Chegou o Dórinha, porque ser prefeito é brincadeira!
16 de Agosto de 2017, 15:48 - sem comentários aindaDo perfil de O Soldadinho de Chumbo, sugerido por Luiz Skora, via twitter.
O futuro e o desemprego
16 de Agosto de 2017, 9:00 - sem comentários ainda
Por Clemente Ganz Lúcio, Diretor técnico do DIEESE
O ritmo de fechamento de postos de trabalho diminuiu no primeiro semestre de 2017, com a economia no fundo do poço, após uma queda de mais de 9% do PIB per capita e mais de 14 milhões de desempregados, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa de desocupação ficou em 13,7% no primeiro trimestre deste ano (em 2014, chegou a 6,5%) e em 13% no segundo, primeira queda estatisticamente significativa desde 2014. O mercado de trabalho brasileiro tem quase 104 milhões de pessoas, 90,2 milhões de ocupados ou empregados e outros 13,5 milhões de desempregados.
No desemprego medido pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (DIEESE/Seade/parceiros regionais), realizada nas regiões metropolitanas, as taxas continuam altas, mas há alguma diferença no comportamento do desemprego. A RM Salvador apresentou, em junho, desemprego em alta, com taxa de 24,9%; a RM Porto Alegre tem taxa de desemprego muito menor e estável, na casa de 11%; na RM São Paulo, o maior mercado de trabalho metropolitano, o desemprego é de 18,6% e, no Distrito Federal, de 19,9%, as duas áreas com redução das taxas.
Além da queda do ritmo de fechamento de postos de trabalho, os indicadores refletem a criação de vagas temporárias na agricultura e o aumento do número de trabalhadores autônomos, por conta própria e assalariados sem carteira assinada.
O travamento da economia torna a situação de desemprego duradoura. O tempo médio de procura por trabalho (segundo a PED) é de 60 semanas na RM Salvador, 43 semanas na RM São Paulo e 37 semanas na RM Porto Alegre.
Em resumo, o desemprego estaciona, mas em elevados patamares, deixando como resultado o desalento diante de extenso e tortuoso tempo de procura para encontrar vagas precárias no setor informal (autônomos e assalariados sem carteira).
E o futuro ainda pretende entregar três pacotes com presentes bomba para os trabalhadores.
O primeiro será aberto em novembro, quando a reforma trabalhista entrar em vigor para, em um mercado de trabalho debilitado por uma economia em recessão, brindar os trabalhadores com múltiplas formas precárias e, agora, legais de contratação, de arrochar salários, reduzir direitos e benefícios.
O segundo presente reserva para 2017 e 2018 uma economia andando de lado, escorregando no limo da recessão. Os trabalhadores serão ainda mais pressionados pelo desemprego e, desesperados, submetidos “à livre escolha” de aceitar os novos postos de trabalho precários, abrindo “livremente” mão dos direitos.
O terceiro presente virá no centro da profunda desnacionalização da economia (a venda dos ativos de um país que está barato). O capital internacional imputará uma modernização tecnológica na base dos ativos adquiridos, aumentando a produtividade das empresas, com tecnologias que desempregam e ajustes estruturais do custo do trabalho permitidos pela reforma trabalhista – a produtividade espúria ganhará legalidade.
Ao Brasil está sendo imposto um caminho para experimentar um processo de vertiginosa mudança do padrão produtivo, uma imensa concentração de riqueza e acentuada extensão da pobreza, resultado de uma soberania reduzida à servidão ao capital financeiro.
Será preciso lutar, sustentar a democracia na raça, para que os brasileiros e brasileiras deem, pelo voto, outro destino ao país. Será preciso jogar esses presentes no lixo da história e retomar, com altivez, a tarefa que cabe a uma nação: conduzir o desenvolvimento do país para promover desenvolvimento econômico e social que gere bem-estar com qualidade de vida e sustentabilidade ambiental para todos.
Grandes empresas desviaram R$ 3 trilhões da Previdência em 20 anos, diz senador
14 de Agosto de 2017, 10:20 - sem comentários ainda'Olha, os valores são assustadores. Se eu falava em 3 trilhões, há quem diga que é o dobro'.
Paulo Paim (PT-RS) acredita que o governo não conseguirá votar a reforma da Previdência até outubro (Waldemir Barreto/Agência Senado)
O valor desviado da Previdência por grandes empresas nos últimos 20 anos supera R$ 3 trilhões. A estimativa foi feita pelo senador Paulo Paim (PT-RS) durante audiência da CPI da Previdência nesta semana. “Olha, os valores são assustadores. Se eu falava em 3 trilhões, há quem diga que é o dobro”, disse o parlamentar, presidente da CPI.
O senador afirma que os trabalhadores irão pagar a conta do chamado déficit da Previdência, que, segundo ele, tem origem não nas regras atuais, mas justamente no desvio de dinheiro do setor e na falta de pagamento das contribuições pelas grandes empresas.
“Porque quando eles [o governo] fazem a reforma, eles fortalecem os bancos, que são os grandes devedores. Quer que eu diga nome, eu vou dizendo já: Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, aí vai montadora, vai frigorífico, o mais famoso é esse JBS. Reforma da Previdência, não!”
De acordo com o senador, mais de cem pessoas, entre eles grandes devedores, foram ouvidas pela CPI da Previdência. Paim acredita que o governo não conseguirá votar a reforma até outubro deste ano. Ele disse ser importante que a sociedade se mobilize contra a proposta.
Caixa
Paulo Paim lamentou ainda que a Caixa Econômica Federal tenha anunciado o desejo de substituir os concursos pela contratação de trabalhadores terceirizados. Já o setor privado, segundo o senador, estuda substituir os trabalhadores contratados por tempo indeterminado por terceirizados ou por pessoas ligadas à empresa por intermédio de outros vínculos permitidos depois da entrada em vigor da nova lei trabalhista.
Como as recentes mudanças na legislação trabalhista impõem um prazo mínimo para que um trabalhador demitido seja contratado pela mesma empresa nas novas modalidades de contrato previstas nas regras que passarão a valer a partir de novembro, Paim denunciou alguns mecanismos para burlar essa determinação legal.
" [As empresas] estão se preparando para demitir aqueles que têm o contrato formal. E eles terão que deslocar para uma outra empresa, para a tal de quarentena, de não sei quantos dias, mas vão fazer parceria, vão para outra empresa, entram como "PJ" [pessoa jurídica], ou como autônomo exclusivo, ou entram como terceirizado, ou ficam desempregados. Essa é a tal de livre negociação".
Deputada casa ao som de
15 de Julho de 2017, 13:48Foto: Giorgia Prates |
PR: Protestos marcam casamento da deputada Maria Victoria, filha de Ricardo Barros
Foto: Giorgia Prates |
A revolta de Garibaldi e o pesadelo dos Barros
15 de Julho de 2017, 10:36É quase certo, por outro lado, que muitos repudiam a manifestação em momento tão sagrado. Principalmente os escribas e suas penas digitais.
Era uma vez, uma bela jovem, cujo sonho era se casar de princesa em um lindo palácio. Seu sonho se concretizaria quando sua mãe fosse alçada ao cargo de duquesa das Araucárias, tornando-se parte do ducato dos Richas, e seu pai conquistasse o título de Dom Ministro da Saúde, patrono das empresas privadas, na Era Temer, um monarca voltado para agradar a aristocracia Cisnes Amarelos.
Como se fosse o seriado “Once Upon a Time”, o passado e o presente se confundem belamente. A noiva aluga sua pequena catedral no centro da República de Curitiba, terra das Araucárias imperiais, e em seguida recebe os convidados no Palácio Garibaldi, no nostálgico Largo da Ordem.
Na adaptação, a carruagem movida a puros sangues cede lugar a um elegante modelo branco clássico da marca Rolls Royce Silver Wraith 1955. Uma limusine que passou a ser produzida após a II Guerra Mundial para transportar chefes de estado. As taças e talheres são do mais fino cristal e fina prata com toques dourados. Os fraques são substituídos por belos ternos cortados e camisas e gravatas de seda. Já as damas trocam os vestidos de grandes frisas por peças justas e decotadas que possam evidenciar corpos esculpidos em salas de tonificação dos músculos contemporaneamente conhecidas como academias.
No centro disso tudo, a noiva, linda, jovial, com a face mais branca do que a carne de uma maçã gala. Seu longo vestido branco é bem comportado, como se recomenda a uma dama da sociedade. As transparências dão lugar a delicado bordado em volta do dorso que disputa atenção apenas com os lábios discretamente delineados. A sobriedade se completa com o véu que remete a uma coroa cristã pintada pelos mais zelosos florentinos. É a imagem da santa vitoriosa, como o nome da noiva indica, sobre todos os percalços que a vida impõe nessa matilha que é a Ilha de Vera Cruz.
Contudo, os fantasmas dos Garibaldis não gostaram de tanto ostentação da nobre corte paranaense em um momento de sacrifícios e dores para o povo. A celebração ocorreu na semana em que direitos trabalhistas foram retirados em massa, devolvendo os labutadores quase cem anos no tempo. Na semana em que o grande monarca Michel Temer, que usurpou o poder da presidente Dilma Rousseff, uma espécie de princesa Merida tupiniquim, era salvo de denúncia de corrupção por vassalos parlamentares em troca de moedas e emendas de ouro. Na semana em que o proletário Lula, o presidente libertador da fome do povo, era condenado sem provas por um inquisidor Moro. Tudo isso reunido fez com que os Garibaldis lançassem uma maldição: “Seu casamento será lembrado na história como a ‘noite das ovadas’ e a desforra aos Barros”. Eis a data: 14 de julho de 2017.
Pobre noiva, pensaram uns. Que males podem cair sobre seus ombros para merecer tal infortúnio e reprovação dos plebeus? Desavisados desconhecem que a noiva pertence a um clã cujas riquezas aumentam na medida que o pão e o circo faltam aos populares.
Ela é filha da duquesa que chancela o governo dos Richas quando esse toma a aposentadoria dos servidores, aumenta impostos e distribui os lucros entre os ricos do condado paranaense. Já seu pai traiu o governo que participava apenas para ganhar um novo título e mais poder. Dom Barros – o doente – é capaz de cortar recursos do sistema de saúde que atende a população e ainda falar que os médicos têm preguiça de trabalhar. Para ele, se cogita, uma peste negra seria um importante aliado na redução da demanda por atendimento público.
A própria princesa noiva também tem seus devaneios. Ela, cujo primeiro labor já foi na corte dos deputados, votou por tirar benefícios dos mais pobres no programa conhecido como Bolsa Família. Contrariando seu santo nome e toda a proximidade que carrega com os mais humildes, Maria Victória disse que ao povo não se pode dar nada, mas ele deve lutar para conquistar, como se a pobreza fosse uma punição divina.Contra auxílios moradias de togados, evidentemente, sua cândida voz não se levanta. Foram insanas palavras ditas por uma dama que é transportada por carruagens brancas, mas também por veículos grandes e pretos, conhecidos como caveirões, para votar pela retirada de direitos daqueles que jurou servir.
A reação da plebe a corte é quase natural. É a resposta à dama que pesquisava vestido de noiva em abril de 2015 enquanto ao povo a polícia distribuía bombas e gás de pimenta para impedir que eles impedissem a votação que lhes tomara R$ 2 bilhões de seus cofres. Dessa vez, no entanto, as bombas deram lugar ao véu de ovos e a opulência da data está marcada pela vulgaridade de quem escolhe governar zombando de seu povo. Pobre é a elite que acredita poder se fechar em castelos e distante da ralé.
É quase certo, por outro lado, que muitos repudiam a manifestação em momento tão sagrado. Principalmente os escribas e suas penas digitais. Mas também é quase certo que se dependesse desses, Dom Pedro I não teria dado seu grito às margens do Ipiranga, a República não teria sido instalada em 1889 e tampouco teria sido abolida a escravidão que agora retorna – once upon a time – transvestida de modernização das leis trabalhistas e pejotização. Enfim, tudo ao seu tempo e com sua história de uma estória que não tem nada de conto de fadas.
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Manolo Ramires
Pinga Fogo e Crônicas Curitibanas
Fotos: Théa Tavares