Inicio essa viagem pelos caminhos da vida e pelo ato de viver, com Clarice Lispector: “Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”. Clarice bela. Define a vida como uma verdadeira aventura.
Não restam dúvidas de que a vida representa o bem maior. O grande presente. Tão grandiosa e divina que precisaríamos a vida toda para tentar expressar tamanha gratidão em recebê-la.
Você já se imaginou definindo a vida além dos clássicos? Que tal essa breve definição: “Vida é um bem de tempo limitado concedido, para que você simplesmente exista”. Em seu tempo, cada ser desfruta do tempo que a vida vai lhe concedendo. Algo tão aleatório e tão indefinido que nenhum cálculo científico foi capaz ainda de definir com exatidão o tempo que cada um e cada uma dispõem para viver, ou ainda de inventar a vida com todo seu esplendor.
Uma das contrações da própria vida vem do fato de que enquanto a maioria dos seres humanos vive com seus limites diários e frequentes, com suas lutas cotidianas contra as injustiças e todas suas mazelas cometidas por outros humanos, uma pequena parte de humanos se considera imortal. Porém, o que assusta, mas conforta é saber que ambos os setores humanos se encontrarão quando a vida cessar e for substituída pela democrática morte que surge para igualar os seres, independente do foram enquanto vida.
Porque tocar num assunto tão complexo como esse num post para um blog de conteúdo político-humanista? Pelo simples fato de acreditar nos sonhos futuros e na vida a vida que ainda virá. Além disso, tudo é possível e acreditar é o ponto de partida do que poderá acontecer.
Em termos gerais o momento não e bom. Vivemos tempos de escuridão. Um cenário que nos faz questionar: O que será do amanhã? O que virá a seguir? O que a vida exigirá de cada um e uma de nós para voltarmos ao normal?
E de repente uma estranha incerteza nos toma corpo e alma. Do ponto de vista da causa, até parece que dormimos em berço esplêndido por algum tempo, sonhamos com oásis brotando em pleno deserto e acordamos em meio a um grande pesadelo. É como se o universo tivesse sido invadido por estranhos seres, que insistem em dizimar o que outrora se chamava de vida e que conspira contra o restante da humanidade. O que nos move em direção contrária? A esperança, a certeza da vitória e a disposição de lutar.
Em termos de vida somos seres imperfeitos, incompletos, porém sonhadores. Chega de buscar a perfeição. Busquemos a energia que está em nós, para juntos construirmos uma nova sociedade, onde a vida e o ato de viver sejam pontos de partida e de chegada para um novo amanhã.
Vida é luz e é dimensão e viver é contemplar alegria e tristeza se fundirem num processo de catarse e resistência. Vida é simplesmente ousar viver.
A expressão da vida pode estar num olhar. Num gesto. No ato de sair do individual para o coletivo e principalmente na decisão de fazer. Enquanto isso sua divindade ocorre no momento em que descobrimos que a vida segue, estamos vivos e ainda dispostos a aprender, crescer e mudar.
Já dizia Drummond: “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade”.
Que a felicidade seja o ato permanente de valorizar cada sopro que a vida dá e que nos fornece energia suficiente para acreditarmos que o melhor ainda está por vir.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social
tonicordeiro1608@gmail.com