Gehe zum Inhalt

Toni Cordeiro

Full screen

Blog

April 3, 2011 21:00 , von Unbekannt - | No one following this article yet.

Não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe...

July 5, 2018 13:43, von Gestão Pública Social
Minha mãe, sempre se referindo a uma situação de tristeza vivida, mas também de olho nas alegrias aparentemente duradouras, repete um Provérbio Português que diz: “Não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe”. Frases gêmeas que compõem uma dualidade mantida pela mente humana e que carrega várias verdades, se alternando ao longo do tempo nos dois universos contidos em cada ser humano.


Algo que abriga, ora tristezas e ora alegrias, que podem voltar a serem tristezas, para em seguida voltar a serem alegrias. Isso vale para várias situações da vida cotidiana de quem trata com as relações humanas e de quem as vivem com intensidade.


Certa vez conversando com uma terapeuta ela me disse: “Engana-se quem acha que uma determinada situação está totalmente consumada, apenas por uma decisão unilateral, quando envolvida por duas ou mais pessoas, porque no meio de tantas certezas há sempre o imponderável”. Algo muito profundo.


Segundo ela, uma coisa é quando estamos em pleno delírio por uma situação qualquer achando que o mundo gira apenas em torno de nossa órbita, mesmo se sabendo que existem outros atores no enredo, tentando passar a ideia de que vivemos em outra dimensão e ignorando por completo o mundo real. A outra é perceber que ao passar do tempo chegará o dia do encontro noturno com o travesseiro, onde nossos pensamentos em viagem permanente acabarão nos cobrando passo a passo os detalhes inacabados, as mágoas que provocamos em outras pessoas, os desamores e todos os resquícios de fraquezas humanas que nos acometem diariamente. O que entendi da nossa conversa foi que um dia a fatura chega e de alguma forma iremos pagar.


Traduzindo, ela se referia ao preço que a vida cobra pelas situações mal resolvidas, pelos sofrimentos que por ignorância plena, provoca-se a alguém, pelo uso que se faz de determinadas pessoas em troca de várias formas de prazer, pelas mentiras ditas durante a convivência e tantas outras. Em resumo, só outra expressão popular para explicar: “Aqui se faz, aqui se paga”. Esse pensamento pode estar ligado a um processo de vingança pessoal que nasce dos desabafos, a um conselho de boas práticas humanas, mas também à Lei do Retorno, que em regras gerais nos remete ao Provérbio do título do post.


Ao longo de minha existência, já vi muita gente rir de situações onde eram senhores ou senhoras da razão e terminarem em choro porque o mundo deu várias voltas, enquanto elas continuavam presas aos seus mundos imaginários. Por outro lado também vi pessoas chorarem por achar que não havia mais solução ao que as faziam sofrer e de repente numa dessas viradas que a vida dá saírem sorrindo, pois descobriram que não passara de mais uma peça passageira pregada por suas próprias vidas e por suas escolhas.


Aprofundando essa dualidade, há evidências de que quando o ser humano está em êxtase, seja por qual motivo for, nem que seja por pouco tempo, nega o mundo real e cria um mundo particular, voltado exclusivamente para o prazer daquele momento, em várias situações puramente ilusório. Por outro lado, quando se está em tristeza profunda o mundo parece cair aos ombros de quem triste está, como se fosse acabar em instantes e a impressão que dá é que não haverá solução para o que provocou esse estado de espírito.


No caso das tristezas, dos desencontros e da falta de crença pela busca de soluções definitivas aos problemas vividos, a mente cria um mundo imaginário para que se suportem as diversas circunstâncias vividas no mundo real. Quais os cuidados? Daí vem às drogas, as bebidas, as paixões momentâneas sem lastro, os vícios de toda ordem e todas as buscas que visam maquiar os problemas reais. Nesses momentos, ainda há até quem desdenhem das fraquezas humanas, nem sabem que a vida dá e a vida leva.


Com base nessa viagem ao centro de nossas existências, pergunta-se: O bem é passível de sofrimento, além de ter duração limitada como o próprio mal?


Segundo Walter Barbosa, membro da Sociedade Teosófica, limitada e imediatista é nossa visão do bem, pois não vai além da perspectiva do prazer. Ainda segundo ele, por isso limitada é também nossa visão nos diversos setores da vida, seja como amantes, educadores, religiosos ou profissionais.


Completando sua linha de pensamento, Walter diz: “Só o que é humano se sujeita ao vai-e-vem da polaridade, tendo por isso começo e fim. Assim o oposto ao ódio é o amor limitado pela perspectiva do prazer, do apego, cuja inclinação é instintiva, dando base à continuidade do ego. Avessa à razão, tal perspectiva alimenta comportamentos obsessivos, cegos e autodestrutivos como a paixão e o vício”. Segundo ele só o amor dura para sempre.


Talvez o tempo, que é senhor da razão, possa nos explicar porque mesmo o bem, que deveria ser um sentimento de entendimento e importância universais, varia tanto, mesmo para aquelas pessoas consideradas acima de qualquer suspeita e no mesmo campo do bem e do mal, como evitar que o mal que sempre nos persegue perdure por tempo suficiente em cada de e cada de nós, a ponto de destruir parte importante de nossas vidas?


Como a vida é bela e sabemos que nada é definitivo, nem mesmo nossa própria existência, bom é saber que sempre haverá um novo dia, uma nova noite e um novo amanhã, enquanto vida tiver, onde podemos encurtar a distância entre o que somos e o que de fato queremos ser e mesmo que o amanhã seja o fim, terão as nossas histórias de vida, que por certo alguém dará continuidade e tomara que tenham orgulho delas.


Termino essa reflexão com uma frase de Friedrich Nietzsche: “Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal”.


Antonio Lopes Cordeiro
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social




Por onde andam nossos sonhos?

July 2, 2018 20:00, von Gestão Pública Social

Resultado de imagem para sonhos
Ando com pouca inspiração nos últimos tempos e lembrando-me disso recorri a algo que considero ser um verdadeiro sonho. Trata-se de UBUNTU. Uma linda filosofia e uma ética africana, que entre outros ensinamentos nos trás: “Sou o que sou porque somos todos nós. Sou afetado quando um semelhante meu também é afetado”. Algo tão nobre que ao mesmo tempo em que é comunidade, também é bem-comum. UBUNTU é amor em ação e principalmente à superação das diferenças a partir da solidariedade coletiva.


Ao me referir aos sonhos acordados, pergunto: Você acredita sinceramente na realização de seus sonhos, ou pelo menos em parte deles? O que faz para torna-los viáveis e facilitar para que ocorram? Já se sentiu enganado com os resultados de algum sonho? Já se frustou em não realizá-los?


Já para os sonhos ao dormir, algumas surpresas: Você prepara sua mente para seus sonhos noturnos? Você sabia ser possível planejar o cenário de um sonho, ou ainda dar sequência ao que sonhou? Você sabia ser possível resolver um problema real dentro de um sonho, ou ainda um estímulo ambiental real intervir num sonho em andamento?


Acredito que sonhar dormindo seja uma expressão do nosso espírito, enquanto sonhar acordado seja a luz que precisamos para viver. Por isso se torna tão importante e necessário simplesmente sonhar. Eis um dos grandes alicerces da humanidade. Segundo Willian Shakespeare nós somos do tecido de que são feitos os sonhos. Um ser sem sonho não vive, apenas vegeta.


Em sua expressão mais ampla, enxergo o sonho como um ato de beleza tão intensa, que basta dizer que são os sonhos quem alimentam nosso gosto pela vida. Sonhar nos faz acreditar que sempre podemos chegar com final feliz.


Segundo o Neurologista Leandro Teles, membro da Academia Brasileira de Neurologia, todos os seres humanos saudáveis sonham por 4 ou 5 vezes por noite, com durações de 5 a 30 minutos cada sonho, porém se não acordarmos logo em seguida, a tendência é o esquecimento total do que foi sonhado.


Ainda segundo Leandro, os sonhos provavelmente apresentem diversas funções. Do ponto de vista cognitivo, imagina-se que ela tenha funções de ajustes importantes no aprendizado. Também segundo Leandro, um exercício mental de criatividade, confrontação de dilemas conscientes e inconscientes.


Todas as considerações de Leandro sobre sonhos estão disponíveis em seu site:   http://www.leandroteles.com.br/blog/2013/09/08/curiosidades-sobre-os-sonhos-o-que-a-ciencia-tem-a-dizer-sobre-isso/


Para quem tem o hábito de sonhar acordado, vale sonhar mesmo que se ache tratar de um sonho impossível de se realizar, porque do ponto de vista racional, nada é impossível. A vida é cheia de imprevistos, mas também de previsibilidade. O importante é sonhar um sonho onde ao se completar continue parecendo que ainda estamos sonhando.


Vivemos num momento tão tenso em nosso país que parece ser proibido sonhar. Uma grande parte da população deixou de sonhar acordada e muitas dessas pessoas ao dormir têm pesadelos. Isso ocorre quando a luta pela sobrevivência é maior do que a manutenção pela vida. Quem tem fome não sonha, apenas luta pelo direito de viver. Aí é que entra em ação quem sonha com uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas. Somos a extensão dos sem sonhos. A utopia necessária para quem já sonhou.


Um dia ouvi numa palestra que os sonhos são diferentes das fantasias, porque com as fantasias não há compromisso algum para que ocorram, fazem parte de nossas viagens mentais, enquanto com os sonhos, parte deles possíveis de ocorrerem, requerem compromissos constantes para que as condições se tornem favoráveis.


Toda vez que sonho seguindo por uma estrada onde não sei exatamente onde irá chegar, lembro imediatamente que ainda bem que a vida não e uma linha reta, assim não corremos o risco de enxergarmos o final. Os altos e baixos, assim como as diversas curvas, as surpresas, além dos montes que temos a escalar, serão sempre novas possibilidades que a vida nos dispõe. É como se um processo de catarse sempre nos tivesse disponível no sentido de purificar nossas almas e nos preparar para as novas etapas da vida que virão.


Quem sabe o resultado de um sonho bem sucedido não pudesse ter esse cenário: “Quando tudo parecia caminhar para um dia nublado, coisa factível em tempos de chuva, eis que surge o sol, com seus raios firmes a nos convidar para uma caminhada pelos roçados da vida. O cheiro do mato, associado ao frescor do vento que bate em nossos rostos, nos faz lembrar que a vida é bela, basta que nos esforcemos minimamente e dê vazão a todas as emoções que ela nos oferece. Mesmo com os contratempos imprevistos, mas lembrando-me que a vida é bela, acabo de perceber que certa angústia que invadia meu ser, está calmamente indo embora junto com os contratempos. O que terá ocorrido”?


Para finalizar uma frase genial de Oscar Wilde: “Um sonhador é aquele que só ao luar descobre o seu caminho e que, como punição, apercebe a aurora antes dos outros”.


Antonio Lopes Cordeiro


Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social



Dizem que a Sabedoria mora logo ali atrás daquele monte...

June 22, 2018 16:38, von Gestão Pública Social
Falar de conhecimento é trivial, mas falar de Sabedoria é fundamental.

Imagino que para descrever com precisão o que é Sabedoria, seria necessária quem sabe uma poesia, tamanha é a sensibilidade envolvida, ou evocar os filósofos para que nos ajudasse a entender sua dimensão, porém como não sou poeta, faço aqui uma breve saudação: “Querida Sabedoria tu és o mantra sagrado para a nossa forma de ser. Andaste por minha cabeça, caminhaste comigo pelas veredas do conhecimento, mas foi o encontro de quem sou com a missão que carrego no peito que me fez te observar com outros olhos e me aproximar de ti. Seja Bem Vinda!”. 


Para os antigos gregos Atena era a deusa da Sabedoria e das artes, concebida da união de Zeus e da deusa Métis, também chamada pelos romanos de Minerva, pelo voto de desempate que deu quando julgou Orestes juntamente com o povo de Atenas. Uma deusa guerreira protetora de seus heróis escolhidos e também de sua cidade Atenas. Atena foi a deusa da Sabedoria, da prudência, da capacidade de reflexão e do poder mental, além de ser amante da beleza e da perfeição. Uma divindade completa.


Como falar de Sabedoria nos dias de hoje? Como se tornar sábio em plena era do conhecimento? Qual a contribuição do conhecimento para a Sabedoria e que caminho seguir para o seu encontro?


Quero crer que nos dias atuais, um caminho para a Sabedoria seria agregar uma junção de elementos que vão além dos conhecimentos adquiridos nos bancos escolares ou acadêmicos, aliando experiência de vida, militância por uma causa, sensibilidade humana e bom senso, onde um ato de sabedoria seria aprender com os erros. Como resultado, quem sabe se teria a saída do individual para o coletivo e principalmente saber ponderar os conflitos gerais com os conflitos pessoais.


Ao me referir à Sabedoria através de um monte, quero chegar com isso à discussão de que metaforicamente falando, podemos afirmar que no decorrer de nossas vidas temos muitos montes a escalar, muitos deles advindos das nossas próprias escolhas. O que são de fato esses montes? São todas as dificuldades, obstáculos, desamores e falta de crença em nossa capacidade de enfrentamento e busca de soluções. Uma longa caminhada cheia de contradições, provocadas pelo fato de não agirmos com sabedoria na maioria das vezes.


Por outro lado, há um ditado da sabedoria popular que diz: “Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”.  Uma incômoda verdade para o bem, mas um tremendo alívio para as coisas do mal que de vez enquanto aparecem em nossos caminhos. Algo que se encarnou no imaginário popular e de uma verdade quase que absoluta.  

A parte boa de uma escalada é que provavelmente se encontre no caminho o inesperado, onde tudo parece ser a primeira vez. Com isso, virão às novas escolhas e oportunidades para se chegar ao topo mais uma vez. Talvez essas caminhadas nos façam ricos em conhecimentos, mas se não tivermos Sabedoria suficiente para entender os porquês de estarmos lá, a vida vai e nos coloca novamente diante de novas encruzilhadas e novos montes teremos que escalar até que aprendamos.


Referindo-me aos letrados num país de desiguais, onde o sistema seleciona os melhores pela meritocracia, porém com oportunidades diferentes, a grande pergunta é: o que será que todos esses anos de estudo e títulos contribuíram para a sabedoria de cada um e de cada uma de nós? A resposta a essa pergunta pode nos levar a uma melhor compreensão da diferença entre conhecimento e sabedoria e como e onde aplicá-los.


Conheço muitas pessoas que flutuam no saber com todo conhecimento que possuem, mas em termos de Sabedoria são verdadeiros elefantes andando sobre taças de cristais. Creio que tal fenômeno ocorra pelo fato da Sabedoria ser o ponto de equilíbrio da sensibilidade humana. Uma espécie de amadurecimento da alma, independente da idade. Tem pessoas que logo amadurecem, enquanto outras morrem sem saber do que se trata.


Sempre quando escrevo busco referências, tantos nos clássicos, como nos grandes nomes que deixaram suas histórias como contribuição. Trago dessa vez duas frases sobre Sabedoria, a partir de dois contextos diferentes:


A primeira da poetisa e contista brasileira Cora Coralina, considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras, que lançou seu primeiro livro em junho de 1965 (Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais), com quase 76 anos de idade: “O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A Sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes”.


A segunda de Lao-Tsé, que de acordo com a tradição, viveu no século VI A.C. numa época conhecida como Cem Escolas de Pensamento. Conhecer os outros é inteligência, conhecer-se a si próprio é verdadeira sabedoria. Controlar os outros é força, controlar-se a si próprio é verdadeiro poder”.


Dizem que a Sabedoria mora logo ali por trás daquele monte e repousa calmamente em águas cristalinas para saciar a sede de quem conseguir chegar até lá.


Bem que a Sabedoria poderia dar em árvores. Eu mesmo ia ter várias plantadas no quintal da minha vida. Vamos à caminhada?

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social




Que tal falarmos de amor-próprio?

June 19, 2018 12:14, von Gestão Pública Social
Você saberia explicar o que é amor próprio? Sente-se com amor-próprio suficiente para perdoar se necessário for? Como uma pessoa que não se ama ou se ama em excesso pode representar os sonhos de um povo e ainda mais caminhando junto com o próprio povo?


Que tal iniciar essa conversa com uma frase de Oscar Wilde? “Amar a si mesmo é o começo de um romance para toda vida”. Isso a meu ver é amor-próprio. O objetivo dessa conversa é apenas tentar bulir com a consciência dos leitores e das leitoras do blog e ao mesmo tempo afirmar que sem amor-próprio, ou com o excesso dele, se torna impossível amar alguém. Tanto conheço pessoas sem amor-próprio algum, como conheço outras que se amam tanto que se bastam. Em ambos os casos não conseguem amar ninguém.


Podemos afirmar que amor-próprio, sem a preocupação de buscar um conceito mais elaborado, é um sentimento de dignidade, respeito e amor que o ser humano tem por si mesmo ao se valorizar, se respeitar e ser cuidadoso com seu dia a dia. É um tema tão amplo que envolve a psicologia e a psicanálise para um entendimento mais aprimorado. Por outro lado, os desencontros da vida em termos de realizações e aspirações, por certo são grandes conflitos na contramão da autoestima e também do amor-próprio.


O que me leva a escrever sobre um tema tão complexo é sem dúvidas tentar entender o porquê das pessoas terem uma enorme dificuldade de falarem de seus projetos de vida, de seus sonhos e principalmente de tentarem projetar seus futuros. Há evidência de que essas dificuldades só ocorrem porque inúmeras pessoas vão perdendo o amor próprio e com ele até o gosto de viver. Fato que desagua em vários problemas do nosso dia a dia.


O que considero mais complicado é que vivemos um período de embrutecimento na sociedade, fruto dos eternos desencontros sem causa, que se tornaram o epicentro das diversas crises de identidade da atualidade. Como resultado disso, um imediatismo surreal, pessoas frias e calculistas buscando várias formas de relacionamentos e principalmente uma grande novidade pública que é o ódio de classe, que mata e deixa inúmeras sequelas. 


No texto anterior afirmo que gosto mais do termo comunidade, pois está mais próximo ao bem comum, em contraposição ao termo sociedade, que a meu ver é uma convenção voltada muito mais em servir ao deus mercado e onde se alojam todas as contradições humanas e todas as formas de desamor.


É hilário afirmar, mas as pessoas odeiam o que não veem porque seus vizinhos de fofocas odeiam e amam o que a velha mídia determina, sem saber ao menos o que é o amor. Como algo assim pode dar certo? Não há espaço para amor-próprio quando a pessoa está perdida, em crise existencial ou de identidade. Amar-se requer antes de tudo saber aonde se quer chegar.


Dizem que essas mudanças de cursos comportamentais são sinais dos tempos. Eu sinceramente não acredito, creio mais ser resultado dos efeitos do sistema, da meritocracia, do individualismo e principalmente da alienação institucional, que desvia os seres das conquistas do pertencimento e os remete à veneração do que não lhes pertence.


Esses efeitos geram um falso cenário que impede o entendimento e a visualização de que a maioria da população brasileira é fruto da expropriação de valores, da sonegação de direitos e principalmente da desumanização, onde os valores individuais se sobrepõem aos valores coletivos, onde o ter e o ser estão em eterno conflito. Como ter amor-próprio diante dessa realidade?


Para quem assistiu a trilogia Matrix sabe que a sociedade está voltada para a alimentação do sistema e que quando se fala em sistema existem apenas duas dimensões: uma moldada para servi-lo e a outra de quem luta contra o tal. No vácuo existente entre as duas, está situada a maioria das pessoas, perdidas sem saber ao certo qual é seu papel humano e uma disputa invisível se trava no sentido de tentar absorver esse grande contingente de pessoas.


Creio que o processo de namoro político e a cooptação ideológica deveria se dá por aí, a partir do resgate humano das pessoas, ajudando-as a se encontrarem e melhorando a autoestima delas. Fazendo-as acreditarem que juntas poderão mudar o mundo se quiserem. Isso só é possível a partir do entendimento da missão como um grande mutirão e saindo do individual para o coletivo. Talvez aí esteja a grande diferença num processo eleitoral, de quem busca eleitores e eleitoras para a manutenção de seus cargos e quem organiza a base da sociedade a partir de valores coletivos ao invés de individuais.


Diante do exposto, ficam ainda algumas perguntas a serem respondidas: É possível alguém sem amor-próprio ou com excesso dele sair do individual para o coletivo? O que tem a ver a vaidade com amor-próprio? Quais são os efeitos do amor-próprio ou do amor em si ao excesso em relação ao verdadeiro amor? É possível trabalhar o amor-próprio a partir de uma ação coletiva?


Termino nossa conversa com duas frases sobre amor-próprio. A primeira do Jean-Jacques Rousseau, fazendo uma alerta: “O homem, guiado pelo amor-próprio, corrompe-se, passa a ter o desejo de ser superior aos outros, aliena-se”. A segunda do Marquês de Maricá, fazendo uma contraposição do amor-próprio, através da consciência: “Ninguém nos aconselha tão mal como o nosso amor-próprio, nem tão bem como a nossa consciência”.


No mais, observo com temor as tempestades, mas sei que sempre depois delas vem um arco-íris e com ele a vontade de seguir em frente...


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)


Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social



Lula está preso... na mente e no coração povo brasileiro

June 11, 2018 17:03, von Gestão Pública Social

A imagem pode conter: 2 pessoas, incluindo Jocivaldo Dos Anjos, pessoas sorrindo, texto
Três prisões marcam a vida do maior líder político da atualidade: a literal, que é a da justiça seletiva de Curitiba, que aprisiona politicamente, a partir de “um grande acordo nacional com supremo e tudo”, com medo de perderem a eleição e o projeto de inclusão social voltar a vigorar no Brasil. A segunda prisão que acomete ao maior presidente da história do Brasil é a do coração do povo. Esta se trata de uma prisão sentimental. O homem Lula dá passagem para o Mito se manifestar. O mais amado entre os brasileiros e um dos maiores do mundo. “O presidente povo e o povo presidente”. O povo se ver no Lula, sua representação. O Lula é o espelho do povo brasileiro. Queiram ou não os opositores.

A terceira prisão que acomete o Lula (nesta pequena análise) é a da mente das pessoas. O brasileiro jamais viveu tempos de maior prosperidade. Para além dos ganhos vistos em material tem também a felicidade do povo e o otimismo. O governo de Lula deixou marcas para a história do Brasil inapagáveis. A justiça de crescimento com distribuição fez do Brasil um lugar melhor de se viver. O que sobra destas três prisões?


Destas prisões pelas quais Lula passa (além de outras) sobra o resultado da pesquisa DataFolha divulgada neste início de junho de 2018. Sobre dados inequívocos de que após mais de dois meses o eterno presidente do Brasil continua ganhando de todo mundo. Com  30% dos votos dos entrevistados. Dado relevante se encontra em relação a segunda colocação. Devido o fato de Lula está preso e ainda ser uma incógnita sua aceitação pelo TSE (MAS, QUE SERÁ REGISTRADA), conforme deliberação do PT em aceitação e consonância com o pré-candidato, a segunda colocação na pesquisa se trata de um ineditismo na política. Se em 2014  de 8% das pessoas declaravam não ter candidato ainda, esta eleição aponta 23% do entrevistados. Isso aponta que a margem de Lula pode subir de 30%, em sendo declarado candidato, para ganhar a eleição já no primeiro turno.


A relevância desta informação da pesquisa é uma demonstração de que há pessoas que a grade não prende porque é maior do que ela. Pessoas que se tornam ideias. Ideias que se tornam sonhos. E sonhos, já dizia o poeta: não envelhecem.

Não há prisão que prenda a ideia. A ideia é Lula. Lula é a ideia.


Jocivaldo dos Anjos
Aluno especial do Doutorado em Administração Pública 
pela Universidade federal da Bahia – UFBA
jocinegao@hotmail.com