Construção da usina de Belo Monte é criticada em debate na Cúpula dos Povos
21 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaDa Agência Brasil
Com objetivo de alertar a sociedade sobre os problemas socioambientais e econômicos envolvendo a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte (PA), ativistas e membros da organização não governamental (ONG) Movimento Xingu Vivo Para Sempre se reuniram hoje (21) na Cúpula dos Povos, no Parque do Flamengo, na zona sul da capital fluminense.
A coordenadora da ONG, Antônia Melo, disse que construção das usinas representa uma tragédia em todos os sentidos possíveis, em relação à violação dos direitos humanos, culturais e ambientais. E que o governo defende a construção da hidrelétrica com base em motivos que considera falsos.
“O judiciário faz uso de um argumento utilizado durante a ditadura militar chamado de Suspensão de Segurança, que é quando o governo entende que o país está entrando em um caos energético, gerando um grande apagão. Portanto, é necessária a construção dessas hidrelétricas a qualquer custo. Isso é uma mentira, pois o Brasil não vai entrar em desordem por causa de energia”, disse.
O presidente da ONG ambiental Doga Dernegi, da Turquia, Guven Eken, também criticou a construção de usinas hidrelétricas sob o argumento de fonte de energia limpa. Segundo ele, com as mudanças climáticas, muitas instituições estão promovendo as hidrelétricas como fonte de energia verde e renovável, e os governos estão seguindo essa agendas. “Nós esperamos que seja feito o oposto, porque vemos como o povo vem sofrendo com a construção das usinas. Essa ideia representa o benefício das corporações, não das pessoas”, declarou.
A índia da etnia Kaiapó, de Mato Grosso, Nayalu, ressaltou que a Cúpula dos Povos não é um evento festivo, destinado à venda de artesanato, mas um fórum de debates para discussões de problemas imediatos e que atingem as populações marginalizadas. Ela destacou a questão das terras indígenas prejudicadas pela construções de hidrelétricas.
“Os governantes deveriam estar resolvendo os problemas locais, em vez de estarem pensando nos problemas globais. Nós, manifestantes, somos julgados criminosos, e estamos aqui para lutar pelos nossos direitos e pelas coisas que nos foram tomadas. Queria deixar bem claro que somos contra a construção da Usina de Belo Monte e de quaisquer outras hidrelétricas que venham a atingir nossas terras”, disse Nayalu.
Edição: Aécio Amado
Documento síntese da Cúpula dos Povos será concluído amanhã
21 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindapor Nielmar de Oliveira
Os cinco principais temas em discussão nas plenárias da Cúpula dos Povos estão sendo compilados e serão sintetizados em um documento único que deverá ser encaminhado ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, em encontro nesta sexta-feira (22).
A informação foi dada à Agência Brasil pela ativista Lúcia Ortiz, uma das organizadoras da plenária final e que pertence à organização Amigos da Terra Internacional.
Durante a reunião da Cúpula dos Povos, que aconteceu paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foram realizadas cinco plenárias: Direito, Justiça Social e Ambiental; Defesa dos bens comuns contra a mercantilização; Soberania Alimentar; Energia e Industrias Extrativas.
“Nestas plenárias nós procuramos trabalhar na construção de uma outra economia e de novos paradigmas para os povos. Discutimos as causas estruturais e as falsas soluções apresentadas como salvação para as crises vividas hoje por alguns dos principais países do mundo. Discutimos também as soluções apresentadas e o que elas têm em comum”, disse Lúcia.
Ao falar sobre a mobilização da sociedade civil, traduzida na reunião das diversidades culturais, étnicas e raciais que ocorre no Aterro do Flamengo, Lúcia destacou diversas manifestações, como a marcha de milhares de pessoas pelo centro do Rio de Janeiro realizada ontem (20) em protesto contra posições constantes do documento oficial da Rio+20 e contra o novo Código Florestal.
“Mais do que isto: nós estaremos elaborando na assembleia de amanhã (22) uma declaração contextualizada das falhas do sistema internacional das Nações Unidas, que se mostrou um verdadeiro fracasso tanto em dar conta do reconhecimento das causas da degradação do meio ambiente como da apresentação de soluções concretas para o problema”.
Lúcia disse que a decisão de entregar o documento com a síntese das plenárias ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na reunião de amanhã ainda não foi tomada. “A gente tem uma reunião agendada com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-mon, mas o nosso processo não tem essa entrega como objetivo final”.
Na avaliação da ativista do Amigos da Terra Internacional, mais importante do que a entrega a Ban Ki-moon, é o destino que cada governo dará a esse documento. “Essa síntese é uma consequência do processo de articulação, mobilização e construção da luta que estamos travando. Mas, mais importante para a gente é concluir a leitura dessa síntese. O que os governantes vão fazer com o documento vai depender de cada governo. Se eles vão ouvir o povo ou continuar capturados pelos interesses das grandes corporações é uma decisão que só a eles compete”, avalia.
Lúcia Ortiz também deixou em aberto a possibilidade de que a Cúpula dos Povos opte por divulgar o documento através da imprensa, “que é quem vem de fato dando apoio e divulgando os nossos eventos”.
Edição: Fábio Massalli
Modelo brasileiro de extração de minérios é criticado em plenária
21 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPor Via Campesina
Movimentos sociais de várias partes do mundo, entre eles a Via Campesina, estiveram reunidos na Plenária 4, da Cúpula dos Povos que debateu: “Energia e industrias extrativas”. Eles discutiram de que forma o modelo energético de um país pode ser sustentável, criticaram a chamada “economia verde” e alertaram para o empoderamento dos grupos privados dos modelos extrativistas nos países. Este vídeo recolhe os três pontos abordados ao longo de toda a plenária: causas estruturais, soluções propostas e realização de agendas conjuntas.
Ahmadinejad: Brasil pode ter papel importante na nova ordem mundial
21 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindapor Vitor Abdala
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse hoje (21) que o Brasil pode desempenhar um papel muito importante na construção de uma nova ordem mundial. Em entrevista concedida na tarde desta quinta-feira, no Rio de Janeiro, o líder iraniano fez várias críticas à atual ordem mundial que, segundo ele, é controlada pelos Estados Unidos e outras potências ocidentais e marcada pela “injustiça”.
“Certamente, essa conferência Rio+20 é um esforço da parte do Brasil. É claro que não é só com essa conferência que chegaremos a esse objetivo, mas esse é um dos passos que temos que dar. A sociedade brasileira é dinâmica e cultural, a população procura Justiça. Tem muitas personalidades corajosas que estão à procura da Justiça”, disse Ahmadinejad.
Segundo o presidente iraniano, o Brasil é uma liderança da América Latina que também exerce um papel mundial. Ele disse que, diante disso, pretende ampliar as relações econômicas com o Brasil. “Um ponto importante é que nossas relações estão fora da dominação dos países poderosos”, observou.
O presidente iraniano também tratou de outros assuntos na entrevista que concedeu nesta tarde. Veja:
Conflito civil na Síria
O presidente do Irã comentou a situação da Síria, que vive um conflito civil há mais de um ano. Segundo Ahmadinejad, a situação do país deve ser resolvida pelas partes envolvidas (o governo do presidente Bashar Al Assad e os rebeldes), por meio do consenso e do diálogo. Para ele, os países não deveriam intervir enviando armas para o confronto.
“Acreditamos que a Justiça e a liberdade são direitos de todos os povos. E os povos, com consenso e cooperação, têm que estabelecer a paz e a liberdade. Também queremos isso, falando com as duas partes para criar uma lógica de diálogo. Nosso problema na região é a intervenção de poderes ocidentais. Para fazer essa intervenção, estão, constantemente, fazendo as divisões dos povos, apoiando uns governos e colocando-os contra outros”, disse.
Programa nuclear do Irã
O presidente iraniano voltou a dizer que o programa nuclear tem fins pacíficos e que o Irã não quer construir uma bomba atômica. “Nós acreditamos que a energia nuclear, como outros meios energéticos, devem ser acessíveis para todas as nações, um direito de todas as nações. Mas, infelizmente, essa energia nuclear também está monopolizada por alguns”, avaliou.
Ele citou o diálogo como forma de mostrar ao mundo que o Irã quer cooperar com as negociações em torno de seu programa nuclear. Ahmadinejad, no entanto, acusou os Estados Unidos e outros países que participam das negociações de serem contra o uso da energia nuclear pelo Irã porque, segundo ele, “não querem o progresso” de seu país.
Ahmadinejad destacou, ainda, o fato de os países que querem impedir o desenvolvimento do programa nuclear iraniano serem os mesmos que têm bombas atômicas: os Estados Unidos, que assume seu arsenal nuclear, e Israel, que não nega ter armas nucleares.
Segundo Ahmadinejad, quando o Irã era um regime monárquico, países ocidentais tinham acordos nucleares com seu país. No entanto, depois da revolução islâmica, em 1979, essas nações romperam seus contratos com os iranianos, sem ressarci-los financeiramente.
Edição: Lana Cristina
Ivana Bentes vê Rio+20 como ponto de encontro de movimento social global
21 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaFalando com a equipe EBC na Rede, a professora e pesquisadora Ivana Bentes ressaltou o caráter agregador dos eventos de cunho social paralelos à Rio+20, que, ao seu ver, estão conseguindo articular movimentos urbanos, rurais e globais de vários países. “Muita gente diz que a Rio+20 não vai dar em nada, que já está tudo pré-estabelecido, dominado, mas eu acho que, para além da Rio+20 oficial, dos documentos que vão sair daqui, existe uma sinergia incrível de todos os movimentos sociais e culturais do mundo”, analisa.
Assista o vídeo:
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