A guerra invisível que a maioria da população nem fica sabendo
5 de Agosto de 2014, 23:31 - sem comentários aindaFigura: http://parolebrevi.wordpress.com/
Ao olhar do último andar de um prédio de qualquer cidade, a impressão que dá é de uma paz absoluta. Ainda mais se for à noite. Apenas um barulho típico de cidade nos vem de imediato e a confusão de luzes dos prédios, ruas, avenidas e os automóveis a circular.
Nem dá para imaginar que no meio de tudo que vemos ao longe, existe uma violência incontida, que afeta todos os segmentos da sociedade. Trata-se da violência urbana que já invade a rural. Algo ligado à modernidade, sem regras e sem limite. Uma verdadeira guerra entre o bem e o mal, além da guerra pela manutenção do poder.
Essa violência aliada ao descaso da maioria dos governantes mata uma mulher a cada duas horas, 72 jovens por dia, sendo 50 jovens negros, além de 115 mortes diárias por acidente de trânsito. Um pequeno resumo do caos urbano e rural, o que faz com que a questão da violência e de sua prevenção seja um dos assuntos mais discutidos, porém fica apenas no papel na maioria das cidades brasileira, sem contar que a polícia brasileira mata quatro vezes mais que a dos EUA. Em muitos casos mata pelo prazer de matar ou pela síndrome de Rambo.
Essa é a violência que se vê, porém existem muitas outras que está no dia a dia, no interior das instituições, como é o caso das crianças que simplesmente desaparecem e são assassinadas para venda de órgãos ou vendidas para famílias estrangeiras e as mulheres vitimizadas pelo crime sexual? No meio de tudo isso existe ainda a droga, onde os traficantes aliciam jovens indefesos em nome de uma vida fácil. A disputa é diária e à luz do dia.
Além de toda essa violência, vivemos numa sociedade alienada pelos meios de comunicação pertencentes a seis famílias abastadas e reféns da indústria da corrupção. A propina virou uma moeda de troca e os escândalos já não abalam os muitos empresários que são os verdadeiros corruptores, além dos corruptos, dependendo claro do volume arrecadado.
A grande dúvida na cabeça de grande parte da população, com relação às próximas eleições é quem votar. A imprensa golpista diz que todos são iguais e todos roubam e a falta de informação gera a insegurança de não se saber em quem está votando. Aí o resultado é votar em qualquer, visto que se vende a ideia de todos agem da mesma forma.
Só há uma saída. Quanto mais se pratica gestão participativa mais barato se torna uma eleição e quanto mais o cidadão participar e praticar seus direitos de participação e de gestão social, menos corruptos serão eleitos e mais corrutos serão desmascarados.
Afinal, quem tem um projeto de vida paga o preço. Quem tem um nome a zelar não aceita dinheiro fácil. Quem defende a humanidade não aceita ser financiado por quem a explora e quem usa o ato de governar como meio jamais usará para beneficio próprio e sim para mudar o que for necessário na sociedade. Romper com o sistema e criar uma nova sociedade.
O mais interessante é que parte dessa guerra invisível está nas redes sociais. Todos os dias se faz necessário se divulgar o óbvio para que o insano não prevaleça.
Portanto, na dúvida participe!
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com
Navegando nas águas dos Rios Amazonas e Pará em busca da troca de conhecimentos
4 de Agosto de 2014, 9:59 - sem comentários aindaEstive afastado do meu blog por alguns dias, simplesmente degustando o que significou uma incursão pelo Pará em três cursos de gestão pública nas cidades de Cametá, Gurupá e Almeirim e a troca de experiências com os povos da região. Foram mais de 40 horas de barco, lancha e balsa, 8 de ônibus e 4 num pequeno avião, além de taxi, moto táxi e os aviões de carreira. Uma verdadeira e ótima aventura.
Quando os companheiros da APA (Assessoria & Projetos da Amazônia) entraram em contato comigo, em busca de informações sobre como levar uma capacitação de gestão pública para algumas prefeituras do Pará, logo de pronto aceitei, primeiro pela dificuldade que tinha em chegar até essas prefeituras sem ajuda e segundo porque de fato tinha um enorme interesse em fazer um trabalho nesse Estado. Fui informado que o deslocamento era um tanto complicado, mas não imaginava a distância e muito menos o que significava viajar por mais de 20 horas num barco para o deslocamento de uma cidade para outra.
Ao chegar a Belém, tudo estava pronto, desde o roteiro das viagens até os contatos com cada prefeitura. Em cada cidade um povo hospitaleiro nos aguardava.
São cidades simples em busca de desenvolvimento, com problemas de mobilidade urbana e rural, com mais da metade da população cadastrada no Programa Bolsa Família e alguma suspeita de que muitas delas possam ter mentido para o IBGE para não perderem o direito ao Programa, coisa que os gestores estão investigando e agindo. Ao encontrar famílias nessa situação, logo são tiradas do Programa, que é o que todos os gestores deveriam fazer em suas cidades, porém sabemos que muitos deles usam o Programa como moeda de troca de votos.
Quando nos deparamos com gestores tão interessados numa nova forma de governar e comprometidos com as causas humanistas, como foi o caso desses prefeitos e tantos outros que estiveram presentes nos 32 encontros que fizemos em cidades sedes, passamos a entender melhor a carência técnica existente para a maioria dos gestores que estão no comando das prefeituras, assim como da importância das capacitações em busca de um modelo de gestão: ético, integrado, transparente e participativo.
Há pouco menos de dez anos, quando iniciei estudos sobre gestão pública no Brasil, me deparei com a situação de que havia apenas 22 cursos no país e não de Gestão Pública, mas de Políticas Públicas, o que deixa claro de que esse era um campo de trabalho considerado como “terra de ninguém”, onde nem as universidades tinham o menor interesse nesse assunto.
Ainda hoje grande parte dos servidores de carreira é mal remunerada, não existe um plano de carreira e muito menos perspectivas de crescimento. Temos sugerido um Plano de Ação Participativo, onde se construa no processo da gestão uma Reforma Administrativa, capaz de profissionalizar a máquina pública e aumentar a eficiência e eficácia nos serviços oferecidos à população.
Só para ser ter uma ideia da situação, o primeiro curso de Gestão Pública e Social no Brasil foi lançado por nós no UNASP em 2010, a partir da experiência do Grupo Gestor de Integração e Planejamento da Prefeitura de Artur Nogueira, na gestão do Prefeito Marcelo Capelini. Dessa experiência nasceu também o primeiro Laboratório e diversos Cursos de Extensão Universitária na área de Gestão Pública.
O que mais me chamou a atenção foi a determinação dos gestores em busca de uma nova forma de governar, além de procedimentos para a moralização da máquina pública e da própria gestão.
Um dos temas mais discutidos nos cursos foi a possibilidade de formatarmos um Plano Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social, onde fossem respeitadas e potencializadas as áreas de Economia Solidária, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa e o mercado formal.
Saímos de lá com a possibilidade de criarmos um Núcleo de Desenvolvimento com os três prefeitos, fazermos um Seminário com os demais prefeitos e prefeitas onde o Partido dos Trabalhadores estiver presente, como também uma possível parceria com a Universidade Federal do Pará, para formatação de produtos voltados aos Temas Ambientais. Tudo isso em parceria com a APA – Assessoria & Projetos da Amazônia.
Que o exemplo do Pará possa ser socializado com os demais gestores interessados e comprometidos com uma nova forma de governar.
Tenho plena convicção que aprendemos na mesma proporção que ensinamos e é essa troca que nos faz caminhar.
Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Pesquisador em Gestão Pública e Social
Coordenador do Programa de Capacitação Continuada
em Gestão Pública da Fundação Perseu Abramo
toni.cordeiro1608@gmail.com