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Toni Cordeiro

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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Governar e legislar são meios ou fins em si mesmo?

6 de Junho de 2018, 22:02, por Gestão Pública Social
Mudando de conversa e voltando ao campo das discussões políticas, uma pergunta feita durante os debates do Curso Plano de Governo e Ações para Governar da Fundação Perseu Abramo na cidade de Matão/SP, em 2015, ficou na memória e levantou uma série de questões que continuam na ordem do dia.


Governar e legislar num país capitalista como o Brasil, do ponto de vista ideológico de esquerda, são meios para as mudanças efetivas e necessárias na sociedade, ou fins em si mesmo? Governar e legislar são meios ou fins?


Uma discussão acalorada que encontrou ressonância com outra questão levantada: o PT e seus aliados nos quatro governos nacionais chegaram ao poder ou apenas aos governos? De que poder estamos falando?


Quanto ao poder, se chegou à conclusão de que num país capitalista de fato quem determina é o econômico, como afirmava Karl Marx e, portanto se um partido de esquerda, ou mais à esquerda, governar o país, um estado ou um município, ou fará concessões ao capital ou não governará e mesmo assim não terá controle sobre o poder econômico. Basta ver o impeachment de Dilma.


Para início de conversa, sem entrar no mérito, tanto sociológico como antropológico, defendo a ideia de que o termo sociedade é uma convenção, que serve muito mais ao deus mercado do que ao ser humano em convivência. Prefiro o termo comunidade, pois em comunidade se vive situações coletivas e nos aproxima do bem comum, assim como das causas comuns.


Trago essa temática num momento de desencontros políticos. Entendo ser uma conversa necessária e atual, principalmente para se sair do debate pessoal contra essa ou aquela figura política que encabeça uma composição temerária como aliança e chegarmos a algumas conclusões dos porquês de tanta gana por determinadas alianças mercantilistas, comandadas pelos profissionais da política e principalmente quem ganha e quem perde com isso.


Em minha avaliação, quase que de forma geral, o processo eleitoral é conduzido, primeiro por vários interesses político-econômicos, que passam longe dos reais interesses da população que mais precisa e segundo que quase sempre é conduzido pelo emocional e não pela razão de ser. Ou seja, existe uma paixão cega pelo candidato ou pela candidata, sem nenhuma racionalidade. Isso na prática distancia as pessoas de entenderem a intencionalidade dos candidatos e das candidatas, deixando-os livres para agir.


A racionalidade está na discussão e formulação dos projetos políticos, que é quem pode dar vida a qualquer candidatura e as quantas mãos foram realizados. Em resumo, se tem projeto coletivo dá para se respeitar, mesmo que se discorde, agora se for uma carreira solo ou de interesses de um determinado grupo financeiro, serve apenas à Matrix, ou seja, ao sistema.


Ouço e observo por várias vezes crises de vingança que mais expressam a falta de maturidade política de seus atores, do que uma posição ideológica de discordância na essência da questão. Aquelas do tipo: “Ah se acontecer isso ou aquilo, saio do partido...”. Ou ainda “Caso isso ocorra, abandono a vida política...”. Isso é tudo que o sistema quer. Criar contradições e crises infantilizadas diante da complexidade da escolha de uma causa a se lutar, que se for real, acaba se transformando em projetos de vida.


É importante registar que existem vários desvios de conduta num processo eleitoral, quase imperceptíveis aos olhos de quem apaixonado está ou ainda de uma parcela da sociedade que foi transformada em massa de manobra para servir ao sistema, com a grande contribuição do PIG – Partido da Imprensa Golpista. Com isso, o voto, que se lutou tanto para se ter o direito de votar, tornou-se quase uma brincadeira obrigatória. Vota-se por obrigação, porém sem convicção. Vota-se por interesses e não por identidade política.


Eis alguns desvios politico-eleitorais que considero relevantes:


1. Vende-se a ideia de senso comum, de que todo político é ladrão e que política é uma coisa ruim. Com isso, todo pleito fica comprometido, fazendo com que a população vote em qualquer um ou qualquer uma, até por deboche.


2. Desclassificam-se as eleições como forma de elegerem quem a direita quer, usando para isso o ódio de classe e o ódio à classe política.


3. Priorizam-se os cargos majoritários, não por acaso, em detrimento dos legislativos, que é quem cria leis e as modificam. Isso faz com que se passe também a ideia de um voto de segunda classe para os cargos legislativos


4, Compõe-se os governos a partir de acordos mercantilistas, meio que do tipo escambo, ao invés de busca de afinidade a partir de um Plano de Governo.


5. Devido aos tipos de alianças e compromissos com as mesmas, não se discute a integração de governo a partir de um Plano Estratégico. Os diversos setores de governo acabam virando “caixinhas de poder”, com projetos personalistas, individualizados e bem longe da participação.


6. A maioria dos eleitos e das eleitas governa e legisla para si e às vezes até para a população, porém nunca com a mesma. Uma gestão participativa, seja no executivo ou no legislativo, necessita de instrumentos participativos, tais como: Conselhos de Mandatos e de Governos, Fóruns Temáticos Participativos, Mandatos Itinerantes, Capacitação Contínua, etc...


7. Predominância mercantilista, tanto para a maioria dos governos, como dos mandatos legislativos, tendo o assistencialismo como única moeda de troca.


Se o ato de governar e o de legislar são apenas fins em si, talvez se justifique as carreiras políticas solos. Aqueles ou aquelas que governam e legislam pensando apenas em seus umbigos e ficam para a história como heróis e heroínas do caos. Em tese, comandam um exército de ovelhas bem treinadas e vão tecendo a grande teia do poder, além de contribuir para que a pirâmide econômica seja cada vez mais dinâmica.


Porém, se os atos de governar e de legislar são entendidos como meios para as mudanças necessárias e efetivas na sociedade, cada espaço conquistado tem que ser transformado em pontos de empoderamento, conscientização e consequentemente em atos de militância constantes. Nesse caso, governa-se e legisla-se buscando a construção de bases na sociedade e não apenas de eleitores e de eleitoras. Não se busca heróis ou heroínas para ficarem na história e sim representantes dos anseios das comunidades.


As inquietudes de Matão foram discutidas nos cursos em 19 estados e serviram para que pudéssemos expor com clareza, a diferença de um modelo de governança individual e de outro coletivo. Um modelo que se encaixa perfeitamente em golpes e o sistema neoliberal, porém também dissimulado em mandatos ditos participativos e outro que visa libertar a sociedade de suas amarras e tem como eixo central a luta contra a exclusão econômica e social e todas as formas de desigualdades.


A cegueira política e a falta de entendimento dos códigos do poder provocam o caos e o ódio de classe que vemos hoje em curso.


Indigne-se como eu me indignei e exija seu espaço de participação, esteja onde estiver, porém ame como eu amei descobrir a causa que me move rumo ao futuro e saberás que não vieste ao mundo para ser mais um ou mais uma na multidão e sim sujeito e sujeita de sua própria história.


Aguardo-te nas estradas da vida, onde caminharemos juntos para a construção de uma sociedade justa, fraterna e igual para todos e todas.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública Social


Não é a Greve que leva ao caos, é o caos que leva a Greve

28 de Maio de 2018, 15:42, por Gestão Pública Social
Sobre a Greve Geral:

Rosa Luxemburgo passou sua vida comprometida em descrever a relação da classe trabalhadora, dos movimentos de esquerda e a luta contra o capitalismo. Não é por acaso que a militante nunca perdeu de vista a democracia e a liberdade como um princípio fundamental de suas obras.


As massas, o povo, não devemos subestimar, pois o ímpeto revolucionário urge entre a exploração e o processo de vida aliado a consciência e o amadurecimento das lutas sociais.


No Brasil, em junho de 2013, o povo foi às ruas lutar para ampliar uma série de direitos como transporte, moradia entre outros serviços essenciais aos mais pobres. Um momento rico de aprendizado. A disputa daquela narrativa não foi apenas por parte da direita através da mídia golpista e suas panelas. Vamos refletir! Neste momento (re)nasceu autônomas organizações que também em 2016 e 2017 continuaram na denúncia ao Golpe imposto no país. 


Não será diferente em 2018. Uma Greve que começou dos interesses dos patrões a cada dia os próprios grevistas e os movimentos sociais e populares procuram disputar tamanha narrativa, travando das massas a organização geral da classe trabalhadora.


Nas ruas! Caminhoneiras/os recebem solidariedade da população local e de movimentos importantes como o MST, mas somam os sindicatos que estavam ou entram em greve como o de professoras/os, metroviários, petroleiros, metalúrgicos dentre outros em todo país. Pode ser um ensaio para a Greve Geral. 


Não devemos TEMER.


A liberdade, os direitos sociais e as conquistas são feitas pela luta popular e nada se constrói da concessão. A própria categoria sindical nas estradas vai compreendendo que ou as pautas políticas se alinham pela demanda popular ou não terão legitimidade e apoio em todo país. Várias cidades estão neste momento chamando atos de apoio consolidando a solidariedade de classe.


São lições diárias. Nós classe trabalhadora devemos aprender com toda Greve. Entender que são os/as grevistas, quais as pautas e a correlação entre as reivindicações e as lutas gerais. Em continuidade com os ensinamentos de Rosa Luxemburgo, a luta é o que muda, o resto, apenas ilude, pois o capital é incorrigível! 


Por uma sociedade onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres. 


Leonardo Koury Assistente Social e Professor em Belo Horizonte.




Quem somos e para que viemos?

28 de Maio de 2018, 15:31, por Gestão Pública Social
Você se conhece de verdade? Age por convicção ou por impulso? É do tipo: nasci assim vou morrer assim? Então não se conhece... A vida de vez enquanto muda as perguntas e some com o mapa de voo...

Estou preocupado com o momento atual, tanto o meu que quero mudanças urgentes, como o do país golpeado. Para o país não vejo saída em curto prazo e em meu favor tenho os sonhos que ainda faltam realizar e uma vontade imensa de colar gravuras mitológicas nas páginas da minha história.


Na quinta passada ao caminhar numa tarde gelada em São Bernardo do Campo, fui fazendo um balanço do meu projeto de vida. Percebi o quanto ainda falto para completar, mas descobri que sigo na direção certa.


Ontem domingo, pensando nisso, me dediquei a tarde toda, depois de uma atividade política, em ouvir músicas e em deixar que a voz da minha essência pudesse me dizer o que escrever. A escrita passou a ser minha melhor terapia.


Quem somos? Essa é a grande pergunta para os emocionais. Creio que sejamos apenas o invólucro aparente do que habita em nós. O verdadeiro eu está na essência oculta e na intenção que revela o que poderemos ser a cada instante. Cada ser em particular vai tecendo sua morada com seus atos e fatos. Moldando a casa da vida. Algo que se constrói ao longo do tempo, no exercício de viver e nem mesmo o tempo, que é senhor da razão, revela quem somos ao todo, apenas em partes, sempre de acordo com nossos momentos e nossas emoções. Por isso a vida é bela. Nossos momentos nunca são ou serão iguais.


Como vimos no texto anterior, não podemos entregar nossas vidas, nem somente ao destino e muito menos ao acaso. Podemos intervir e ir mudando sua trajetória de acordo com nossas intervenções e nossas intensões. O bom mesmo é saber que cada dia que nasce se revela como uma nova possibilidade de nos completarmos ou como um ato revolucionário de nos reinventar.


Somos vidas para outras vidas. Somos refúgio para quem de nós necessita. Somos o ontem das alegrias e tristezas, o hoje do semblante serio querendo mudanças, mas também seremos o amanhã com novas ações e emoções e principalmente a certeza de que com a missão cumprida vale a pena viver.


Que força estranha é essa que buscamos quando estamos em apuros ou de maneira desconfortável? Dizem que é a voz da alma nos dizendo que a vida mal começou e que a verdadeira resposta está dentro de nós. Outros dizem que é a luz divina que sopra a nos conduzir ao que almejamos. Seja o que for ela existe, alimenta nossas incertezas e nos faz acreditar que sempre será possível.


O estranho e interessante ao mesmo tempo, é que quando menos se espera algo invade nossas mentes e corações e tudo aquilo que ontem era quase impossível de ocorrer, simplesmente desaparece dando espaço para uma nova sensação de alívio e tudo se explica. Para isso precisamos estar conectados com o bem. Quem busca luz, dessa se nutre, mas quem vive na escuridão por ela é consumida.


Às vezes enxergo a vida como uma colina, daquelas que vemos nos desenhos animados e vamos contornando com o olhar. Uma luta intensa para subimos ao topo, em muitos casos sem propósito, apenas pelo prazer da chegada e depois vamos descendo sem saber ao certo como será o caminho. Porém, o prazeroso é fazer o percurso, desfrutar o que é bom, aprender com as criaturas que atravessam em nossos caminhos e ir se convencendo que isso é que é viver.


Se formos atentos poderemos observar as águas claras e cristalinas que descem das encostas e com elas o frescor da vida. Uma longa caminhada que nos faz em certos momentos desanimar, porém a relva que encontramos ainda molhada dos orvalhos das noites nos faz acordar e perceber que do outro lado do rio alguém nos espera cantarolando uma linda canção. Quem sabe não seja um anjo de luz a iluminar nossos caminhos, que às vezes se turvam e a mostrar que nunca estaremos sós.


Não tenho dúvidas que vim ao mundo a trabalho e para servir. Isso me emociona e me mostra as tarefas. Como explicar esse propósito de nascer para servir? Sentir a energia da troca, onde alimentamos os sonhos das pessoas desprovidas deles ou ainda suprirmos o que o capitalismo selvagem levou por ganância a vida toda. Quem pensa assim, não faz benevolência. Acolhe, ajuda caminhar, mas continua a lutar contra quem provocou as injustiças e por uma nova sociedade onde os de baixo tenham vez.


Hoje quando vi o sol nascer me senti aliviado, entendendo que tudo o que foi se foi e tudo há de vir virá. Que minha força de vencer todos os obstáculos e criar coisas novas seja capaz de me ensinar a conquistar tudo que almejo e ter ao meu lado as pessoas que me fazem feliz e, sobretudo que se sintam felizes também caminhando ao meu lado.


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social




O destino existe? Como lidar com o acaso?

25 de Maio de 2018, 0:51, por Gestão Pública Social
Será o destino? Vidas que se cruzam. Caminhos a passar. O que o destino me reserva? Sorte ou azar? Enfim... Ao divagarmos sobre o destino, transitamos por um caminho desconhecido perante nossa falta de percepção da vida.


O que dizer então do acaso? Algo que ocorre sem intenção prévia. Podemos afirmar que no caminho para o destino nos deparamos em vários momentos com o acaso? Ao aceitarmos essa hipótese um debate se estabelece. Como explicar se o que ocorre em nossas vidas ocorre por sorte ou por azar? Ou ainda, ocorrem ou ocorreram em função do destino ou ao acaso? Seja o que for o que está feito, feito está, mas o que ainda está por acorrer, quem sabe por um acaso possamos intervir em nosso destino. Sabe o que é mais assustador? É saber que a única coisa certa em nosso destino é o fim ou o começo para quem acredita.


Fernando Pessoa escreveu sobre o destino: “Segue o teu destino. Rega as tuas plantas. Ama as tuas rosas. O resto é à sombra de árvores alheias”. Tem um mundo de interpretações nessas frases, que encara o destino como algo inerente a cada ser humano, não antes de chamar a atenção para que sempre reguemos nossas plantas e amemos as rosas, ou bem que poderiam ser flores amarelas do campo. O resto meu caro e minha cara são árvores alheias, que se não lhe pertencerem, estarão margeando seus destinos. 


Segundo a Profa. Salete de Oliveira Buffoni, a Teoria do Caos propõe uma ideia de destino. “Em termos filosóficos, podemos dizer que o destino existe, mas nós o modificamos toda vez que fazemos determinadas escolhas que vão influenciar o futuro”. Cada uma dessas escolhas se conscientes, poderão produzir efeitos mais ou menos previstos, mas se forem ao acaso, os efeitos poderão ser catastróficos em nossas vidas, tanto de ação-reação, como principalmente de causa e efeito.


Nunca no Brasil (vi esse termo certa vez espetado num lindo jardim) quero viver de escolhas ao acaso, embora nem sempre tenha certeza disso. Se o destino colaborar, gostaria que minhas escolhas fossem sempre conscientes, pois quero ter a esperança de revisar meus erros, de refazer caminhos e principalmente de me refazer sempre que a vida me botar numa encruzilhada. Jamais imponho a minha verdade como única e absoluta. Toda vez que minha dita verdade, comandada normalmente pela minha cabeça, quer prevalecer, recorro à voz que vem do coração. Por isso sou emoção.


Estou convencido de que escolher é muito mais fácil do que ser escolhido, porque quando escolhemos e sofremos as consequências dos revezes da vida, as frustrações são sós nossas, mas quando somos escolhidos e frustramos as pessoas que nos escolheram, por certo ficaremos para sempre com o estigma e o ônus do Pequeno Príncipe.


Ainda nessa linha, Clarice Lispector escreveu: “Decifra-me, mas não me conclua. Eu posso te surpreender...” Uma frase enigmática que provoca o presente e inquieta o futuro. Fiquei pensando vários dias nessa frase. O que será que se passava na cabeça dela quando escreveu? Seria uma provocação ou uma desilusão? Ou ainda as duas juntas? Uma frase que expressa em seu universo: Fim, dúvidas, mas quem sabe uma possibilidade...


Algo hoje nesse campo me inquieta. Será que o destino influencia diretamente a vida política de um país, de um estado ou de um município? E seus personagens centrais como são escolhidos? Ou será que no mundo complexo da política, pois inclui um sistema, opções ideológicas e os meios para se conseguir avançar ou retroceder, são tocados pelo acaso? A resistência através da organização popular é uma certeza para quem quer mudar o destino político de um país, de um estado ou de um município, mesmo que só seja infinito enquanto dure, mas por certo ficará.


A única certeza que tenho é a de que a escolha de uma causa para se lutar, daquela que faça valer nossa própria vida e que acaba virando o que rege a nossa militância política, essa não tem nada de acaso, pois vem da certeza. Quando a causa é escolhida por pura convicção política-ideológica, se torna real e ficará para sempre.


Ah Clarice Lispector, como me identifico com suas inquietudes...  Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar”.


No mais, cada vez que o trem da história faz uma curva e eu me desequilibro, sinto no momento seguinte que a vida está me testando para saber qual é o meu limite. Aí olho para trás e vejo o quanto plantei e mesmo que tenha deixado de regar algumas plantas, em alguns momentos por pura estupidez, sei que o tempo como senhor da razão vai me proporcionar uma ótima colheita.


Que venha o amanhã, o depois do amanhã e principalmente o futuro onde depositarei minha história.

Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social




Você já se procurou nas veredas da vida?

17 de Maio de 2018, 0:21, por Gestão Pública Social
Escrevo esse post como uma espécie de acerto de contas comigo mesmo, porém sempre procurando dialogar com o futuro, a partir de fragmentos dos últimos tempos. O que continua sendo belo é o ato de viver.


A introspecção nos leva ao mundo das reflexões. Tira-nos da certeza de que o mundo gira apenas em torno de nossas cabeças, a partir de nossas emoções e isso nos faz rever conceitos, buscar pontos de equilíbrio, juntar pedaços do que passou e nos direciona ao centro de nossos universos, em busca das nossas essências que às vezes parecem perdidas.
Espelho, espelho meu, quem de fato sou eu?


Você já se fez essa pergunta? Já se perguntou quem de fato você é? Já se encontrou de forma deslocada de seu eixo natural? Que vereda seguiu? Encontrou-se rapidamente? Que contribuição lhe trouxe o amor, ou foi tudo ilusão? Perdoou e foi perdoado? São perguntas e respostas que interessam a milhares de pessoas, que em muitos casos, nunca pararam para pensar.


Nem de longe me atreverei a responder perguntas tão intrigantes e embaraçosas, até porque a vida nos coloca em cada encruzilhada... O objetivo deste post é apenas e tão somente parolar sobre os desencontros da vida.


Sinto-me um tanto incompleto para analisar as reações humanas, até porque humano que sou vivo também tendo reações, às vezes nada confortáveis, para quem vive comigo. Coisas de um ser imperfeito que vive a se buscar, que como forma de compensação recorre à leitura em busca de novos conhecimentos e novos conteúdos que ampliem o poder de reflexão frente ao que escreve para o blog. Que bom ter esse espaço para desabafar...


Em termos gerais, como fazer uma análise criteriosa da sociedade atual e dos problemas nela contidos, se vivemos um dos piores momentos que a sociedade brasileira já viveu? De um lado uma nação individualista odiosa e surreal pulando atrás de um pato gigante, comandada por agentes do mal e de outra uma massa despolitizada, alienada, carente e com grande parte dela de volta à miséria. No meio dessa situação um grupo de sonhadores e sonhadoras, militantes das causas socialistas e humanistas, tentando salvar o mundo contaminado pelo ódio, friezas emocionais e cálculos financeiros, sob a demanda dos profissionais da politica. O que somos e o que queremos ser?


O que dizer então de uma casta de intelectuais, seja de direita ou de esquerda, que vive em outro planeta? Fala uma linguagem que só eles entendem.


Para fugir dessa apatia, sinto vontade de misturar poesia com cachaça, como diz a música de Vinicius de Moraes “Cotidiano nº 2”, mas no meu caso não discuto futebol, ainda mais se for a seleção. Basta eu me lembrar daquele monte de patos e patas de verde-amarelo pulando pedindo fora Dilma.


Assim sendo, só me resta um caminho: voltar à discussão do mundo da boa política, que está em baixa é certo, num país dominado pela politicalha, mas a luta para que essa boa política não morra continua com a militância que segue em frente a lutar por uma causa. Pode até ser crises de valores, mas não de princípios.


São nesses momentos que recorro à Neruda, Fernando Pessoa, Drummond, Clarisse Lispector, Paulo Freire e tantos outros e outras. Suas leituras abrandam as dores da alma e nos alimenta com energia para o futuro.


Agora, para abrandar de vez os efeitos das tempestades e aprender com elas, vou mesmo é buscar meu violão que está na casa de um grande amigo e simplesmente tocar nas noites mal dormidas. A música é companheira da alma. Aí sim vou cantarolar o que me der prazer ou ainda que me faça esquecer os desencontros e as reviravoltas que a vida dá. Também quem manda ser pura emoção? É preciso aprender com pessoas que são razão a maior parte do tempo e não emoção. Essas com certeza sofrem menos.


Buscando afirmação ao que escrevo, parto do princípio de que ninguém é, está ou estará totalmente seguro de forma definitiva de qualquer decisão tomada ou qualquer situação que seja, principalmente àquelas voltadas às questões emocionais. Ou ainda questiono quem acha que está e estará sempre à frente das situações. O que hoje é por reação, poderá ser amanhã por ação, devido aos revezes da vida. Caso tudo isso ocorra porque queremos ser o agora, com base no ontem, mas não nos esqueçamos do amanhã. Sempre haverá o dia seguinte, a noite seguinte e com eles as insanas dúvidas...


Devemos sempre lembrar que a terra gira, os astros caminham pelo universo e ninguém é o que foi ontem. Bom mesmo é estarmos preparados e preparadas para as travessias da vida. Para refazer caminhos se necessário for, com o intuito do se encontrar e ser feliz. Mais vale um arrependimento consciente do estrago feito, do que uma certeza incômoda que seguirá conosco pelo resto da vida. Dúvidas do porque se permitir e mais dúvidas ainda do porque não se permitir...


Clarice Lispector por Clarice Lispector, certa vez escreveu: Viver em sociedade é um desafio porque às vezes ficamos presos a determinadas normas que nos obrigam a seguir regras limitadoras do nosso ser ou do nosso não ser... Quero dizer com isso que nós temos, no mínimo, duas personalidades: a objetiva, que todos ao nosso redor a conhece e a subjetiva... Em alguns momentos, esta se mostra tão misteriosa que se perguntarmos - Quem somos? Não saberemos dizer ao certo”!!!


Fecho essa conversa declarando ter a coragem de mudar quantas vezes for necessário, de criar novos valores e principalmente de pedir tantas desculpas forem necessárias para quem eu estiver incomodando ou fazendo sofrer. Tudo isso no sentido de ser mais autêntico comigo mesmo, mais amoroso com quem amo e mais verdadeiro quanto à minha essência.

Olá futuro, estou de olho em você!


Antonio Lopes Cordeiro (Toni)
Estatístico e Pesquisador em Gestão Pública e Social