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Toni Cordeiro

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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Não tem avaliação de conjuntura que dê conta do cenário político nacional

20 de Fevereiro de 2016, 23:56, por Gestão Pública Social
Tenho comentado em outros posts o descaramento da oposição ao governo federal, em não admitir ter pedido as eleições para Presidente. Claro que isso é uma estratégia descarada, tanto da oposição, como da elite devassa e da imprensa golpista, que visam, através de “golpe legal”, derrubar o governo eleito de forma democrática e em especial o Partido dos Trabalhadores, com alegações que anteriormente passavam despercebidas, como por exemplo, a captação de recursos eleitorais via “caixa dois”, ou ainda as tais “pedaladas fiscais”, que são apropriações de recursos públicos, no caso do governo federal, para continuidade de alguns importantes programas sociais.


Ao ampliar essa conversa, chega-se à conclusão que não faz o menor sentido o valor gasto numa campanha eleitoral, seja em nível municipal, estadual ou federal, para todos os cargos eletivos. Tornam-se campanhas milionárias, onde os eleitos se tornam presas fáceis de seus investidores e uma pessoa sem recurso e sem apoio financeiro, jamais se elegerá.

Só para se ter uma ideia, oficialmente declarado (fora o que entrou por fora), cada deputado federal eleito investiu em média R$ 1.429.000,00, sendo que os seis deputados que mais investiram, suas campanhas custaram entre 6 a 8 milhões de reais cada uma (Arlindo Chinaglia/PT, Iracema Portela/PP, Marco Antonio Cabral/PMDB, Eduardo Cunha/PMDB e Carlos Zaratini/PT). O investimento no senado também foi alto. Cada um dos 27 senadores eleitos investiu em média R$ 1.859.000 cada. As campanas mais caras foram a de Anastasia (PSDB) que custou 18,33 milhões, a do Serra (PSDB) 12,67 milhões e a do Caiado (DEM) que custou 9,62 milhões.


A pergunta que cada brasileiro e cada brasileira faz é de onde veio esse dinheiro, visto que é um valor muito alto para uma pessoa dispor em caixa próprio, a não ser de forma ilícita. Aí entra parte dos recursos dos Fundos Partidários e as empresas, que investiram pesado nas campanhas eleitorais, visando negócios futuros.


Vale lembrar que a maioria dessas empresas não tiraram esses recursos de seus lucros e sim do “caixa dois”, advindos da sonegação fiscal, que é um dos ralos gigantes de recursos públicos e alimentando cada vez mais a indústria da corrupção.


Imaginemos em 2015 as infinitas conjunturas vividas. Desde a votação dos deputados recusando o Plano Nacional de Participação Social, sugerido pela Presidenta Dilma, passando pelas inúmeras tentativas de golpe e as midiáticas manifestações, com patrocínio da TV Globo, contra o governo federal e contra o PT e chegando à caça ao ex-presidente Lula. Teve dias de termos vários cenários de conjuntura política, econômica e social.


Se um leigo em política fizesse uma análise da conjuntura nacional na semana passada, chegaria à conclusão de que tudo estava consumado. Dilma ia ser caçada, Lula ia ser preso e o PT na visão do PIG estava liquidado, não só com a debandada de inúmeros oportunistas e a difamação diária sofrida. Além disso, a direita surfava em altas ondas, pois a chamada Operação Lava a Jato, comandada por um juiz tucano, prendia apenas petistas, enquanto o pupilo Cunha continuava livre leve e solto.


O PSDB e o DEM comandavam a festa. Pousavam bons e éticos samaritanos, enquanto imputavam ao PT ser o inventor e Lula  o pai da corrução.


Eis que alguns fatos tenderam a mudar completamente o cenário. Primeiro foi o STF que rejeitou a comissão ilegal de Cunha. Depois veio a ocupação das escolas estaduais de São Paulo, se estendendo para outros estados, pelos meninos e meninas em luta pela educação. Além disso, a caminhada da esquerda em dezembro contra o golpe reforçou a ideia de que, mesmo descontente com a postura da Presidenta que criou um grupo de governo neoliberal na área econômica, a esquerda foi unida às ruas do país em defesa de seu governo e principalmente da democracia.


Porém, ninguém podia imaginar o que estaria para acontecer. Primeiro o roubo da merenda em São Paulo, comprometendo a cúpula tucana e seus aliados e segundo a ex-amante de FHC, que desnudou o até então o intocável presidente, que mesmo tendo comparado sua reeleição por 200 mil cada voto, privatizado todos patrimônio público federal e quebrado o país três vezes, pousava como o ídolo maior dos chamados “coxinhas” e uma galera alienada que pedia a volta da ditadura e o impeachment da Presidenta Dilma.


A coisa é muito séria, pois envolve a traição, o pagamento da mesada mensal com empresa de fachada, o pagamento de dois abortos, a falsificação do DNA do próprio filho e tantas outras acusações. Além disso, a irmã de sua ex-amante é funcionária fantasma de Serra e ele se defende que ela não aparece por estar em missão secreta. Só não falou qual é a missão.


Uma coisa é certa. O PIG fustigou tanto a vida de Dilma e de Lula, que as pessoas já estão se dando conta de que o grande objetivo é afastar Lula de 2018 e intervir diretamente nas conquistas do povo brasileiro de 2003 a 2015.


Principalmente esse ano eleitoral e de tantos interesses em jogo, com certeza teremos centenas de casos que mudarão, quase que diariamente a conjuntura nacional. O importante é quem luta por uma causa estar sempre vigilante.


Cabe a esquerda brasileira e os militantes de uma causa, se organizarem e se unirem em torno do projeto de inclusão em curso e pela manutenção plena da democracia brasileira tão jovem e tão perseguida.


Os próximos dias e meses prometem. Quem viver verá!


Antonio Lopes Cordeiro

Pesquisador em Gestão Pública e Social

toni.cordeiro@ig.com.br


Erradicação do analfabetismo continua como meta não alcançada

1 de Fevereiro de 2016, 13:00, por Gestão Pública Social

Ricardo Costa Gonçalves[1]


A erradicação do analfabetismo é a primeira das dez diretrizes estabelecidas no Plano Nacional de Educação (PNE), no qual duas metas tentam atacar diretamente este problema. Presente em planos anteriores, o objetivo de combater o analfabetismo no país se desenvolve a passos lentos, com redução muito pequena nos índices a cada ano. De acordo com a última Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2009, o Brasil possui ainda 14, 1 milhões de analfabetos e mais de 20% da população é considerada analfabeta funcional. Questões como a formação de educadores, as estratégias para manter adultos nos programas de alfabetização e o próprio conceito de analfabetismo estão presente na discussão sobre como evitar que a meta tenha que ser prolongada para o decênio seguinte.


No PNE, a meta número 5 (cinco) prevê a alfabetização de todas as crianças até, no máximo, o final do 3º (terceiro) ano do ensino fundamental. A estratégia apresentada para consecução desta meta é ampliação do ensino fundamental para nove anos, já implementada em todo país. Segundo o texto do PNE, o objetivo é garantir a alfabetização plena de todas as crianças, no máximo, até ao final do terceiro ano, como recomendado pela Conferência Nacional de Educação (CONAE). Atualmente, as crianças de seis anos devem estar matriculadas no ano, encerrando aos oito anos o chamado ciclo de alfabetização, de forma que o último ano da pré-escola configura agora o primeiro ano do ensino fundamental. No entanto, esta estratégia ainda parte da ideia de que aumentar o tempo dedicado à alfabetização é a solução para o problema do fracasso escolar. Medidas como esta já foram adotadas anteriormente, sem dar resultados expressivos.


Outra estratégia assinalada para atingir a meta 5 (cinco) é aplicação de exames para avaliação alfabetização de crianças. Em 2008, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) aplicou a primeira Provinha Brasil, cujo objetivo é avaliar a alfabetização de crianças matriculadas no segundo ano de escolarização das escolas públicas do país. Os resultados da Provinha é de uso privativo dos professores e gestores das escolas, que interpretam os resultados a partir de orientações contidas no material distribuído pelo Ministério da Educação (MEC) às escolas.


Outra meta é a número 9 (nove) que propõe elevar a taxa de escolarização da população com 15 anos ou mais para 93, 5% até 2015 e erradicar até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. Esta meta tem relação com o compromisso firmado no Fórum Mundial de Educação em Dakar, em 2000, mas enfrenta um imenso desafio: a evasão de adultos dos programas de alfabetização.


Em 2003, o governo federal institui o Programa Brasil alfabetizado (PAB). Este programa é voltado para a educação de jovens e adultos (EJA), através de apoio a estudantes e aos professores da rede pública. Conforme dados da página do programa na internet, relativos a 2010, mais de um milhão e meio de pessoas estão sendo alfabetizadas por meio do PBA. No entanto, os resultados ainda estão distante do esperado. Entre 2000 e 2010, a taxa de analfabetismo entre a população a partir de 15 anos caiu de 13,63% para 9,63%, segundo IBGE.


Em relação ao analfabetismo funcional, os dados coletados pelo IBGE seguem as recomendações da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que considera analfabetismo funcional aquele que teve menos de quatro anos de estudos completos. A partir desse critério, é possível afirmar que mais de 20% da população é analfabeta funcional. Contudo os números não refletem a realidade da população brasileira quando se fala em habilidades de leitura e escrita e no conceito de letramento, ou seja, o uso social dessas habilidades.


Outra questão é em relação ao conceito de analfabetismo. A própria diretriz indicada pelo plano pode ser considera inadequada. A diretriz parte da visão errônea de que o analfabetismo é uma doença, um câncer, uma peste que precisa ser erradicada, curada de forma radical. A grafia erradicação só serve para situar o analfabetismo na ordem do biológico, do psicológico, do individual, escondendo a sua natureza social, ou seja, que é resultado das desigualdades e dos processos de marginalização social que sustentam o desenvolvimento das sociedades capitalistas. A diretriz deveria ser alterada para universalização da alfabetização.


Embora as metas estabelecidas no PNE sejam consideradas difíceis de atingir, alcançá-las pode não significar o avanço que se espera na educação brasileira. Portanto, precisamos refletir sobre “que tipo de educação estamos buscando”? Apenas de números ou realmente uma educação que busque o desenvolvimento pleno, crítico, cidadão desse sujeito? Logo, a questão do analfabetismo é uma questão de justiça social, portanto, exige uma atuação conjunta que leve em consideração as condições estruturais de exclusão política, socioeconômica, pedagógica e cultural.


A importância da alfabetização, como se pode inferir não só dos PNEs elaborados até o momento atual, mas da própria constituição brasileira, das discussões nas diversas instâncias da educação no país, governamentais ou não, é questão unânime, porem repleta de incongruência. Portanto, não basta afirmar que a alfabetização e a escolarização constituem objetivos prioritários. É necessário muito mais que isso. Há que traduzir tal discurso em fatos concretos: em dotação orçamentária adequada, em prédios escolares que mereçam o nome de escolas, com a devida infraestrutura e equipamentos; em docentes em número suficiente, qualificados e devidamente remunerados.





[1]Professor de Matemática da Rede Estadual de Ensino do Maranhão, Mestrando em Estado e Políticas Públicas pela FLACSO/FPA



Como identificar um ou uma fascista travestido de democrata?

22 de Janeiro de 2016, 21:39, por Gestão Pública Social
É inegável afirmar que a sociedade tem uma nova doença contagiosa, elaborada passo-a-passo pela direita e pela extrema direita. Trata-se do ódio, individual e coletivo, que não chega a ser um fenômeno isolado quando estamos falando de ciúmes, invejas e tantas outras loucuras humanas, porém no campo da política e do modo como vem sendo tratado e disseminado, podemos sim afirmar que é algo novo e assustador para a democracia.


Esse ambiente de ódio revelou duas criaturas ocultas até então. A primeira o “Coxinha” e de quebra ampliou o espectro fascista. Entre ambos habita uma galera alienada comandada pelo caos midiático e com pouca massa cinzenta na cabeça, que não luta desfila.


Esse conjunto forma uma tropa de paranoicos travestidos de éticos, de democratas e com a visão de que nada presta nessa Nação chamada Brasil. Bom mesmo é o EUA, principalmente pelo fato do fascínio de saber que estão tratando com um império que tenta dominar o planeta. Sonham inclusive de voltarmos a ser um agregado dos Estados Unidos e do FMI, como éramos nos governos tucanos.


Enquanto coxinhas são espécies alienadas, normalmente de classe média, pessoas mimadinhas pelo dinheiro, que se julgam melhores que os outros, comandados pelo PIG e nem sabem por que desfilam de verde e amarelo contra o PT, Lula e Dilma; fascistas são vermes de outra categoria, que seguem um ritual ideológico e são de alta periculosidade.


Apoiado no artigo da filósofa Marcia Tiburi, escrito para a Carta capital, me arisco a traçar um breve perfil dessas criaturas, no sentido, muito mais de alerta do que de enfrentamento político a eles, principalmente porque temos que combater primeiro quem fomenta suas criações, quem lhes dá guarida e quem altera o comportamento da sociedade com o envenenamento coletivo.


Segundo Marcia, é impossível estabelecer uma conversa com um ou uma fascista, pois essa gente sofre de uma grave incapacidade de se relacionar com pessoas que pensem de forma diferente, sobre qualquer aspecto e sobre qualquer assunto. Normalmente reagem aos berros. Exaltam-se com tudo e com nada. Sentem-se vítimas constantes da sociedade e se consideram eternos perseguidos. Acreditam que só gritando e humilhando as pessoas, poderão mostrar que são superiores ou ainda como esconder suas inferioridades humanas.


Outra faceta desse tipo de gente é odiar a democracia. Aliás, nem imaginam o que venha a ser isso e enxergam na ditadura militar a única forma de estabelecer a ordem e a luta constante contra o comunismo, que também, nem de longe, sabem de que se trata. Imaginam algo como era a frase que originou o lema da Bandeira Nacional: “Ordem é Progresso”. Ou seja, só com ordens repressivas haverá progresso. Quem não conhece alguém assim?


Aqui no Brasil odeiam tudo que se referira às questões sociais e adoram a meritocracia. Adoram a riqueza e odeiam não a pobreza, mas os pobres.


Porém, o ódio maior é destinado ao PT, a Dilma e principalmente ao Lula, pois ousaram intervir e mudar radicalmente um cenário nacional esculpido desde a invasão de 1500, exclusivamente para os moradores da casa-grande e seus representantes e o ódio aumenta quando lembram que o PT e alguns de seus aliados, que militam por uma causa, impedem na prática que fascistas e direitistas de toda ordem, transformem os menos favorecidos, numa gigantesca senzala a lhe servir.


Em regras gerais, tanto “coxinhas”, como fascistas, são preconceituosos, machistas, racistas, homofóbicos e em especial odeiam pobres. São pessoas (se podem ser chamados assim), que mesmo sabendo que de alguma forma são elas as grandes responsáveis pelas desigualdades humanas, imputam isso, ou a sorte imaginam ter, ou ainda a falsa visão de que as oportunidades estão para todos e todas, só não aproveita quem não quer. Muitos deles ou delas se escondem atrás de uma religião e viram adoradores da Teologia da Prosperidade e odeiam a Teologia da Libertação.


Ainda segundo Marcia, que concordo plenamente, o fascismo é uma aberração política, que se origina da miséria de nossa época. A pobreza e a miséria no mundo acabam sendo uma grande fonte de renda e de inspiração para fascistas, direitistas, populistas, políticos que transformam a política em profissão, o tal do terceiro setor, ONGs, OSCIPs e tantas outras patifarias e comportamentos neoliberais e de extrema direita, que ao invés de combater os males em suas raízes, se nutrem deles.


A falta de informação e de conhecimentos acaba sendo em última instância, os alicerces dos oportunistas, dos falsos líderes e dos paranoicos pelo poder. Essas pessoas sequer se amam, pois não conhecem o que é amar e sim serem servidas. São consumidas diariamente pelos inimigos invisíveis e pelo ódio que habitam em suas mentes e corações.

A única coisa boa a se pensar é que representam a extrema minoria da sociedade e parecem muitos devido à mídia golpista os transformarem em milhares de dragões, com forças sobrenaturais, porém não passam de pessoas oportunistas, doentes mentais e atormentadas pela defesa do lado que ocupam na luta de classe.


É bom que se diga que quando um(a) gestor(a) ou um(a) legislador(a) se comporta como alguém que não quer perder o que chama de poder, também, em maior ou menor proporção, não passa de instrumento que fortalece, tanto “coxinhas”, como fascistas.


A partir desse cenário, infelizmente a eleição de 2016 será o palco de novas disputas, não políticas e ideológicas, mas do bem contra o mal, dos que lutam pela liberdade contra os que querem a volta da ditadura militar. Dos que sonham com uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas e aqueles e aquelas que querem aprisionar a liberdade e transformar o povo de bem desse país em escravos a lhes servir.


O antídoto para essa situação e a essa gente é a união intransigente das pessoas de bem que militam e lutam por uma causa, formando uma grande rede que luta por justiça e liberdade.


Quem se cala diante de uma injustiça é tão cúmplice do processo, como aqueles e aquelas que a provocaram.

Antonio Lopes Cordeiro

Pesquisador em Gestão Pública e Social


toni.cordeiro@ig.com.br



Uma dose de otimismo num cenário adulterado

4 de Janeiro de 2016, 18:49, por Gestão Pública Social
Você já parou para pensar no cenário político-econômico-social que estamos vivendo? O que deve ser verdade? O que deve ser mentira? Quais as maldades em jogo? Qual é a real situação da sociedade e do país? Quem adulterou o cenário em beneficio próprio? Qual o seu papel nessa história?


Enfim, são tantas perguntas que às vezes muitos se perdem nas possíveis respostas, pelo simples fato de não estarem atentos ao que se defende como projeto de vida e não estarem conectados com as causas humanas que estão sendo delapidadas. Aliás, nunca foi tão difícil acompanhar as inúmeras conjunturas que ocorre no país, às vezes no mesmo dia. O próprio PIG que se mostra grande sabedor passa cada mico que só.


Muitas pessoas desistem até de sonhar, perdidas no horizonte pintado por ilustres representantes da elite devassa sem cores. Isso gera, além do desconforto de achar que nunca mais será possível, certa aptidão pelas pessoas tristes em seguir falsos líderes ou em acreditar na bruxa da Branca de Neve.


A sociedade capitalista é cruel. Classifica as pessoas e as selecionam a partir da meritocracia, comandada e disputada por apenas 20% da humanidade e os 80% restantes, segundo eles, vieram ao mundo para servi-los.


Aprofundando esse problema, chegamos às religiões, onde muitas delas pregam a Teologia da Prosperidade, vendendo a ideia de que basta seguir os mandos de um pastor, para que sua vida tenha prosperidade. Uma heresia, tratada como se o mundo se dividisse apenas na dualidade de ricos e pobres, ou os de bem de vida e os que nunca terão nada e, portanto, deverão sempre servir os que têm ou que conseguiram ter.


Certa vez li um artigo com o título: “No universo da sociedade nem tudo é verdade”. Há tantos interesses em jogo que seria impossível enumerá-los nesse post. Desde o deus mercado que oferece o paraíso e vende o purgatório, passando por várias igrejas que vende a salvação, mas em troca a alma já foi vendida e chegando-se ao sombrio mundo da política como profissão, onde uma pessoa, que se acha iluminada, quer ter o direito de nascer político de carreira e morrer como tal. Exatamente como era o Senado antigamente no tempo do Império. Ninguém é tão bom que não mereça ser substituído, desde que seja por alguém que defende as causas coletivas.


Há de se entender que tudo não passa de uma grande peça teatral e o que é pior, em certos casos, uma grande tragédia humana. O que é o capitalismo onde metade da população mundial passa fome, senão uma grande tragédia? O que é a oposição direitista e golpista brasileira posando de democratas éticos, senão uma grande chanchada? A vida é como uma peça teatral. O grande problema é que não se permite ensaios. Errar e acertar fará parte do resultado final, mesmo contra a nossa vontade.


Normalmente pensamos que se o ano que acabou não foi bom, que venha o próximo que o receberemos com muito mais energia. Sem planejamento, mas com muita vontade de mudar. Não é o ano de 2016 que tem que ser diferente e sim cada um e cada uma de nós. Temos que ter atitudes positivas, imaginando que se não conseguirmos mudar a sociedade como um todo, mas se fizermos a caminhada juntos com quem confiamos e que defende a mesma causa que defendemos, plantaremos a mudança durante o caminho. Faremos uma grande revolução silenciosa.


Em minha opinião, um dos maiores problemas humanos, vem do fato das pessoas não saberem o que vieram fazer na vida. Não terem um projeto. Qual a missão a ser cumprida e principalmente que caminhos e com quem seguirão. Essas pessoas na prática não vivem e sim vegetam. Não conduzem. São conduzidas.  Assim, a primeira mudança que tem que ocorrer dentro de nós é identificarmos qual a razão das nossas existências e verificarmos se daríamos nossa própria vida para que ela pudesse acontecer.


Acredite menos no que você não vê e busque mais aliados para construir a tão sonhada ponte do presente incerto ao futuro promissor. Na dúvida consulte quem está fazendo. 

Que o ano de 2016 possa provocar em cada um e cada uma que estará lendo esse post, as mudanças necessárias para que possamos transformar juntos, esse enorme limão que a mídia mostra e que a politicalha provoca, numa grande e saborosa limonada.


Antonio Lopes Cordeiro

Pesquisador em Gestão Pública e Social
toni.cordeiro@ig.com.br


O ano de 2015 transitou entre o amor e o ódio

30 de Dezembro de 2015, 22:47, por Gestão Pública Social
Aquele país fraterno, hospitaleiro e solidário com todos e todas, de todas as partes do mundo, acabou? Sucumbiu? Se depender da mídia golpista que elegeu o PT, Lula e Dilma como grandes vilões da história, não tenho dúvidas que sim. Porém, para o bem geral da nação esse bando de fundamentalistas delinquentes não chega a 10% da população. Parece maior porque a mídia os quintuplica e seus seguidores vão juntos para um rolezinho sem causa.


Onde estavam esses fundamentalistas, fascistas, racistas, homofóbicos e demais malucos nacionalistas? Escondidos em suas vaidades? Afinal, essas pessoas mudaram de uma hora para outra ou se revelaram? Foram dominadas por alguma força oculta ou o mau-caratismo aflorou? São vítimas do sistema ou velhos aliados disfarçados de democratas? Com certeza são perguntas e respostas desconcertantes, pois algumas dessas pessoas podem estar muito próximas de todos nós.


Nos 35 cursos que ministrei em 2015, pela Fundação Perseu Abramo, tivemos oportunidade de fazermos em sala um amplo debate sobre as diversas conjunturas nacionais e locais vividas no decorrer desse ano e que solução seria mais adequada para algumas situações. Um ano que com certeza ficará na história como um dos mais atípicos e complicados vividos pelo país em seus 515 anos de vida. Criou-se o ódio coletivo. Algo que só se via nas torcidas de futebol e agora também presente na vida política. Parece até que os zumbis saíram das tumbas e os monstros das tocas e juntos caminham sem rumo.


É importante afirmar, sem medo de errar, que nada do que aconteceu e está acontecendo foi ou é por acaso. Trata-se de um plano arquitetado milimetricamente pelas forças conservadoras e pela elite herdeira da casa-grande, a começar pelo seu maior instrumento que é o PIG – Partido da Imprensa Golpista, partidária e com resquícios fascistas, que coloca em xeque e em suspeita, não só as diversas universidades que formam essa gente, como principalmente os ditos profissionais que perdem a moral e o rumo quando optam por serem parciais e defenderem apenas um lado.


Outro ponto importante que discutimos nesse ano foi a gigantesca traição da chamada Classe C nas últimas eleições, que sem dúvidas foi a classe mais beneficiada, não só com os projetos sociais, mas principalmente pela política desenvolvimentista dos governos Lula e Dilma, que destinou às suas vidas diversos projetos, como por exemplo, o Minha Casa Minha Vida, Universidade para Todos, Mais Médicos e tantos outros, que mudaram a história de milhares de pessoas, de milhares de mulheres e de milhares de jovens. Na prática aconteceu com essa gente uma revolução silenciosa.


Apenas a título de esclarecimento, vale ressaltar que enquanto os eleitores das Classes A e B votaram majoritariamente no tucano Aécio e os das Classes D e E votaram majoritariamente na Dilma, os eleitores da Classe C, não sabiam se eram ricos ou pobres e, portanto oscilaram e se dividiram, dando uma vitória apertada à Presidenta Dilma. Uma traição sem igual com quem sempre os tratou como sujeitos dessa nova história.


Estamos observando no Brasil e em várias partes do mundo uma perfeita armadilha mundial. Um desmonte em velhas conquistas. Uma nova fase do capitalismo, comandada pelo capital econômico e com total apoio da velha mídia, de falsos líderes, dos remanescentes da casa-grande e de seus agentes. Muda-se o país, porém o método é o mesmo. Nega-se a luta de classe, porém é só observar a composição do novo Congresso brasileiro, para se notar o quanto a classe trabalhadora iludida, perdeu em termos de composição, organização, participação e principalmente de direitos.


Enquanto a esquerda só pensou em cargos e relaxou quanto ao acompanhamento das entidades e de formação política que possibilitasse o surgimento de novas lideranças, a direita nadou de braçada. Sequestrou o discurso da esquerda, infiltrou gente em todas as esferas nacionais, criou hegemonia na comunicação com um discurso nacionalista e fascista e, sobretudo plantou a ideia de que todos os políticos roubam e política é uma coisa ruim. Com isso, pregou-se também a ideia do voto em qualquer um ou uma.


Enquanto os velhos militantes de esquerda foram desprezados e substituídos por repúblicas de mandatos, que buscam “garrafinhas” e não militantes, a direita criou um atalho atraente, substituindo o militante de uma causa por voluntários, através do ópio chamado terceiro setor. Um engodo que veio no pacote do projeto neoliberal e com a privatização com o principal objetivo de substituir o Estado em suas funções sociais. Algo lindo aos olhos da sociedade, mas cruel quanto ao verdadeiro sentido das coisas.


A direita começa 2015 elegendo o Congresso Nacional mais esdruxulo e conservador da história, rejeitando o Plano Nacional de Participação Social, fazendo uma devassa nos projetos sociais e da classe trabalhadora e termina com o sonho de um golpe na cabeça. Além disso, conseguiram confundir e atrair alguns aliados do governo e atingir também o PT, que teve uma debandada da turma que entrou no partido apenas para tirar proveito próprio. Um bando de oportunistas que vieram para o PT quando o partido optou por ser um partido de massa e pagou um alto preço por isso.


A estratégia da direita foi enfraquecer o PT, Lula e Dilma e criar um factoide que o Brasil está quebrado pela incompetência da Presidência Dilma e a mesma merece ser tirada do cargo porque usou dinheiro dos bancos públicos para investir no social sem aprovação do Congresso. É claro que a Presidenta teve sua grande parcela de culpa nessa história, ao criar uma equipe econômica para agradar o deus mercado, a custas do social e trabalhista.


O que sobrou de positivo dessa triste história para 2016? Sobraram os fatos, os projetos implantados, a mudança de qualidade de vida numa enorme parte da população, além da esperança dessa crise ser passageira. Sobrou também a inusitada união da juventude estudantil paulista que colocou os tucanos de São Paulo na roda, além da união da esquerda brasileira contra o golpe e pela manutenção da democracia, assim como a vontade de quem luta pela liberdade e por uma causa em continuar de plantão contra qualquer tipo de golpe.


Enquanto a direita descobriu que a Onda Vermelha voltou mais unida que nunca em defesa da Presidenta e da democracia, como no último  16 de dezembro, a esquerda descobriu que a luta tem que continuar e que nunca tivemos no poder e sim apenas e tão somente nos governos. O verdadeiro poder continua intacto com o mercado e com as demais forças econômicas. Parece até que precisamos ter vivido na pele para acordamos.


Sobrou por fim, muito amor pela causa a ser compartilhado com quem sente a necessidade e se dispõe a lutar por uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas.


Que o ano novo nos fortaleça e alinhe nossos pensamentos para que possamos subverter a ordem, se necessário for, rumo à organização popular.


Meu espírito se avoluma na defesa de uma causa e se arrepia ao enxergar um(a) golpista à frente tentando sucumbir direitos universais conquistados.


Que em 2016 possamos para cada golpista presente termos centenas de pessoas do bem lutando pela liberdade, pelo amor ao próximo, pela solidariedade e pela democracia.


Feliz Ano Novo!

Antonio Lopes Cordeiro

Pesquisador em Gestão Pública e Social


toni.cordeiro@ig.com.br