se conscientes, poderão produzir efeitos mais ou menos previstos, mas se forem ao acaso, os efeitos poderão ser catastróficos em nossas vidas, tanto de ação-reação, como principalmente de causa e efeito.


Nunca no Brasil (vi esse termo certa vez espetado num lindo jardim) quero viver de escolhas ao acaso, embora nem sempre tenha certeza disso. Se o destino colaborar, gostaria que minhas escolhas fossem sempre conscientes, pois quero ter a esperança de revisar meus erros, de refazer caminhos e principalmente de me refazer sempre que a vida me botar numa encruzilhada. Jamais imponho a minha verdade como única e absoluta. Toda vez que minha dita verdade, comandada normalmente pela minha cabeça, quer prevalecer, recorro à voz que vem do coração. Por isso sou emoção.


Estou convencido de que escolher é muito mais fácil do que ser escolhido, porque quando escolhemos e sofremos as consequências dos revezes da vida, as frustrações são sós nossas, mas quando somos escolhidos e frustramos as pessoas que nos escolheram, por certo ficaremos para sempre com o estigma e o ônus do Pequeno Príncipe.


Ainda nessa linha, Clarice Lispector escreveu: “Decifra-me, mas não me conclua. Eu posso te surpreender...” Uma frase enigmática que provoca o presente e inquieta o futuro. Fiquei pensando vários dias nessa frase. O que será que se passava na cabeça dela quando escreveu? Seria uma provocação ou uma desilusão? Ou ainda as duas juntas? Uma frase que expressa em seu universo: Fim, dúvidas, mas quem sabe uma possibilidade...


Algo hoje nesse campo me inquieta. Será que o destino influencia diretamente a vida política de um país, de um estado ou de um município? E seus personagens centrais como são escolhidos? Ou será que no mundo complexo da política, pois inclui um sistema, opções ideológicas e os meios para se conseguir avançar ou retroceder, são tocados pelo acaso? A resistência através da organização popular é uma certeza para quem quer mudar o destino político de um país, de um estado ou de um município, mesmo que só seja infinito enquanto dure, mas por certo ficará.


A única certeza que tenho é a de que a escolha de uma causa para se lutar, daquela que faça valer nossa própria vida e que acaba virando o que rege a nossa militância política, essa não tem nada de acaso, pois vem da certeza. Quando a causa é escolhida por pura convicção política-ideológica, se torna real e ficará para sempre.


Ah Clarice Lispector, como me identifico com suas inquietudes...  Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar”.


No mais, cada vez que o trem da história faz uma curva e eu me desequilibro, sinto no momento seguinte que a vida está me testando para saber qual é o meu limite. Aí olho para trás e vejo o quanto plantei e mesmo que tenha deixado de regar algumas plantas, em alguns momentos por pura estupidez, sei que o tempo como senhor da razão vai me proporcionar uma ótima colheita.


Que venha o amanhã, o depois do amanhã e principalmente o futuro onde depositarei minha história.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social



Fonte: http://gestaopublicasocial.blogspot.com/2018/05/o-destino-existe-como-lidar-com-o-acaso.html