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Toni Cordeiro

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Como transformar um momento trágico numa verdadeira epopeia

24 de Agosto de 2014, 21:09 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Fazendo um recorte sobre sua definição, vamos aqui entender epopeia como: Um poema heroico narrativo extenso, uma coleção de feitos, de fatos históricos, de um ou de vários indivíduos, reais, lendários ou mitológicos. Essa é uma definição que se encaixa perfeitamente nos últimos acontecimentos.

Até o dia de ontem eu imaginava que já tinha visto de tudo em termos de politicalha, ou seja, a má politica, aquela que não mede esforços para enfiar de “goela abaixo” o que um grupo determina. Nesse caso estamos falando de um grupo econômico e político que governou o Brasil por muitos anos, até a chegada de Lula e Dilma e de seus asseclas. Além disso, nasce como estratégia de poder um novo partido que pretende determinar todas as ações da humanidade e principalmente o que julga ser certo e errado: o PIG – Partido da Imprensa Golpista, pertencente a apenas seis famílias abastadas, que dominam 75% de todos os jornais, revistas, rádios e canais de televisão. Estamos falando de algo que representa na atualidade o quarto poder.   

Porém, os últimos acontecimentos foram "pacabá", como dizem na gíria popular. A mídia e a direita raivosa, que pretendem dar um golpe em Dilma e no PT em nível nacional, transformaram a morte e o velório do Eduardo Campos num episódio político e ideológico com muitos holofotes. Entre as barbaridades ocorridas, os presentes no velório pediam justiça e vaiavam Dilma, puxando inclusive um grito de “Fora Dilma”. Gente da mesma espécie daquela que mandou a Presidenta para aquele lugar em plena abertura da Copa do Mundo. Ou seja, gente da pior espécie, apesar da maioria ser pernambucana como eu. Gostaria muito de saber justiça sobre o que. Será que imaginam que a oposição ao Campos sabotou o avião? Só falta isso acontecer. Aí será o fim.

O PIG com o então candidato Campos ainda desaparecido nos escombros, trocava de candidato em pleno voo, ou em plena tragédia e à luz do dia. De Aécio para Marina. Vale lembrar que a Globo colocou o 40 e o 45 na logomarca de sua novela: Geração Brasil. Ou seja, tanto lá como cá. Numa alusão de quais seriam seus candidatos e no sentido de influenciar seus pobres telespectadores.

Os ditos analistas neoliberais de plantão: Merval, Miriam Leitão, Jabor, um indivíduo da Veja e todos os demais golpistas que estão festejando a nova opção pós-morte, fizeram projeções, contaram casos do passado, cantaram o resultado da pesquisa como seria e para terminar, em pleno enterro, o locutor da Band News, comentando que só Marina poderia cumprir o lema da faixa: “Não desistiremos do Brasil”, como se o governo de Lula e Dilma, não tivesse tirado o Brasil do caos, da lama financeira, do FMI, do privatismo, do marasmo econômico, do desemprego, da falta de moradia, dos sem médicos, dos desempregados e principalmente da barra da saia dos Estados Unidos e do Clube de Paris.

O ódio é principalmente porque o Brasil de hoje não é mais de meia dúzia de privilegiados, mas de todos e todas com as novas oportunidades. O Brasil não é mais do “deus mercado” e sim de um Estado forte, que leva bem estar para a maioria da população e provê recursos materiais, financeiros e humanos.

No velório, vaias para a Dilma e comentários escabrosos de alguns políticos que seus passados dariam um filme de terror. Tudo isso como se estivessem nos bastidores de uma grande partida. Enquanto na frente muitos choravam, nos fundos do prédio muitos políticos faziam planos e conchavos.

Para mim tudo foi lamentável. Da tragédia ao uso dela por muita gente, da dor da família aos gritos insanos de militantes em chama e principalmente pelos conchavos políticos descabidos numa hora, onde principalmente seus aliados deveriam estar chorando pela perda de um de seus líderes, que controlava tudo à mão de ferro e já preparava seu filho mais velho para sua sucessão futura e não fazendo planos de sucessão. Essa é a verdadeira politicalha. Ficou claro que politicamente falando, Eduardo Campos para eles mesmos, representa apenas números e mais números.

Como estatístico, avalio que a pesquisa do Datagolpe não foi surpresa alguma, pois seu resultado já estava definido. Primeiro ela empata com Aécio e depois empata em segundo turno com Dilma. Tudo muito previsível. Tudo muito combinado. Uma pesquisa forjada pela emoção e não pela razão.

Agora é esperar para ver o que a sorte determina. Dilma, o PT e seus aliados terão que lutar contra o PIG, contra a direita raivosa e principalmente contra os remanescentes da epopeia.

Quem são aqueles cavaleiros do apocalipse? De que apocalipse estão falando? Que país é esse onde todos desistiram dele? Estarão falando eles de marte? De que caos estão falando? Ou representam eles o próprio caos?

Acredito piamente que essa história está apenas começando. Ainda muito mais estar por vir a se iniciar pelos acontecimentos da próxima quarta feira.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com


Fonte: http://gestaopublicasocial.blogspot.com/2014/08/como-transformar-um-momento-tragico.html

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