Cinco anos se passaram, completados no último dia 23. Chegamos a mais de 20 países, com mais de 130 mil acessos, sem propagandas. Eu e colaborador@s produzimos 343 posts, com assuntos variados e em muitos casos chegamos aos corações de quem leu. Estou muito grato a quem se dedicou a ler, colaborar, divulgar e integrar seguindo o Blog. O que ontem era apenas uma gostosa brincadeira, ou um passa tempo, hoje virou coisa séria.
Por falar em coisa séria, a coisa anda muito séria no país do golpe e em pleno desmonte de sua dignidade mundial. O Brasil que havia conquistado sua independência financeira, com o pagamento ao FMI e com a criação do Fundo Soberano, voltou novamente ao posto de país servil ao império e em traição à sua soberania nacional. Hoje voltou a parecer com um puxadinho dos EUA.
Por certo sobrará muito pouco a administrar se alguém contrário ao golpe for eleito(a), a não ser que chame um Plebiscito Nacional para revogação de toda bandalheira aprovada até então. Porém, há de ficar claro, que só a luta concreta das organizações trabalhistas sérias, junto com as organizações populares poderá fazer o enfrentamento necessário ao golpe ou ao que sobrar dele e a resistência frente ao descalabro que o país se encontra.
Podemos nos perguntar que luta é essa, que se luta até por quem não quer mudar? Respondo-te que é uma luta sem tréguas para a missão prosperar. Uma luta que responda do porque de se nascer e uma causa que explique a razão de se viver.
Dá para falar em sonhos, em meio a essa tempestade liberal? Qual a nossa responsabilidade diante da atual conjuntura? Que tipo de ação fizemos ou faremos para contribuir para uma nova sociedade? Que sociedade queremos?
Grande parte da população transita no vácuo do tempo meio que sem rumo e um tanto inerte. Estamos em pleno caos. Deslizando por precipícios e diante deles qualquer sinal de terra firme se torna um porto seguro. Existe um abismo entre o mundo imaginário formatado pelos golpistas, voltado apenas para um pequeno setor da sociedade e o mundo real onde a maioria da população foi sumariamente excluída e suprimida de seus direitos. O que fazer?
Quem já se deparou com uma tempestade sabe que depois que ela passa restam poucas coisas em seus devidos lugares, além do rastro de destruição deixado por esse fenômeno natural. Na vida política não é diferente. Uma cidade, um estado ou um país, se mal administrado ou se administrado para servir apenas a um grupo privilegiado, deixa também um rastro de destruição que poderá levar décadas para se consertar e tem coisas que mesmo um século depois continuam iguais e sem perspectivas, como é o caso dos direitos trabalhistas, que após a tal reforma golpista voltou às reivindicações de 1917.
Ai vem às eleições e é bom não esquecer que de nada vale achar que votou bem para presidente e governador e esquecer que quem faz as leis são os deputados estaduais, federais e senadores e senadoras e escolher mal. Os cargos legislativos são de extrema importância. É só lembrar como foi a aprovação do golpe contra a Presidenta Dilma.
O país está carrancudo com cara de poucos amigos, com um desemprego de 27 milhões, o retorno da miséria e a volta ao Mapa da Fome da ONU. Há um peso enorme de responsabilidade e esperança nas próximas eleições, que sem dúvidas serão das mais importantes para o momento que o país atravessa. Uma eleição sem brilho, pois o líder em todas as pesquisas se encontra preso sem provas, mas comandando o espetáculo de dentro da cadeia. Lula é a grande novidade do século XX e principalmente do século XXI.
Estamos viajando por cenários conhecidos de outros tempos sombrios. Algo inquietante age de dentro para fora tentando com seu disfarce ficar invisível e transmitir medo em quem se aproxima. Por trás dos escombros emergem grotescas criaturas neoliberais para devorar a democracia. Porém do outro lado da cortina existe um mundo a se reinventar e mesmo com o medo a vida passa, as pessoas se renovam e novas vidas nos promete um futuro melhor.
Como militante de uma causa, sei que é possível mudar esse jogo, principalmente porque milhares de pessoas ainda acreditam na sociedade prometida, porém com a grande tarefa de construí-la a várias mãos.
Particularmente não gosto de dias nublados, tampouco carrancudos como já revelei, embora saiba que a partir dele poderá vir uma chuva branda tão bem vinda, mas também uma tempestade daquelas que ninguém se prepara. Gosto mesmo é de dias de sol e uma chuva leve que possa molhar o chão sem destruí-lo, que nos encha de esperança e quem sabe nos brinde com um arco-íris como moldura do que ainda virá. Uma nova sociedade justa fraterna e igual para todos e todas poderá ser a moldura que guardará o resultado de todas as lutas contra as injustiças e por liberdade de todos os tempos.
Ontem me deparei com o que sobrou da última festa na casa grande. Comemos as sobras, bebemos os restos e vimos os semblantes sorridentes de quem nos explorou. Hoje acordei com uma vontade imensa de ultrapassar a barreira do tempo, juntar o maior número de pessoas revoltadas e tomar o que é nosso por direito, solapado ao cair da tarde. Mal sabem eles que construiremos à força se necessário for um novo amanhã.
Um novo dia nasce quando sol vem nos brindar. Um novo momento nasce quando decidimos mudar. Uma missão ao nascer nos remete a caminhar. E uma nova sociedade só quando decidirmos lutar.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social