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Toni Cordeiro

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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

A paixão é um refúgio de quem ainda acredita no amor?

8 de Maio de 2018, 22:42, por Gestão Pública Social
A introspecção nos leva a fazer uma viagem do ontem rumo ao futuro. Particularmente não gosto de dias nublados. Sinto-me desconfortável. Devo ser porque sou filho do sol e tento aproveitar toda sua energia a cada segundo.

A sociedade brasileira está em crise. Uma alta dose de tristeza paira no ar, composta por várias atribulações: O país em golpe, Lula preso, a politica sendo transformada em negócios eleitorais pelos profissionais da política, a violência generalizada, mulheres perdendo a vida por um machismo histórico, desencontros amorosos e principalmente falta de perspectiva para o futuro, que entre tantos outros problemas, levam muita gente ou a emoções frequentes e às vezes descontroladas, ou a agirem de forma fria e calculista frente às questões pessoais, principalmente emocionais e os males da sociedade.


Após ouvir alguns desabafos sobre os problemas existenciais e paixões mal resolvidas, resolvi escrever sobre o complexo tema da paixão. Esse estranho sentimento que deixa muita gente numa situação desconfortável. Como explicar que numa paixão tudo nela parece ser intenso, mas em geral é de curta duração, como fogo de palha?


Li certa vez uma lenda sobre um Velho Duende e uma Linda Flor, que retratava um caso mal resolvido de seus personagens. O enredo chegava a ser poético, misturava alegria com tristeza, desafios de vencer a distância entre o jardim e a floresta e, sobretudo mostrava, em detalhes, os ingredientes de uma paixão.


Viveram intensamente por muitas luas, trocaram juras secretas e de uma hora para outra tudo que era sol virou uma tremenda tempestade. Linda Flor resolve por um fim aos encontros, deixando o Velho Duende sem nada entender. A história termina com ele deixando um recado para ela numa pedra e depois seguindo floresta a fora e ela voltando ao seu jardim e o proibindo de qualquer contato. Uma leitura nos tempos de teatro. Apesar do tempo ficou na memória.


Em todos os cursos de formação política abordo sempre o tema da paixão, ao me referir que num processo eleitoral, normalmente o pleito é decidido pela emoção e não pela razão. É o coração quem decide e não a cabeça os resultados eleitorais. As pessoas se apaixonam pelo personagem principal fazendo com que desapareça qualquer racionalidade nas eleições.


Fui à busca de um conceito sobre paixão. Segundo o site significados, paixão é um sentimento humano intenso e profundo, marcado pelo grande interesse e atração da pessoa apaixonada por algo ou por alguém. Exatamente como me descreveram. Normalmente a paixão só envolve vigorosamente uma das partes e a outra transita junto, sem maior envolvimento.


Segundo a definição do site, a paixão é capaz de alterar aspectos do comportamento e pensamento da pessoa, que passa a demonstrar um excesso de admiração por aquilo que lhe causa paixão. A impulsividade, o desespero e a inquietação são outras características que costumam estar associadas ao sentimento de paixão. Algo desesperador para quem está apaixonado e indiferente em geral para a outra parte.


A maioria das paixões sempre termina da mesma forma. Um lado querendo continuar com o romance e o outro simplesmente acaba com a graça, sendo que em tese, tudo começara com o envolvimento de ambas as partes. Paixão para muita gente é um poço sem fundo. Um caminho sem volta.


O psicólogo e neuropsicólogo Fábio Roesler, diz que há sim uma grande diferença entre paixão e amor: "O amor, normalmente, está relacionado a um sentimento bonito, estável e sereno, mais controlável e menos temido, enquanto a paixão nos invade e domina nossos pensamentos. É tida como arrebatadora, turbulenta e, muitas vezes, sofrida", explica.


Segundo Roesler, a principal característica das pessoas apaixonadas é que elas passam a enxergar no outro aquilo que desejariam que ele fosse, e não o que ele realmente é. "O parceiro é idealizado e transformado em um personagem", afirma o especialista. Ele diz ainda que apesar de algumas pesquisas apontarem que a paixão tem pouca duração (cerca de seis meses em média), não é possível determinar um tempo cronológico específico, já que cada história é individual e particular. Ou seja, cada caso é um caso.


Willian Shakespeare dizia que Ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa”. Dizia ainda que a paixão cega: “Oh, paixão, que fazes com meus olhos que não enxergam o que veem”?


Na música Quando a Gente Ama, dos compositores Marcelo Barbosa, Bozo Barretti, eles afirmam que a paixão é algo inexplicável: Quem vai dizer ao coração que a paixão não é loucura, mesmo que pareça insano acreditar”...


Clarice Lispector afirmava ter medo da paixão: “E talvez só o pensamento me salvasse, tenho medo da paixão”.


No meu entendimento a paixão deve ser vista primeiro com cautela, pelo sofrimento contido em várias situações, mas também com muita delicadeza, visto que em muitos casos acabam virando amor.


Problema mesmo é quando a paixão ou o amor viram saudade, como diz Chico Buarque: Oh, pedaço de mim. Oh, metade afastada de mim. Leva o teu olhar. Que a saudade é o pior tormento. É pior do que o esquecimento. É pior do que se entrevar”... Nesse caso só há uma solução. Quando ambos entenderem que o melhor caminho está em suas mãos. 


Que todas as paixões mal resolvidas da humanidade encontrem um ponto de equilíbrio e virem amores eternos.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)

Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social




Apenas uma reflexão para a vida e para quem dela precisa

1 de Maio de 2018, 2:01, por Gestão Pública Social

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Quem sois vós? Quem sou eu? O que buscas? Onde achar? Que caminho seguir? Quem estará conosco? Estará sol ou chuva? Será dia ou noite?

Sinto-me viajando no carrossel da vida, sentido um vento suave provocado pela velocidade do tempo. Busco abrigo para me amparar da chuva, mas ao mesmo tempo sinto vontade de me molhar. Na chuva parto para o campo, apenas pelo gosto de sentir no rosto as gotas geladas vindas do alto. 

Não me sinto feliz, nem tão triste o suficiente para não dar valor ao ato de viver. Entendo que para uns e outras o carrossel pode significar uma turbulência na vida e para outros e outras representa a vida em movimento, composta por altos e baixos. O importante mesmo é entender que nem mesmo o carrossel será o mesmo após cada volta que dá.  


Todo molhado volto ao carrossel e tento decifrar o que é possível ser feito no curto espaço de tempo em cada volta que a vida dá. Lembro-me que quando a chuva passar vem à hora do plantio e de torcer novamente por nova chuva para que a colheita seja próspera. Ao descer pela segunda vez, vou caminhando introspectivo e apenas canto uma canção para o tempo passar.


Penso que bom mesmo é ser criança, pois se chora sem motivo real e se ri de tudo que passa se passa à frente, apenas pelo prazer de ser feliz. Ser adulto às vezes é muito chato e que vontade que dá de voltarmos a ser crianças novamente. Como isso é impossível só nos resta caminhar em direção ao futuro, onde encontraremos com o resultado de nossas crenças.


Quando um dia tudo isso virar saudade, há quem diga que por aqui passou um fogo chamado paixão que contaminou todos aqueles e aquelas que não têm medo de ser feliz. O bom é saber que enquanto há vida podemos moldar o barro e consertar cada imperfeição que o ato de sermos seres incompletos vem a provocar.


Que a vida me conceda a oportunidade de refazer cada momento. De rever conceitos se necessário for e de fazer com que o predicado não negue o sujeito que sou e tampouco me anule do ato de viver e sentir que às vezes é necessário aprender, crescer e mudar.


Texto escrito no meio de uma tempestade, porém com a plena certeza de que amanhã será um belo dia de sol.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)

Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social




As inquietudes da ausência que invadem a nossa essência

27 de Março de 2018, 11:40, por Gestão Pública Social
A partir do entendimento do momento atual, dá para viver sem inquietar-se? 

Inquieto-me pela destruição das conquistas de mais de cem anos de lutas, mas muito mais por ocasião da ausência de questionamentos organizados por parte da maioria da população brasileira que perdeu praticamente tudo. Isso provoca entre outras situações, uma invasão na essência humana para quem veio ao mundo a trabalho e continua lutando por uma causa humanista e de igualdade.


Parto da avaliação da existência de uma séria crise de identidade na sociedade brasileira, advinda de vários fatores e de diversas matrizes, principalmente ideológicas e isso faz com que em muitas situações, inúmeras pessoas mais pareçam transeuntes de uma terra de ninguém do que habitantes de um planeta que se propõe a viver em harmonia. Além disso, uma grande parte da população não possui um projeto de vida. Apenas vive. Isso faz com que o caos mostre sua verdadeira face e avance sobre os sonhos das pessoas.


Essas transformações a meu ver estão modificando profundamente o estado emocional de um contingente enorme da população, com prejuízos incalculáveis para o emocional e também para o mental, tornando as pessoas alvos fáceis do “sistema” e principalmente de seus agentes. Um dos eventos observados vem da ausência quase completa dessas pessoas do entendimento dos códigos do poder e isso provoca, entre outros fatores, o desinteresse completo da vida cotidiana, da política e dos políticos.


Grandes perguntas que nos vêm em mente: Esse desinteresse é consciente ou construído lentamente pelas forças dominantes? Para o “sistema”, esse processo de ausência de lutas concretas é uma coisa boa ou ruim? Como intervir? Podemos definir tudo isso como um processo de letargia?


Por definição, ausência pode ser entendida como ação de afastar-se de algo ou de alguém, mas também pode ser se ausentar de si. Andar de forma atabalhoada pelos corredores da vida, meio que sem rumo. Ou ainda a ausência provocada pelo desprezo humano que produz estragos emocionais nas pessoas acometidas, muitas vezes irreversíveis. É preciso amar a vida para poder amar a causa.


Por ser um tema tão complexo, esse post não tem a pretensão de se enveredar pela área da saúde e tampouco psicológica para explicar sobre as diversas formas de ausência, mas buscar entendimentos que nos ajude a entender essa paralisia geral que acomete grande parte da população brasileira.


Um dos caminhos possíveis dessa letargia pode vir da ausência de emoções e indiferença a tudo, que é uma patologia, que consiste em regras gerais, num desinteresse total de tudo e de todos. Nesse caso não há emoções em jogo ou em disputa. Pode ser causada, por exemplo, pela falta de qualidade das relações interpessoais e de sonhos desfeitos, gerando o que a medicina chama de Transtornos de Humor.


Porém, será que isso é suficiente para entendermos essa crise de ausência nas ruas? Como explicar então se as ruas enchem quando a Globo chama a população para pular diante de um pato, escondendo as verdadeiras razões dos problemas do país?


Vamos por outro caminho. E se tiver ocorrendo um controle e manipulação das massas, numa ação ordenada por quem provocou essa enorme crise e por seus aliados? Vejam o que diz Noam Chomsky:


“Um estado totalitário não se importa com o que as pessoas pensam desde que o governo possa controlá-la pela força usando cassetetes. Mas num estado democrático, quando você não pode controlar as pessoas pela força, você tem que controlar o que as pessoas pensam e a maneira típica de fazer isso é através da propaganda (fabricação de consentimento, criação de ilusões necessárias), marginalizando o público em geral ou reduzindo-a a alguma forma de apatia”.


Inspirado nas ideias de Chomsky, o francês Sylvain Timsit elaborou a Lista das 10 estratégias mais comuns de manipulação em massa através dos meios de comunicação de massa:


1. Estratégia da Distração: Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real.


2. Criar problemas e depois oferecer soluções: Se cria um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja aceitar.


3. Estratégia da Gradação ou da Gradualidade: Para fazer que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. 


4. Estratégia do Diferimento: Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e necessária“, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura.


5. Tratar o público como se fosse criança: A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantismuitas vezes próximos à debilidade.


6. Utilizar o aspecto emocional muito mais do que a reflexão: Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e finalmente no sentido crítico dos indivíduos.


7. Manter o público na ignorância e na mediocridade: Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão.

8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade: Promover ao público a crer que é moda o ato de ser estúpido, vulgar e inculto. Introduzir a ideia de que quem argumenta demais e pensa demais é chato e mal humorado, que lhe falta humor de sorrir das mazelas da vida. 


9. Fortalecer a culpa: Fazer com que o indivíduo acredite que somente ele é culpado pela sua própria desgraçapor causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Aqui a meritocracia se encaixa como uma luva.


10. Conhecer melhor os indivíduos do que eles mesmos se conhecem: O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior que dos indivíduos sobre si mesmos.


Minhas inquietações se tornam mais aguçadas quando me convenço que o golpe em curso no Brasil nada tema ver com Temer ou com a politicalha do momento e sim o Consenso de Washington estruturado em 1989, assim como também me inquieto quando me convenço que a ausência do povo das ruas no combate à destruição de suas conquistas se dá por um processo de manipulação e alienação promovido pelos agentes do “sistema”.


Para combater esse estado de abandono e desagregação popular, só uma grande dose de formação política cidadã, que seja capaz de intervir e motivar outras pessoas. Algo que as conquistem pelo conhecimento, ajudando-as a entenderem o “sistema” e a se defenderem da opressão presente na atualidade em cada esquina, assim como tomarem tento e lutarem pelos seus direitos.


Finalizo essa conversa com duas frases de Maquiavel: “Um povo corrompido que atinge a liberdade tem maior dificuldade em mantê-la”. “Para bem conhecer o caráter do povo é preciso ser príncipe e para bem conhecer o do príncipe é preciso pertencer ao povo”.


Vídeo - As dez estratégias de manipulação das massas de Noan Chonsky
https://www.youtube.com/watch?v=xBVUBJXWXWY  

Antonio Lopes Cordeiro

Pesquisador em Gestão Pública e Social


Esperança - Esperar ou Esperançar?

6 de Março de 2018, 8:21, por Gestão Pública Social
Mais uma vez enveredo na escrita para falar de esperança. Um termo saliente, que caminha com os humanos, ora como a energia da certeza e ora como um pretexto para a espera.

Esperancei no texto “Um brinde a esperança”, buscando suas melhores afirmações e desta vez busco contextualizar se o ato de esperançar vem como a esperança da crença ou como a espera da incerteza. Duas linhas tênues, quase imperceptíveis da esperança que nascem juntas, porém com conotações completamente diferentes em termos de comportamento humano. Quem esperança persevera e quem espera aposta no acaso.

O filósofo Mário Sergio Cortella dialoga com essa dualidade ao afirmar que uma coisa é ter esperança do verbo esperar e a outra, bem diferente, é ter esperança do verbo esperançar, pois esperança do verbo esperar é apenas espera e esperança do verbo esperançar é juntar fé com determinação, vencer obstáculos e a ação de caminhar rumo ao que se almeja para o amanhã.

Esperança por definição é almejar, sonhar, buscar, agir e assim esperança busca contorno para se tornar o contrário de espera, pois enquanto esperança do verbo esperançar é vida em movimento, esperança do verbo esperar é passividade. Enquanto esperança é ação, espera é solidão.

Tu já pensaste nisso? Já parasse para pensar se tua esperança não é daquelas que só espera o que almejas, mas nada fazes para que aconteça?

Se fôssemos analisar do ponto de vista de uma causa, esperança do verbo esperançar poderia ser uma caminhada junto com a missão, monitorando os contratempos e ao mesmo tempo se deleitando com os resultados positivos. Enquanto isso esperança do verbo esperar, provavelmente faria com que o tempo fosse senhor da razão e os obstáculos justificassem a falta de conquistas.

Ao navegar pelo Rio Tapajós a caminho de Itaituba no Pará e de volta à Santarém, observando a paisagem, onde parte dela se encontra destruída pela ganância humana, tive a oportunidade de refletir sobre missão e causa e cheguei à conclusão que assim como a esperança é confundida com espera, a missão é confundida com a desobrigação de viver, como se nascêssemos para o nada ou ainda sem nenhuma razão que pudesse dar sentido à causa.

Ás vezes nos distraímos com a vida e esquecemos de dar consistência a tudo que produzimos, ou ainda nos esquecemos de dar importância a nós mesmos e com isso passamos a esperar que as coisas aconteçam, ao invés de agirmos para que ocorram. Isso além de ser um vício cultural, para quem luta por uma causa acaba também se tornando um desvio político, pelo menos para quem se propõe a lutar uma por uma nova sociedade e não se prepara para isso.

Porém, do ponto de vista da nossa existência o que é mesmo a esperança? Será que sabemos esperançar? Será que as nossas crenças são maiores que as nossas desilusões? Onde buscamos entendimento que corrijam nossos comportamentos de descrença por falta de confiança própria?

Esperança do verbo esperar é jogar com o futuro. É simplesmente se adaptar aos problemas da vida e porque não dizer fugir do problema central, que às vezes está a um palmo da nossa compreensão. Enquanto isso, esperança do verbo esperançar é vida que surge, caminhos que se abrem, veredas como alternativas para encurtar caminhos. Esperançar é antes de tudo crer na vida e na possibilidade de se refazer sempre.

Minha esperança vem da certeza da luta concreta aprendida à duras penas e busca consistência nas ruas junto com as pessoas mais necessitadas, irmanadas em busca dos sonhos perdidos. Vem dos sonhos de mudar a sociedade rumo a uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas. Vem do sorriso aberto das pequenas conquistas e da esperança que o melhor ainda está por vir.

Tenho o sentimento que um menino ou uma menina provavelmente tem esperança de ser tudo na vida, o adulto tem esperança que a vida prospere e as pessoas idosas tem esperança que seus ensinamentos e experiências de vida sirvam de exemplo, pelo menos para os seus.

Esperança a meu ver nasce da decisão de querer mudar, da certeza que podemos ser o que quisermos ser, na medida em que vamos conquistando confiança e aprimorando a plenitude de nossa missão. Esperança é chama que se renova, antes que nossa disposição e crença cedam para a desilusão.

Espero esperança que possamos esperançar juntos, que dialoguemos com as diversas vozes que tenta nos desviar do caminho que traçamos juntos.

A esperança sozinha é como uma nuvem passageira. Junto com o otimismo e a disposição de lutar se transforma na energia necessária para a construção de um novo amanhã. É preciso agir com a esperança, antes que ela vire espera.

Finalizo buscando Fernando Pessoa que escreveu: “Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?”.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)

Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social




E por falar em saudade...

11 de Fevereiro de 2018, 16:51, por Gestão Pública Social
Conta uma lenda que um garoto perguntou a um sábio: o que é saudade? Ele sentou e olhando para o garoto calmamente explicou: “Meu filho saudade é a expressão do nosso ser, que se materializa em nossa mente, em resposta ao que vivemos e gostaríamos de reviver”. Uma resposta de pura reflexão.


Hoje, me lembrando disso me atrevi a falar de saudade, considerada a sétima palavra mais difícil de traduzir. Um sentimento tão complexo, que pode ser ao mesmo tempo choros, risos, angústias, mas também possibilidades de caminhos refeitos. É certo que em alguns casos, a saudade devia ficar era quietinha lá no passado, como afirma Mário Quintana: “O passado não reconhece seu lugar: está sempre presente...”, como quem diz: fica aí onde está e não amola!


Quem não tem uma saudade guardada levante à mão? Quem não tem uma saudade que mereça ser lembrada? Que saudade nos leva ao riso e ao choro?


Enfim, infinitas possibilidades e formas de expressar a saudade. Saudade do que houve e saudade incômoda do porque que não houve...


Vou procurar nesse post falar de saudade como nostalgia e não como melancolia, aproveitando o pensamento de Heitor Cony, que afirmava: “Nostalgia é saudade do que vivi e melancolia é saudade do que não vivi”.


Bob Marley disse certa vez que saudade é um sentimento que quando não cabe no coração escorre pelos olhos. No meu entendimento os olhos expressam o que o coração transborda. Os mesmo olhos que reagem com lágrimas a uma lembrança triste pela perda, podem brilhar quando a mente leva a uma saudade prazerosa. Uma dualidade que vai moldando nossa parte emocional, que vai enfrentando o debate entre a razão e a emoção.


Diria até que saudade é como erva daninha, que quando se da conta vai se alastrando pelo jardim afora. Para isso temos que nos precaver de forma permanente para que a saudade não nos faça apenas presos ao passado e esqueçamos que a vida tem que ser vivida a partir do presente, mas com foco no futuro. Ou seja, aproveitar o passado, viver o presente e focar no futuro.


Nas viagens de nossas inquietações, Drummont alertava para a saudade inexistente, aquela que nunca ocorreu na prática, pelo menos na dimensão do que se imaginava. Dizia ele: “Também temos saudade do que não existiu, e dói bastante”. Algo que deve ser mais inquietante ainda. Fernando Pessoa também fez referência à mesma coisa: “Não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram”. É como se fosse uma espécie de fantasia, que ora gera um vazio e ora angustia. Nem quero pensar!


Do ponto de vista da nossa existência saudade vem para preencher um vazio, para nos lembrar de que um ciclo foi interrompido, que algo que era bom poderá não mais acontecer. O poeta Peninha dizia que saudade é melhor do que caminhar vazio, como se para ele a saudade, mesmo incômoda, fosse uma espécie de alimento que acaba preenchendo o vazio das nossas imaginações.


Já que a coisa parece inevitável, porque não leva-la às escolas como parte integrante de historia, pois saudade é vida que se viveu. É sentimento acumulado, mas, sobretudo é parte fundamental da história de cada ser humano. Uma possibilidade de trabalhar com as crianças reforçando seus valores humanísticos e de convivência que serão lembrados no futuro e também trabalhar com elas como lidar com a saudade de suas perdas.


Tenho gostosas lembranças da minha infância num sítio em Belo Jardim, Pernambuco: os banhos de rio que nem ele existe mais, dos momentos de sol e chuva, uma mistura perfeita que exalava o cheiro da terra molhada e após a chuva a relva que nascia preguiçosa nos roçados e se deparava com centenas de passarinhos a se deliciar e do carrossel no distrito de Serra do Vento. Nem imaginava que o carrossel seria uma figura fundamental na minha vida profissional, após a conversa com Paulo Freire em 1989. Era bom e eu nem sabia.


Clarice Lispector falando de si nos alerta para algo importante, o cuidado para que não nos percamos de nós mesmos e isso vir a provocar uma saudade do que éramos e de quem poderíamos ter sido, ou ainda um medo do que poderemos ser. Disse ela: “Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde estou eu? Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim - enfim, mas que medo - de mim mesma”.


Seja como for, saudade é, foi e será uma parte fundamental das nossas vidas e existe para nos lembrar que estivemos e estamos com o coração batendo provando que viver vale a pena e prontos ou não para vivermos outros momentos que nos gerem muitas saudades futuras. Saudade é antes de tudo um hiato entre o que foi e o que é na atualidade.


Como bem disso Vinicius de Morais: “Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...”


Eu por exemplo nesse momento, estou com saudade de um doce de leite de cabra que a minha vó Isabel fazia em seu fogão de lenha, sempre para agradar os netos e vinha na rede me chamar para que eu pudesse comer ainda quente. Como foi tão bom vó!


Antonio Lopes Cordeiro

Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social

tonicordeiro1608@gmail.com