Em 2017, o secretário-geral da ONU, António Guterres, percorre um bairro destruído por seguidos furacões na cidade de Codrington, Antígua e Barbuda. Ele visitou o país para avaliar a devastação e oferecer apoio da organização. Foto: ONU/Rick Bajornas
O mundo corre o risco de cruzar o ponto de não retorno da mudança climática, com consequências desastrosas para as pessoas em todo o planeta e os sistemas naturais que as sustentam, alertou na segunda-feira (10) o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
Ele pediu mais liderança e maior ambição pela ação em prol do clima como uma reforma de reverter essa tendência.
O compromisso feito pelos líderes mundiais no Acordo de Paris há três anos para impedir que a temperatura aumentasse em 2 graus Celsius e trabalhar para manter o aumento o mais próximo possível de 1,5 grau Celsius “foi realmente o mínimo para evitar os piores impactos da mudança climática”, disse o secretário-geral Guterres, em um discurso histórico sobre a ação climática, na sede da ONU em Nova York.
“A montanha à nossa frente é muito alta, mas não é intransponível. Sabemos como escalá-la”, continuou ele.
“Simplificando, precisamos colocar um freio nas emissões letais de gases de efeito estufa e impulsionar a ação climática”, acrescentou, pedindo uma mudança da dependência de combustíveis fósseis para uma energia mais limpa e longe do desmatamento para um uso mais eficiente dos recursos.
O chefe da ONU chegou a dizer que tal mudança de pensamento é onde “enormes benefícios aguardam a humanidade”.
“Ouvi o argumento – geralmente baseado em interesses – de que combater as mudanças climáticas é caro e prejudica o crescimento econômico. Não é correto. Na verdade, o oposto é verdadeiro”, enfatizou.
Em sua mensagem, Guterres destacou os enormes custos econômicos da mudança climática e as oportunidades apresentadas pela ação climática.
“A ação climática e o progresso socioeconômico se apoiam mutuamente, com ganhos de 26 trilhões de dólares previstos até 2030, em comparação com os negócios tais como são feitos hoje, se buscarmos o caminho certo”, disse ele, citando os resultados do recente relatório de “Economia Climática”, da Comissão Global sobre a economia e as mudanças climáticas.
Os benefícios transcendem os valores monetários.
“O abastecimento de água e o saneamento resilientes ao clima podem salvar as vidas de mais de 360 mil bebês por ano, o ar limpo tem vastos benefícios para a saúde pública, [e] na China e nos Estados Unidos, novos empregos de energia renovável agora superam os criados no setor de petróleo e as indústrias de gás”, explicou Guterres, observando vários exemplos de todo o mundo da ação climática, resultando em enormes benefícios para países e comunidades.